03 outubro, 2006

 

Do Tua a Mirandela


Mais uma linha a caminho da morte

Tua, Tralhariz, Castanheiro, Santa Luzia, S. Lourenço, Tralhão, Brunheda, Codeçais, Abreiro, Ribeirinha, Vilarinho, Cachão, Frechas, Latadas, Mirandela.



E já se diz que do Tua ao Cachão tudo ficará submerso ?
Não valerá a pena experienciar, ao menos ?
Não haverá quem consiga fazer resistir à voragem das necessidades energéticas ?
Nem pelo respeito do sobre humano esforço aqui patente ?
Ou a beleza...



http://pt.wikipedia.org/wiki/Linha_do_Tua

http://www.linhadotua.net/3w/index.php

Petição:

http://www.petitiononline.com/tuaviva/petition.html

Comments:
Vamos lutar, impedir que a EDP afunde a Linha do Tua.
 
EDP tem projectos de 874 milhões em hídricas

Ana Tomás Ribeiro

A EDP tem em carteira quatro grandes projecto hidroeléctricos, que representam um investimento global de 874 milhões de euros, para uma potência instalada global de 790 megawatts, e estima que todos possam estar a funcionar até 2014. A construção de três deles deverá iniciar-se entre 2007 e 2008. Um deles, a construção da baragem do Baixo Sabor, é já bem conhecido.

A grande novidade é Foz Tua, barragem que a eléctrica quer construir de raiz, após o Sabor. Ainda em fase de estudo prévio, esta barrageme deverá representar um investimento de 251 milhões de euros e estima-se que esteja concluída em 2014.

Também com sistema de bombagem de água, tal como a do Sabor, a hidroeléctrica poderá dar um grande contributo para a rentabilização dos projectos eólicos que já existem e dos que vão nascer em Portugal até 2012, ano em que, de acordo com as novas metas estabelecidas pelo Governo, o País deverá ter 5100 megawtts de capacidade intalada de produção de energia a partir do vento, explicaram aos jonalistas os responsáveis da EDP Produção, numa apresentação feita ao jornalistas, junto à Barragem do Alto Rabagão, no Douro. Uma apresentação que teve por objectiovo explicar as grandes vantagens destes projectos para o País.

Em períodos de menor consumo do dia e de grande produção eólica, esta energia pode ser aproveitada para fazer bombear a água das albufeiras, permitindo, assim, a sua reutilização para produzir nova energia hidroeléctrica em períodos mais rentáveis, explicaram os responsáveis da eléctrica portuguesa. Isto permite um melhor aproveitamento de projectos eólicos e hídricos nas centrais que disponham do sistema de bombagem.

A produção média anual prevista para a central hidroeléctrica de Foz Tua, de 350 gigawatts/hora, assim como a potência instalada de 208 megawatts, é superior à do Baixo Sabor.

Apesar de tudo, defendeu a António Castro, administrador da EDP Produção, a valência do projecto Sabor é muito maior do que a de Foz Tua. Enquanto esta barragem terá uma capacidde de armazenamento de água de 21 milhões de metros cúbicos, a do Baixo Sabor chegará aos 630 milhões de metros cúbicos. Esta é uma grande mais valia nos tempos que correm, em que a água é um bem que se deve preservar, explicou o gestor, sublinhando ainda que os quatro projectos que a EDP tem em marcha permitirão também reduzir significativamente as emissões da CO2. Ambas têm, no entanto, uma outra vantagem: a de utilizarem o potencial hídrico de rios exclusivamente nacionais, o que não acontece com os restantes projectos hídricos localizados no Douro, que dependem da água vinda de Espanha.

Para José Alberto Franco, director de produção hidráulica da eléctrica, estas duas albufeiras aumentam ainda a possibilidade de controlo das cheias na região, tal como a barragem do Lindoso permite fazer em relação a Ponte de Lima e Ponte da Barca.

Picote II e Bembosta II são os outros dois projectos hidroeléctricos da EDP. Trata-se de dois reforços de potência instalada em barragens já existentes (ver caixas em baixo). Com estes quatro projectos, é possível aproveitar um sexto do potencial hídrico disponível em Portugal, que é maior do que a da grande maioria dos países da Europa, sublinhou João Gonçalves, consultor da administração da EDP Produção para a área das hídricas. Hoje, o País explora apenas 46% do seu potencial hídrico, disse, recordando que nos últimos 30 anos, Portugal fez muito pouco para a promoção das hídricas.

Se todos estes projectos avançarem, Portugal pode beneficiar ainda da redução de emissões de CO2, dado que se não existissem estes novos aproveitamentos hidroeléctricos, a produção de energia teria de ser assegurada por outras centrais mais poluentes. Só a produção do Baixo Sabor, por exemplo, pode permitir a não emissão de cerca de um milhão de toneladas de CO2, ou seja 5% das emisões globais do sector eléctrico.

DNEconomia, 1-2-2007, pág. 10

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Queda de automotora ao Tua faz cinco feridos

Daniel Lam,
David Mandim,
Kátia Catulo
e Sandra Bento*

Uma automotora caiu ontem, às 19.06, ao rio Tua, entre as estações de Tua e Santa Luzia, provocando cinco feridos, dois dos quais foram resgatados, horas depois, por um helicóptero. Uma idosa com a bacia fracturada foi transportada para o Centro de Saúde de Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, e um jovem com a perna fracturada foi assistido no Hospital de Vila Real. Outras três pessoas já tinham sido localizadas à hora de fecho desta edição, mas continuavam à espera de ser resgatadas.

O acidente envolveu uma composição do metro de Mirandela ao serviço da CP, onde seguiam três passageiros e dois tripulantes. Segundo o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), duas das vítimas terão sido cuspidas para a ravina que bordeja a linha, enquanto outras três ficaram presas no interior da carruagem.

De acordo com fonte da CP, a automotora - viatura semelhante a um autocarro sobre carris - partiu da estação ferroviária do Tua às 18.45, em direcção a Mirandela. Vinte minutos mais tarde, a composição saiu da linha, nas proximidades de Santa Luzia, e precipitou-se no rio, tendo ficado parcialmente submersa. Nenhum dos ocupantes, porém, caiu à água.

Segundo explicou Jorge Gomes, governador civil de Bragança, dois helicópteros sobrevoaram a área à procura dos desaparecidos, que acabaram por ser localizados 40 minutos depois de a composição ter caído à água.

As operações de resgate decorreram numa sítio de acesso muito difícil, com caminhos sinuosos e relevo escarpado. De acordo com fonte da CP, não existe nenhuma estrada de acesso à zona, por isso foi enviada para o local uma dresine - viatura ferroviária utilizada em situações de emergência ou de obras e para transporte de material e trabalhadores da manutenção de via .

Os difíceis acessos, possíveis apenas por via aérea, a pé ou de comboio, obrigaram as equipas médicas a chegarem às vítimas por escalada, isto é, descendo com recurso a cordas. As duas vítimas que foram assistidas encontravam-se a 50 metros da linha do comboio. As operações de busca e salvamento também foram dificultadas pela deficiente cobertura de rede de telemóvel.

Tanto a CP como a Refer e o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil desconheciam, ontem à noite, as causas do descarrilamento. No entanto, fonte da CP esclareceu, depois das 22.00, que ainda não existia qualquer indicação sobre eventuais problemas na automotora, com cerca de sete anos e capacidade para 36 passageiros, nem na via ferroviária.

Governo abre inquérito

O Ministério das Obras Públi- cas anunciou ontem que o Institu- to Nacional do Transporte Ferroviário (INTF) vai abrir um inquérito às causas do acidente.

A comissão de inquérito deverá ser constituída por técnicos do INTF, da CP e da Refer que vão comparecer no local do acidente para recolher pistas e outros dados considerados importantes para determinar as origens do descarrilamento.

Actualmente, e segundo fonte da CP, o serviço ferroviário na Linha do Tua, com apenas uma via, tem uma oferta "muito reduzida", funcionando sobretudo durante os períodos da manhã e ao final de tarde. As composições, aliás, são utilizadas principalmente pelos estudantes e por alguns trabalhadores residentes nestas zonas bastante desertificadas.

Segundo Zélia Ferreira, proprietária do restaurante Calça Curta, junto à estação do Tua, onde os passageiros tinham estado antes de iniciarem a viagem, no comboio seguiam dois tripulantes - o maquinista e o revisor - o funcionário da bilheteira e dois passageiros que tinham chegado do Porto (num comboio da Linha do Douro), à estação do Pocinho, do outro lado do rio Douro, onde desagua o Tua.

Na estação de Tua, que dista cerca de sete quilómetros do local do acidente, rapidamente se juntaram populares que pouco ou na- da podiam fazer para localizar as vítimas.

DN, 13-2-2007, pág. 24
 
Três desaparecidos em queda de comboio no Tua


Eduardo Pinto*

Uma composição ao serviço do metro de Mirandela caiu ao rio Tua, em Carrazeda de Ansiães, ao início da noite de ontem. À hora de fecho desta edição, três dos presumíveis cinco ocupantes da automotora continuavam desaparecidos. Dois jovens tinham sido já resgatados, numa complicada operação que mobilizou quase 50 elementos de cinco corporações da região, equipas de mergulhadores e dois helicópteros (do Serviço Nacional de Bombeiros e do INEM).

As três vítimas ainda por localizar são o maquinista, o revisor (ambos vivem em Mirandela) e um chefe de estação da CP, natural de Vila Flor, que regressava a casa.

O acidente aconteceu pelas 19 horas. Uma pedra desabou e embateu na automotora que circulava no sentido Tua/Mirandela, arrastando-a para o rio e destruindo os carris. Foi ao quilómetro seis.

Queda de 50 metros

A composição (onde seguiriam cinco pessoas - três passageiros e dois tripulantes) precipitou-se por uma ribanceira com cerca de 50 metros de altura. O impacto do pedregulho foi de tal forma que a terra por baixo dos carris desapareceu e os trilhos ficaram suspensos ao longo de muitos metros.

O veículo ficou quase totalmente mergulhado nas águas do rio Tua, cuja corrente seguia forte, também devido às fortes chuvadas que se fizeram sentir nos últimos dias.

Numa zona de escarpas acentuadas e de acesso muito complicado, as operações de resgate mobilizaram muitos meios. Não faltaram os habituais curiosos para assistir ao desenrolar de todo o processo, iluminado por um gerador que foi especialmente montado no local.

Um jovem com a perna partida e escoriações várias e uma jovem com a bacia partida foram resgatados algum tempo depois do acidente. As vítimas - Orlando Barbosa, 23 anos, estudante de Mirandela, e Sara Raquel, também de 23 anos, de Ervedosa do Douro - foram encaminhadas para um posto médico avançado montado na estação do Tua, para depois serem transportadas, por helicóptero, para o hospital de Vila Real.

Durante as operações de socorro, as equipas médicas chegaram às vítimas descendo a ravina com a ajuda de cordas.

À espera de confirmação

Na composição seguiriam mais três pessoas. Ainda assim, Jorge Gomes, governador civil de Bragança, referia ao JN, já depois das 23 horas, que as autoridades continuavam à espera de uma confirmação oficial sobre o número de ocupantes do veículo do metropolitando de Mirandela, ao serviço da CP.

Entretanto, o Ministério das Obras Públicas e dos Transportes ordenou a abertura de um inquérito ao acidente. "Trata-se de uma exploração do metro de Mirandela e o Ministério determinou ao Instituto Nacional do Transporte Ferroviário a abertura de um inquérito para apurar as causas de um acidente", sublinhou fonte governamental, citada pela Lusa. Até porque a linha parece encontrar-se em boas condições, também devido ao investimento de que foi alvo, recentemente, por parte da Refer.

Os bombeiros de Alijó, de Bragança, de Carrazeda de Ansiães, de Mirandela e de Vila Flor participaram nas operações de socorro, que contou, ainda, com as equipas médicas do INEM.

