06 dezembro, 2006

 

Da riqueza mundial


ou de como a sua desigual distribuição, mesmo sendo pobres , nos pode transformar em ricos

Segundo um estudo das Nações Unidas, com dados de 2000 e referentes à população adulta, devem reter-se alguns números:

- 1% da riqueza total do planeta está na posse de 50% da população;
- 2% dos adultos mais ricos possuem 50% da riqueza total;
- 10% destes detêm 85% do património tangível mundial;

- 415.000 € é o património tangível a que tem acesso 1% da população ( cerca de 37.000.000 );
- 50.000 € é o valor de bens necessários para estar incluído no grupo dos 10% mais afortunados;
- 1.700 € é o património suficiente para integrar os 50% da população mais rica;

- 37% dos mais ricos estão nos Estados Unidos da América;
- 27% no Japão;
- 6% no Reino Unido;
- 5% em França;
- 4% em Itália;
- 4% na Alemanha;
- 2% no Canadá;
- 2% na Holanda;
- 1% em Espanha;
- 1% na Suiça;
- 1% em Taiwan
- 10% no resto do mundo;

- na China, 10% dos seus mais ricos possuem 40% do património;
- nos Estados Unidos da América os seus 10% mais ricos possuem 70%;

- 915 € é o património detido por cada indiano;
- 1.170 € o de cada indonésio;
- 150.000 € o de cada japonês;

- 21.700 € é a riqueza per capita, 3 vezes o PIB global;

- 499 é o número de bilionários;
- 13.000.000 os milionários;

- 1% da riqueza está em África;
- 1% na Índia;
- 3% na China;
- 4% na América Latina;
- 24% no Japão e Austrália;
- 30% na Europa;
- 34% nos Estados Unidos e Canadá;
- ...

PERANTE TAL REALIDADE, ALGUNS FACTOS:

- afinal, somos todos muito ricos. Pois quem não tem um computador, hoje em dia ? Pormenor que nos coloca nos 50% mais afortunados do mundo !

- é um bom momento para nos questionarmos e resolvermos tanta discrepância. E que tal ajudar alguém, um dos muitos que se calhar até passa por nós ?

BOM NATAL

Comments:
Ter 1700 euros equivale a estar entre os mais ricos



Isabel Lucas

Possuir um património pessoal igual ou superior a 1700 euros significa pertencer à metade mais rica da humanidade. A conclusão é de um estudo das Nações Unidas divulgado ontem em Helsínquia e que quantifica desigualdades gritantes na distribuição da riqueza à escala planetária.

De acordo com os resultados desta investigação, 2% dos adultos mais ricos do mundo possuem mais de 50 por cento da riqueza mundial, enquanto os bens de metade da população não ultrapassam, no seu conjunto, 1% cento da riqueza global.

O diagnóstico refere-se ao ano 2000 e incide sobre o património da população adulta mundial. Os resultados confirmam uma concentração de riqueza e mostram "que as desigualdades de património são agora muito maiores que as desiguladades de rendimentos", sublinhou Anthony Shorrocks, director do Instituto Mundial para a Investigação e Desenvolvimento Económico da Universidade das Nações Unidas (World Institute for Development Economics Research of the United Nations University, UNU-WIDER, organismo que promoveu a investigação).

Tomando o dólar como moeda de referência, o Estudo sobre a Distribuição da Riqueza nas Famílias é apresentado como "o mais completo sobre a riqueza pessoal" e dava conta de que nesse ano, 2000, existiam 499 bilionários no mundo e 13 milhões de milionários. Revelava ainda que um por cento dos adultos mais ricos possuíam 40% dos activos globais e que 10% detinham 85 por cento do património tangível mundial.

Façam-se as contas. Se ter 1700 euros (2200 dólares) é suficiente para pertencer à metade rica da população (o que em Portugal equivale a ser proprietário de um bom computador portátil), possuir bens tangíveis no valor de 61 mil dólares (cerca de 50 mil euros, o que é o mesmo que dizer ser dono de um T0 usado em Sintra) chega para integrar o grupo dos dez por cento de adultos mais afortunados do mundo. Continuando a subir na escala: quando o património pessoal contabilizar uma soma igual ou superior a 500 mil dólares (384 mil euros, que podem equivaler, por exemplo, a um apartamento T3 em Telheiras), dá direito a integrar um conjunto de "eleitos" que não ultrapassa 1% da população adulta mundial. Ou seja, a ser um entre os 37 milhões de adultos privilegiados do planeta.

A medida da riqueza

Este estudo da UNU-WIDER é o primeiro sobre esta temática a cobrir todos os países do mundo e a incluir aquelas que são apontadas como as principais componentes da riqueza doméstica ou familiar, incluindo activos e passivos financeiros, terrenos, edifícios e outro património tangível.

