29 janeiro, 2007

 

Do Pocinho a Barca de Alva


De comboio... Será desta ?



http://dn.sapo.pt/2007/01/27/artes/ferrovia_barca_alva_para_activar_tur.html

Ainda hoje não me perdoo o facto de, há mais de 30 anos, ter procrastinado sucessivamente e durante vários anos a promessa de que era então que iria finalmente conhecer o referido troço.

http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?art=761&rev=2&cat=380
http://www.bestanca.com/actividades/2004/CaminhadaAltoDouro/

E já que se festejam os 150 anos do caminho de ferro em Portugal, importa juntar algumas referências mais:

- a rede - http://www.refer.pt/
- os transportes - http://www.cp.pt/
- os imóveis - http://www.invesfer.pt/home/default.asp

Outros sites:
http://www.ocomboio.net/acesso.html
http://apac.cp.pt/

Finalmente, o percurso completo que espero poder em breve fazer não até Barca de Alva mas para lá da fronteira pelo menos a La Fregeneda:

http://www.geocities.com/coruja_das_torres/douro2003.html
http://www.douronet.pt/default.asp?id=63&mnu=63&ACT=5&content=83

Comments:
Linha do Douro entre o encanto e o abandono

Helena Teixeira da Silva, Artur Machado

Nem Mário Soares lhes valeu. Em meados de 1988, quando o então presidente da República, no rescaldo de uma vitória suada, visitava Barca d'Alva, terra de socialistas e de funcionários ferroviários, "o povo pediu-lhe que não acabasse com a Linha do Douro. Ele prometeu que não fechava, mas fechou". A primeira- dama, Maria Barroso, terá sido uma das últimas pessoas a fazer a viagem. O troço entre Pocinho e Barca d'Alva foi desactivado a 19 de Outubro desse ano. A data é dita de cor pelos funcionários.

"Foi um assalto. O inspector ligou-me a dizer que se a Comunicação Social viesse cá e me perguntasse alguma coisa, que eu não sabia de nada. Nesse dia, o comboio foi embora e já não voltou", recorda Luís Patrício, homem de 72 anos, ex-revisor de material, que haveria de esperar longos anos pela reforma.

Mais de 30 famílias, como a dele, saíram dali, destacadas para outras localidades. Cerca de 42 funcionários - maquinistas, revisores, condutores, guardas fiscais -, abandonaram a estação, que agora é habitada por ciganos. O tempo em que dezenas de vagões enchiam a ponte internacional - tractores, electrodomésticos e toda a maquinaria da indústria têxtil do Minho -, é recordado como o tempo em que foram felizes. "Havia aqui um movimento que ninguém imagina. Tínhamos a melhor estação do país, com polícia internacional e tudo. E o país inteiro vinha aqui só para comprar laranja, amêndoa, azeite".

"O que nos fizeram foi um crime", acentua António Messias que, desmotivado, pediu a reforma mais cedo. Chefiava a equipa de factores quando tudo acabou. "Já fomos felizes. Barca d'Alva já foi uma grande terra, mas quiseram dar cabo de tudo e conseguiram. Hoje, vivemos sem pernas".

Recentemente, no arranque das obras do Museu do Côa, Isabel Pires de Lima defendeu a reactivação da linha-férrea entre Pocinho e Barca d'Alva. Mas a intenção da ministra da Cultura, além de não suscitar "confiança" em terra de quem precisa "ver para crer", chega já demasiado tarde. "Até podem deitar fogo à linha; agora, tanto faz", diz a voz magoada de Messias.

"O comboio faz-nos tanta falta como o pão para a boca. Vivemos aqui enfiados sem termos onde nos distrair", juntam-se à conversa os 72 anos de Carlos Salgado. "Mas se querem que a linha seja só para os turistas, então bem podem ficar quietos. É como os barcos só anda neles quem dinheiro. E só andam no Verão. Nós vamos continuar aqui esquecidos", insiste. "Tão esquecidos que daqui a dez ou 15 anos a terra deixará de existir", reforça Patrício. "Ou alguém acredita que a CP vai aqui investir os milhões necessários? O problema não são as linhas; são as pontes". Serão as duas coisas: as linhas estão desdentadas e os pilares das pontes não oferecem segurança.

Foi o encerramento da linha que provocou a desertificação do Douro ou a imigração da região que levou à anulação da rede ferroviária? Em Figueira de Castelo Rodrigo, num café onde a única pessoa com menos de 25 anos é o proprietário, Nicolas Lage, não há dúvidas. "A culpa é do poder político que deixou ir tudo abaixo. No Verão, a população dobra. Mas os turistas vão dormir a Vegaterron, em Espanha, porque aqui não há hotéis".