* com Hugo Silva

Por sorte havia telefones

A zona onde se descarrilou a composição do metropolitano de superfície de Mirandela é das poucas, senão mesmo a única, onde é possível, na Linha do Tua, obter rede de telemóvel e sinal rádio. Isto porque, ao longo daquele traçado, são quase nulas as hipóteses de obter um sinal, tal como acontece, de resto, na Linha do Douro, devido à sua localização e envolvente natural, formada por densa vegetação. Ainda assim, quer os bombeiros de Carrazeda de Ansiães quer os de Alijó tiveram muitas dificuldades em comunicar, via rádio, com as respecticas centrais. O recurso mais utilizado pelas autoridades foi mesmo o telemóvel.

JN, 13-2-2007
 
Dois desaparecidos prolongam buscas no Tua
Dois desaparecidos prolongam buscas no Tua

Helder Robalo
Hernâni Pereira (foto)

As equipas de busca no Tua vão hoje tentar inclinar a automotora ao serviço do metro de Mirandela a cerca de 90 graus. O objectivo é tentar uma melhor verificação do terreno por baixo do veículo e confirmar se estão, ou não, os corpos ainda desaparecidos de um funcionário da CP e do motorista do veículo, que caiu ao rio segunda-feira. Ontem, foi encontrado o corpo do revisor e um dos feridos teve alta, enquanto o outro será hoje operado.

Após uma reunião entre o Governador Civil de Bragança, Jorge Gomes, e elementos do Instituto Nacional de Transporte Ferroviário e da CP, foi ainda decidido que a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário irá remover a locomotiva. O processo - que se afigura complicado pelos difíceis acessos e profundidade a que está o veículo, será feito com recurso a cabos de aço cravados em rochas que içarão a carruagem por um sistema hidráulico.

As buscas no rio Douro, ontem a cargo dos bombeiros de Viseu e dos fuzileiros, vão ainda ser alargadas para lá da barragem de Bagaúste. A bordo dos botes, que hoje vão bater as margens do rio, estarão também cães da GNR, especialistas em buscas em ambientes fluviais. Uma estratégia já utilizada em 2001, na queda da ponte de Entre-os-Rios.

As buscas foram suspensas ontem ao final da tarde. Os meios de salvamento encontraram ao início da manhã o corpo do revisor da automotora, ainda preso ao veículo. Depois de as buscas se terem prolongado no local do acidente até às duas e meia da madrugada de ontem, os trabalhos foram retomados aos primeiros sinais de luz. Faltavam poucos minutos para as 08.00 quando, à estação de Tua, chegava a informação de que tinha sido localizado um corpo junto à automotora. Uma descoberta que só foi possível com o diminuir do caudal do rio, depois de a barragem de Mirandela ter começado a reter a água.

A máquina, que na noite anterior se encontrava parcialmente submersa, estava agora quase toda fora de água. Com esta descoberta, feita por alguns repórteres no local (ver caixa) e comunicada aos agentes de segurança, as forças envolvidas nas buscas e socorro alimentaram alguma esperança que os outros dois desaparecidos se encontrassem presos no interior da automotora. O que, até ao final do dia e após dois mergulhos, acabou por não se verificar.

As marcas no terreno e a forma como os carris se encontram torcidos fazem acreditar que terá sido uma pedra a causar a derrocada de terra que atingiu a locomotiva. O acidente deu-se por volta das 19.00 e o percurso acidentado no local terá feito com que os dois passageiros, que saíram com vida, tenham sido cuspidos do veículo.

DN, 14-2-2007, pág. 2
 
Derrocada poderá explicar o acidente

Kátia Catulo

Um desabamento de pedras sobre a linha ferroviária do Tua terá provocado segunda-feira o descarrilamento e a queda da automotora do Metro de Mirandela (MM) no rio, na zona de Santa Luzia. Esta é a primeira indicação apresentada ontem pela Rede Ferroviária Nacional (Refer), embora ainda não haja datas para a conclusão do inquérito que o Ministério das Obras Públicas solicitou ao Instituto Nacional do Transporte Ferroviário (INTF). "O Governo não definiu um prazo legal para o INTF apresentar os resultados das peritagens, até porque se trata de uma questão que irá variar consoante o grau de complexidade do caso", explicou fonte da tutela.

A Refer, que também instaurou um inquérito interno às causas do acidente, assegura que a Linha do Tua é alvo de intervenções periódicas de manutenção realizadas pela empresa ou por outras entidades especializadas.

Contudo, no caso de se confirmar que o deslizamento de pedras esteve na origem do acidente, fonte da Rede Ferroviária Nacional explicou ao DN que é "impossível" prever uma situação desta natureza: "O que está aqui em causa é o desprendimento de rochas com várias toneladas que não dependem das condições atmosféricas e que não são perceptíveis através dos nossos tra- balhos de manutenção".

Para garantir a segurança da linha e evitar o seu fecho prolongado, José Silvino, presidente da administração do Metro de Mirandela defendeu a colocação de redes em torno da via, uma técnica que se utiliza nas auto-estradas. O responsável que é igualmente presidente da Câmara de Mirandela esclareceu que só no último ano o MM investiu dois milhões de euros em obras de reparação da Linha do Tua.

DN, 14-2-2007, pág. 3
 
Buscas alargadas e meios de socorro reforçados

Eduardo Pinto

Os meios de socorro envolvidos no acidente com a automotora do metro de Mirandela, que anteontem caiu ao rio Tua, no concelho de Carrazeda de Ansiães, vão voltar hoje a dar tudo por tudo para tentar localizar os dois ocupantes que continuam desaparecidos. O reforço de meios e o alargamento do perímetro de buscas aumenta a esperança de sucesso, numa operação dificultada pela forte corrente do rio, pelos maus acessos e pelas deficientes comunicações.

À medida que o tempo passa diminuiu, no entanto, a esperança de encontrar com vida o maquinista, 24 anos, e um funcionário da CP, de 55. Ontem, cerca das 7 horas, aproveitando que o fecho das comportas da ponte-açude de Mirandela fez descer o caudal do rio, os bombeiros conseguiram recuperar, já cadáver, o revisor, de 35 anos. O corpo seria retirado em maca pelos bombeiros, com a ajuda de cordas, já que o helicóptero não pôde actuar no local devido ao nevoeiro.

O facto do corpo do revisor estar preso à fuselagem da máquina terá evitado que fosse arrastado pela forte corrente do rio, destino que se desconfia ter calhado aos outros dois ocupantes. "Temos de os encontrar urgentemente para dar paz e tranquilidade aos familiares", prometeu, ontem, o governador civil de Bragança, Jorge Gomes.

As buscas foram reforçadas ontem no rio Douro, junto à foz do Tua, por botes dos bombeiros voluntários de Viseu e espera-se ainda um reforço de botes da Marinha, para além de vários fuzileiros, mergulhadores e cães especialistas em encontrar corpos na água. Mergulhadores fizeram, ainda ontem, uma nova busca junto à automotora, que resultou inconclusiva.

O governador civil de Bragança anunciou, ainda, que durante a manhã de hoje vai iniciar-se uma nova operação, que consiste em colocar na vertical a máquina caída no rio. "Pretendemos ter a certeza sobre se há ou não algum corpo no interior ou debaixo da automotora", precisou Jorge Gomes. Se não houver sinal dos corpos "proceder-se-á à remoção da máquina em tempo útil".

Entretanto, depois da REFER, também o Instituto Nacional de Transportes Ferroviários abriu um inquérito para apurar as causas do acidente. A tese que ganha mais forma é a de que uma pedra de grandes dimensões terá caído para a via na altura em que a automotora passava no local, fazendo com que se despenhasse numa ravina com cerca de 50 metros de altura. A queda de pedras para a via-férrea é frequente tanto na linha do Tua como na do Douro, sobretudo em locais de grandes escarpas rochosas. Recorde-se que em Novembro do ano passado um comboio de mercadorias descarrilou na linha do Douro, junto à Quinta do Vesúvio (Foz Côa), precisamente devido à existência de pedras na via, tendo provocado dois feridos. O comboio só não foi parar ao rio porque embateu num talude.

JN, 14-2-2007
 
Jovem ligou duas vezes para o 112

Sara Raquel, um dos sobreviventes da queda da automotora no rio Tua, "ligou duas ou três vezes para o 112, porque quem atendeu da primeira vez deve ter pensado que era brincadeira". A versão é contada por familiares de Orlando Barbosa, o outro sobrevivente do acidente.

Carlos Barbosa, irmão de Orlando, refere, ainda, que segundo o ferido, "eles ficaram com a sensação de que tinha passado por lá um helicóptero, mas que não os tinha conseguido ver, e a moça voltou a ligar".

Do acidente, Orlando lembra-se de ouvir o maquinista dizer qualquer coisa, e "de repente, o comboio começou a cair. Agarrou-se a um varão com muita força e nem entende como ou por onde foi projectado. Já cá fora, viu o comboio a cair até mergulhar no rio. Viu, também, que a jovem estava em cima de uns arbustos".

Em estado de choque

O jovem lembra-se de "sentir muito frio e que esteve muito tempo à espera de ser retirado do local". Os dois feridos continuavam, ontem, segundo várias fontes hospitalares e das famílias, em "estado de choque" e em observações no serviço de urgência, em Vila Real.

Sara Raquel foi transferida a meio da tarde para o hospital de Lamego, a unidade de referência da zona onde vive, Ervedosa do Douro, em S. João da Pesqueira. Enquanto isso, Orlando Barbosa passava para o internamento, para aguardar uma intervenção cirúrgica ao fémur, que se realizará hoje.

Carlos Barbosa e a esposa Rita não arredaram pé durante todo o dia do Hospital de Vila Real. Irmão e cunhada do jovem que estuda para ser Solicitador, em Mirandela, procuravam saber novidades para poderem descansar os pais que viveram uma noite de angústia na estação do Tua, para onde se deslocaram mal souberam do acidente, tendo sido depois aconselhados, já no hospital, a "esperar em casa, porque o filho se emocionava com frequência, na sua presença", apurou o JN.

Fractura "complicada"

As informações prestadas pelo director clínico do Centro Hospitalar, João Nóbrega, apontam, no caso do Orlando, para "uma luxação do ombro e uma fractura do fémur um pouco complicada". O médico acrescentou que Sara Raquel, a outra ferida, aluna de enfermagem, também em Mirandela, "fracturou um punho e tem vários hematomas e arranhões,. Mas estão ambos bem", referiu.

À saída, Sara disse que não se lembrava de "quase nada" e que depois do acidente só conseguiu ver o "outro rapaz" que ia ao seu lado. "Não vi mais ninguém", acrescentou. A jovem teve de realizar diversos exames, por suspeita de alguma lesão mais grave, pois "queixava-se de fortes dores abdominais", adiantou, ainda, fonte médica.

JN, 14-2-2007
 
Helicóptero de socorro ficou sem combustível

Ermelinda Osório

O helicóptero do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) que, anteontem à noite, procedeu ao resgate das vítimas do acidente na Linha do Tua esteve parado durante duas horas (das 22h à meia-noite) a aguardar reabastecimento no aeródromo de Vila Real. Como o helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) que também esteve na zona do acidente já tinha, entretanto, regressado a Matosinhos, nesse espaço de tempo não teria sido possível, caso necessário, resgatar os corpos que os bombeiros procuravam no local (um foi ontem resgatado e dois continuam desaparecidos). A hipótese de se accionar meios alternativos não foi, ao que o JN apurou, equacionada em nenhum momento.

As falhas estenderam-se às comunicações entre os responsáveis no terreno e os tripulantes do helicóptero do SNBPC. A falta de um rádio de banda aeronáutica, específico para operações com meios aéreos, impediu a comunicação entre uns e outros. Em quase toda a área da Linha do Tua os telemóveis deixam praticamente de funcionar. O local preciso do acidente "é dos poucos onde os telemóveis funcionam, mas mesmo assim com falhas", adiantou fonte dos bombeiros. No entanto, a Protecção Civil poderia ter estabelecido uma rede com recurso a uma espécie de repetidor transmitindo para um ponto mais alto e daí para os outros pontos, o que não se verificou.

