05 fevereiro, 2007

 

Museu do Côa


Lançamento da primeira pedra

http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/20070126_museudearteetecnologiadovaledocoaarrancouhoje.htm

Isabel Pires de Lima, que, na sua primeira visita oficial ao Parque Arqueológico do Vale do Côa, em Março do ano passado, afirmou que o museu era uma prioridade para este Governo e que as obras deveriam arrancar no início de 2007, lançou a primeira pedra da instituição, que é esperada há mais de dez anos.
Está prevista a abertura ao público do museu, uma obra dos arquitectos Camilo Rebelo e Tiago Pimentel, em 2008.
Estima-se que o novo museu possa acolher 200 mil visitas anualmente.

http://www.ipa.min-cultura.pt/coa/pt/Misc/Museum_Catalog

O Parque Arqueológico do Vale do Côa recebe, neste momento, 14 mil visitas anuais de pessoas que procuram ver as gravuras rupestres descobertas há mais de uma década e classificadas em 1998 como Património Mundial da Humanidade.

http://www.ipa.min-cultura.pt/coa/

Comments:
Museu do Côa: a grande pedra entre uma paisagem intocada

A dupla de jovens arquitectos portuense Camilo Rebelo e Tiago Pimentel vai fazer o Museu do Côa a 170 metros de altitude, simulando uma "gigantesca pedra" de xisto, mas sem se demarcar demasiado da paisagem envolvente.

"Só quando chegamos perto é que percebemos tratar-se de um edifício. Ao longe não se distingue como tal. O problema de construção naquela paisagem obrigou-nos a fazer o museu como peça abstracta, enquanto instalação na paisagem", explicam ao DN os autores do projecto vencedor entre 42 concorrentes nacionais e estrangeiros.

Quando há três anos decidiu concorrer, a dupla de arquitectos passou muito tempo a analisar a topografia do local, propositadamente ainda em atelier, chegando mesmo a executar várias versões do projecto.

Mas quando os dois viram pela primeira vez com a paisagem esmagadora - que conjuga três vales, a foz do rio Côa e os dois "Douros", o vinhateiro e o internacional -, deparou-se-lhes a "evidência".

"O sítio disse que o museu só poderia ser ali. Foi o sítio que decidiu, impunha-se no cimo do monte", recordam os autores, que na terça-feira explicaram o projecto à população de Vila Nova de Foz Côa, durante a visita da ministra da Cultura ao local.

No futuro museu, o acesso será feito pelo topo do edifício, onde haverá um miradouro. "A primeira coisa que se verá é aquela vista panorâmica esmagadora e só depois desceremos para visitar o museu. A construção será como um palco."

O edifício, de nove metros de altura, que tem a forma de um triângulo deitado, será construído em betão com a textura e a cor do xisto, que abunda na região. Para isso vão imitar a técnica usada pelos especialistas do parque arqueológico para a reprodução da textura do xisto, recorrendo a moldes de silicone.

Com acessos rodoviário, pedonal, ou pelo rio, onde haverá um cais, o edifício será também utilizado como local de convívio (com destaque para restauração de qualidade), terá auditório e um espaço para o Parque Arqueológico do Vale do Côa. No museu haverá espaço para exposições permanentes e temporárias. A área total é de seis mil metros quadrados. "É um museu único e singular, uma pedra feita à medida do território e do conteúdo, que falará das gravuras classificadas como património da Humanidade."

A Câmara Municipal de Foz Côa comprou um barco para visitar as gravuras do rio e pensa-se no aluguer de burros para aceder aos locais emblemáticos. Há investidores turísticos que só apostarão quando o museu estiver em construção. Porque as promessas foram muitas, o que tem deixado, dizem, ao longo dos anos "a população deprimida".

DN, 15-3-2006
 
Escola de arte rupestre encontrada em Foz Côa

O maior especialista português em arte rupestre, António Martinho Baptista, coloca a hipótese de ter havido uma "escola de arte" no Parque Arqueológico do Vale do Côa.

Esta hipótese, que o historiador leva muito a sério, surge após a descoberta de placas de xisto gravadas, do tamanho da palma da mão, encontradas às dezenas no local do Fariseu.

"Ninguém sabe exactamente para que servem estas placas a que chamamos 'arte móvel'. Já eram conhecidas em locais de grutas. Tínhamos em Portugal duas ou três. Mas aqui achámos imensas, umas 65, todas no mesmo sítio. Porque estavam ali tantas acumuladas? Ou era um pequeno santuário onde se depositariam tipo 'ex-votos', ou seria uma pequena escola de belas artes do Paleolítico Superior, onde os artistas ensaiariam."

