24 outubro, 2006

 

Freedom to copy


Ou como um só post pode ser garantia de acesa polémica

Valerá a pena acompanhar o que por aí virá sobre plágio, direitos de autor, autoridade moral...

http://www.freedomtocopy.blogspot.com/

E o que terá, afinal, Miguel Sousa Tavares a dizer sobre tudo isto ?
A acompanhar de perto.

Entretanto e entre muitos outros, mais um que desanca:

http://orestauradorolex.blogspot.com/

Comments:
O FASCISMO E O AMOR, POR SOUSA TAVARES

JOÃO CÉU E SILVA

É inevitável acreditar que o meio milhão de portugueses que leu o Equador esteja curioso quanto ao novo romance de Miguel Sousa Tavares. Afinal, até ao seu aparecimento na cena editorial nunca um autor que publicou um livro viu multiplicar por seis uma tiragem inicial de 50 mil exemplares para vender a leitores sôfregos de romances histórico-coloniais. Talvez por esta razão, e aproveitando o embalo e o mediatismo charmoso de quem escreveu tal best-seller, a editora desbaste mais um pequeno bosque para imprimir cem mil exemplares, de 632 páginas cada.

Se fosse necessário definir em muito poucas palavras o segundo episódio desta saga literária protagonizada por Miguel Sousa Tavares, bastaria ser assim: intitula-se Rio das Flores e estará nas livrarias a partir de segunda-feira. Não é preciso dizer mais, porque se a receita funcionou uma vez, ela terá pés para andar por mais três ou quatro livros, todos com centenas de páginas, recheados de factos históricos a balizar a acção e de infelizes amores para impressionar.

É obrigatório evocar o Equador quando se fala do Rio das Flores porque se continuam. O anterior termina com a morte do Rei D. Carlos e este tem quase início a partir desse facto. Os livros não se continuam, diga-se, mas completam o ciclo histórico de mudança que o autor parece querer explorar em romance.

Tudo começa com a apresentação do alegado protagonista do Rio das Flores, Diogo Ribera Flores, e tudo acaba nele. Da primeira à última página, o universo criado pelo autor roda constantemente em torno de Diogo, sufocando com essa decisão outras personagens que tanto teriam para contar e satisfazer o leitor. De mal contrário sofre o cenário onde se desenvolve toda a acção do romance, pois, não satisfeito com a imensidão do latifúndio alentejano, o autor explora metade do mundo para colocar nele situações que, obstinadamente, deseja que existam no livro e que, sem dificuldades, embrulha numa mesma obra.

Não é que tal situação vá criar problemas junto dos seus fãs - deixe-se isso para os críticos que cederem a escrever sobre o volume - porque aos leitores só resta viajar pelos 19 capítulos como se estivessem a consultar um catálogo de uma agência de viagens especializada na Península Ibérica e América do Sul. E não faltam nos textos de apoio desta "brochura" as histórias mais do que suficientes para cumprir o objectivo mais nobre de Rio das Flores, explicar como se fundou o regime que terminou a 25 de Abril de 1974. Curiosamente, esta intenção é a que mais surpreende no livro e só por essa razão já valia a pena publicá-lo. Pode ser que ao fim de seiscentas páginas as memórias da história mais recente fiquem na moda. Afinal é o autor de Equador quem as escreve...

DN, 25-10-2007
 
"É preciso ser imbecil para querer ser famoso"

FERREIRA FERNANDES
ENTREVISTA: Miguel Sousa Tavares.

A casa sobre a Madragoa é um barco com dois tombadilhos, olhando colinas e o Tejo. Bom para inspirar quem gosta de escrever sobre gente de cá e gente de cá que gosta de partir. Ali, escreveu o Rio das Flores. Numa sala com o chão cheio de montículos de álbuns e documentos. Na semana em que apresentou o seu novo romance, ele falou com o DN. Sobre o livro novo e os que que estão na calha
O sucesso do Equador obrigou-o a outro livro?

Tenho de confessar que sim. Toda a gente me pressionou para escrever outro. Até o Vasco Graça Moura [que apresentou, na quinta-feira, o Rio das Flores] me dizia: "Não me digas que não vais escrever outro. Não há pior do que um escritor de um só livro. Não sejas preguiçoso."

Como a fórmula Equador resultou, repete-se?

A fórmula vende mas a fórmula é tão simples quanto isto: é contar às pessoas uma história. Como esse é o tipo de livro que eu quero escrever... Eu sei que tenho um sistema que chega às pessoas e elas querem ler. Seja um artigo do jornal, seja um romance, seja um livro infantil. Ao contrário do Manoel de Oliveira, que diz que não faz cinema para ter espectadores, eu escrevo para ter leitores. A escrita é um serviço prestado aos outros, senão eu não publicava. Se gostasse só de escrever, metia na gaveta.