Outro "héli" no Algarve

Depois do resgate dos dois jovens que sobreviveram ao acidente e do seu transporte para Vila Real (ver página seguinte),o helicóptero do SNBPC já não regressou nessa noite ao local. Este "héli" está habitualmente estacionado em Santa Comba Dão, uma vez que existem apenas dois em todo o país, para apoio aos bombeiros, em missões deste género - o outro está em Loulé, no Algarve.

Segundo apurámos junto de várias fontes, o helicóptero aterrou em Vila Real para reabastecer, mas a bomba de combustível do aeródromo deixou de funcionar. "Durante duas horas foi um autêntico rebuliço", disse uma fonte contactada pelo JN. A solução encontrada acabou por ser a de pedir o combustível aos bombeiros de Armamar (a cerca de 50 quilómetros), onde existe um heliporto utilizado como base no combate a incêndios no Verão. Dos mil litros necessários, "os bombeiros de Armamar acabaram por conseguir transportar apenas 200, pois não tinham vasilha adequada. Estes 200 litros foram suficientes para que o helicóptero voasse até àquela vila, onde reabasteceu na totalidade, "ficando aí estacionado durante a noite, tendo tentado novas buscas pela manhã, dificultadas pelo forte nevoeiro", acrescentou uma das fontes.

O vice-presidente da Câmara de Vila Real e presidente da empresa municipal Vila Real Social, António Nazaré Pereira, explicou ao JN que "o alerta para o aeródromo foi dado cerca das 20 horas, e esteve tudo operacional para dar apoio aos helicópteros envolvidos no resgate em Carrazeda de Ansiães. No entanto quando foi necessário abastecer, a bomba avariou. Como o técnico da BP se encontrava em Setúbal noutro serviço, não foi possível resolver a situação, pois só alguém especializado o poderia fazer".

Ainda segundo aquele responsável, "trata-se de uma bomba eléctrica, e ainda foram feitas várias tentativas para resolver o problema manualmente, mas os esforços foram infrutíferos" .

O técnico esteve ontem, à tarde, no aeródromo e o problema foi, entretanto, solucionado.

JN, 14-2-2007
 
Corpos continuam desaparecidos no rio

Joana de Belém

Saíram frustradas todas as tentativas para resgatar os dois corpos ainda desaparecidos no acidente de comboio na Linha do Tua, que ocorreu segunda-feira. Os operacionais depositaram grande expectativa no processo que, ontem, inclinou a automotora em cerca de 45 graus para verificar a base onde estava assentada, mas nada foi descoberto. o Exterior e o interior da composição foram "passados a pente fino", mas "não foi encontrado rigorosamente nada, nem quaisquer vestígios", revelou ao final da tarde o governador civil de Bragança. Jorge Gomes lamentou ainda a ausência de resultados nos mergulhos efectuados junto às redes de retenção da Barragem de Bagauste, que foi encerrada a partir das 16.00 para provocar a acalmia das águas. As buscas prosseguem hoje a partir das 08.00: "Vamos continuar até ter a convicção de que não há nada mais de útil que possamos fazer", adiantou aquele responsável.

Todos os meios necessários para as operações de busca foram disponibilizados, "não faltou rigorosamente nada", esclareceu ainda Jorge Gomes. No local do sinistro, de difícil acesso, esteve um comando distrital do centro de socorros, um núcleo de investigação criminal da GNR e dois cães de busca. Estiveram ainda envolvidos na operação 11 bombeiros, quatro militares da GNR, nove mergulhadores da Armada, oito elementos da Empresa de Manutenção dos Caminhos-de-Ferro e dois inspectores do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).

Nas buscas de profundidade foi reforçado o número de mergulhadores, que analisaram vários locais "onde poderia haver paragem de objectos ou corpos", como explicou ao DN um operacional no terreno. Todo o percurso das margens foi inspeccionado por quatro equipas cinotécnicas da GNR, com o auxílio de sete botes e 27 bombeiros de Lamego, quatro botes e 13 fuzileiros da Armada e dois botes com seis elementos da Polícia Marítima, que percorreram um perímetro maior do que nos dias anteriores. Isto "porque data do acidente a corrente era muito agitada, levando a que o leito do rio cobrisse quase por completo a locomotiva, o que pode ter originado o arrastamento dos corpos para o Douro", segundo explicou o governador civil, que acompanha as buscas desde o primeiro minuto.

Ao longo da manhã e parte da tarde, a empresa de manutenção da CP instalou uma série de cabos de aço "que foram presos às rochas e à locomotiva para tentar que ela rodasse sobre si mesma" e voltasse à posição normal (encontrava-se tombada de lado e quase submersa). Um procedimento que tinha como objectivo tentar encontrar os dois corpos ainda por resgatar, mas os resultados não foram os esperados.

Linha não pode encerrar

O presidente da Câmara Municipal de Mirandela, que é também presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Mirandela, enalteceu a celeridade e os esforços depositados nas buscas dos dois funcionários da CP ainda desaparecidos. Mas José Silvano disse esperar igualmente que este acidente não sirva como pretexto para encerrar definitivamente a Linha do Tua, uma intenção que tem vindo a ser equacionada pela CP. A preocupação é aliás partilhada pelo governador civil, que ambiciona não só a recuperação do troço acidentado mas de toda a extensão da Linha do Tua, com o objectivo da sua exploração turística.

A circulação na Linha do Tua continua a fazer-se na maior parte do percurso (entre Mirandela e Brunheda), mas de acordo com a CP, ainda não há data prevista para a reabertura total da via férrea.

DN, 15-2-2007, pág. 27
 
Documentos fotográficos da tragédia:

http://jn.sapo.pt/2006/02/13/portfolio/Queda%20de%20comboio%20no%20Tua.html
 
Helicóptero localizou um corpo nas margens

Joana de Belém*

As equipas de busca conseguiram localizar, ontem à tarde, o corpo da segunda de três vítimas mortais do acidente que ocorreu segunda-feira na Linha do Tua. O cadáver foi encontrado à superfície, junto à margem, numa zona de águas paradas, pelo segundo comandante dos bombeiros de Bragança que fazia um voo de reconhecimento.

O corpo do funcionário da estação do Tua, Eduardo Marques, de 58 anos, natural de Vieiro, concelho de Vila Flor, estava num local de difícil acesso para os mergulhadores - três quilómetros a jusante do local do acidente - e onde ainda não tinham sido efectuadas buscas. O cadáver foi removido por um helicóptero, por volta das 16.20 .

Permanece ainda desaparecido um terceiro ocupante da automotora do metro de Mirandela, cujas buscas recomeçam hoje às 07.30. Pelo quarto dia consecutivo, as equipas de resgate vão continuar a insistir nas zonas do Tua e do Douro, inspeccionando os locais assinalados pela equipa cinotécnica da GNR. O governador civil de Bragança, Jorge Gomes, garante que não há qualquer retirada de meios.

Durante o dia de ontem, que concentrou os esforços de cerca de cem operacionais, estiveram envolvidos nas buscas três agentes do Núcleo de Investigação Criminal da GNR, com dois cães e 19 bombeiros, enquanto no Douro estiveram sete botes, 27 bombeiros e quatro equipas cinotécnicas. A Marinha, que concentrou ontem a sua acção no rio Tua e Douro, destacou três patrulhas da Polícia Marítima, 20 fuzileiros equipados com seis botes e uma equipa de dez mergulhadores.

No seguimento dos esforços que têm sido canalizados para encontrar os corpos, o governador civil de Bragança anunciou ontem a constituição de uma equipa de trabalho luso-espanhola para acompanhar a evolução das operações de busca. Segundo Jorge Gomes , o grupo é composto por elementos da Protecção civil espanhola e portuguesa, que vão trocar informações entre si. "O objectivo é estar tudo em alerta e montado, para não haver efeito surpresa se os corpos desaparecidos passarem a foz do Douro".

Recorde-se que a composição sinistrada estava ao serviço do metro de Mirandela e fazia a ligação entre Tua e aquela cidade quando caiu ao rio, arrastando os seis ocupantes por uma ravina com cerca de 60 metros de altura. Dois deles ficaram feridos e não se encontram em perigo de vida, enquanto um dos corpos permanece desaparecido - o primeiro corpo foi resgatado segunda-feira.

Segundo explicações da REFER, o desastre terá sido causado por um desabamento de pedras. * Com Lusa

DN, 16-2-2007, pág. 34
 
Uma questão de votos

A Linha do Tua, considerada uma das mais belas - senão a mais bela - da Europa, vive há muito sob o cutelo do encerramento. O seu fecho está previsto para 2010, num pacote que inclui a Linha do Corgo,a do Tâmega e a ligação Figueira da Foz-Pampilhosa, por Cantanhede. Mas outra ameaça paira sobre a via a construção de uma barragem na foz do Tua, o que fará submergir uma parte da linha. Isto é, se a via- -férrea resistir ao intentos da CP, corre o risco de morrer... afogada! Todavia, nada nos fará admirar se o acidente da passada segunda-feira significar a antecipação da morte anunciada e desejada por quem dirige a nossa ferrovia. Já alguém afirmou que a linha só será reaberta quando estiverem reunidas todas as condições de segurança. Ora, isto pressupõe um investimento vultuoso, do qual ninguém quererá ser responsável - já que não recolherá dividendos -, sem esquecer que a automotora que tombou no rio terá de ser substituída. A voz dos autarcas e das gentes da região será, por certo, determinante para que a Linha do Tua continue a deslumbrar portugueses e estrangeiros. Numa altura em que a ideia de instalar o TGV em Portugal atinge as raias da paranóia, seria bom que alguém se lembrasse de que o Tua não pode ficar confinado a 4,1 quilómetros, entre Mirandela e Carvalhais, ao serviço do Metro. Devem, isso sim, ser aproveitadas todas as potencialidades turísticas da região. Haverá vontade política para tal? É bem provável que não. O Tua não dá votos, ao contrário do anedotismo do TGV.

JN, 18-2-2007
 
Linha do Tua pode ficar "afogada" por barragem

Eduardo Pinto

Em 120 anos de história, a Linha do Tua conheceu na segunda-feira passada o acidente mais trágico de sempre. O facto foi aproveitado, de imediato, como um bom motivo para a encerrar definitivamente, por falta de segurança. Antes disso, outros foram avançados, como a falta de rentabilidade e a mais-valia que a construção de uma barragem na foz do rio Tua poderá representar. Terá esta obra de engenharia cravada numa "parede" capacidade para resistir?

As opiniões dividem-se, mas, para já, leva dianteira a tese de que aquele "monumento" é uma potencialidade turística ímpar, que deve ser aproveitada para desenvolver os concelhos que atravessa. O problema é que a sua manutenção só dá prejuízo e o Governo já deu a entender que, como tal, não se justifica mantê-la. Depois há a intenção da EDP em construir um aproveitamento hidroeléctrico, tido como de interesse nacional, que agrada a alguns autarcas que ali vêem mais uma fonte de rendimento, que claramente não têm na linha.

O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, Eugénio de Castro, é a favor das duas soluções. Explica que com tanta inovação já demonstrada noutras paragens, sobretudo no litoral, poderia arranjar-se uma forma de "compatibilizar a construção da barragem com a manutenção da Linha do Tua". Como? "Se não houver alternativas de desvio, faça-se túneis", desafia.

O homólogo de Mirandela, José Silvano, é dos que mais protestam contra a barragem e entende que a sua compatibilidade com a Linha do Tua só é possível se a albufeira não ultrapassar a cota 148. "De outra forma não é possível manter a linha. Seria necessário mais dinheiro do que para o TGV", sustenta.