Muito inclinado para esta última teoria, Martinho Baptista vai explicá-la no seu próximo livro, em que dará conta dos últimos trabalhos arqueológicos desenvolvidos no local pelo Centro Nacional de Arte Rupestre. Uma teoria que confirma a visão do especialista sobre o legado dos homens do Paleolítico no Vale do Côa, entre 40 mil e 10 mil anos antes do momento que vivemos agora.

A trabalhar em Foz Côa desde que a grande descoberta foi anunciada ao mundo, o historiador classifica aquela extensão de rochas gravadas como um sistema organizado que tem de ser "lido" como quando se entra numa igreja. E com o enquadramento, ali, da paisagem. "Tal como as igrejas, por exemplo, têm pórtico, nave, etc, também o Vale do Côa está ordenado assim. E é pela arte que vamos descodificar isso. Não é por acaso que certas gravuras estão em determinadas rochas. E nem todos podiam ali desenhar."

Após dez anos de trabalho no terreno, muitas vezes à noite, ajudado por luzes rasantes nas rochas, a melhor forma de ver as gravuras, António Martinho Baptista compara todo aquele conjunto, paisagem incluída, com um enorme museu a céu aberto. "É como entrar num museu, ver a sala da Renascença, dos Impressionistas, do século XX... e há alguns surrealistas. Isto para explicar que o meu olhar, conhecedor dos estilos de arte pré-histórica, é um bocado como o olhar do crítico de arte que analisa um quadro segundo as técnicas. Quando olho para as gravuras percebo se são mais ou menos antigas."

Convicto que o Côa era um lugar para "iniciados" onde só era autorizado a gravar "quem era mesmo bom", o especialista diz-se "espantado" com a qualidade técnica e estilística de muitos dos artistas. "A beleza dos motivos revelam um traço hoje difícil de reproduzir. Nota-se um jogo de formas, que usa a convexidade das rochas para criar volumetria, e dar tridimensionalidade à gravura. E depois há tudo o que não se vê. A arte paleolítica é uma arte para iniciados. É tão para iniciados como a arte contemporânea. Nós, arqueólogos, chamamos 'grande arte' à arte paleolítica por oposição a toda a arte pré-histórica."

Mistério na rocha 24

Outro "grande achado" foi o das figuras humanas, encontradas na rocha 24, junto à foz da Ribeira de Piscos, uma revelação inesperada, já que ao longo destes anos só ali tinham registado uma figura humana. "São figuras raras no mundo da arte paleolítica. Uma das rochas tem 16 figuras, todas com formas estranhas, algumas com cabeças de animais. Pode considerar-se 'um grande achado' porque o homem paleolítico odiava retratar-se, era um tabu. Este trabalho, que praticamente ninguém conhece, é apenas um exemplo do muito que temos em Foz Côa."

A estimativa mais recente que o historiador realizou apontava para a existência de cinco mil gravuras, "em função do que conhecemos e do que calculamos estar debaixo de água". Nestes milhares de gravuras os arqueólogos sabem distinguir o traço das várias "gerações" de artistas que ali viveram.

Estas gravuras vieram criar um "novo paradigma" na arqueologia europeia. "Pensava-se que a arte nas grutas era exclusiva, mas Foz Côa fez com que retirássemos a arte paleolítica dos espaços interiores."

DN, 18-3-2006
 
Espanhóis a postos para tirar partido de Foz Côa

Leonor Figueiredo Nuno Fox

Os espanhóis vizinhos de Foz Côa parecem estar mais interessados no desenvolvimento da região do que as autoridades nacionais. É pelo menos o que transparece das novidades além-fronteira.

O Senado espanhol aprovou por unanimidade a reabertura da via- -férrea que ligava Fuente de San Estevan a Barca de Alva, localidade onde terminava o comboio português que fazia ligação entre o Porto e Espanha.

A reabertura ainda está em processo legislativo, mas se foi o próprio Partido Socialista Espanhol a propor a recuperação da linha do comboio, tendo até conseguido um reforço de 500 mil euros para o investimento, deverá ser o primeiro a levantar o dedo para votar um "sim".

Do lado espanhol há 78 quilómetros de via-férrea para recuperar, enquanto do lado português são apenas 30, embora mais degradados desde que deixados ao deus-dará, quando, nos anos 80, a linha foi desmantelada de ambos os lados da fronteira com o argumento de que não havia tráfego. Uma decisão que deixou a região portuguesa sem comboio e com estradas como o IP5 e a Nacional 332. Além das fracas ligações rodoviárias. E dos milhões prometidos nos anos 90, pouco ali chegou.

