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Portugal das «Sete Maravilhas»
2007/01/08 | 12:49

Durante 18 fins-de-semana, a digressão percorrerá 18 autarquias para mostrar os 21 monumentos a concurso

A digressão pelos 21 monumentos candidatos a uma das «Sete maravilhas de Portugal» arranca oficialmente a 28 de Janeiro, anunciou este domingo o presidente da Comissão de Honra da iniciativa, Freitas do Amaral.

Este responsável, que falava na Igreja da Graça, em Santarém, local escolhido por ser «cidade neutra» e pelo seu «riquíssimo património», apresentou aos autarcas o plano que visa divulgar os monumentos a concurso.

Segundo a Lusa, Freitas do Amaral explicou que «a escolha não foi fácil», referindo-se aos critérios de selecção dos munumentos, que passaram pela beleza estética e pelo seu significado histórico. «Os que estão na lista merecem e nem todos os que estão mereceriam», acrescentou.

Durante 18 fins-de-semana, a digressão percorrerá 18 autarquias para mostrar os 21 monumentos, começando por Lisboa, nos dias 27 e 28 de Janeiro.

No concelho de Lisboa, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém vão disputar lugares entre as sete maravilhas de Portugal.

Os participantes vão poder votar, apenas uma vez, no site www.7maravilhas.pt ou através de telefone ou SMS.

A digressão vai passar, também, pelas autarquias de Sintra, Mafra, Óbidos, Vila Nova da Barquinha, Alcobaça, Tomar, Batalha, Coimbra, Conimbriga, Porto, Guimarães, Vila Real, Marvão, Vila Viçosa, Évora, Reguengos de Monsaraz e finalmente, Sagres, a 09 e 10 de Junho.

A cerimónia da Declaração Universal das "Novas Sete Maravilhas do Mundo" realiza-se a 07 de Julho de 2007, no Estádio da Luz, onde irá decorrer, em simultâneo, o anúncio das sete maravilhas portuguesas.

A votação internacional pretende angariar 50 por cento do montante para a reconstrução do Buda Gigante de Bamiyan, no Afeganistão que foi destruído pelos talibãs, e o restante na preservação do Património Mundial.

As receitas obtidas em Portugal serão aplicadas na restauração de um monumento nacional.

Portugal Diário
 

As novas maravilhas do mundo
2006/10/21 | 13:47

Está a decorrer uma votação para eleger as nova sete maravilhas do mundo

Das sete maravilhas do mundo antigo apenas uma sobreviveu ao tempo e da lista original nasceram outras: as maravilhas sub-aquáticas, naturais e modernas.

A primeira referência às sete maravilhas do mundo antigo é atribuída ao poeta e escritor grego Antípatro de Sídon, que num poema, no século II a.c., descreveu as «suas» maravilhas. Estas eram: os Jardins Suspensos da Babilónia, a Estátua de Zeus em Olímpia, o Templo de Artemis em Éfeso, o Colosso de Rodes, o Mausoléu de Halicarnasso, o Farol de Alexandria e as Pirâmides de Gizé.

Agora está a decorrer uma votação para eleger as novas «sete maravilhas do mundo». O PortugalDiário deixa-lhe aqui os concorrentes e todas as informações para poder votar. E ainda uma galeria de imagens onde pode apreciar a beleza das sugestões.

Segundo a BBC Brasil, os 21 finalistas foram seleccionados por especialistas após 200 candidaturas nomeadas pelo público. A votação está a ser organizada por uma fundação suíça, sem fins lucrativos, chamada New7Wonders, especializada em preservação, restauração e promoção de monumentos. O resultado será anunciado dia 7 de Julho de 2007.

Entre os concorrentes estão o Cristo Redentor, a Acrópole de Atenas, a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, o Coliseu de Roma, as pedras de Stonehenge, na Grã-Bretanha, e - a última das sete maravilhas originais ainda existente - as Pirâmides de Gizé, no Cairo. Até ao momento já terão sido registados cerca de 20 milhões de votos.

Os candidatos:

1 - Acrópole de Atenas (Grécia)
2 - Alhambra de Granada (Espanha)
3 - Angkor Wat (Camboja)
4 - Pirâmide de Chichen Itzá (México)
5 - Cristo Redentor (Rio de Janeiro)
6 - Coliseu de Roma (Itália)
7 - Estátuas da Ilha de Páscoa (Chile)
8 - Torre Eiffel (França)
9 - Grande Muralha (China)
10 - Basílica de Santa Sofia em Istambul (Turquia)
11 - Templo de Kiyomishu em Kyoto (Japão)
12 - Catedral de São Basílio (Moscou)
13 - Machu Pichu (Peru)
14 - Castelo Neuschwanstein (Alemanha)
15 - Petra (Jordânia)
16 - Pirâmides de Gizé (Egito)
17 - Estátua da Liberdade de Nova York (EUA)
18 - Stonehenge (Grã-Bretanha)
19 - Ópera de Sydney (Austrália)
20 - Taj Mahal (Índia)
21 - Timbuctu (Mali)

Portugal Diário
 

Os riscos de um evento marcado para 07-07-07

ARMANDO RAFAEL

'Sete Maravilhas' centram atenções no Estádio da Luz
As autoridades portuguesas estão preocupadas com a segurança da cerimónia das Novas Sete Maravilhas do Mundo que irá decorrer no Estádio da Luz, em Lisboa. Em causa está a data escolhida para a realização deste evento da New 7 Wonders Foundation - 7 de Julho de 2007 - e que, pelo menos em teoria, poderia atrair a Portugal o terrorismo da Al-Qaeda, que parece revelar uma estranha atracção por datas. Em especial as que começam por 11 ou por 7, como sucedeu em Nova Iorque (11 de Setembro de 2001) e Madrid (11 de Março de 2004) ou mais recentemente em Londres: 7 de Julho de 2005.

"O terrorismo da Al-Qaeda parece evidenciar um certo fétiche por datas", disse ao DN um especialista em informações e segurança, sublinhando, contudo, que esta teoria ainda carece de verificação. "É uma linha de análise e não mais do que isso", sustenta, recordando as datas em que foram perpetrados os atentados de Casablanca (2003), Bali (2002) ou Istambul (2003) e que não coincidem com a matriz anterior.