O país vizinho terá percebido o sinal e já começou a fazer obras na sua parte da rede. "Estão a recuperar 80 quilómetros de linha; nós temos 28 e não fazemos nada". Revolta-se, mas não desiste. Em 1976, residiam ali três mil habitantes; hoje resistem 600. Nicolas diz que existem na freguesia cerca de 50 pessoas da idade dele. Se existem, não se vêem. Ele já foi embora várias vezes, mas voltou sempre. "Gosto disto e acredito que pode haver aqui futuro. O que puder fazer, farei", promete. Já faz num sítio onde "os horários de comboio não coincidem com nada", ele recolhe as receitas médicas da população inteira. Ali, a medicação é comprada no balcão do café.


Não é um milagre, mas é igualmente esmagador. A viagem pela linha do Douro, do Porto até ao Pocinho, parece uma passagem bíblica com o comboio a circular tranquilamente sobre a água. Mas a visão indescritível de uma paisagem que a mão humana mal tocou, poderá ter os dias contados. A possibilidade de a linha ficar interrompida na Régua está longe de ser só um boato. E, de resto, foi de um boato que nasceu o início do fim da linha que prolongava a experiência até Barca d'Alva. Enquanto existe, a única garantia é a de um passeio inesquecível.

JN, 18-2-2007
 
Região que reactivar ligação
entre Pocinho e Barca de Alva

A Comissão de Revitalização da Linha do Douro
anunciou a realização de uma convenção em defesa da
reabertura do troço ferroviário entre o Pocinho e Barca de
Alva.
O presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo,
António Edmundo, que integra a comissão, a convenção
terá lugar em Barca de Alva, no dia 9 de Dezembro, e terá
a participação das 28 autarquias envolvidas no projecto e
de diversas individualidades.
A reunião servirá, também, para alertar o Governo para os
problemas daquela zona do país, prejudicada pela supressão
da ligação ferroviária
O grupo de trabalho, liderado pelas autarquias de Figueira
de Castelo Rodrigo e Marco de Canavezes, defende a
reabertura do troço, considerando "a linha-férrea como
um factor de desenvolvimento fundamental para todo o
Vale do Douro".
A reactivação deste troço da linha, encerrado desde 1987,
assim como a respectiva ligação, do lado espanhol, até
Salamanca e Valladolid, e daí para o resto da Europa, são
as ideias defendidas pela comissão.

RRP1, 17-11-2007
 
Governo disponível para
financiar troço ferroviário

O Governo revelou estar disponível para financiar a
reabilitação da ligação ferroviária entre Pocinho e Barca de Alva.
A resposta já dada pelo ministro Mário Lino vai ao encontro
do solicitado pela Comissão de Revitalização da Linha do
Douro.
A reabertura do troço foi pedida por 28 municípios de seis
distritos, que exigem ao Primeiro-ministro vontade política
para avançar com a reabertura deste troço, e o ministro das
Obras Públicas afirmou que o Governo “está disponível” para
avaliar um projecto que deve ser apresentado pelos municípios
a provar que se trata de uma linha rentável, “com grande
procura e uma grande contribuição para o desenvolvimento
da região”.
Para Mário Lino, a parceria é possível desde que sejam os
municípios a assegurarem a exploração da linha, porque são
aqueles que “conhecem a região”, afirma.
O troço da linha ferroviária entre Pocinho e Barca de Alva,
com cerca de 28 quilómetros, está encerrado há 20 anos. A
Comissão de Revitalização da Linha do Douro reúne-se a 9 de
Dezembro para trabalhar em meios para reactivar o troço,
bem como, para estabelecer ligações até Salamanca e Valladolid, em Espanha.

RRP1, 27-11-2007
 
Autarcas aceitam responsabilidade na recuperação da Linha do Douro

HERNÂNI PEREIRA

As autarquias de Vila Nova de Foz Côa e de Figueira de Castelo Rodrigo admitiram ontem assumir responsabilidades na revitalização do troço da Linha do Douro entre Pocinho e Barca de Alva para fins turísticos. A reacção dos presidentes de câmara surge depois de o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, ter afirmado que, "se houver um projecto em que as câmaras queiram assumir a exploração dessa linha, nós estamos disponíveis para apoiar".