Sonhos no vazio

As novidades de Espanha são seguidas atentamente pelo presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, um socialista que gostaria de tirar a terra "da depressão em que vive há dez anos", depois do pára-arranca e respectivas controvérsias, primeiro da barragem e depois do Museu de Foz Côa. Foram muitos anos em que Foz Côa ficou a sonhar no vazio.

Para Emílio Mesquita, a reactivação do comboio é fundamental. "Basta dizer que faz a ligação entre Salamanca e o Porto. Neste momento o término é no Pocinho."

O autarca lamenta a estagnação que continua a caracterizar Foz Côa, desde que foi alvoroçada em 1995 com a descoberta das gravuras do período mais antigo que se conhece do homem em Portugal, o Paleolítico Superior, que ocorreu há entre 30 mil e dez mil anos.

Promoção turística

Nessa altura os investidores chegaram-se àquela região, que ingenuamente "prometia" em curto espaço de tempo, perante tão importante descoberta, a chegada de algum turismo em massa. Mas as promessas não cumpridas (o museu chegou a ser anunciado várias vezes) espantaram os investidores e levaram Foz Côa ao esquecimento.

Enquanto isso, e sem a mesma riqueza patrimonial, os espanhóis decidem explorar a "sua" paisagem, que não tem a espectacularidade da "nossa", e decidem construir equipamento hoteleiro com capacidade para 300 camas. O projecto, que pretende explorar turisticamente as arribas do Douro Internacional e Foz Côa, fica mesmo ali à beira, a 12 quilómetros de Barca de Alva, na barragem de Saucelle.

Deste lado da fronteira, a oferta de camas não excede as cem em Vila Nova de Foz Côa, visivelmente incapazes de vir a absorver, no presente e no futuro, as potencialidades turísticas proporcionadas pelo conjunto do Douro Internacional, Douro Vinhateiro e o Parque Arqueológico de Vale do Côa, declarado Património da Humanidade.

Está tudo à espera de um arranque. O presidente Emílio Mesquita defende ao DN que "o futuro museu, com todo o património da arte rupestre, é uma das peças do desenvolvimento da região do vale do Côa", para o qual estão "reservados 1,5 milhões de euros da Acção Integrada de Base Territorial. O destino desta verba, que inclui fundos comunitários, é a promoção turística da região, que envolve dez municípios, para publicações, sinalética e outro material. Mas tem um prazo de candidatura antes do final deste ano e terá de estar em execução em 2007".

É desta?

O anúncio da construção do Museu de Foz Côa para 2007, com a promessa da sua conclusão no ano seguinte, por parte da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, pode vir a dar o segundo pontapé de saída para a vila, cuja população continua desmoralizada.

A projecção de Foz Côa nos mapas internacionais o que deu até agora à vila? Foi criado o Parque Arqueo- lógico do Vale do Côa, instalaram-se ali arqueólogos e equipas especializadas e abriram mais restaurantes. E pouco mais. A expectativa da população foi tão grande, na altura, que esperava em curto espaço de tempo, atingir um número de turistas muito significativo. Mas não. Os portugueses e estrangeiros que aparecem anualmente no parque não excedem os 14 mil.

Dn, 1-4-2006
 
Passei por lá ontem e é confrangedor perceber que é difícil encontrar alguém que seja capaz de indicar o caminho, por exemplo, para a velha estação do Côa.

Quanto ao museu...
Depois de, à distância, ter ficado com a ideia de que só poderia ser determinada movimentação no terreno,duvidei... Tudo parecia demasiado curto em dimensão!

Virei-me para um distante brilho que, mais parecendo um enorme depósito no alto do monte, estrategicamente colocado e com presumível fabulosa vista me serviu de alvo à fotográfica recordação.
Satisfeito com o documento mas pouco convicto, até porque não divisava caminho que aí levasse, regressava, montanha acima, quando vi o que, pela grandiosidade e implantação estratégica, poderia se uma alternativa ao primeiro achado.
Mais dúvidas...Até que uma pastora e os seus pequenos, relativos conhecedores dos arredores, me certificaram que o primeiro lugar, ainda com as bandeiras da inauguração, era de facto o esquisso do dito museu e as restantes e enganadoras construções, frutos de algum empreeendedorismo exacerbado, os alvos a abater pela "sombra" causada a tão importante emblema da cultura universal e à paisagem do património mundial em que se insere!

Enfim, um pequeno desvio para justificar os 700 quilómetros finais em que já nem amendoeiras em flôr havia, nem os belos olivais do vale da Sapinha já lavrados...
Será que as azeitonas compradas justificam tal gesta?
Ou vou ter que me contentar com a eterna beleza dos lugares ao abandono por que passei ?
 