Nesta perspectiva - como esclarece James Davies, um dos co-autores do estudo -, o conceito de riqueza deve ser entendido não enquanto somatório de "receitas monetárias", nem inclui o valor que pode advir da criatividade ou habilidade pessoal, e que costuma, em muitos casos, ser tido em conta pelos economistas. Aqui, riqueza deve ser entendida como "valor líquido", ou seja "o valor dos activos menos os passivos físicos e financeiros".

Esclarece ainda James Davies que"a riqueza representa a propriedade de capital. Apesar de o capital ser só uma parte dos recursos pessoais, considera-se que tem um impacto desproporcionado no bem--estar da família (no lar), no sucesso económico, e, num sentido mais amplo, no crescimento e desenvolvimento económicos."

Resumindo: para elaborar este estudo os investigadores da UNU- -WIDER somaram os activos de cada indivíduo adulto, deduzindo as suas dívidas e tendo em conta tanto as taxas de câmbio como o poder de compra.

É assim que, partindo dessa concepção de riqueza, se estranha menos um aspecto que à partida poderia parecer surpreendente e que os autores da investigação destacaram ontem na conferência de imprensa de apresentação dos resultados: o facto de muitas pessoas de elevados rendimentos, em países ricos, "apresentarem um património líquido negativo e - paradoxalmente - serem os mais pobres do mundo em termos de riqueza doméstica".

http://dn.sapo.pt/2006/12/06/tema/ter_1700_euros_equivale_a_estar_entr.html
 
Crescimento económico não garante igualdade

MANUEL ESTEVES

Os países em desenvolvimento cresceram mais na última década do que nas duas anteriores. Segundo um relatório do Banco Mundial divulgado no Domingo, os países mais pobres registaram um crescimento económico médio anual superior a 5% entre 1995 e 2005, contra 4,5% na década anterior e pouco mais que 3% entre 1985 e 1995. Além disso, conseguiram manter um ritmo bastante superior ao dos países ricos, que, na última década, cresceram 2,5%.

O bom desempenho económico teve um papel determinante para a redução da pobreza extrema, que caiu 21% entre 1990 e 2004. São menos 260 milhões de pessoas a viverem com menos de um dólar por dia, em grande parte chineses. Mas a boa performance de países muito populosos, como a China, a Índia e o Brasil, contrasta com o que aconteceu nos países da África Sub-sahariana, onde a taxa de pobreza se mantém acima dos 40%. Os percursos desiguais das várias economias levantam "preocupações sobre desigualdades crescentes entre regiões", alerta o Banco Mundial (BM), lembrando que a resposta da pobreza ao crescimento económico depende da distribuição do rendimento (ou consumo)", o que, por sua vez, depende de muitos factores, tais como a saúde, a educação, a paridade entre géneros, a segurança, etc.

Mas não é só entre países que a desigualdade ameaça agravar-se. Também dentro de muitos países pobres, o fosso entre ricos e pobres é cada vez mais acentuado. Num grupo de 59 países muito pobres seleccionados pelo BM, em 44% a desigualdade agravou-se com o aumento da riqueza. Porém, como é evidente, a redução do PIB (Produto Interno Bruto) também não ajuda ninguém: isso aconteceu em 34% daqueles países onde a desigualdade também subiu. A combinação ideal - crescimento económico e redução do fosso entre ricos e pobres - só se verificou em 17% dos países e a combinação aparentemente improvável - menos riqueza e menos desigualdade - sucedeu em 5% dos casos.

Um dos indicadores mais utilizado para medir a desigualdade é o índice Gini, que varia entre zero (igualdade perfeita) e 100 (desigualdade máxima). A partir dos dados do Banco Mundial, constata-se que os países sub-saharianos e da América Latina são os mais mal colocados. Portugal é o 71.º mais desigual (ver texto ao lado), oito e 13 posições à frente da Itália e de Espanha, respectivamente. Porém, desigualdade não significa necessariamente pobreza: prova disso é o facto dos Estados Unidos ocuparem o 51.º lugar neste ranking.