Contra a posição da Eugénio de Castro manifesta-se também o edil de Vila Flor Artur Pimentel. Na sua opinião e sob o ponto de vista turístico, "a linha não tem interesse com a barragem". Ou seja, "um espelho de água tiraria a actual beleza da paisagem", que classifica mesmo como "belo-horrível".

O que agora levanta algumas interrogações é o facto de a REFER continuar a investir na melhoria da Linha do Tua (dois milhões euros entre 2001 e 2006), enquanto a EDP prossegue a elaboração dos estudos para a construção da barragem que deverá submergir uma boa parte da linha. "Penso que há falta de diálogo. Deviam sentar-se à mesma mesa e definir o que deve ser feito", critica Artur Pimentel.

José Silvano entende que o acidente de segunda-feira deve servir de mote para a continuação do investimento da segurança da linha, tornando-a mais atractiva. O investigador da Universidade de Coimbra José Gomes dos Santos defende soluções de segurança semelhantes às utilizadas em algumas zonas dos Alpes e que até já foram implementadas na linha da Beira Baixa. São redes eléctricas que emitem sinal em tempo real quando são atravessadas por deslizamento de terras ou pedras. A estação mais próxima recebe o alerta e pode informar a composição do perigo.

JN, 18-2-2007
 
Linha do Tua onde o belo se mistura com o horrível...

Carlos Santos

"Beatiful and horrible" (belo e horrível)! Esta é a expressão que muitos entusiastas ingleses do caminho-de-ferro utilizam quando visitam, pela primeira vez, a Linha do Tua, ora confinada a 54,100 quilómetros, entre o Tua e Mirandela, quando outrora a viagem terminava em Bragança, num total de 133,800 quilómetros.

A frase exprime, da melhor forma, a paisagem que envolve a via-férrea, sobretudo entre Foz Tua e Abreiro. À beleza do rio, que corre célere por entre abruptos penhascos, misturam-se o respeito e o temor que as escarpas, que se precipitam a pique em direcção às aguas bravas, provocam ao passageiro. A tudo isto deve acrescentar-se uma vegetação rasteira e enormes fraguedos em ambas as margens.

A plataforma da via parece ter sido esculpida na rocha. De um lado é penedia, do outro o precipício com mais de 50 metros. Numa visão selvagem, à qual não faltam pontes e túneis, surgem as Fragas Más - compostas por ciclópico maciço granítico -, quiçá o cenário de maior beleza do Tua. As características inóspitas estão ainda bem patentes, entre outros, nos apeadeiros de Tralhariz e Castanheiro, que são servidos por pequenas sendas de terra, pelas quais mal passa uma pessoa.

Se o serpentear da automotora, por uma linha que, por vezes, dá a sensação de ficar a um palmo do precipício, infunde muito respeito e ainda mais temor, não deixa de ser curioso pensar como terá sido possível a sua construção, que conheceu as primeiras obras a 16 de Outubro de 1884, em Mirandela, 28 anos depois da circulação do primeiro comboio em Portugal.

Também no Tua, Fontes Pereira de Melo, ministro das Obras Públicas, teve uma papel preponderante em todo o lento processo de lançamento, em Carta de Lei, do concurso.

As dificuldades foram enormes, a começar pelo acesso dos trabalhadores à obra, feito por carreiros íngremes, sobretudo entre o Tua e a Brunheda, onde o rio é mais profundo e se passeia por gargantas e escarpas quase inacessíveis. A dureza era de tal ordem que o engenheiro que supervisionava a construção desistiu, impotente para vencer as dificuldades técnicas e para impor disciplina ao grupo de trabalho, do qual até ladrões faziam parte. Foi então nomeado o engenheiro Dinis da Mota, que conseguiu levar a construção até ao fim. Numa obra de engenharia a todos os títulos notável, Dinis da Mota incutiu confiança aos trabalhadores, que todos os dias eram confrontados com cargas de dinamite e com escarpas que não permitiam a menor distracção.

Três anos volvidos sobre o início da epopeia, a linha foi inaugurada, com pompa e circunstância reais, a 19 de Setembro de 1887, entre o Tua e Mirandela, numa composição rebocada pela locomotiva a vapor E81 da alemã Emil Kessler, que tinha aos comando o próprio Dinis da Mota. Até Bragança, foi necessário esperar 19 anos para que o comboio apitasse na capital nordestina, num processo marcado por avanços e recuos, com as estações a ser inauguradas conforme a linha ia avançando.

Dois registos históricos, entretanto a construção da estação de Santa Comba de Rossas (serra da Nogueira), a mais alta de todo o sistema ferroviário português, nos seus 850 metros de altitude, e, logo a seguir, pouco depois do apeadeiro de Remisquedo, o maior túnel da linha.

Do apogeu ao ocaso, foi apenas uma questão de 86 anos. A Linha do Tua, no troço entre Bragança e Mirandela, foi encerrada em 1992, sob fortes protestos da população, o que obrigou à intervenção das forças policiais na "noite do roubo", quando a CP retirou, por via rodoviária, o material circulante de Bragança, numa operação que lhe custou 12 mil contos!

JN, 18-2-2007
 
Descida do caudal do Tua foi fulcral para detectar corpo do maquinista

Helder Robalo

As equipas de busca e salvamento encontraram ontem, ao final do dia, o corpo da terceira vítima mortal do acidente que ocorreu há precisamente uma semana na linha do Tua. O funeral do maquinista (com 24 anos), da automotora que fazia a ligação de Tua a Mirandela poderá ocorrer ainda hoje, disse ao DN o Governador Civil de Bragança. Isto "devido ao excepcional trabalho que o Instituto de Medicina Legal (IML) de Mirandela tem efectuado" e que, assegura Jorge Gomes, tem ajudado a reduzir uma penosa espera para as famílias.

O corpo foi encontrado com recurso a um helicóptero, a cerca de 300 metros do local do acidente. Segundo o governador, a descoberta tão próxima do local da tragédia ficou a dever-se à descida do caudal do Tua, depois de terem sido fechadas as barragens. "Com esta operação conseguimos baixar o caudal do rio e diminuir a força da sua corrente, o que facilitou o trabalho das equipas no terreno", adiantou Jorge Gomes. Naquela zona, explicou, o "leito do rio é muito fundo e bastante perigoso devido às rochas existentes. Além disso, tem remoinhos muito fortes e que podiam pôr em causa o trabalho dos mergulhadores".

Ontem estiveram no terreno 160 homens dos bombeiros, INEM, fuzileiros e equipas cinotécnicas, com dez botes que bateram as águas dos rios Douro e Tua.

Recorde-se que o acidente ocorreu a semana passada quando, ao final da tarde de segunda-feira, a automotora que fazia a ligação entre o Tua e Mirandela caiu ao rio, numa ravina de cerca de 60 metros. Aparentemente, o acidente terá sido provocado por um deslizamento de terras que provocou a derrocada de uma pedra de grandes dimensões e que terá arrastado o veículo para o rio, com cinco pessoas a bordo.

Dois dos passageiros - um rapaz e uma rapariga de 23 anos - sobreviveram ao acidente e foram resgatados ainda no próprio dia, apesar das dificuldades das equipas de busca e salvamento em aceder ao local. Na manhã da passada terça-feira, pouco depois do início das operações de busca, era encontrado o corpo do revisor, de 35 anos, junto à automotora. No dia seguinte, as equipas encontravam o segundo corpo, de um funcionário da CP, que seguia também a bordo do veículo.

O Ministério das Obras Públicas, através do Instituto Nacional dos Transportes Ferroviários, e a Refer, responsável pela linha, anunciaram de imediato a abertura de inquéritos para apurar as causas do acidente. O Governador Civil de Bragança confessou ao DN desconhecer o andamento dos trabalhos. "Até agora, a minha prioridade foi encontrar os desaparecidos e entregá-los à família. Amanhã [hoje] vou pensar nisso. A missão ficou cumprida, infelizmente com estas três vítimas a lamentar", adiantou Jorge Gomes.

DN, 20-2-2007, pág. 31
 
Maquinista encontrado a 300 metros da automotora

Eduardo Pinto

Ao sétimo dia de buscas foi finalmente encontrado o corpo do terceiro e último desaparecido do acidente ferroviário do Tua. O cadáver do maquinista do metro de Mirandela foi encontrado cerca de 300 metros a jusante do local onde a automotora caiu ao rio, na passada segunda-feira. A descida do caudal em cerca de metro e meio, conseguida com o fecho de seis barragens no Tua e noTuela, foi fundamental para o fim da operação. O balanço final do sinistro é de três mortos e dois feridos.

Cerca das 17 horas, uma equipa que, a bordo de um helicóptero passava a pente fino as margens do rio, deu o alerta. O corpo de Ricardo Santos, 25 anos, encontrava-se numa zona de difícil acesso e praticamente submerso. Mesmo assim e devido à maior visibilidade em profundidade permitida ontem pela água, foi possível a sua identificação.

"Estava exactamente numa das zonas de corrente muito forte e com poços profundos onde os mergulhadores nunca conseguiram chegar sem que tivéssemos descido o caudal do rio", especificou o governador civil de Bragança, Jorge Gomes, aliviado por poder devolver a "tranquilidade possível à família do maquinista". O corpo foi ontem transportado para o gabinete do Instituto de Medicina Legal de Mirandela e posteriormente entregue aos familiares.

Para que a operação fosse bem sucedida contribuiu a decisão de encerrar temporariamente seis barragens a montante do local do acidente. A descida da água deixou a descoberto zonas escondidas de difícil acesso e permitiu ver mais fundo. Se só por si não resultasse, havia a esperança de que o descer e o subir das águas contribuísse para gerar correntes diferentes e soltar o cadáver, caso se encontrasse preso a alguma ramagem ou cativo num poço em remoinho.

O dia de ontem era tido como o "dia D" e um eventual falhanço nas buscas poderia criar alguma desmotivação no contingente envolvido. Ontem atingiu o número máximo de 160 operacionais, que hoje já podem descansar. "O país está grato pelo seu desempenho", observou Jorge Gomes. Este responsável admitiu ainda que a operação ontem desenvolvida foi alvo de críticas, sem especificar os autores, notando que, afinal, "quem anda no terreno é que sabe o que está a fazer".

Entretanto, a Câmara de Mirandela decidiu cancelar o cortejo de Carnaval, marcado para a tarde de hoje. Segundo o presidente, José Silvano, o concelho está de luto e associa-se à dor da família de Ricardo Santos, que durante uma semana sofreu. As cerimónias fúnebres começam hoje às 15 horas, na Igreja S. Bento.

JN, 20-02-2007
 
"Cadáver de Ricardo Santos foi levado para a morgue de Mirandela e depois entregue aos familiares."

Eduardo Pinto

JN, 20-2-2007

Fico feliz com o fim dos trabalhos e com o consequente sossego proporcionado aos seus mais chegados.
Embora não me possa incluir nesse rol tive a oportunidade de o conhecer aquando da descida aflorada neste post.
Cheguei a enviar-lhe, como prometido, o link para algumas fotografias dessa viagem e do parco convívio então havido deu para perceber algumas das suas qualidades e nomeadamente o empenhedo demonstrado pelo que fazia.
Paz á sua alma.
 
Ameaça constante de derrocada nas encostas do Vale do Tua

Influência do sismo no acidente josé mota

O acidente ferroviário ocorrido no passado dia 12, que arrastou para o rio uma automotora do metropolitano de Mirandela, foi o mais grave em 120 anos de história da linha do Tua (três mortos e dois feridos), mas o elevado risco que esta via-férrea encerra, sobretudo entre o Cachão e a foz do rio Tua, poderia ter provocado muitos mais.

Esta tese é defendida por José Gomes dos Santos, professor da Universidade de Coimbra, que estudou durante algum tempo o vale do Tua, no âmbito da elaboração do trabalho de doutoramento. Por conhecimento de causa, adianta que "há frequentemente movimentos de blocos ao longo das vertentes que são potencialmente perigosos".