Esta semana apareceram alguns blogues femininos com a sua foto e, a pretexto do novo livro, lembrando que é bonito. Há mulheres que o lêem por isso?

Não faço ideia, nunca encontrei nenhuma que me tivesse dito isso. Mas também não me importo se for verdade.

Porque tem tantas descrições de comida e de sexo?

As duas coisas que os homens mais gostam de comer.

Isto vai ficar...

Logo que não vá para título, não me importo. Mas a minha escrita não é propriamente sensual, é mais hedonista. O prazer da mesa, o prazer da viagem, o prazer da caça, o prazer sexual... Gosto muito de viver, muito, muito de viver. É um privilégio poder ter, sei lá, desde coisas simples, comer umas sardinhas assadas, às mais complicadas, fazer uma viagem extraordinária. Nesse sentido o meu livro é um bocado optimista, já o Equador era: o meu personagem gosta de se sentar na varanda a fumar charuto e beber um conhaque. O do Rio das Flores gosta de outras coisas, mas num livro meu haverá sempre uma varanda ou um terraço.

E a fama, agrada-lhe?

Eu pagava muito para poder viver anonimamente os anos que me restam. É preciso uma dose de imbecilidade para querer ser famoso. Eu escrevo para que as pessoas gostem, não para ser famoso. Se me lancei nessa empreitada é para ser bem sucedido. Agora, a fama de escritor... Tenho frequentado, o mínimo que posso mas às vezes tem de ser, os congressos de escritores. Há tempos, em Itália, num congresso, íamos de autocarro - já é degradante um autocarro de escritores... - e à minha frente ia um escritor norueguês que estava a impressionar a guia. Só não me pus às gargalhadas por decoro. O Salman Rushdie a entrar numa sala parece o Luís XIV, o Paulo Coelho, com o séquito atrás...

Na rua, falam muito consigo? E a quem: o escritor, o comentador televisivo ou o cronista?

Falam muito. Há uma estratificação social. As pessoas mais pobres e que lêem menos, o comentador de televisão. As que já lêem alguma coisa, o autor do Equador. E as que estão mais informadas, o cronista do Expresso.

Lê as críticas?

Leio. Não tive má crítica com o Equador. Nem má nem boa. Os críticos fazem a crítica e eu escrevo. Acho que estavam todas erradas, tanto as boas como as más.

O que é que mais o incomodou?

Nada que me incomodasse muito. O José Manuel Fernandes [director do Público] escreveu que as partes romanescas e amorosas estavam completamente fora da realidade. E eu fiquei a pensar : qual de nós os dois saberá mais do assunto?

Leu a crónica de Vasco Pulido Valente em que ele lhe chama mentiroso?

Quando fui ler aquilo, estava muito cansado, à noite, no domingo, e já tinha recebido uma quantidade de mensagens, dizendo "olha para este cabotino" e não sei quê... E eu, como sou pessoa de ferver em pouca água, mandei-lhe um recado: desta vez acabou-se a minha condescendência, vou dar cabo dele. E realmente podia dar cabo dele, contando apenas histórias a que eu assisti com ele. Mas depois falei com amigos, dois ou três, e eles disseram que aquilo era diarreia de inveja, para não dar importância.

Os dois romances são sobre sulistas, e, aliás, elitistas também. Mas fiquemos pelos sulistas: isso não é uma certa traição ao Norte, ao Porto onde nasceu, à quinta dos Andresen, ao FC Porto?

Não é uma traição. Não é um mundo que eu conheça suficientemente para escrever sobre ele. Saí do Porto aos três anos, fui para Amarante e estou em Lisboa desde os oito. Eu gosto do Porto se estiver bom tempo, quando está sol ou uma neblina luminosa. Quando está cinzento, acho o Porto deprimente, lembra Bruxelas. E de Lisboa contacta-se mais rapidamente com o mundo.

Pinto da Costa dava um bom romance?

Não. Só se for um romance de cordel, que está à vista de todos.

Não é um personagem rico, cheio de cores e que até lê poemas?

Lê sempre os mesmos. O Porto tem personagens muito mais fortes que Pinto da Costa. Outra coisa é ele ser um bom dirigente de futebol. Daí a dar um romance, não.

Vai ver o filme Corrupção?

Não. Acho inacreditável que se faça um filme que faz já um julgamento e dá a sentença de um processo em que nem sequer houve ainda acusação. Se eu fosse advogado de Pinto da Costa parava aquilo com uma providência cautelar. É um abuso total da presunção da inocência, que é um valor constitucional.

Presumo que não vá ao casamento dele, este fim-de- -semana?

Vai casar-se? Desejo-lhe felicidades.

Rio da Flores é um romance com História ao fundo, como o Equador. Porquê essa obsessão com a História? É um defeito jornalístico ou há razões comerciais?