BESTIÁRIO PALEOLÍTICO VOLTA À LUZ

FRANCISCO MANGAS

No final do mês rocha fica outra vez submersa
O elegante cavalo de duas cabeças, o auroque, os veados, cabras, e outras espécies do bestiário paleolítico, gravados há mais de 15 mil anos na rocha nº 1 do sítio do Fariseu, submersos nas águas da barragem Pocinho, vão entrar no futuro museu do Côa. Sabem nadar, afinal, estas gravuras. Mas não voam: é uma réplica da rocha que seguirá viagem, à procura do novo abrigo.

Em 1999 quando foi descoberta a rocha nº1 do sítio do Fariseu, após a descida das águas da barragem, os arqueólogos anunciavam um dos mais importantes achados do Vale do Côa. No painel de xisto, submerso durante anos, irrompiam dezenas de gravuras de grande beleza. Mas o mais surpreendente surgia durante as escavações: junto à rocha aparecem vestígios de habitat humano.

Pela primeira vez, no imenso Vale do Côa, Património da Humanidade, o homem pré-histórico e o seu imaginário artístico (as gravuras e placas de arte móvel) são encontrados no mesmo local. Fica a saber-se, a partir dessa altura, que a história do Côa é ainda mais remota.

Breve a alegria da descoberta. Quinze dias depois, a equipa de arqueólogos dirigida por António Martinho Baptista envolvia a rocha com uma tela a branca, para a proteger, e volta a aterrar as valas de prospecção em redor. Pouco depois, as águas da barragem do Pocinho subiam e sepultavam as gravuras.

Há dois anos, lembra António Marinho Baptista, a barragem voltou a descer e foi possível continuar por alguns dias as escavações no sítio do Fariseu. Agora, porque se trata de uma das quatros painéis que vão aparecer no Museu de Arte e Arqueologia do Côa, em construção na foz deste rio, a EDP baixou o nível da barragem para ser feita a réplica da rocha.

Desde a semana passada, e até ao final do mês, a equipa do Parque Arqueológico do Côa, composta por onze elementos, continua as escavações no local e volta retirar a terra em redor da rocha de xisto, que tem cerca de cinco metros quadrados. "Para além da beleza artística das gravuras", diz António Marinho Baptista, a rocha do Fariseu "é a única" em todo o Vale do Côa "onde existe um relação directa entre as gravuras e camadas arqueológicas que que a selavam". Por essa razão, em forma de réplica, integrará o espólio artístico do Museu do Côa, que deverá ficar concluído durante o verão do próximo ano.

Além da réplica de rocha, que contém cerca de uma centena de gravuras sobrepostas, com mais de 15 mil anos, o sítio de Fariseu - que ficará de novo submerso a partir do final do mês - terá ainda em exposição algumas das placas de arte móvel: pequenas pedras gravadas, que apresentam mesma marca artística encontrada nas rochas do vale.

DN, 21-11-2007
 
Réplica da rocha do Fariseu vai ser construída em Espanha

FRANCISCO MANGAS

É um dos quatro painéis duplicados a expor no futuro Museu do Côa
A rocha do sítio do Fariseu, no Vale do Côa, que voltou a emergir após a descida controlada do nível da água da barragem do Pocinho, terá a sua réplica concluída em Março do próximo ano. Pela importância estética, e por conter gravada quase todas as espécies do bestiário paleolítico, será uma das quatro réplicas da exposição permanente do Museu do Côa, com abertura anunciada para final de 2008.

Como o DN noticiou, é uma empresa espanhola, a Tragacanto, que está a executar, desde a passada sexta-feira, o levantamento do painel rupestre, através de um scanner laser para o registo metódico e em profundidade de toda a área a replicar.

Após o levantamento, refere Cármen Gonzalo, responsável da empresa, que fez trabalhos idênticos na Gruta de Altamira (Espanha), os dados recolhidos serão tratados nas instalações da Tragacanto: aí será construída uma réplica em resina mineralizada que reproduzirá fielmente as texturas minerais do original. "Fazemos uma pedra artificial de características similares à original."

As restantes réplicas são de menor dimensão: a rocha 11 da Canada do Inferno, a rocha 3 da Quinta da Barca e a rocha 16 no sítio do Vale José Esteves. A rocha da Fariseu, com cinco metros quadrados, preserva mais de 80 gravuras paleolíticas: cavalos, auroques, cabras e os primeiros exemplares de camurças descobertos no vale do Côa. O trabalho a decorrer até ao fim do mês na Fariseu, margem esquerda do Côa, é possível com a descida do nível da água da barragem do Pocinho. A operação foi acordada com a EDP.

Com Lusa

DN, 25-11-2007
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?