Um exemplo disso é a derrocada que há alguns anos ocorreu poucos quilómetros a montante do local onde a automotora do metropolitano de Mirandela caiu ao Tua e onde permanece há espera de solução. Dessa vez não ia a passar nenhum veículo, mas uma boa dezena de metros de encosta foi parar ao rio, interrompendo a linha e obrigando a complicados trabalhos de reparação.

Despreendimentos

O investigador aponta como causas a morfologia e a composição das vertentes que, aliadas a diversos factores naturais, provocam sucessivos despreendimentos de terras e pedras. O mesmo se aplica à linha do Douro, em que há permanentemente desabamentos para a via, bem como a várias estradas da região.

"Todas as vertentes rochosas do Alto Douro Vinhateiro e as partes terminais dos afluentes do rio Douro são potencialmente perigosas", referiu, ao JN, José Gomes dos Santos

Tal situação é justificada pela abundância de blocos de granito e xisto, rochas "muito fracturadas, antigas, e debilitadas do ponto de vista da tectónica". João Gomes dos Santos explica que vertentes como as do Tua estão, geralmente, em "equilíbrio precário".

A instabilidade varia de acordo com as características das rochas e de estas poderem estar cobertas por materiais argilosos ou areno-argilosos. Uma vez atingido o limite de capacidade de absorção da água da chuva, estes materiais vão funcionar como agente de instabilidade.

Acção humana

O estudioso aponta também o dedo à acção do homem. No caso da linha do Tua, "os próprios trabalhos de manutenção ajudam a que, de algum modo, a vertente veja quebrada a sua morfodinâmica natural".

José Gomes dos Santos diz mais a derrocada que, em 2003, destruiu um troço de 60 metros da Estrada Nacional 222, no concelho de Armamar, e que poderia ter consequências muito trágicas, também resultou da acção humana. O desvio do normal curso de águas acabou por resultar na instabilidade da vertente.

O professor da Universidade de Coimbra observa, por isso, que devem ser tomadas as devidas precauções antes de serem efectuadas alterações à estrutura original das encostas em todo o Alto Douro Vinhateiro.

O professor João Gomes dos Santos não afirma peremptoriamente que o sismo de magnitude 5,8 na escala de Richter, sentido em Portugal na manhã do dia 12, possa estar relacionado com a queda de pedras que originou o acidente da linha do Tua. Mas não tem dúvidas que ajudou ao desiquilíbrio da vertente.

Adianta que aquele temor de terra foi o mais forte dos últimos 37 anos em Portugal e não provocou danos aparentemente visíveis. Porém, segundo o investigador da Universidade de Coimbra, terá "produzido uma dinâmica tectónica de reajustes ao longo das diversas falhas que afectam o território ibérico".

Considerando-o um sismo "violentíssimo", interroga-se se tal não terá contribuído decisivamente para a instabilidade da vertente onde o acidente ocorreu. Segundo diz, a vibração produzida pela automotora ao passar no local poderia não produzir qualquer instabilidade antes da ocorrência do sismo, mas uma vez que este veio alterar o equilíbrio dos materiais da vertente, a circulação da máquina acabou por ser suficiente para alterar a situação precária em que os materiais se encontravam, fazendo-os desabar.

JN, 22-2-2007
 
Linha do Tua

Reabertura nunca antes de Maio

A linha ferroviária do Tua não vai ser aberta à circulação
antes de Maio, embora as obras de requalificação da
via avancem com brevidade.
Estas foram informações transmitidas pela REFER deu ao
Partido Ecologista “Os Verdes”, depois de uma reunião
entre ambas as partes.
Em declarações à Renascença, Manuela Cunha, de “Os Verdes”,
revela que o seu partido vai realizar em Maio mais
uma acção de defesa das linhas férreas: “aparentemente,
as medidas estão a ser tomadas no sentido da reposição da
linha. Mas não vão ser muito rápidas… Tudo leva a crer que
em Maio a linha ainda não estará reposta.”
Nessa altura, “Os Verdes” terão uma iniciativa na região do
Tua, “em defesa da via férrea”.
A iniciativa levará ao Tua vários convidados, incluindo
alguns deputados ecologistas do Parlamento Europeu. Estes
convidados participarão numa conferência internacional no
Porto e, segundo Manuela Cunha, “farão um percurso pelo
Douro, Tua e Corgo.”
Na reunião com a REFER, “Os Verdes” dizem ter obtido,
ainda, a informação de que a empresa se prepara para
colocar redes de segurança mais elásticas nalguns pontos da
Linha do Tua, realizando para isso uma parceria com a
Faculdade de Engenharia do Porto. Esta solução permitirá
reter e amortecer a queda de pedregulhos.

RRP1, 26-2-2007
 
Tua/Acidente

Relatório pronto a 13 de Março

O documento final da REFER sobre o acidente da automotora
que caiu ao Rio Tua, há três semanas, deve ficar concluído
a 13 de Março.
O relatório analisa as causas e os estragos na linha ferroviária,
para além de determinar as obras necessárias.
Por enquanto, os habituais passageiros da linha recorrem ao
metro de Mirandela e fazem o resto do percurso de autocarro.
De acordo com o presidente da Câmara e da Sociedade do
Metro de Mirandela, José Silvano, o número de passageiros
tem vindo a crescer nos últimos dias.
Sobre as obras de reparação da linha do Tua, o autarca diz ter
a promessa da REFER e da CP de que arrancam no prazo de 90
dias.
O acidente com a automotora que caiu ao Rio Tua, no passado
dia 12, provocou três mortos e dois feridos.

RRP1, 28-2-2007
 
Barragem de Foz Tua será a primeira sujeita a concurso

Ana Tomás Ribeiro

De acordo com a nova lei da da titularidade dos recursos hídricos que ainda está a ser trabalhada, as barragens a construir no futuro em Portugal já não serão concessionadas directamente à EDP. A atribuição da concessão e exploração dos novos empreendimentos hidroeléctricos deverá ser feita por concurso público. Por esta razão, a nova barragem de Foz Tua poderá ser a primeira a ser abrangida por esta nova lei, que deverá ir em breve a Conselho de Ministros , disse ao DN fonte ligada ao processo.

O novo empreendimento com sistema de bombagem, que permite um melhor aproveitamento da água e maximizar o potencial energético da central, representará um investimento da ordem dos 251 milhões de euros a preços constantes de 2006, de acordo com as contas da EDP.

Localizada no rio Tua, a nova central hidroeléctrica terá uma potência instalada de 208 MW e, de acordo com o calendário da eléctrica nacional, deveria entrar em operação em 2014. Isto apesar de o ministro da Economia, Manuel Pinho, já tenha dito que só contava com a produção das duas grandes barragens, ou seja, Baixo Sabor e Foz Tua, a partir de 2015.

A EDP já disse que estava interessada em construir a barragem do Tua, com uma capacidade de armazenamento de água de 21 milhões de metros cúbicos, estando a preparar o estudo prévio e o de impacto ambiental. Mas o novo pacote regulamentar poderá colocoar o empreendimento a concurso.

O mesmo já não acontece com a a barragem do Baixo Sabor, que ainda aguarda por uma decisão de Bruxelas para avançar, mas que será concessionda àa EDP, aliás porque este empreendimento é uma alternativa a Foz Côa.

Alqueva permece num incógnita. Aquela central estava concessionada a uma empresa do grupo EDP, (ver caixa ao lado). Mas, no final do ano passado, o ministro da Agricultura, Jaime Silva , afirmou a intenção de lançar, após a aprovação dos estatutos da EDIA, um concurso público para a exploração da barragem. O seu ministério está, agora, a reavaliar a situação, e ainda não tomou uma decisão.

DN, 6-2-2007
 
Automotora retirada do leito do Tua em meados do Verão

Carlos Santos e Eduardo Pinto

A automotora que, a 12 de Fevereiro, tombou nas águas do Tua, ao despenhar-se por uma ravina, provocando a morte a três pessoas e ferindo duas, só será retirada das águas em meados do Verão. A intensidade da corrente e o elevado caudal impedem a remoção da LRV (light rail vehicule) nas próximas semanas. Para já, apenas um dado é adquirido o veículo, com o n.º 9504, terá a sucata como destino.

Pertencente à Metro de Mirandela, mas ao serviço da CP na altura do acidente, a automotora já foi vistoriada por elementos da EMEF e da CAMO, a empresa que a carroçou. A conclusão foi rápida não está em condições de ser recuperada, uma vez que a carroçaria ficou empenada. O motor Volvo, já invadido pelas águas do Tua, poderá ser aproveitado, assim como o chassis e os boggies.

Resta ainda uma questão como retirar a LRV, sabendo-se da agressividade da região, com um desnível de 50 metros? Existem dois planos. O primeiro passa pela instalação de dois carris, ao longo da ravina, de forma a rebocar o veículo, com o auxílio de meios hidráulicos e de cabos, ao nível da via-férrea. A segunda hipótese é o desmantelamento no local onde se encontra, içando-se as peças para a linha. A escolha é da responsabilidade da Metro de Mirandela, de acordo com os orçamentos da EMEF.

A Metro terá, assim, de comprar uma nova unidade. Segundo José Silvano, presidente da empresa e da Câmara de Mirandela, o seguro do casco, no valor de um milhão de euros, "dá perfeitamente para comprar uma nova". Todavia, tal decisão fica à espera de que o Governo divulgue o futuro da linha. José Silvano aguarda, apreensivo, pela decisão, que gostava de ter até ao final do mês, altura em que vai realizar-se uma assembleia geral da Metro. Receia que a decisão final venha a ser condicionada por questões relacionadas com a falta de segurança da linha nos últimos 20 quilómetros. O edil teme que um adiamento nas obras possa ser "motivo para encerrar a linha".

Actualmente, apenas três automotoras transportam passageiros entre Mirandela e Brunheda. Depois, a CP assegura a continuação da viagem, em autocarro, até à estação do Tua.

JN, 14-3-2007
 
Acidente mortal na Linha do Tua provocado por desabamento de pedras

O acidente na Linha do Tua, a 12 de Fevereiro, foi provocado pelo desabamento de pedras, segundo os resultados finais de dois inquéritos enviados ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), anunciou ontem o Ministério das Obras Públicas, que ordenou um levantamento nacional de situações de risco. Uma composição do Metro de Mirandela descarrilou e caiu ao rio Tua, provocando a morte de três pessoas e ferimentos em duas. O LNEC deverá apreciar no prazo de 90 dias as conclusões dos relatórios elaborados pelo Instituto Nacional do Transporte Ferroviário (INTF) e pela Rede Ferroviária Nacional (Refer), adianta a Secretaria de Estado dos Transportes em comunicado.

Sobre o acidente na Linha do Tua, o INTF concluiu que o descarrilamento terá sido causado por um desmoronamento de terras e pedras de grande dimensão, "que se terão desprendido da trincheira do lado direito no sentido da marcha do comboio, sendo difícil de prever este tipo de acidentes". De acordo com este relatório, "não foram detectadas situações anormais que pudessem pôr em perigo a circulação ferroviária". O instituto refere que as informações recolhidas sobre o estado da linha - constantes no Relatório de Inspecção Semanal realizado pelos serviços da Refer em 7 de Fevereiro - "não indiciam qualquer tipo de anomalia, tanto na via como nas barreiras existentes acima do nível da plataforma".

A comissão de inquérito nomeada pelo INTF recomenda à Refer que, antes da reabertura daquele troço, adopte medidas de observação especiais e "actue em conformidade nas trincheiras e aterros nas zonas que considere mais críticas". São igualmente recomendados estudos para a instalação de sistemas de detecção de aluimentos de terras e pedras que possam representar risco para a circulação de comboios.