Sem que isso se traduza em qualquer garantia adicional de segurança para Portugal que, nessa altura, já terá assumido também a presidência da União Europeia, aumentando a sua projecção internacional.

Mas a preocupação dos serviços de informações portugueses parece incidir, no entanto, noutros factores. Designadamente na elevada concentração de pessoas que está prevista para a cerimónia do Estádio da Luz - cerca de 50 mil - e que deverá ser transmitida pela televisão para mais de uma centena de países. Garantindo, desde logo, uma enorme repercussão mediática a qualquer acto terrorista que pudesse ocorrer. Até porque essa parece ser a imagem de marca do terrorismo islâmico: obter o maior número de mortos possível. Mesmo que isso implique o sacrifício de muçulmanos, como se viu em Casablanca, Argel ou Bali.

Mas, a avaliar pelos dados obtidos pelo DN, a probabilidade de poder vir a ocorrer um atentado desta natureza em Portugal é muito pequena. Sendo que a avaliação dos serviços de informações portugueses coincide com os indícios recolhidos pelos seus congéneres europeus. O que, à partida, poderia poupar o território nacional ao terrorismo islâmico. Tanto da rede criada por Ussama ben Laden como das várias organizações do Norte de África. Com destaque para a Al-Qaeda do Magrebe, que sucedeu aos argelinos do Grupo Salafista para a Prédica e o Combate (GSPC) e que tenderá a integrar o Grupo Islâmico dos Combatentes Marroquinos (GICM) ou organizações idênticas da Líbia e da Tunísia.

E o relativo optimismo das autoridades portuguesas assenta em várias razões, que nos distinguem de países como a França, Espanha, Itália ou Reino Unido. Em primeiro lugar, e ao contrário do sucede naqueles países, a comunidade islâmica em Portugal é muito reduzida - cerca de 30 mil pessoas - (0,3% da população). Um número que é quase irrelevante se o compararmos com o milhão de muçulmanos que reside em Espanha, os quase cinco milhões da França ou os três milhões da Alemanha.

Em segundo lugar, a maioria dos muçulmanos portugueses ou que vivem no País é oriunda do Paquistão e da Índia, com passagem por Moçambique, ou da Guiné-Bissau. Tendo, por isso mesmo, uma origem muito distinta das grandes comunidades magrebinas do resto da UE.

Como se isso não bastasse, os imigrantes provenientes do Norte de África são ainda mais diminutos em Portugal: menos de 3000.

Significa isto que seria impossível que a Al-Qaeda pudesse atacar em Portugal, perpetrando um atentado no dia 7 de Julho? Impossível não é, mas é muito pouco provável.

Não apenas porque a rede de Ben Laden não possui, tanto quanto o DN conseguiu apurar, células organizadas de jihadistas que a pudessem apoiar ou esconder em Portugal, como até agora nunca manifestou especial predilecção por alvos políticos, nem pelo assassínio de personalidades em concreto.

Além disso, não lhe seria fácil perpetrar um atentado num espaço aberto como é um estádio de futebol, onde as explosões provocadas por terroristas suicidas seriam projectadas para o ar, sem afectar a estruturas de um edifício que, num eventos destes, será passado a pente fino pelos serviços de segurança, evitando, assim, que alguém possa armadilhar os respectivos alicerces.

DN, 29-4-2007, pág. 2
 

Da visão grega do mundo antigo aos ícones de uma civilização global

LUÍS NAVES

Das sete maravilhas antigas apenas uma sobreviveu ao tempo. A 7 de Julho, escolhem-se mais sete
A primeira lista correspondia a um visão grega do mundo e sabe-se que houve várias compilações das antigas maravilhas. A que chegou ao presente tem autor grego, Antipater de Sídon (séc. II a. C.) mas a ideia pode ser de Estrabão ou Heródoto. Existe possível ligação à Biblioteca de Alexandria, onde estaria um livro famoso, que se perdeu no incêndio que incinerou aquele tesouro.

O escolha do número sete também não resulta do acaso. As suas propriedades matemáticas eram conhecidas dos antigos e, em várias religiões, o sete tem natureza mágica. Por exemplo, segundo a cultura judaico-cristã, Deus descansou ao sétimo dia, após ter criado o mundo. Na antiguidade, o sete tinha, por vezes, ligação à criação e aos deuses.

Talvez seja esta a razão de a lista original das maravilhas ter sete edifícios, embora apenas três não gregos: as Pirâmides de Gizé, o único que poderá constar na lista moderna; os Jardins Suspensos da Babilónia (o único não mediterrânico); e o Mausoléu de Halicarnassos, que era, apesar de tudo, meio grego. As restantes maravilhas eram os pontos culminantes da arquitectura grega, concebida ao longo dos cinco séculos anteriores a Cristo, com destaque para o Farol de Alexandria, que quase sobreviveu até à actualidade. No conjunto original, havia lacunas: o porto de Cartago, o Templo de Jerusalém e, sobretudo, a Biblioteca de Alexandria, onde pode ter sido concebido o primeiro elenco de maravilhas.

A nova lista será a visão de uma civilização global. Em dois mil anos, o mundo tornou-se irreconhecível. Viajar é fácil, construir é uma ciência. Um painel de peritos escolheu 21 monumentos, mas a lista final está a ser fruto de votação global (via Internet), na qual já participaram 30 milhões de pessoas. A origem é outra vez grega (democracia), mas a meta é contemporânea: preservar o património.

Da lista moderna de ícones serão escolhidos apenas sete, anunciados em Lisboa, a 7 de Julho. Stonehenge pode ser o mais antigo, rivalizando com as Pirâmides de Gizé. Desta vez, os gregos estão mal representados, apenas com a Acrópole e Petra (que tem influências helénicas). A religião está muito presente, com as misteriosas estátuas da ilha de Páscoa, a Hagia Sophia ou o Cristo Redentor. Há símbolos de poder, como o Kremlin, a Grande Muralha da China, o Coliseu de Roma ou Chichén Itzá. Um mausoléu erguido por amor, Taj Mahal; palácios reais, como Angkor Wat, Neuschwanstein (que é um delírio fantasista); arquitectura urbana, como Machu Picchu ou Timbuktu; uma estátua (da Liberdade); uma torre (Eiffel). E, curiosamente, apenas um exemplo de arquitectura contemporânea, a Ópera de Sydney.