DN, 17-4-2007, pág. 34
 
Quase um terço da comida
comprada vai para o lixo

Nos países ricos, as famílias colocam no lixo cerca de
30% dos alimentos que compram, revela um estudo apresentado
na World Water Week, a conferência mundial sobre
água que termina hoje na Suécia.
Esse desperdício colectivo significa também a perda de
milhões de toneladas de água usadas para produzir os alimentos,
diz o professor Jan Lundqvist, director do Comité
Científico do Instituto Internacional da Água de Estocolmo
(SIWI).
De acordo com o estudo, na Suécia, tendo como amostra as
famílias com crianças pequenas, 25% da comida comprada vai
parar ao lixo.
Nos Estados Unidos, os números indicam que as famílias desperdiçam
cerca de meio quilo de comida por dia, o que equivale
em média a 40% dos alimentos.
Na Grã-Bretanha, o desperdício é estimado entre 30% e 40%.
“Comida é água”
Lundqvist lembra que “bebemos um ou dois litros de água
por dia, mas comemos toneladas de água todos os dias."
Segundo o professor, a produção de um quilo de carne, por
exemplo, exige 10 a 15 toneladas de água. Para um quilo de
arroz, são necessárias uma a duas toneladas de água - ou
mais, dependendo da região de cultivo.
O desperdício de alimentos e água ocorre tanto no mundo
desenvolvido como nos países em desenvolvimento, afirma o
cientista sueco. Mas, segundo ele, há uma distinção básica.
“Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o problema
do desperdício está mais concentrado no campo, com uma
taxa média de 30% de perdas relacionadas ao armazenamento
e transporte dos alimentos, especialmente nos países de
clima mais quente e húmido. Na Europa e nos EUA, técnicas
e mão-de-obra especializadas significam que o problema
maior não está no campo, e sim nos lares”

RRP1, 17-8-2007
 
Países mais pobres poderão
poluir mais

Os países mais pobres da União Europeia poderão
poluir mais do que os países mais desenvolvidos. Portugal
será um dos beneficiários da medida.
No pacote legislativo que deverá ser apresentado no próximo
dia 23, a Comissão fixará os critérios para a emissão de dióxido
de carbono e a política de redução de emissões será
determinada com base no Produto Interno Bruto (PIB) por
habitante. Os países mais desenvolvidos serão obrigados a
cortes substanciais nas emissões de CO2, enquanto os menos
avançados poderão até aumentar o volume de poluição.
O objectivo é levar os “27” a cumprir os objectivos ambientais
a que se propuseram , ou seja, reduzir as emissões em
20% até 2020, tendo por base os valores de 1990.
Está ainda por apurar o montante exacto permitido a cada
país, mas é certo que os principais beneficiados serão os países
de Leste e Portugal que não podem, contudo, exceder
20% dos valores das emissões registados em 2005.
As novas medidas serão aplicadas a todos os sectores—
agricultura, transportes, comércio e a habitação—mas a
indústria pesada terá metas sectoriais, que serão idênticas
entre os vários países, para evitar a criação de vantagens
competitivas e deslocalizações.
Reacções
O presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP),
Francisco Van Zeller, diz que a diferenciação de emissões é
uma boa notícia, ainda que pelas razões erradas.
“Não estou muito contente por sermos beneficiados por sermos
pobres, mas a indústria portuguesa tem um perfil bastante
consumidor de energia, o que tem a ver com os recursos
nacionais – somos muito fortes em cerâmica, em vidro,
em papel, tudo indústrias muito consumidoras de energia”,
explica, defendendo a especificidade do caso português.
Já Hélder Spínola, da associação ambientalista Quercus, sublinha
que Portugal terá de desenvolver medidas de maior
eficiência energética: “Esta estratégia não é contrária àquilo
que será justo, mas depende de que limites e valores de que
estamos a falar. Portugal não se pode agarrar a isto e tem
que de desenvolver medidas de maior eficiência energética,
de promoção das energias renováveis, até porque essas são
medidas que podem torná-lo mais competitivo em termos
económicos”.

RRP1, 14-1-2008
 
Desigualdades sociais revelam país de injustiças

O relatório social europeu aponta Portugal como o país mais desigual da Europa a 25 (Bulgária e Roménia, que entraram em 2007, ainda não contam para o caso). Utiliza o índice Gini, que atribui ao país 41% de desigualdade (o ideal de igualdade é o 1%), enquanto a Suécia se fica pelos 22,5%.

O resultado para Portugal não surpreende, pois há vários anos que o Eurostat, que mede a desigualdade através da relação entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres, coloca também o País no fim da tabela europeia, com um valor na ordem dos 8. O que surpreende, e sobretudo choca, é que não se sinta grande evolução, apesar de várias políticas sociais postas em prática por sucessivos governos. Como se o País tivesse que pagar por, ao longo da sua história no século XX, não ter sido nem uma grande potência económica, como a Alemanha, nem um modelo de Estado-Providência, como a Suécia, nem um caso de igualitarismo comunista, como a Eslovénia (um exemplo de sucesso).

Um país desigual é um país injusto. E se ninguém prega hoje a igualdade absoluta, a verdade é que a injustiça é para ser combatida. E Portugal continua a ser socialmente injusto, mesmo que o actual Governo lembre que os dados são de 2004 e que, entretanto, houve já alguns progressos.