É o tipo de livro que mais trabalho dá. O meu próximo livro será puramente literário, vai ter zero de investigação. Ficção, ficção. Escolhi o romance histórico por uma deformação jornalística e talvez uma deformação pessoal porque adoro História. Se calhar, quando optei por estudar Direito devia era ter feito História.

No fim deste romance, há uma bibliografia com 130 títulos, além de citar arquivos, como os do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e jornais. Um romance precisa dessas referências todas?

Já o tinha feito no Equador. E a necessidade é garantir a fiabilidade do relato histórico e ao mesmo tempo o direito de crédito das fontes que consultei. Não quero citar factos que outros descobriram como tendo sido descobertos por mim.

Então, inventar uma história rodeado de livros[na sala, no chão,montículos com álbuns da Guerra Civil de Espanha, livros sobre fazendas em Paraíba...]

Lia livros e tirava apontamentos. Muitos que eu li não aproveitei rigorosamente nada. Nos outros tirava apontamentos, às vezes muito extensos e, depois, quando chegava às cenas que envolviam essas fontes, ia ao meus apontamentos, para que os dados batessem certo.

E há a acrescentar uma pesquisadora, Ana Xavier Cienfuentes, que já tinha trabalhado consigo em Equador.

Nós dividimos, eu pesquisava isto, ela pesquisava aquilo. A parte do Brasil é praticamente toda a minha. Ela só fez, digamos, o re-checking. A parte de Espanha é de ambos. A parte de Portugal é de ambos, mas é mais dela. E pronto, ela andava à minha frente, eu dizia "ó Ana, vou ter de saber coisas sobre Berlim em 1936, daqui a uma semana ou 15 dias", e ela punha-se em campo.

O livro nasce com uma história contada por um comandante da TAP, que o convidou para o cockpit, numa viagem Rio-Lisboa. Costuma ter propostas de temas para escrever?

Não, nunca houve pessoas a abordar-me com propostas. E o que o comandante fez foi contar-me uma história. Falou-me da história do zeppelin, o avô dele era um refugiado político, porque era monárquico no tempo da República e resolveu mudar de vida e ter uma fazenda no Brasil. Viajava de zeppelin. A partir daqui, a ideia inicial do livro era falar dessa impressionante emigração que houve para o Brasil, no final do século XIX e do princípio do século XX. Três milhões de tipos que foram embora daqui, de tamancos para as roças de café no Brasil. Depois, aproveitei o facto de o personagem ser um refugiado político e arranjei um personagem que fosse um descontente político.

Como é que a acusação de plágio, no Equador, o afectou?

Eu tinha consciência de que tinha feito um trabalho sério e veio um tipo anónimo e por inveja, por despeito, não sei, faz uma acusação daquelas. Aliás - eu não posso dizer o nome, está em investigação - acho que ele é o mesmo que abriu agora um blog na Net só para dizer mal de mim.

Na altura, disse suspeitar de alguém e até deu pistas.

Digamos que ainda tenho dois suspeitos, mas há um...

Nunca se cruzou com ele?

Não, nunca. Sei quem é mas nunca o vi.

E em que ponto está o processo?

Há um processo contra o gajo anónimo, que é o único. Foi feita a queixa aqui e tem-se de pedir ao juiz americano que identifique o servidor da Net. Mandaram uma carta rogatória, que já lá está há meses mas avisaram-me logo que muito raramente os americanos dizem quem é, a menos que seja um caso de terrorismo ou de pedofilia...

Agora, este livro também vai ser muito escrutinado...

Haverá sempre quem se dedique a essa tarefa. Por isso, também, tenho aquela nota final em que previno que há datas que não são coincidentes, porque modifico o contexto histórico. Vou dar um exemplo, ponha a Amparo [a mãe do personagem principal, Diogo] a ouvir um discurso de Mussolini na rádio e ao mesmo tempo a ouvir certas notícias da Alemanha, como se fosse tudo no mesmo dia. Não aconteceu nesse dia, mas com diferença de um ou dois meses, mas dava- -me jeito pôr os relatos ao mesmo tempo.

Mas se há essas, justas, liberdades de romancista, porquê insistir em nos citar a bibliografia de que se serviu? Se diz onde leu sobre Olga Prestes, por que não dizer quem lhe ensinou que as perdizes têm de faisander antes de serem cozinhadas?

Isso é conhecimento meu, já nem sei onde aprendi. Digamos que caiu no domínio público. Eu próprio sou caçador e deixo a caça a faisander. A perdiz tem de cheirar mal ao nariz... Já os dados históricos quero garantir que são reais.

Pôs Amparo a ler a Condessa de Ségur, por volta de 1910, na biblioteca de Estremoz. Confirmou se o livro estava lá nessa altura?