O que caracteriza esta lista é a enorme variedade de visões do mundo. Há lacunas, também: nem uma catedral gótica, por exemplo, nem o Monte Athos; e faltam Versailles, a capela Sistina; e há quem considere Palenque superior a Chichén Itzá. Outro monumento, o Buda de Bamiyan, no Afeganistão, foi destruído em 2001, pelos talibãs. Enfim, para além da defesa do património da humanidade, a lista servirá para ser discutida e avaliada pelo comum dos mortais. A primeira que existiu era tão boa que foi falada durante mais de dois mil anos e ainda hoje é a referência.

DN, 7-6-2007
 

Passado e presente

O historiador Heródoto e o poeta Calímaco de Cirene,
terão sido os primeiros a fazer uma lista das "sete maravilhas",
mas os seus escritos não sobreviveram ao tempo. Ficaram
as referências. Certo é que as Sete Maravilhas do Mundo,
ou Maravilhas da Antiguidade, terão sido compiladas entre os
anos 150 e 200 a.C. por um poeta e escritor grego, Antípatro
de Sidon.
Chamou, na altura, ao conjunto de monumentos Ta Hepta
Thaemata, ou seja, "as sete coisas dignas de serem vistas" e,
apesar da lista ser grega, apenas uma das maravilhas se
encontrava na Grécia: o Templo de Zeus. Outras três eram
na Ásia Menor – O Colosso de Rodes, o Templo de Artémis em
Éfeso e o Mausoléu de Helicarnasso – uma onde é agora o
Iraque – os Jardins Suspensos da Babilónia – e duas no Egipto
– o Farol de Alexandria e as Pirâmides de Gizé (a única Maravilha
da Antiguidade que ainda resiste até hoje).
Mais de dois milénios depois, o suíço Bernard Weber lembrou-
se de lançar esta iniciativa. Foi 2000, através da fundação
New Seven Wonders, com o objectivo de seleccionar as
novas sete maravilhas do Mundo, através do voto popular,
pela Internet ou por mensagens escritas de telemóvel
(SMS). Para além da necessidade de "criar" maravilhas visitáveis
(uma vez que seis das sete do Mundo Antigo estão destruídas),
a eleição teve também como objectivo inicial a
recolha de fundos para a recuperação da gigantesca estátua
do Buda Bamyian, no Afeganistão, destruída pelos talibãs.
Mais recentemente ficou decidido que os fundos recolhidos
terão como destino a restauração de património em risco no
mundo.
Uma das justificações para esta nova eleição é a de "alertar
para a necessidade de preservar a herança cultural do mundo".

RRP1, 6-7-2007
 

Este comentário foi removido pelo autor.
 

O que vai acontecer na Luz

É um dos eventos mais mediáticos do ano. Não admira, por
isso, que a PSP tenha destacado cerca de 250 agentes para o
evento de apresentação das novas sete maravilhas do Mundo,
sábado, no Estádio da Luz, onde são esperadas entre 40 a 50
mil pessoas.
Para a PSP, as maiores preocupações estão relacionadas com
o trânsito e a ordem pública. Para evitar pequenos furtos ou
venda especulativa de bilhetes estarão no local agentes da
PSP à civil.
"O que está em causa é a ameaça global do terrorismo que
necessita de toda a atenção, explicou à Lusa o general Leonel
Carvalho, do gabinete de coordenação e segurança do
Ministério da Administração Interna.
Uma das grandes preocupações das forças de segurança será
a presença de algumas personalidades do mundo político e
artístico.
A cerimónia será apresentada pelos actores Ben Kingsley e
Hillary Swank.
No palco, vai actuar Jennifer Lopez, além de artistas como o
bailarino de flamenco Joaquín Cortés, os tenores José Carreras
e Alessandro Safina, a cantora Chaka Khan, os fadistas
Carlos do Carmo, Camané e Mariza e os cantores Dulce Pontes
e Rui Veloso. O ex-secretário geral das Nações Unidas
Kofi Ann, o antigo astronauta norte-americano Neil Armstrong,
o ex-director da UNESCO Frederico Mayor e o suíço
Bertrand Piccard, que realizou a primeira volta ao Mundo em
balão sem escalas marcarão presença no evento, ao lado do
seleccionador nacional Luiz Felipe Scolari e o futebolista
Cristiano Ronaldo.
São esperados cerca de 400 jornalistas de todo o mundo e a
cerimónia vai ser transmitida por 160 canais de televisão.

RRP1, 6-7-2007
 

Entrevista a Benard Weber (empresário, artista e aventureiro): "Só agora comprei o primeiro computador"


CARLOS VAZ MARQUES
DIREITOS RESERVADOS (imagem)

Como gosta de se apresentar: empresário, artista ou aventureiro?

Ao longo da vida fazem-se diversas coisas, têm-se diferentes empregos e actividades profissionais. Actualmente, considero-me um produtor multimédia, combinamos tudo: Televisão, Internet, Rádio. Neste projecto das 7 Novas Maravilhas do Mundo conseguimos aprender muito sobre as tecnologias modernas. Basta dizer que comprei o meu primeiro computador por causa disto.

Quando lhe surgiu esta ideia de propor uma votação à escala global para eleger as novas sete maravilhas do mundo, qual foi a sua primeira grande preocupação?

Bem, eu sempre acreditei que em dada altura da minha vida teria de ir para o deserto porque todas as grandes sabedorias vieram do deserto. Tive a oportunidade de desenvolver um projecto para a televisão canadiana sobre Saint-Exupéry. Parti para o deserto com uma equipa de filmagens em busca de O Princepezinho, foi assim que conheci o deserto. Sempre tive a certeza que é o deserto que nos oferece a clareza e a possibilidade de nos olharmos, porque não há influências do exteriror.

E foi no deserto que teve a ideia deste projecto?

Diria que adquiri no deserto a tal capacidade de ver as pequenas coisas que têm o imenso significado. Na sociedade de hoje os media têm uma tal influência que é difícil decidirmos o que é importante e o que não é para nós mesmos. Só o deserto nos pode oferecer a tal calma e visão interior das coisas que nos perturbam e nos preocupam na vida.

Como nasceu em si o gosto pela aventura?

Bem, eu acho que isso tem a ver com o facto de ter nascido na Suiça. Quando eu percebi, ainda criança, que tinha nascido num dos países mais pequenos do mundo, fiquei muito deprimido. Dizia que adorava ter nascido na Rússia ou nos EUA. Algures num país grande.