DN, 27-3-2007, pág. 56
 
Obras na linha do Tua fora do calendário

Fernando Pires

A composição do Metro de Mirandela que, a 12 de Fevereiro, tombou no rio Tua após despenhar-se por uma ravina, provocando a morte a três pessoas e ferindo duas, vai ser retirada no final do mês, "o mais tardar durante a primeira semana de Maio." A decisão foi revelada, ontem, pelo presidente da administração da sociedade Metro Ligeiro de Mirandela, José Silvano, no final da Assembleia-Geral, que aprovou o relatório de contas de 2006.

Segundo José Silvano, autarca de Mirandela, "a solução passará pelo desmantelamento no local onde se encontra, içando-se as peças para a linha". No entanto, o edil sente-se frustrado com a reunião, onde estiveram os representantes da CP e da REFER - que detém 10% do capital social da Metro de Mirandela - porque "nem sequer estavam mandatados para adiantar sobre o início dos trabalhos de reparação da linha no local do acidente."

O Plano de Actividades e Orçamento para 2007 foi aprovado, mas condicionado à decisão do Governo em manter a linha, porque dessa forma é impossível saber quais os custos que a sociedade vai ter. No caso de encerrar, a circulação do metro fica condicionada ao percurso de pouco mais de quatro quilómetros, entre Mirandela e Carvalhais. Mas se a decisão pender para a manutenção, manter-se-á o contrato de prestação de serviço que a CP paga à Metro de Mirandela.

José Silvano revelou, ainda, que os representantes da REFER e da CP indicaram que as obras não avançam no próximo trimestre, tempo necessário para o Laboratório Nacional de Engenharia Civil terminar o relatório sobre as causas do acidente.

Desmoronamento

Recorde-se que, na semana passada, dois inquéritos enviados ao LNEC, pelo Ministério das Obras Públicas, davam conta de que o descarrilamento terá sido causado por um desmoronamento de terras e pedras de grande dimensão, "que se terão desprendido da trincheira do lado direito no sentido da marcha do comboio, sendo difícil de prever este tipo de acidentes".

JN, 5-4-2007
 
Carruagem ainda foi retirada

O Laboratório Nacional de Engenharia Civil não autoriza
a retirada da carruagem acidentada do rio Tua. Os trabalhos
de desmantelamento da carruagem que caiu ao rio no
dia 12 de Fevereiro, num acidente que provocou a morte a
três pessoas e feriu outras duas, já deveriam ter começado.
O LNEC não o permite, no entanto, uma vez que ainda não
concluiu o relatório final. Algo que só deve acontecer apenas
dentro de três meses.
Para José Silvano, presidente da câmara de Mirandela, esta
decisão afecta a linha no próximo Verão, numa altura “em
que a linha tem mais movimento”, o que pode funcionar,
acrescenta o autarca, como “mais um argumento para dizer
que há pouco movimento na circulação da linha do Tua”.
As dúvidas quanto à permanência desta linha ferroviária vão
continuar assim sem resposta por mais algum tempo.

RRP1, 15-5-2007
 
Desmantelamento da carruagem
começa para a semana

A carruagem acidentada da Linha do Tua, começa a
ser desmantelada na próxima segunda-feira.
Para o presidente do conselho de administração, só agora,
cinco meses depois do acidente, estão reunidas as condições
para avançar com a operação, depois do aval do Laboratório
Nacional de Engenharia Civil. Para a reparação da linha, a
REFER já abriu um concurso. O também presidente da câmara
de Mirandela, José Silvano, este é “um bom sinal”, o de
que “a linha vai retomar as suas funções quando estiver
debelado o problema do acidente”. A operação em que vai
ser desmantelada a carruagem acidentada do Tua, prevê-se,
vai durar 30 dias e vai custar 100 mil euros.

RRP1, 12-7-2007
 
Barragem do Tua aproveitada também para o turismo

Almeida Cardoso

Os cinco municípios que serão parcialmente alagados pela albufeira da futura Barragem do Tua vão estabelecer uma estratégia de desenvolvimento turístico para o futuro espaço hídrico. A ideia surgiu do Presidente da Câmara Municipal de Alijó, Artur Cascarejo, e pretende agregar, no mesmo plano, as câmaras de Vila Flor, Murça, Carrazeda de Ansiães e Mirandela.

"Queremos aproveitar o espelho de água que vai ser criado na barragem hidroeléctrica do Tua para fins turísticos. Uma área de lazer que sirva igualmente as populações locais", explica Artur Cascarejo.

O autarca de Alijó pretende uma parceria em que envolva as cinco câmaras, num total de dezassete freguesias, para além da EDP "Pretendemos rentabilizar este investimento de forma a que a barragem não seja apenas aproveitada para fins hidroeléctricos, constituindo-se igualmente numa oportunidade de desenvolvimento sustentado".

Em relação ao concelho de Alijó, as populações beneficiadas com este aproveitamento seriam S. Mamede de Ribatua, Safres, Amieiro, Franzilhal, e Carlão. "Estas localidades vão ficar com um espelho de água extraordinário", sublinhou Artur Cascarejo. O autarca pretende ainda promover nesta albufeira uma outra atracção. " Este recurso permite-nos criar um outro tipo de oferta turística, que são as Escarpas do Tua. Algo totalmente diferente do Douro, do rio Pinhão e de outros rios. São escarpas lindíssimas, telúricas em estado selvagem e únicas em Trás-os-Montes e Alto Douro".

A construção da barragem, está prevista a 1250 metros da foz do rio Tua. Representa um investimento de 237 milhões de euros. Irá produzir 350 gigawatts de energia por hora, ou seja, o equivalente ao consumo médio de uma cidade com 80 mil habitantes.

O início da obra está previsto para 2009 e cinco anos depois deverá começar a produzir energia. Poderá armazenar até 215 milhões de metros cúbicos de água. Serão submersos mais de 600 hectares, dos quais 356 a 371 são de mato, floresta e pastagens, e 248 a 441 hectares de área agrícola.

JN, 23-7-2007
 
Divergências

O que é melhor a barragem ou manter a linha do Tua?

O JN indagou os autarcas sobre as virtudes e defeitos de uma e de outra

Positivo Fonte de energia para o país. Há o compromisso de aproveitar espelho de água do ponto de vista turístico

Negativo Albufeira vai inundar bons terrenos agrícolas. Termas de Carlão também vão sofrer com a construção da barragem

Positivo Garantida reserva de água com a barragem. E o desenvolvimento local que poderá surgir com albufeira

Negativo Desaparecimento da impressionante paisagem natural vista da linha do Tua, que faz parte da minha vida.

Positivo A reserva de água e o turismo gerados com a barragem, mais os lucros da produção energética.

Negativo Alagamento de área de terra agrícola, vinhedos e olivais; destruição dos acessos existentes e das Termas de Carlão.

Positivo Albufeira terá pouco impacto para a região.

Negativo Paredão enorme encostado ao Alto Douro Vinhateiro, que descaracteriza paisagem e clima. Termo da centenária Linha do Tua, que é das mais belas da Europa.

Artur Cascarejo
Presidente da Câmara de Alijó

Artur Pimentel
Presidente da Câmara de Vila Flor

João Teixeira
Presidente da Câmara de Murça

José Silvano
Presidente da Câmara de Mirandela

JN, 12-1-2008
 
Maquinista defende fecho de linha vazia e perigosa

"Pois para mim, a linha do Tua, tal como está, é uma vaidade, porque o metro não dá nada", assume Norberto dos Santos Magalhães. Aos 71 anos, prolonga a brancura intransigente da boina no discurso idóneo de quem conhece a via-férrea como poucos, após longa carreira de maquinista, pilotando tecnologia diversa, do vapor ao diesel e automotoras. Norberto Magalhães, que já enfrentou todos os medos nas viagens de Bragança à foz do rio, não abdica das convicções, mesmo que contraditando familiares e amigos. "Mantêm-se postos de trabalho, pronto, mas é tudo. A barragem vai dar mais lucro", diz, apesar de ter sido "sempre contra o encerramento das vias-férreas". A contradição é só aparente "As aldeias não têm camioneta porque não têm acessos. Logo, era útil manter a linha até Bragança. Mas não o fizeram (fechou em 1990), e agora os passageiros fogem. Metem-se na carreira às 7 e às 9 estão no Porto", justifica. Volvidos estes anos, o corpo seco experimenta ainda a tensão que lhe punha os sentidos alerta em noites bravias: "Ui, quanto susto apanhei. Quando era a vapor, a gente vinha com o coração nas mãos, não se via nada, porque o gasómetro das máquinas apagava-se com a chuva e o vento", recorda, admitindo que "era raro o comboio bater numa recta, mas numa curva não havia salvação e lá batia", diz. O maior susto foi, precisamente, no local do acidente mortal de há um ano: abaixo de Santa Luzia. "A máquina descarrilou e, se tivesse ido ao rio, não se aproveitava nadinha, nem maquinista nem ferro". Não caiu. Mas a possibilidade do acidente é que o traz desconfiado: "Agora a linha não tem segurança. As árvores empurram as pedras, que caem. Cheguei a bater em pedras e a máquina arrumava com elas, mas a automotora não aguenta", garante, sublinhando: "E havia uma brigada a ver se tinha pedras na linha. Agora não, é à sorte. E ela nem sempre dá connosco". Foi assim, há um ano: um desencontro. Fatal.

EM

JN, 12-1-2008
 
"Quando me telefonaram comecei logo aos gritos"

Atrás das janelas verdes da casa com dois pisos, onde há um quarto demasiado vazio nas águas-furtadas, avulta um santuário em honra de Ricardo José Barros dos Santos. Paredes e mobiliário acomodam fotos do maquinista que jaz ali perto, no cemitério anexo à igreja de S. Bento, em Mirandela. Nesse templo será celebrada, pelas 19 horas de hoje, a missa que assinala o primeiro aniversário do acidente que o matou aos 25 anos, juntamente com Eduardo Marques, de Vila Flor, e José Fonseca, de Lamego. Ele foi o último a ser encontrado, pelas equipas de busca, uma semana depois. Os pais, esses, já não tinham ilusões "Logo que telefonaram a dizer que tinha sido entre Tua e S. Lourenço, comecei logo aos gritos, porque aquilo mete muito medo", recorda Celina de Jesus Barros, sob um luto cerrado. Estremece, no suspiro longo do desalento profundo que lhe inunda os olhos. O marido, Alberto António dos Santos, que fará 53 anos amanhã, exorta a mulher à resistência. Despreza os 4500 euros de indemnização que receberam. Como se fosse possível contabilizar o investimento da vida toda: "Só tinha aquele, mais nada. Se tivesse outro, era mais fácil..." Jamais o saberá. A certeza que lhe resta é o ódio à linha assassina onde ele e Celina morreram também. Faz hoje um ano.

EM

JN, 12-1-2008
 
TUA Muitos idosos e poucos turistas

Elmano Madail, Leonel de Castro

Vão chegando na alegre algazarra dos adolescentes. E, no entanto, são idosos quase todos, os passageiros que entram na automotora verde acantonada na estação de Mirandela, com destino aprazado para dali a um par de horas e 55 quilómetros, na estação terminal do Tua. Chegarão lá cinco dos 26 viajantes que a máquina carrega...

A benevolência extemporânea do clima e o resultado sofrível da selecção nacional de futebol polarizam as conversas por género - mistérios da meteorologia para elas, misérias desportivas para eles. E assim, sem atritos nem atropelos, não tarda que os 24 lugares disponíveis no bólide, uma dúzia alinhada em cada lado, estejam ocupados por autóctones.

Forasteiros, apenas quatro dos 24 mil que utilizam a linha por ano, facilmente discerníveis um casal pelo trajo, tão casual que sugere um fato de treino (o dele com Spalding escrito no peito); o outro pelo sotaque, trazido do Funchal nas férias curtas do Carnaval.