DN, 23-5-2008
 
Portugal é campeão de desigualdades sociais

ALEXANDRA CARREIRA, Bruxelas e PAULO JULIÃO, Viana do Castelo

Existem mais de dois milhões de pobres em Portugal
Maria Cachada tem 84 anos e a reforma de 300 euros que recebe mal chega para "ir sobrevivendo" numa antiga corte de animais que divide com o filho, de 56 anos, na freguesia da Areosa, em plena cidade de Viana do Castelo. No interior do pequeno espaço, quase em ruínas, cozinha o pouco que consegue comprar e as sobras oferecidas pelos restantes filhos. "Não queremos nada, estamos bem", diz, apesar da situação em que se encontra, já habituada a ter de viver com cerca cinco euros por dia. Este é um dos casos contabilizados no relatório sobre a situação social na Europa divulgado ontem em Bruxelas segundo o qual 2% da população portuguesa vive com menos de cinco euros por dia.

Mas o documento revela outros dados inquietantes. Ter dinheiro para suportar uma refeição decente a cada dois dias é um luxo para muitos europeus, principalmente do leste. Mas 5% dos portugueses também não têm condições para incluir carne ou peixe numa refeição dia sim, dia não. Carlos e Amélia Dias, um casal já aposentado de Setúbal, conhece bem esta realidade. Com um filho problemático de 48 anos a seu cargo, não esconde o limiar da pobreza em que mergulhou desde que Carlos, ex-pescador, deixou de ter forças para fazer uns biscates, devido a problemas cardíacos. "Não passamos fome", mas, assume que os almoços ainda contemplam sopa e um prato de carne ou peixe, mas os jantares já são à base de torradas e leite. "Até dia 15 a mesa ainda se compõe, mas depois temos de remediar", disse ao DN.

Para além destes dados sobre a pobreza, Portugal surge neste relatório como o país da União Europeia (UE) onde o fosso que separa ricos de pobres é maior, de acordo com o índice de Gini, instrumento estatístico que toma em consideração a riqueza gerada num país e indicadores de pobreza no mesmo país para chegar a um coeficiente de desigualdade ou distribuição de riqueza que depois é traduzido numa percentagem. 1% seria a situação ideal.

De acordo com o documento - que considera dados de 2004 dos 25 países que, à data, faziam parte da UE, ainda sem Roménia e Bulgária - Portugal regista valores de desigualdade, ou de eficácia da distribuição da riqueza, acima dos apresentados pelos Estados Unidos da América. O índice de desigualdade na UE é igual a 32,7%, nos EUA é de 35,7 e Portugal ultrapassa os números fixando-se nos 41%. Diz o relatório que "Portugal se distingue como sendo o país onde a repartição é mais desigual". Mais, os números demonstram ainda que de 2000 para 2004 o nível de desigualdade no país se agravou em cerca de 10%.

Entre os melhores dos 25 estão a Suécia, a Dinamarca e a Eslovénia que lideram a lista dos mais igualitários. Este é o único parâmetro em que Portugal ocupa de facto a cauda da tabela, mas, na generalidade do relatório, Portugal partilha quase sempre as piores posições com os países mais pobres dos novos estados-membros.

O relatório da Comissão aponta ainda que países com valores mais elevados de Produto Interno Bruto (PIB) são mais propensos a uma distribuição mais igualitária da riqueza. Mas nota que esta não é uma pré-condição. A República Checa e Portugal têm valores de PIB similares, mas em termos de distribuição da riqueza, o primeiro país mostra um desempenho muito melhor do que o português, registando 26%.

Quanto à pobreza, Portugal abriga mais de dois milhões de pessoas pobres. Destas, a maior fatia vai para pessoas em idade activa, entre os 16 e os 64 anos. Em seguida surgem os idosos, com 24%, e as crianças que representam 19% do total. O relatório de Bruxelas esclarece ainda que a fatia da sociedade que está mais em risco de enfrentar uma situação de pobreza são as pessoas solteiras, em idade activa e sem trabalho fixo. Imediatamente a seguir, são os casais com três ou mais filhos em que só um dos cônjuges tem emprego.

Cem milhões de europeus, quase um quarto de toda a população da UE, vivem com menos de 60% do rendimento médio europeu, o que significa menos de 22 euros por dia. Em Portugal, 45% da população vive nesta proporção e, por isso, consideravelmente abaixo da média europeia. Na mesma linha, 9% dos portugueses vive com menos de 10 euros por dia.

Com ROBERTO DORES, Setúbal

DN, 23-5-2008
 
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