Não se apercebia ainda que vivia num país rico?

Eu fui criado na casa da minha avó. Essa casa não tinha água corrente, nem aquecimento central e a casa de banho era no exterior. Por exemplo, lembro-me que aos cinco anos uma laranja era uma prenda de Natal.

E a paixão por aeronáutica? Quando começou?

Isso era um sonho, um sonho absoluto que pensava nunca vir a concretizar. Quando era novo, voar era muito caro.

Conte-me a história de quando a sua avó o levou, pela primeira vez, a conhecer um avião por dentro?

Isso foi naquela época linda em que todos tinhamos avós e elas tinham imenso tempo livre para nós. Uma vez levou-me a uma locomotiva, levava uma garrafa de vinho para o maquinista e fez a mesma coisa quando fomos ao avião.

Prefere os balões e aviões antigos aos aviões a jacto. Porquê?

Num avião a jacto voa-se tão alto que se perde o contacto com a terra. Nestes aviões voamos a 100, 200 metros de altitude e assim mantemos o contacto. Pode-se apreciar os locais e decidir mudar de roda, não estamos a uma grande distância. Temos uma escolha.

É verdade que comprou o seu primeiro avião por causa de um crachá que trazia ao peito?

É verdade. Foi outra vez a paixão de voar e consegui concretizá-la quando emigrei para o Canadá. Lá comprei a um joalheiro um grande crachá. Ele fazia cópias de grandes objectos de pele e prata. O crachá era tão grande que um velho numa loja veio ter comigo e perguntou-me se que eu sabia que avião era aquele que eu trazia ao peito. Respondi-lhe que não mas que gostava de saber. Três semanas mais tarde, ele levou-me a conhecer o avião...

Entre as muitas curiosidades do seu currículo, foi assistente de Federico Fellini. Que importância tem isso para si?

Federico Fellini era um mito e também o era para mim.

Já não é?

Ele destruiu o seu próprio mito à minha frente. Quando fui entrevistado por ele, perguntou-me: "O que é que quer?". Respondi-lhe: " Queria aprender consigo". E ele interrompeu-me imediatamente e disse: " Não pode aprender comigo. Só aprende se for você a fazer." E foi assim que eu aprendi. Afinal ele tinha razão, eu não podia aprender com ele. Mas essa experiência foi muito importante porque todas as pessoas que falavam com ele eram extremamente dedicadas, capazes, talentosas. Foi um ambiente que nunca mais fui capaz de encontrar. Como se costuma dizer, a primeira experiência é a mais importante. É ela que define o sentido, as expectativas. Frederico Felini e a sua equipa deram-me a conhecer o que é trabalhar em grupo... É o que tenho agora com as Sete Novas Maravilhas do Mundo. São pessoas extremamente dedicadas e acho que é essa uma das condições para o êxito. E trazem consigo o prazer de fazer coisas com pessoas empenhadas na mesma e única causa.

EXCERTO DE UMA ENTREVISTA AO PROGRAMA 'PESSOAL E TRANSMISSÍVEL', DA TSF

DN, 7-7-2007
 

Hoje é o dia em que todos querem casar

MARIA JOÃO CAETANO

"Não, para esse dia não pode ser. Já estamos cheios." Lúcia Freixo perdeu a conta ao número de vezes que repetiu esta frase. Desde o início de 2005 que as seis quintas do Grupo Grilo estão reservadas para casamentos hoje - 7 do 7 de 2007. "Foi o primeiro dia a ficar marcado e depois continuámos a receber muitos pedidos, foi uma coisa extraordinária", explica a responsável pelos espaços na zona de Lisboa.

O fenómeno repete-se sempre que há uma sequência assim de números (4-4-2004 ou 5-5-2005, por exemplo). Mas o sete é especial pois é, dizem, o algarismo que representa a perfeição, e é o número bíblico - foram sete os dias da Criação, as pragas do Egipto, os dons do Espírito Santo e também os sacramentos. São sete os pecados mortais, embora hoje, dia de festa, talvez se perdoe a gula.

Os casais mais supersticiosos não quiseram perder esta oportunidade, ainda por cima porque calhava num sábado. A maior parte dos espaços para copos-d'água está reservada "há muito tempo", deixando decepcionados os noivos que se atrasaram com os preparativos.

"Os noivos ficam sempre tristes quando, por qualquer motivo, têm preferência por um dia e depois não conseguem marcar o casamento para esse dia", explica Lúcia Freixo. Neste caso, foram muitos os pares que ficaram tristes.

"Foi sem dúvida um dia com muita procura", corrobora Duarte Teixeira, da Quinta das Rosas, em Alenquer. "Foi um dia marcante, tivemos muito trabalho", confirma a responsável pela Nova Noiva - Alta Costura, em Lisboa. "As noivas estavam muito contentes porque iam casar neste dia, que é quase uma capicua." Em muitas das paróquias do país, hoje será um dia atribulado. Em Lisboa, há várias que celebram hoje três matrimónios - o máximo que os padres aceitam.

Mas, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, por cá este aumento de afluência não foi geral. Em paróquias, quintas e lojas, há quem diga que este é um sábado como outro qualquer.

"Por incrível que pareça, não tivemos mais trabalho para este dia", queixa-se a responsável pela D. Noiva, loja de vestidos de noiva na Baixa lisboeta. "O 8-8-88 foi realmente uma loucura e, em comparação, este foi normal."|

DN, 7-7-2007
 

Evento com menos perigo que um Benfica-Porto

DANIEL LAM

A PSP de Lisboa disponibiliza hoje para a gala das novas 7 Maravilhas do Mundo, no Estádio da Luz, um plano de segurança envolvendo um total de 250 elementos, ou seja, metade do contingente habitualmente mobilizado para jogos de futebol considerados de maior risco, como Benfica-Porto ou Benfica-Sporting. Isto, apesar de o número de espectadores esperados para as 7 Maravilhas - cerca de 50 mil pessoas - ser praticamente igual ao dos adeptos que enchem o estádio nos jogos mais importantes. "Mas o risco é menor", garante ao DN a sub-comissária Paula Monteiro, porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP.

Na sua opinião, o espectáculo das 7 Maravilhas "não se pode comparar com um jogo de futebol, porque tem um índice de risco muito menor. Não há claques nem o risco de adeptos se envolverem em agressões ou outros actos de violência. São contextos policiais diferentes".