Sim. Consegui um livro extraordinário, o Álbum Alentejano, publicado em 1931, com informações preciosas sobre todos os concelhos do Alentejo. Todos os nomes das farmácias, o que se comia no Hotel Central...

Mas podia permitir-se inventar isso.

É uma opção minha. De certa forma isso me baliza a mim próprio. Eu sabendo que estou seguro em informações que são certas, a parte que me fica para inventar é outra. Tive uma discussão com a Ana, a minha documentalista, porque me dava jeito falar do liceu de Estremoz quando este ainda não existia... uma questão de meses... E eu às tantas dizia: "Ó Ana, também, que chatice, não sei quê..." E ela: "O Miguel não se esqueça de que os de Estremoz vão olhar para isto com muita atenção e há-de haver alguém desse tempo que vai dizer que ainda não havia liceu nessa altura." E depois há um que diz "eh, pá, se esta informação está errada, se calhar estão as outras todas"... Há livros mais fáceis de escrever.

Pedro, o irmão do personagem principal, combate na Guerra Civil espanhola ao lado de Franco. Houve alguém, real, que lhe inspirou Pedro?

Conheci uma pessoa que combateu nos viriatos [portugueses que combateram ao lado de Franco]. Mas o Pedro não existe senão no livro. Voluntários portugueses que combateram pelo lado nacionalista [de Franco], antes da organização dos viriatos, apurámos que sim. Nomeadamente, três pilotos-aviadores e um capitão do exército. Mas Pedro não se baseia em ninguém.

A palavra imediatamente anterior à narração é "Mãe". Já disse que com Rio das Flores se sentiu, enfim, escritor. Escreveu para Sophia de Mello Breyner?

Não escrevo para ela. Mas há coisas que eu escrevo e estou a pensar nela. Gostava que ela tivesse lido este livro. Muito, mesmo.

E o seu pai [Francisco Sousa Tavares]?

É uma referência de outro tipo. Eu poderia fazer um romance à roda do personagem do meu pai. Como personagem, vejo mais o meu pai, como observador privilegiado que fui dele, do que vejo a minha mãe. Para mim é bastante mais fácil falar do meu pai do que da minha mãe. Estão sempre a pedir-me depoimentos sobre a minha mãe, e eu não falo.

Em que página é que se sentiu escritor?

Na primeira. Enquanto no Equador eu contei uma história concreta, estive dez anos a pensar na história, neste, parti de uma folha em branco, completamente. Não havia história. E essa capacidade de criar a partir do nada, ou só com a ideia do zeppelin, e sentar-me ao computador, na página um, e pensar: isto é o arranque de uma longa história... Nessa altura percebi qual é a diferença entre um contador de histórias e um romancista.

Admite ser só escritor?

Acho que não. Ter prazos certos para escrever artigos e comentar na televisão e participar no debate político obriga-me a estar atento, ler jornais, ouvir telejornais, mantém-me ligado à realidade. Na escrita do Equador eu suspendi as colaborações, mas desta vez não quis. Tive de desligar do livro e rebobinar para escrever sobre a crise política e passar várias horas para poder voltar ao livro, mas preferi fazer assim. O Equador alienou-me bastante da vida normal, desta vez fiz questão de fazer uma vida normal.

Às vezes não se cansa de tanta opinião?

Se cansa! Este vício de ter de ter opinião todas as semanas é uma coisa tramada. À vezes apetece-me parar, mas tenho muita pressão dos sítios onde trabalho. Qualquer pessoa que tem uma opinião semanal deveria parar de três em três meses. Só traz vantagens, dá para observar melhor.

O Equador é fim do século XIX, o Rio das Flores é a primeira metade do século XX. O próximo é sobre um rapazinho que acompanhou o pai na manhã do 25 de Abril, frente ao Quartel do Carmo?

A história actual, se eu a levar avante, é um livro muito mais pequeno que eu comecei a escrever quando me aconteceu o bloqueio no meio da escrita deste. Disse ao editor: eu afinal vou escrever outra coisa. Cheguei a mandar-lhe cinco capítulos. Quando ele estava entusiasmado e eu avançava para o sexto, olhei para o que tinha escrito e disse-me que, afinal, aquilo estava uma merda e tinha era de voltar para o Rio das Flores. Esse livro, se tivesse acontecido, teria saído há um ano. E eu, agora, tenho uma ideia para pegar nesse livro e reorientar toda a história.

Mas isso não é matar alguém próximo?

Não. É a pessoa estar doente e eu sou o médico. Ou, então, falta-me a chave, eu queria escrever a história de um compadre meu que foi pescador em Lagos. Foi o meu iniciador do mar, teve uma vida fantástica, na pesca ao bacalhau, em barcos à vela. Eu gostava muito de escrever essa história mas romanceando-a. Vou ver como é.

DN, 27-10-2007
 
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