Soando as 10 horas, a automotora verde, uma das três LRV2000 que a Metro de Mirandela opera - havia outra, mas foi abatida após o acidente de há um ano que vitimou três pessoas -, ronrona os motores na via estreita e parte rumo a uma paisagem única e arrebatadora. E que é já memória...

Ribeirinha

Uma velha apeia-se com os vagares da idade em Latadas, o primeiro apeadeiro. Ninguém reclama da demora, que a conversa está boa e a paisagem é demasiado urbana para ser interessante. O rio corre do lado direito sem atritos, entre as leiras e a neblina. Após um túnel breve, a grande evasão dá-se em Frechas, onde calha sair Alice Caravelas. A professora liceal, de 30 anos, advoga não só a utilidade da linha - "não tenho carro e é barato (menos 60 cêntimos do que o autocarro para Frechas) -, mas também a vertente lúdica "Já fui algumas vezes até ao Tua e quero repetir na Páscoa, antes que a linha encerre", garante, admitindo que "a barragem talvez supere a receita do turismo", mais pródigo no Verão, embora "no Inverno seja mais atractivo", assinala. "Só que não há muita divulgação", diz. E sai. Leva mais seis passageiros com ela. Após 12 quilómetros e muitas curvas e trepidações, ruminando o verde da paisagem lavrada, a automotora deixa mais seis em Ribeirinhas, estação habitada e limiar da civilização. A meia dúzia é contestatária: "No ano passado, fiz 114 viagens. Estou a viver em Mirandela e tenho aqui as fazendas. Se a linha for fechada, tenho de ir e vir de qualquer maneira", protesta Adelino Trigo, de 77 anos. É socorrido, na defesa da linha, por Acácio Amaral, aposentado da GNR aos 54 anos e viajante incansável: "Desde jovem que uso este transporte. A minha mulher vai uma vez por mês a Penafiel e ao Porto e vamos sempre neste", assegura, dando conta dos malefícios de uma barragem: "Prefiro a linha. Primeiro, a riqueza que existe, os melhores terrenos, fica tudo submerso", afiança, interrogando: "O que é que essas pessoas vão fazer depois? Vão viver de quê? Se já assim vão daqui para fora…".

Dali para fora está quase a partir a automotora, mas eis que surge, caminhando pela via, quatro elementos da Refer. Estão a fazer, explicam, o levantamento do estado da linha, visando a optimização da velocidade para o comboio andar mais depressa". Porque mais vagar é difícil, mas também imprescindível "De Ribeirinha ao Tua, o comboio circula com marcha à vista - nunca a mais de 30 Km/h, permitindo parar após identificar um obstáculo".

Santa Luzia

Munidos do contexto daquele vagar que não amacia a trepidação, os passageiros entregam-se à contemplação da Natureza. É a partir de Abrunhedo que se calam as vozes e abrem-se de espanto os olhos dos iniciados. Impressionam-se com pouco, ainda, os turistas montes penteados pelo aro acolhem vinhas, identificam-se amendoeiras ameaçando florir, salgueiros e choupos, há azenhas desnudas ladeando as águas que afeiçoam o leito xistoso.

Chega-se a Abreiro e, após ter saído mais alguma, há permuta de gente - saem quatro, entram duas - sem que se vislumbre para onde irá quem fica, embora haja, logo acima, uma ponte de betão. A estação, esventrada, assinala a civilização com um grafito ridículo gritando impropérios na parede. O rio amodorra-se um pouco, ali, e acolhe, até, um pato no meio de um aluvião.

Mas quanto mais penetra a automotora na via, mais o penedo se agiganta e atemoriza, granítico, e estéril. A vontade do homem, porém, engendrou bancadas no dorso da escarpa, e lá plantou oliveiras que enxameiam a encosta, até não lhe ser mais possível combater a pedra, rugosa e bruta. Mortal, aquele declive. E quase em Santa Luzia, o maquinista, ciente da natureza humana, abranda para que o povo veja a mais nova, e macabra, atracção turística o local onde se despenhou, há um ano, uma automotora, matando três pessoas. "Foi aqui", informa. "Ah, louvado seja Deus…", exclama uma mulher, piedosa, tentando fotografar uma nesga de rio lá em baixo. Garantido o postal, benze-se. Em Santa Luzia, percebe-se como a engenharia, por vezes, é perversa: vêem-se as amarrações de acesso, por teleférico, do povo de Amieiro, aldeia pendurada na outra encosta, à estação. Mas não há teleférico…

Estação do Tua

A automotora entra no destino final como um carrossel a linha, sinuosa, afaga os flancos do maciço, a trepidação aterroriza as almas sensíveis que, ainda assim, mantém a vista presa, obstinada, à paisagem em que avulta o voo planado de uma ave de rapina - o único apontamento de suavidade. E, quatro túneis depois, surge o oásis ferroviário da estação do Tua, onde jaz a carcaça de uma automotora vermelha anunciando o destino que espera, talvez, a linha inteira: a podridão.

"Acho uma pena, por esta linha, e esta paisagem, que é uma mais valia enorme. Tem é de ser mais divulgada, porque o bilhete não é nada caro", diz o madeirense José Cristiano Branco, professor de Educação Física. A mulher explica a origem da viagem insólita "Vi imagens na televisão pelos piores motivos - o acidente - e, há dias, vimo-las outra vez, a propósito da reabertura da linha. Como disseram que podia fechar, viemos cá antes disso". E, apesar de estar "só de passagem", não deixa de se interrogar: "E se o Douro é Património Mundial, como é possível desprezar esta linha?".

JN, 12-1-2008
 
O homem que alumiava o caminho ao comboio

leonel de castro

Quando as águas do Tua subirem por força da barragem prevista para a foz, inundando vinhas e olivais, na enxurrada irá também o casal que habita, há 39 anos, uma casa singular a estação de Ribeirinha, a 20 quilómetros de Mirandela. "Se tiver de sair agora, vou para Codeçais, mas bem me custa. Se pudesse, parava a barragem", assegura Maria Adelaide Neves, encanecida pelos anos que roçam os 70. Já ele, o marido, Abílio Augusto Ovelheiro, que completa 71 a 25 de Abril, não está para grandes revoluções: cansado, basta-lhe o sol, que nasce em qualquer lugar. Simplesmente, naquele sossego do rio a correr manso aos pés, parece-lhe que ali brilha mais belo. Tal como aos turistas, que "vinham por aí e acampavam ao pé do rio. Agora, vão-se logo e só no Verão", lamenta Ovelheiro, afagando o mastim que vigia os estranhos. E vigia foi o dono, também, décadas a fio, da segurança da linha cuja morte está anunciada: "Entrei para a CP em 1960, como assentador - andava a meter madeira e a fazer travessas", recorda, "antes de me tornar auxiliar de estação". E nessa função tinha de "fazer rondas de noite, quase 20 quilómetros, não se via nada e com penedos e fraguedo a pique - e o ruim que era no Inverno… -, e tinha de lá estar, em S. Lourenço, antes do comboio, para ver se estava tudo bem, e o maquinista via-me e já ficava mais descansado", desfia Abílio, de uma assentada, para que a memória não lhe escape. "Custa muito, ver isto assim", diz ele, e Adelaide concorda: "Dantes, de Maio a Setembro, era ver os comboios sempre cheios". Era. Agora andam vazios, "e piorou com o acidente (faz hoje um ano), que o povo tem medo". Adelaide também receia o futuro, largar a casa que, sendo pequena - quatro divisões partilhadas pelo casal e a filha mais nova (35 anos) e o filho mais velho (43 anos) - é a única que tem. É tudo o que tem... EM

JN, 12-1-2008
 
INAG admite salvar linha
leonel de castro

Eduardo Pinto

O Instituto Nacional da Água (INAG) admitiu, em missiva enviada à Câmara de Murça, a possibilidade de baixar a cota da barragem do Tua (inicialmente de 200 metros), para minimizar o impacto sobre a linha ferroviária. Refere até que o interesse em minorar a interferência na via poderá levar "à adopção de uma cota da ordem dos 170 metros". Assim, a linha ficaria submersa apenas até Brunheda (20 quilómetros).

Murça reivindicou, na consulta pública, que a cota ideal para minimizar danos no concelho, e nos vizinhos, seria a de 165. O INAG respondeu, porém, que uma cota de 160 metros "reduzirá a potência a instalar e a energia produzida", embora possibilite baixar para 13 quilómetros o troço de via-férrea sob água.

Mas, qualquer que seja a cota da barragem a construir, a linha do Tua deixará de ter ligação à linha do Douro. E é este argumento, moldado pelo vale selvagem e pela monumentalidade histórica da via, que está a ser arremessado com toda a força pelos contestatários do aproveitamento hidroeléctrico. De resto, desde que o Governo decidiu construir uma barragem junto à foz do rio Tua, tem-se visto uma clara divisão dos autarcas dos concelhos que, directa ou indirectamente, são abrangidos pela empresa.

De um lado, isolado, o presidente da Câmara de Mirandela (PSD), José Silvano, que clama contra a barragem em favor da manutenção dos 58 quilómetros de via-férrea. Considera-a uma das portas de entrada de turistas no seu concelho e não está disposto a abdicar dela, mesmo que comercialmente não seja rentável. Se não vencer essa luta, reivindica a cota máxima para a barragem e a criação de eclusa que deixe os cruzeiros do Douro passar no vale do Tua até Mirandela.

No outro flanco, surgem os presidentes dos municípios de Alijó (PS), Carrazeda de Ansiães (PSD), Murça (PS) e Vila Flor (PS). Favoráveis à barragem, embora lamentem, em tom politicamente correcto, a submersão parcial da linha. Não abdicam de compensações pelos prejuízos que a barragem possa causar, como a destruição de vinhedos e olivais. E querem ainda parte dos lucros da produção energética, não se contentando com a já insatisfatória compensação pela área alagada pela albufeira.

O autarca de Carrazeda, Eugénio de Castro, lançou o repto para criar uma associação entre os cinco municípios que constitua um lóbi reivindicativo. Todos de acordo, inclusive o de Mirandela, mas este só aceitará juntar-se aos restantes "quando já não for possível impedir a barragem e manter a linha do Tua".

Turismo híbrido será o ideal

Admitindo a construção da barragem como provável, os técnicos de turismo sugerem o aproveitamento da linha do Tua sobrante dentro de um modelo híbrido que envolva já o espelho de água a gerar pela nova albufeira, e nunca por si só. Neste aspecto, Nuno Fazenda, responsável pelas orientações estratégicas de desenvolvimento do turismo na Região Norte, da Comissão de Coordenação e De-senvolvimento, é revelador "Não há qualquer estudo técnico sobre a linha do Tua em termos turísticos", o que é significativo, já que a recuperação da linha Pocinho-Barca d'Alva tem o apoio activo da CCDRN. Alberto Tapada, da Associação de Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes, assinala que "não há fluxos turísticos assinaláveis porque a região tem recursos primários - paisagem, miradouros, vinhos - mas falta investir nos recursos secundários - hotéis, reconversão de termas...", diz. E, advogando que "o património deve ter uso, senão preservá-lo não se justifica", sugere que "pequenas barragens são compatíveis com a linha, o que podia ser o caso". O homólogo da Região de Turismo do Nordeste transmontano, Júlio Meirinhos, reivindica "a salvaguarda de troços" para "aproveitamento turístico integrado", isto é, "complementar a um barco. "Com dois produtos", diz, "via-férrea e barco, será algo interessante. E óptimo para os desportos náuticos".

EM

JN, 12-1-2008
 
Troço acidentado da Linha do Tua reabre para a semana

SANDRA BENTO, Bragança

O troço da Linha do Tua que estava encerrado desde Fevereiro do ano passado na sequência de um acidente que vitimou três pessoas, vai reabrir na próxima semana. A decisão foi tomada ontem numa reunião entre a empresa Metro de Mirandela e a CP. O troço de 60 quilómetros dever reabrir com quatro viagens por dia entre Mirandela e o Tua "respeitando as condições de segurança impostas" pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Contudo, a CP não avança uma data, apenas que será na próxima semana.