Segundo explicou, os 250 agentes "não vão ficar concentrados no estádio, mas sim espalhados por vários locais, principalmente nas imediações para controlarem o trânsito". Adiantou que outros agentes "estarão mais atentos à ordem pública e ao policiamento de proximidade".

Além disso, "será reforçado o policiamento no Aeroporto de Lisboa, porque para o evento vem muita gente de avião. Também será reforçado o contingente que presta serviço nas redes da CP e do metro, porque muitas pessoas vão deslocar-se nestes transportes públicos para o estádio".

"Elementos da investigação criminal vão estar à paisana espalhados pelo recinto para detectarem e interceptarem carteiristas e outros indivíduos que tentem furtar objectos do interior de veículos automóveis", referiu a mesma fonte policial.

A operação começa às 17.30, com elementos da unidade de inactivação de explosivos a vistoriar o local. É provável ocorrerem alguns condicionamentos de trânsito nas imediações do estádio para facilitar a passagem de determinadas individualidades. Nas portas do estádio, agentes vão estar atentos para evitar a entrada de pessoas com objectos perigosos.

A este evento, que começa pelas 20.00, junta-se o Live Earth no Pavilhão Atlântico, no Parque das Nações, com início marcado para as 17.00 e encerramento previsto para além da 01.00, quando deverá começar a última actuação do programa do espectáculo.

Para o Live Earth, onde poderão ir 20 mil pessoas, a PSP mobiliza 50 agentes, revelou a sub-comissária. "Mas temos pessoal de reserva, se for necessário", referindo-se aos dois eventos que hoje se realizam.

Aos espectadores dos dois eventos, a porta-voz do Cometlis aconselha que "utilizem ao máximo os transportes públicos para não congestionarem as imediações dos recintos. Quem levar carro, deve deixá-lo em locais bem iluminados - de preferência em parques vigiados - e sem objectos à vista no interior".

"As pessoas devem manter tudo em linha de vista, evitando andar com mochilas às costas, porque alguém pode abrir os fechos e retirar objectos do interior. A solução é manter a mochila à frente. Também devem estar sempre atentos às máquinas fotográficas e de filmar e outros aparelhos electrónicos que transportem", salientou.

Sobre o facto de se temerem eventuais atentados hoje - 07/07/07 -, Paula Monteiro adiantou que "não há nada de prevenção por causa desta data. O núcleo de informações funciona em permanência e vai-nos fornecendo dados que nos levem a alterar ou não o policiamento, consoante as necessidades".

DN, 7-7-2007
 

Cada português a lutar pelo seu favorito

Enfrentar uma fila de quase três metros nas bilheteiras do Estádio da Luz, em Lisboa, em cima de saltos altos só pode ter um resultado. Carla Andradre veio ontem de Évora apoiar a candidatura do templo romano da sua cidade. Ao fim de uma hora foi obrigada a trocar os sapatos de gala por um par de sandálias de couro: "É um sacrifício de que já estava à espera, porque não consegui comprar os bilhetes com mais antecedência."

Não foi a única que não se preveniu. Milhares de outros portugueses amontoaram-se à entrada do Estádio do Sport Lisboa e Benfica. Chegaram de Sintra, de Vila Viçosa, do Porto ou de Tomar. Traziam os filhos, os avós e até um farnel para suportar a espera: "Nós pensámos em quase tudo para assistir ao espectáculo com todo o conforto", explica Manuel Veiga, mostrando as almofadas que trouxe para cada membro da família poder esperar a abertura de portas do estádio com toda a comodidade.

Mas nem todos deixaram tudo para o último minuto. E os que compraram a entrada "há mais de uma semana" deram-se ao luxo de chegar poucos minutos antes da cerimónia começar. Violeta e Viviane Afonso planearam tudo ao pormenor. Às 18.00 estacionaram o carro no parque do Centro Colombo e correram para a entrada presidencial do estádio.

Pela porta principal iriam entrar todas as estrelas nacionais e internacionais que participaram na cerimónia das 7 Maravilhas, mas as irmãs gémeas de 36 anos só estavam de olho numa das vedetas: "Estávamos a tentar ver se conseguíamos avistar daqui o Joaquim Cortés, mas já percebemos que vai ser uma missão muito complicada." O êxito destas duas fans só dependia, portanto, da habilidade de cada uma delas acotovelar, empurrar e abrir caminho entre a muralha construída por outras centenas de admiradores que conseguiram chegar bem mais cedo do que as duas irmãs de Santo António dos Cavaleiros, em Loures.

Mário e Anabela Leitão nem quiseram saber dos ilustres convidados. E nem estavam muito interessados nas novas 7 Maravilhas do mundo. Foram à Luz com um único objectivo: "Estamos aqui para apoiar a Universidade de Coimbra que, se não ficar entre as eleitas, será de uma grande injustiça", desabafa o coimbrense que saiu da sua cidade na quarta-feira para poder estar na capital a tempo de ver o espectáculo que deixou muita gente desiludida ou outra tanta eufórica. Nas bancadas do estádio, a maioria esteve sobretudo a torcer pelos monumentos nacionais. Como se as outras quase não tivessem muita mportância.

KÁTIA CATULO

DN, 8-7-2007
 

Ronaldo causou mais sensação do que J-Lo e as Maravilhas juntas

KÁTIA CATULO

Bubús do Mali, saris da Índia, ponches do México e xailes do Peru esvoaçaram ontem entre gravatas e vestidos de lantejolas que ontem, antes da cerimónia das 7 Maravilhas, povoaram o camarote presidencial do Estádio da Luz. Todos trouxeram um pouco do seu país, mas alguns tinham mais trunfos do que outros para apresentar. Nilima Mitra, representante da Índia, nem esperou pelo fim da cerimónia para garantir que o mausoléu Taj Mahal vai ser um dos grandes vencedores da noite: "A eleição está 100% garantida! Há mais de cinco milhões de indianos com acesso à Internet e a maioria deles votou no monumento de Deli", garante, levantando a taça de champanhe e abrindo um soriso de uma ponta a outra.

Marina Sequeiros, a alcaide da localidade peruana de Cusco também contou com apoios de peso: "O Machu Picchu é favortito de toda a América Latina, além disso, tem uma energia milenar que faz com que seja um dos grandes locais que atrai gente de todos os cantos do planeta", conta a representante do Peru.