"Temos de encontrar forma de explorar a linha", disse o autarca de Foz Côa. Emílio Mesquita considera que pode ser feito por privados, autarquias ou por uma parceria entre ambas. "Há colegas autarcas que estão disponíveis para qualquer uma destas soluções", afirmou. Contudo, adiantou que pela forma como Mário Lino se referiu ao assunto "é uma maneira aceitável de passar a bola para os que a reivindicam". O autarca de Figueira de Castelo Rodrigo, António Edmundo, diz que "o primeiro passo é a recuperação da linha com fundos do quadro comunitário, aos quais a Refer se pode candidatar, e para a rentabilização deve abrir-se um concurso para privados". "Caso não apareçam, deve abrir-se uma parceria público-privada, com as autarquias a apoiar", defendeu.

Em Dezembro, a Comissão de Revitalização da Linha do Douro realiza uma convenção para alertar para os problemas da infra-estrutura e defender a reabertura do troço entre Pocinho e Barca de Alva.

DN, 28-11-2007
 
Linha Pocinho-Barca d'Alva pode custar 25 milhões

Estudo tem como objectivo essencial o turismo, mas pretende abarcar fins comerciais

EDUARDO PINTO

Recuperar o troço de 28 quilómetros da linha ferroviária do Douro, entre o Pocinho e Barca de Alva, vai custar entre 20 e 25 milhões de euros. Para manutenção e conservação serão necessários 700 mil euros anuais.

As contas foram apresentadas, ontem, em Figueira de Castelo Rodrigo, aos vários elementos da Comissão de Revitalização da Linha do Douro, pelo chefe de projecto da Estrutura de Missão do Douro, Ricardo Magalhães.

Este estudo configura a base de partida para um projecto que é considerado um "imperativo cultural" numa Região Demarcada que até tem duas zonas que são Património Mundial, com a chancela da Unesco: o Alto Douro Vinhateiro e o Parque Arqueológico do Vale do Côa. "Para além da paisagem há um traço (via férrea) que faz parte da região", justifica aquele responsável.

E se dos estudos à prática vai uma distância considerável, há neste momento, para além de muita vontade, um documento para se começar a trabalhar. Nele é indicado que vai ser necessário levantar e reconstruir toda a via-férrea; reabilitar toda a plataforma, bem como taludes, túneis e pontes; recuperar a estação de Barca de Alva e os apeadeiros do Côa, Castelo Melhor e Almendra; e assegurar os sistemas de drenagem e electrificação da via.

Portanto, muita coisa para fazer em 28 quilómetros de linha abandonados ao longo de duas décadas, sujeitos à degradação natural propiciada pelo abandono e, pior que isso, ao vandalismo. Dai que Ricardo Magalhães não estranhe os números ontem divulgados e que se justificam numa estrutura que terá de ser "segura e confortável", de modo a que permita "usufruiu em pleno de toda a paisagem única do Douro".

Conhecida a base de trabalho, está em cima da mesa a necessidade de haver cooperação com Espanha. É que a recuperação dos 78 quilómetros da via entre a fronteira com Portugal e a localidade de La Fuente de San Esteban, próximo de Salamanca, é uma das premissas para justificar a revitalização da linha em Portugal. Neste contexto, Ricardo Magalhães espera reunir-se, em breve, com responsáveis da Diputación de Salamanca e da Junta de Castilla e León.

A perspectiva é que um dia, "quando mais cedo melhor", o comboio possa voltar a apitar ao longo dos dois troços, pois numa escala de mais de 100 quilómetros, "a linha terá maior sustentabilidade e viabilidade", nota o chefe de projecto da Missão do Douro, lembrando que há iniciativas que têm juntado os dois países em projectos comuns, pelo que este poderá ser mais um.

No entanto, a prioridade vai para a reabilitação do troço português. "É o nosso desejo e é para isso que estamos a trabalhar", salienta Ricardo Magalhães que vai também marcar reuniões com os titulares do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, a Refer e a associação de municípios ribeirinhos.

Outra fase do projecto passa por identificar os agentes públicos e privados que podem vir a envolver-se na exploração da linha. Só depois será possível saber-se quando poderá custar a operacionalidade, já que primeiro é preciso definir se terá fins turísticos ou também poderá ser adaptada ao transporte comercial de passageiros e mercadorias.

Da parte do presidente Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte, Carlos Lage, existe o compromisso público de que há dinheiro para o projecto, no âmbito do Programa Operacional do Norte.

JN, 13-11-2008
 
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