Por motivos de segurança, os técnicos entendem que a circulação só pode ser feita em "marcha à vista", isto é, em velocidade muito reduzida, de forma a poder parar as composições a qualquer momento, em caso de acidente. Sendo assim, a viagem entre Mirandela e o Tua, que em circunstâncias normais demorava cerca de uma hora e meia, vai passar a fazer-se em duas horas.

O presidente do Metro de Mirandela aceita esta condição. "A nós também nos interessa a segurança", sublinha José Silvano, considerando que fica salvaguardada a vertente turística da linha. "Nem que demorem mais tempo, os turistas não se importam", afirma o também autarca de Mirandela.

De referir que a Linha do Tua regista um movimento anual de turistas a rondar 12 mil viagens, enquanto na ligação à Linha do Douro o número de viagens reduz para seis mil.

No acordo de ontem ficou ainda decidido que a Linha do Tua também vai ser aberta à circulação de comboios ao serviço de outros operadores turísticos "que vão ter preferência, podendo utilizar a linha a qualquer hora" desde que não colida com os horários do Metro de Mirandela.

Ainda assim, o autarca não se mostrou muito satisfeito com as condições e, por isso, vai "contestá-las no lugar próprio", garante, "até porque a CP vai reanalisar o processo porque não é preciso tantos quilómetros em marcha à vista".

DN, 23-1-2008
 
O primeiro dia da 'nova' linha ferroviária do Tua

JOSÉ ANTÓNIO CARDOSO, Vila Real

População já não tinha qualquer esperança de voltar a ver comboio
A Linha do Tua reabriu ontem o troço de 52 quilómetros entre Mirandela e Tua, quase um ano depois do acidente em que morreram três ferroviários. O primeiro comboio saiu da estação de Mirandela às 10.00 envolto em denso nevoeiro que acompanhou a composição ao longo de todo o percurso.

A viagem inaugural estava inicialmente destinada apenas à Comunicação Social, mas as portas acabaram por ser franqueadas à população que quisesse aproveitar a viagem. Cinco pessoas corresponderam ao convite a aproveitaram o primeiro comboio para rumar a Carrazeda de Ansiães.

E ao longo do trajecto alguns elementos da população foram confidenciando que já não tinham qualquer esperança de voltar a ver o comboio por aquelas bandas. Para Isilda Domingos, residente em Frechas, "o comboio é o meio de transporte essencial, além de mais barato, passa mesmo à minha porta. Já tinha saudades, e apareceu logo numa manhã de nevoeiro" , comenta.

Também Armindo Augusto, passageiro habitual da Linha do Tua, ontem viajou de graça por ter sido o primeiro a fazer a viagem na sua reabertura, depois do acidente de 12 de Fevereiro, e o único a fazer o percurso na sua totalidade. Dos restantes passageiros, todos saíram nas estações anteriores ao troço onde ocorreu o acidente. "Hoje pode ir de graça", transmitiu-lhe o revisor.

Para José Silvano, presidente da Câmara de Mirandela, o dia era de felicidade. "Não só para mim", dizia ao DN, "mas também para a população das sete aldeias encravadas no vale do Tua , cuja única hipótese de transporte é o comboio". Para estas pessoas, que vivem em aldeias isoladas, a alternativa de transporte é o táxi. "Sai muito caro, e muitas vezes a população não o utiliza, mesmo para ir ao médico, porque não tem possibilidades económicas", reconhece o autarca.

Não é apenas o trasporte dos residentes que o presidente da Câmara de Mirandela vê na Linha do Tua. José Silvano acredita no potencial turístico daquela ferrovia e aponta números: "Já trazia cerca de 12 mil pessoas ano ao vale do Tua, número que poderá vir a aumentar para 20 mil com uma boa divulgação por parte da CP e dos municípios envolventes".

A colocar em causa estas aspirações está a construção de uma barragem. No entanto, José Silvano confia que "o Governo vai ter o bom senso de não a construir. Seria mau para as populações e para o desenvolvimento regional, ganhamos mais com a linha do que com a barragem, e há alternativas como por exemplo a construção de mini-hídricas", defende.

Quanto à segurança, garante que a Linha do Tua " é totalmente segura, em 120 anos apenas teve um acidente, o de 12 de Fevereiro de 2007". Depois disso a linha foi reabilitada e agora o local do acidente está identificado com barreiras de sustentação. Taludes e redes seguram a ravina de onde desabaram as pedras que fizeram descarrilar ao início da noite de 12 de Fevereiro de 2006 uma carruagem do metro de Mirandela com cinco pessoas a bordo. Três acabaram por falecer.

Desde ontem os utentes terão à sua disposição duas ligações em cada sentido de manhã e no final do dia. O percurso entre Mirandela e o Tua demorará duas horas, mais meia hora do que antes do acidente. Esta condição de velocidade reduzida na maior parte da linha, por forma a o maquinista ter condições de detectar eventuais obstáculos e travar atempadamente, foi imposta pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

Ontem o comboio foi conduzido por Fernando Pires que não é maquinista, mas agente de condução. Fez a viagem sem qualquer receio, pois afirma, "há mais acidentes nas estradas que nas vias férreas. Depois de 12 anos a viajar por estes carris não considera a linha mais perigosa do que as outras. com Lusa

DN, 29-1-2008
 
Três feridos em novo acidente

Está interrompida a circulação ferroviária na Linha do Tua, entre Santa Luzia e Tua, devido a um deslizamento de terras que provocou o descarrilamento de uma composição da REFER. Três pessoas ficaram feridas.
O deslizamento ocorreu ao quilómetro 2,5, no sentido Tua/
Mirandela, e envolveu uma máquina utilizada para serviço na linha, a chamada Dresin.
Os sinistrados são trabalhadores da REFER, a empresa proprietária
da linha e sofreram ferimentos ligeiros, tendo sido transportadas para o hospital.
A Dresin em que seguiam terá embatido no amontoado de terras que deslizaram sobre a linha.
A circulação continua interrompida e o transporte de passageiros
está a fazer-se de autocarro entre Brunheda e Tua.
Um outro desabamento de pedras e terra esteve na origem do acidente de Fevereiro de 2007 que tirou a vida a três pessoas e encerrou a linha durante quase um ano.
A linha reabriu em Janeiro com uma licença provisória de circulação que caducou em Abril, com a ameaça do Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres (IMTT) de voltar a encerrar o troço acidentado.
A REFER e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) não concluíram dentro do prazo os estudos e medidas de segurança exigidas. O IMTT acabou por ceder e prorrogar o prazo até 21 de Maio.

RRP1, 10-4-2008
 
Três feridos em acidente na Linha do Tua

HELDER ROBALO

Governador civil de Bragança preocupado com futuro do traçado
Um deslizamento de terras, por volta das 09.50 de ontem, voltou a interrompeu a circulação na Linha do Tua. O acidente ocorreu ao quilómetro 2,5, entre as estações de Santa Luzia e do Tua, e envolveu uma Dresin, máquina da Refer utilizada para serviço na linha, que se encontrava a inspeccionar o traçado. Do acidente resultaram três feridos ligeiros, os ocupantes da máquina, que tiveram alta ainda ontem.

O descarrilamento, até pelas circunstâncias em que ocorreu, faz relembrar o acidente verificado em Fevereiro do ano passado e que causou a morte a três dos cinco passageiros que, na altura, seguiam a bordo da composição comercial do metro de Mirandela e que fazia a ligação entre a Foz do Tua e Mirandela.

De acordo com informações recolhidas pelo DN junto do administrador-delegado do Metro de Mirandela, Milheiros de Oliveira, o descarrilamento ter-se-á verificado numa altura em que os funcionários da Refer vistoriavam a linha, "antes da passagem da composição do metropolitano, para detectar eventuais problemas de segurança".

Os feridos foram transportados para a estação do Tua por um veículo particular, tendo sido encaminhados para o Centro de Saúde de Alijó pelos Bombeios Voluntários de São Mamede de Ribatua. As vítimas sofreram ferimentos ligeiros, dois deles com escoriações e um terceiro com luxação de um dos dedos da mão. Os feridos foram entretanto transportados para o Hospital de Vila Real, mas, ao que tudo indica, apenas por motivos burocráticos relacionados com os seguros, tendo tido alta de imediato. Dois dos sinistrados, de 47 e 48 anos, são residentes em Mirandela, enquanto o terceiro, de 33 anos, reside em Vilar, Vila Flor.

Segundo o Gabinete de Comunicação e Imagem da Refer, a circulação na Linha do Tua foi suspensa parcialmente encontrando-se a ser feito transbordo rodoviário entre as estações de Brunheda e do Tua.

Este acidente faz regressar à ordem do dia os problemas de segurança da linha, levantados depois de em Fevereiro de 2007 um desabamento de terras ter provocado o descarrilamento de uma composição do metro de Mirandela que provocou três mortos.

O governador civil de Bragança, Jorge Gomes, mostrou-se preocupado com mais este acidente e confessou ao DN que teme pelo futuro desta linha. "Estou preocupado até porque já há um projecto para a zona [a futura barragem da Foz do Tua] e já se viu que, quando chove mais, há sempre perigos deste género", explicou o governador civil, sem querer tecer mais comentários sobre o futuro deste traçado histórico. Já o presidente da câmara e, simultaneamente, do Metro de Mirandela, José Silvano, recusou tecer comentários, afirmando que este "é um assunto da responsabilidade da Refer". Com José António Cardoso, Vila Real

DN, 11-4-2008
 
Novo acidente na Linha do Tua gera desconfiança

SANDRA BENTO, Bragança

Carrazeda de Ansiães. É o terceiro na mesma zona em ano e meio

Descarrilamento provocou apenas dois feridos ligeiros

Uma composição do metro de Mirandela voltou a descarrilar, ontem, na Linha do Tua. É o segundo acidente naquela ferrovia no espaço de dois meses. Ontem, aconteceu perto da Estação Foz Tua, em Carrazeda de Ansiães, a poucos metros do local onde há dois meses descarrilou uma dresina da Refer por causa de um desabamento de pedras. Do acidente resultaram três feridos ligeiros, o maquinista e dois passageiros, que foram assistidos pelos Bombeiros de São Mamede de Riba Tua, os primeiros a chegar ao local.

A automotora do metro de Mirandela tombou para o lado esquerdo da linha, no sentido Mirandela- -Tua, em direcção à escarpa. Se tivesse tombado para o lado contrário, a automotora teria caído pela ravina em direcção ao rio. As causas do acidente não estão apuradas, uma vez que não houve desabamento de terras e a linha não sofreu danos. Já foi aberto um inquérito cujas conclusões devem ser conhecidas amanhã.

Só depois disso é que a Refer e o Instituto de Mobilidade e dos Transportes Terrestres vão tomar uma decisão acerca da data para a reabertura da linha. "Enquanto o metro lá estiver não se pode transitar na linha", afirma o presidente da sociedade Metro de Mirandela.

O autarca estranha a sucessão de acidentes naquele troço da linha e admite repensar a circulação. "Tenho de tomar uma posição sobre isso, na próxima semana", afiança. "Não percebo como é que o LNEC e a Refer deram autorização para circular aquele troço, que é altamente analisado." Para José Silvano, "é muito estranho que cada vez que reabre a linha há um acidente no mesmo local".

O ministro das Obras Públicas diz que o problema da Linha do Tua é uma questão "difícil de resolver" porque "passa numa zona muito complexa, sujeita a desmoronamentos nas encostas". São problemas que nesta linha "ocorrem com muita facilidade", afirma Mário Lino.

Este é o terceiro acidente com uma composição do metro de Mirandela em menos de um ano e meio. O primeiro, em Fevereiro de 2007, causou a morte a três pessoas e obrigou ao encerramento da linha durante quase um ano.

DN, 7-6-2008
 
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