Cristiano Ronaldo, porém, terá causado maior sensação do que as 21 maravilhas do mundo. Gregos, chineses ou franceses esqueceram quase tudo para chegar mais perto do internacional do Manchester United. Cada um com o telemóvel na mão para fotografar o futebolista português.

Freitas do Amaral, no entanto, tratou todos sem qualquer preferência. O presidente da Comissão de Honra das 7 Maravilhas foi único no camarote presidendial que conseguiu ser pontual. Foi o primeiro a chegar com horas de antecedência para receber os ilustres convidados da noite: autarcas, ministros e delegações internacionais entraram pelo parque de estacionamento subterrâneo do Estádio da Luz.

Faltou o tapete vermelho que apenas foi estendido para as vedetas que entraram pela porta principal. Em contrapartida, não faltaram dezenas de seguranças privados .

DN, 8-7-2007
 

LISBOA DEU AS NOVAS 7 MARAVILHAS AO MUNDO

DAVIDE PINHEIRO

Foi ao anoitecer que Lisboa recebeu a Gala das Sete Maravilhas do Mundo. O Estádio da Luz vestiu-se a rigor, não para ver um jogo de futebol, embora o aparato lembrasse os grandes clássicos de luta pela decisão do campeonato ou mesmo uma cerimónia de abertura de um grande evento desportivo, mas sim para dar a conhecer as novas Sete Maravilhas do Mundo. O aparato de segurança, com 250 oficiais presentes no local, reforçava a ideia de que estávamos perante um grande acontecimento, com convidados vindos de todos os cantos do mundo.

Portugal e Lisboa em particular foram alvo de uma homenagem com a exibição de diversos vídeos alusivos à cultura lusitana. Mariza, Carlos do Carmo, Rui Veloso e Camané foram os representantes nacionais na música. Importantíssima também a participação de Dulce Pontes ao lado do tenor José Carreras no tema One World, um símbolo da aproximação entre povos. De resto, esta foi uma marca de todo espectáculo ali apresentado.

Cristiano Ronaldo foi a personalidade portuguesa mais marcante na cerimónia e Jennifer Lopez, a estrela internacional mais aplaudida o que não se revelou, de todo, surpreendente face à expectativa criada em relação à sua presença. A cantora pôs todo o Estádio da Luz em delírio com um medley das suas canções mais conhecidas.

No reverso da medalha, os únicos apupos da noite foram entregues à Estátua da Liberdade norte-americana e ao primeiro ministro José Sócrates.

O antigo astronautaNeil Armstrong, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, a actriz norte-americana Hilary Swank e o actor britânico Ben Kingsley destacaram-se também pelo entusiasmo gerado aquando do seu aparecimento no "palco" devidamente vestido de luz e cor do Estádio da Luz. Joaquín Cortez foi também uma das figuras mais notadas ao apresentar uma coreografia simples mas eficaz a que se seguiu um espectáculo tribal de música com tambores e dança. E aí, o público teve mais uma prova da universalidade desta gala.

Sempre que eram exibidas imagens de alguns dos pontos mais belos do mundo, parte da assistência olhava com entusiasmo e vontade de visitar alguns daqueles lugares. Machu Pichu e o Taj Mahal foram alvo de um estrondoso mar de aplausos que quase fez cair o Estádio da Luz.

Finda a actuação de Jennifer Lopez, o momento mais esperado da noite. Uma a uma, foram anunciadas as sete novas maravilhas do mundo. A última (o Taj Mahal) anunciada com surpresa e satisfação pela indiana Bipasha Basu. Agrandecendo ao que de belo o mundo tem, os apresentadores despediram-se, cedendo as últimas luzes a outra convidada especial.

O grande final do espectáculo lisboeta ficou, assim, por conta de veterana norte-americana Chaka Khan, voz que há muito associamos à tradição da música soul. Muito a propósito, e com arranjo (e coreografia) quase a evocar os domínios do gospel, levou a palco uma versão de What A Wonderful World, clássico inesquecível de Sam Cooke. Escolha em consonância com a noite e eleição que acabara de ali acontecer.|

DN, 8-7-2007
 

Entrevista a Hilary Swank (actriz): "Todos os dias agradeço poder continuar a fazer este trabalho"

PEDRO MARQUES

É a primeira vez que vem a Portugal?

Sim, é a primeira vez que visito o país, mas infelizmente não tive tempo para o visitar, já que vim directamente do aeroporto para o Estádio da Luz. É pena, pois desta vez vim apenas apresentar a gala e vou-me embora, mas para a próxima tenho mesmo de o explorar a fundo. É um dos países que quero muito visitar.

Mas pelo menos já conhece o Estádio da Luz...

Sim, e eu que adoro desporto, qualquer tipo de desporto.

Como mulher de cultura, o que significa para si esta eleição das Novas 7 Maravilhas do Mundo e o facto de associar o seu nome a esse anúncio?

Eu estou realmente muito orgulhosa por estar ligada a este acontecimento que exalta as grandes conquistas da humanidade e que realça a importância da preservação do património histórico universal. Por outro lado, esta é a oportunidade de gravar o meu nome num momento histórico que perdurará durante largos anos: a escolha das novas maravilhas, quando das antigas restam apenas as pirâmides de Gizé.

E é também a oportunidade de partilhar o palco com um dos maiores e mais reconhecidos actores do mundo, Sir Ben Kingsley...

Claro, trabalhar ao lado de Sir Ben Kingsley é uma honra enorme. Ele é um grande actor e uma inspiração pessoal enorme. E também não podemos esquecer a outra co-apresentadora da gala, a Bipasha Basu. E isso foi realmente o mais interessante na escolha dos apresentadores por parte da organização: o facto de virmos de contextos culturais completamente diferentes. Ele é britânico, eu sou americana e a Bipasha é uma actriz e modelo indiana. Esta procura da diversidade, até nos apresentadores, é uma forma única de se expressar a universalidade desta eleição. É a metáfora perfeita daquilo que é o intercâmbio de diferentes povos e culturas de todo o planeta.

A título pessoal, das maravilhas a concurso, tinha alguma preferida?

Não consigo escolher uma delas. Eu preferia que houvesse 21 maravilhas do mundo, porque todas elas são fenomenais. Devido à minha carreira como actriz, tenho tido a sorte de viajar por todo o mundo e conheço os 21 monumentos candidatos. Por isso mesmo, acho impossível escolher um deles, todos são importantes nas suas particularidades.

Nos últimos anos não lhe têm faltado prémios nem louvores da crítica. Considera-se actualmente uma das melhores actrizes de Hollywood?

Não, e de cada vez que me colocam essa questão eu fico espantada por tudo o que me aconteceu ao longo da vida. Quando era pequena, nem nos meus maiores sonhos eu poderia prever que viria a ganhar dois Globos de Ouro e dois Óscares. Isso ajuda-me a manter os pés na terra e a ficar agradecida por os meus sonhos se terem tornado realidade. Aliás, isso ajuda-me a manter o sonho vivo. Eu adoro o meu trabalho e agradeço todos os dias quando acordo o facto de poder continuar a fazê-lo.

Quem são as suas actrizes favoritas?

Tantas. Vanessa Redgrave, Debra Winger, Meryl Streep, Annete Bening, e podia continuar...

E na actualidade, está envolvida nalgum projecto?

Sim, estou a gravar um filme chamado P.S., I Love You, que é uma espécie de drama romântico, com partes cómicas, e que é dirigido pelo Richard LaGravenese, que também fez Freedom Writers comigo. Também participam no filme o Gerard Butler, que fez o 300, a Lisa Kudrow, que faz de minha melhor amiga, a Kathy Bates, que faz de minha mãe, o Jeffrey Dean Morgan, entre outros. O filme estreia nos Estados Unidos a 21 de Dezembro, pelo que no princípio do próximo ano já deve poder ser visto em Portugal.

Os dois filmes pelos quais foi premiada com um Óscar - Boys Don't Cry e Million Dollar Baby - abordavam temas controversos, como a transexualidade e a eutanásia. Acha que o cinema deve ter um papel de intervenção social, de mudança de mentalidades em relação a temas importantes, como estes?

Não é obrigatório que tenha esse papel, depende dos filmes. Há aqueles que existem apenas para entreter, para nos enlevar, e outros, sim, que promovem temas novos e nos fazem pensar. Mas eu não acho que deva fazer apenas filmes que visem mudar o mundo.

E quais são as suas posições pessoais quanto à transexualidade ou a eutanásia? Isto depois de ter protagonizado esses dois filmes em particular.

Essa questão é das grandes! Acho que, se respondesse a essa pergunta, isso passaria a ser a vigésima segunda maravilha do mundo...

DN, 8-7-2007
 

Festa na América Latina e indiferença na China

HELENA TECEDEIRO

Mexicanos, brasileiros e peruanos saudaram ontem com gritos, abraços, pulos e danças o facto de Chichén Itzá, o Cristo Redentor e Machu Picchu se encontrarem entre as novas Sete Maravilhas do Mundo anunciadas em Lisboa na sábado à noite. A alegria latino-americana contrastou com a indiferença dos chineses que não organizaram qualquer festejo para celebrar a escolha da Muralha da China.

No Rio de Janeiro, o anúncio da selecção do Cristo Redentor coincidiu com o concerto do Live Earth. A euforia apoderou-se das 400 mil pessoas reunidas em Copacabana quando o vocalista dos Rappa, que actuavam em palco, anunciou que a estátua que domina a "cidade maravilhosa" - agora ainda mais - do alto do monte Corcovado era uma das escolhidas.

Mesmo entusiasmo no México, onde locais e turistas se juntaram na praça de armas de Cuzco, cidade a sul de Machu Picchu para celebrar a vitória da cidadela inca. E no México, mais de seis mil pessoas acorreram a Chichén Itzá para celebrar o acontecimento com danças e cantares maias.

Foi também a dançar e a cantar que milhares de jordanos festejaram a inclusão de Petra na lista das novas Sete Maravilhas do Mundo. As bandeiras saíram às ruas da cidade cravada na rocha e também na capital Amã.

Na Índia, as celebrações pela vitória do Taj Mahal tiveram um sabor doce. Os turistas que ontem visitaram o mausoléu de mármore branco receberam bombons e puderam assistir a uma grande fogo de artifício. Durante o próximo ano, a cidade de Agra, onde fica situado o túmulo da imperatriz Mumtaz Mahal oferece 20% de desconto no preço de todos os quartos de hotel.

Já em Roma, quem passasse pelo Coliseu apenas veria os habituais grupos de turistas que se amontoam em torno do edifício no Verão. Uma reacção fria, tal como a da China onde não se verificou qualquer festejo pela vitória da Grande Muralha. | Com agências

Indiana Jones e o Templo do Graal

Em 1988, Steven Spielberg andava à procura de um lugar onde situar o templo sagrado que abrigava o Santo Graal, no seu filme Indiana Jones e a Grande Cruzada. A cidade jordana de Petra, cuja origem se perde na noite dos séculos, capital dos Nabateanos, um povo semita, foi a escolhida pelo realizador não enquanto tal, mas para servir de cenário fictício. Petra viu-se assim transformada, por necessidades de argumento, num templo secreto localizado num desfiladeiro da ex-República de Hatay, de vida curta e actualmente parte da Turquia. O que não impediu o turismo jordano de tirar amplos dividendos da sua aparição no filme.|- E.B

O símbolo do amor pela imperatriz virtuosa

Nasceu Arjumand Banu, mas ficou conhecida como Mumtaz Mahal. A princesa persa tinha apenas 14 anos quando casou na Índia com o príncipe mogul Shahjahan, que se viria a tornar imperador. Da sua vida pouco se sabe, excepto que era uma mulher de grande beleza e a lenda da sua virtude - ajudava viúvas e crianças - rapidamente se espalhou pelo império. Do seu casamento com Shahjahan nasceram 14 filhos. Foi precisamente ao dar à luz a última criança que Mumtaz veio a morrer, em Junho de 1631, em Burhanpur. Tinha 38 anos. A sua morte deixou o imperador inconsolável. Mas foram precisos 22 anos para que Shahjahan visse terminado o mausoléu que mandou construir para a sua mulher preferida. As cinzas da imperatriz - que fora cremada em Burhanpur - foram então colocadas no edifício de mármore branco que, desde então se transformou no símbolo do amor eterno.|- H.T

Redescoberta da cidade perdida

Apaixonado pela cultura inca e pelas viagens, o professor e historiador norte-americano Hiram Bingham (1875-1956) foi o responsável pela redescoberta da cidade perdida de Machu Picchu. Foi em 1911 que este havaiano descendente de missionários liderou a expedição da Universidade de Yale ao Peru que encontrou a antiga cidade de Vitcos, auxiliado pela população local. A National Geographic publicou as fotografias de Machu Picchu - situada no cimo de uma montanha, rodeada por outras montanhas. A Primeira Guerra Mundial afastou Bingham das expedições, sobre as quais publicou vários livros, e levou-o para a política. Foi eleito governador do Connecticut e senador.|- S.S.

O velho mito que morreu na Apolo 8

Foi mito que perdurou anos, reforçado pela especulação científica que comparava a Grande Muralha da China com o que se pensava ser canais de irrigação construídos por marcianos... Se, com um telescópio, víamos, da Terra, esses (supostos) canais em Marte, porque não se veria esta muralha, da Lua? Em 1938, o Second Book Of Marvels, de Richard Halliburton, dava mesmo este facto como inevitável... Todavia, e apesar de ter seis a oito metros de espessura, torna-se praticamente invisível a grande altitude. Daí que, na primeira viagem orbital à Lua (na Apolo 8, em 1968), nenhum dos três astronautas tenha visto a Grande Muralha! |- N.G.

A pirâmide do deus-serpente

Em cada equinócio (21 de Março e 21 de Setembro), o deus-serpente Kulkukán volta a descer as escadarias da pirâmide de Chichén Itzá. Um fenómeno de luz e sombra inúmeras vezes testemunhado por Edward H. Thompson, o arqueólogo e diplomata dos EUA que viveu quase 40 anos na região. O homem que deu a conhecer ao mundo o antigo centro político e económico da civilização maia não é contudo admirado por todos: para muitos mexicanos foi um dos maiores saqueadores de peças arqueológicas. Thompson (1856-1935) comprou os terrenos onde se situava a "boca do poço dos Itzás" (literalmente Chichén Itzá). Nas escavações que efectuou descobriu vários artefactos de ouro e cobre, que enviou para institutos e museus americanos. Em 1926 foi expulso do México.|- S.S.

Os jogos de Vespasiano

O imperador Vespasiano mandou erigir o Amphiteatrum Flavium no ano 70. Grande reformador, fundador da segunda dinsatia do Império romano, Vespassiano é hoje recordado pelas campanhas militares na Judeia e, precisamente, a construção do Coliseu. Dez anos de trabalhos foram necessários para levantar a estrutura que albergava 50 mil espectadores e foi a maior arena do seu tempo. A morte de Vespasiano, no ano 79, impediu-o de ver a construção terminada. Inaugurou-a o seu filho Tito, no ano 80, em jogos nos quais foram mortos 9 mil animais. |- N.G.

O Cristo segundo Tom Jobim

A estátua do Cristo Redentor, inaugurada no dia 12 de Outubro de 1931 e desde aí inseparável da imagem do Rio de Janeiro, foi imortalizada por Tom Jobim em duas melodias. Uma delas, Corcovado, é uma declaração de amor a uma mulher, composta num "cantinho" de uma casa no Rio, de cuja janela se vê "o Corcovado/O Redentor, que lindo". E assim Jobim encaixou o gigantesco monumento numa pequena canção. |- E.B.

DN, 9-7-2007
 

Alegações finais de João Santos (presidente da Região de Turismo de Évora): "As 7 Maravilhas foi um jogo infantil"

ROBERTO DORES

Ficou com amargo de boca ao ver que nenhum dos quatro monumentos alentejanos figura entre as 7 Maravilhas de Portugal?

Não. Desde o início deste concurso, tive a noção de que estava em jogo uma questão de densidade demográfica e que as maravilhas iriam ficar a norte do Tejo. É, portanto, normal que os monumentos eleitos fossem precisamente os que se encontram localizados nas regiões mais populosas. Em contrapartida, as cidades mais desertificadas saíram desfavorecidas. O Alentejo tem 534 mil habitantes, quando entre Lisboa e arredores há quatro milhões.

Mas há também cerca de 300 mil alentejanos a viver na Região de Lisboa e Vale do Tejo. Faltou alguma coisa em termos de promoção para mobilizar estas pessoas?

Julgo que não nos faltou fazer nada, porque as autarquias e os vários agentes que estiveram envolvidos na promoção destes monumentos tiveram intensa actividade. Mas, é preciso deixar bem claro que os alentejanos não estavam a defender apenas uma causa, mas antes quatro causas.

Podemos concluir, então, que os portugueses gostam de passar fins-de-semana no Alentejo, mas na hora de votar olham para o patriotismo local?

Sem dúvida. Temos o nosso público, que vem cá visitar-nos frequentemente, mas depois vota naquilo que é seu, elege o que lhe está mais próximo. As 7 Maravilhas de Portugal foi um jogo e, como tal, tem esta característica um bocado infantil.

Contesta os critérios utilizados?

Os critérios utilizados não tiveram nada de científico e foram baseados apenas na subjectividade. O evento não passou de um jogo, tal como sucedeu com a escolha do grande português que a RTP organizou.

Os quatro monumentos da região alentejana - Castelo de Marvão, Fortificações de Monsaraz, Paço Ducal de Vila Viçosa e Templo Romano de Évora - que se candidataram às 7 Maravilhas foram excessivos?

De facto, teríamos mais hipóteses se apenas um monumento fosse a concurso. No entanto, foi importante para o turismo da região ter quatro candidatos a concurso. Isto porque nos deram a possibilidade de trazermos até cá muitos órgãos de informação que falaram sobre nós, o que não acontece todos os dias. Essa foi a grande vantagem que permitiu fazer a promoção interna das nossas principais atracções.

É como tirar partido de uma derrota?

Não considero que não ter ficado entre os vencedores seja uma derrota, justamente porque a região do Alentejo passou a ser mais visitada e esses quatro locais ganharam maior visibilidade. Ainda hoje se fala de nós por causa das 7 Maravilhas.

Mas todos os monumentos que entraram neste concurso expuseram-se a comparações...

Acho que não, porque não tiveram nada a dizer na selecção que foi feita por um grupo que os meteu lá. Não é como o Egipto, que retirou as pirâmides porque tinham poucas possibilidades de vencer.

DN, 9-7-2007
 

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