21 março, 2007

 

21 de Março


Equinócio da Primavera

http://pt.wikipedia.org/wiki/Equin%C3%B3cio


Comments:
Solstício de Verão celebrado em templo solar

Eduardo Pinto

A entrada do Verão foi ontem solenemente comemorada junto à Pedra do Solstício, situada nas imediações da freguesia de Chãs, Vila Nova de Foz Côa. Eram precisamente 20.45 horas quando o Sol pousou os seus últimos raios do dia na crista de uma pedra esférica com três metros de diâmetro, em perfeito alinhamento com uma cavidade próxima, na laje que serve de base à pedra, e que antigamente terá servido para o sacrifício de animais em honra ao Astro-rei.

Vestidos com túnicas brancas, um grupo de participantes marcou o momento tal como os antigos rituais Druidas de Stonehenge, em Inglaterra. Nem os cordeiros para o sacrifício faltaram, embora a seguir à festa tenham sido devolvidos ao rebanho.

"Agora ninguém fala, o momento está a chegar", avisava o promotor da iniciativa, Jorge Trabulo Marques. Largas centenas de curiosos amontoavam-se à volta do santuário do Sol. Procuravam o melhor lugar para ver o tal momento. "Vim de propósito para ver isto e não se consegue lugar", protestava um habitante de Foz Côa, que não conseguia alinhar-se com a Pedra do Solstício e a poça dos sacrifícios.

"De facto, não é fácil toda a gente ver o alinhamento na perfeição", explicava Jorge Marques, sublinhando a necessidade de o momento ser apreciado em "silêncio e introspecção".

"Não sei o que vim aqui fazer", lamentava-se Serafina Saraiva, 77 anos, que "estava a contar com outra coisa". Já Odete Marques, 68 anos, achou "bonito". É da terra, mas "não sabia que esta pedra tinha este significado". Até vai aguardar a vinda dos dois filhos que vivem em Lisboa para lhes mostrar a dita Pedra do Solstício. E também lhes mostrará a outra rocha chamada de "Cabeleira de Nossa Senhora", onde se celebram os Equinócios.

O promotor da iniciativa valorizou ontem o empenho da Junta de Freguesia das Chãs que, tal como prometido na celebração do Equinócio de Primavera, arranjou os caminhos que levam ao lugar dos Tambores, de modo a que seja possível ir de carro ver as famosas pedras.

Claro que, refere, a ideia "não é transformar o local numa zona de piqueniques", pois as pessoas devem olhar para ela como uma área onde "os povos pré-célticos e celtas celebravam o seu culto ao Sol". Segundo o estudioso, era junto àquelas pedras que aqueles povos "faziam as suas orações". "Bastavam-lhe estes monumentos naturais, não tinham necessidade de construir templos", completou.

Curiosamente, com os caminhos em bom estado, alguns dos presentes combinavam no final da festa de ontem novo encontro para Setembro, para o dia em que se celebrará o Equinócio de Outono.

Em vários países do Mundo, o solstício de Verão é celebrado com danças e cânticos junto de monumentos pré-históricos. No Reino Unido e no México, milhares de pessoas aguardam em festa durante toda a noite a chegada dos primeiros raios de sol.

Em torno do monumento megalítico de Stonehenge, no Reino Unido, reuniram-se cerca de 17 mil pessoas, onde durante toda a noite dançaram e cantaram, como preparação para os primeiros raios de sol da nova estação do ano, que receberam com euforia, classificando o momento de espectacular.

Eram 4,58 horas quando o sol surgiu sob a pedra "Heel", a mais famosa daquele conjunto pré-histórico, culminando assim uma noite de festa.

No México, as comemorações do solstício de Verão também reúnem milhares de pessoas em torno de Teotihucán, outro emblemático monumento pré-histórico.

O início do Verão coincide com o dia com o maior número de horas de luz de todo o ano e esta é a estação mais longa, dura até 23 de Setembro, data que marca a chegada do Outono.

Durante o Verão, ainda se vai registar um eclipse do sol, que está previsto para 22 de Setembro, fenómeno também festejado.

JN, 21-3-2007
 
Um dia igual à noite

Eduardo Pinto

Equinócio da Primavera foi observado no Lugar dos Tambores, com os primeiros raios solares atravessaram a pedra da Nossa Senhora da Cabeleira.

Ainda não eram 7 horas da manhã e já José Diogo, 75 anos, e a mulher, Albertina Domingues, 76, estavam a postos para contemplar o nascer do Sol no Lugar dos Tambores, nas Chãs, Vila Nova de Foz Côa. A alvorada de ontem era diferente das habituais, não só porque começava a Primavera, mas sobretudo porque no local havia festa. A celebração do Equinócio. "Vieram uns familiares de Lisboa ver isto e nós viemos também", justificaram.

Mais de duas dezenas de pessoas desafiaram as temperaturas negativas, para não perder um momento considerado "único e de grande beleza", nas palavras de Jorge Trabulo Marques, organizador do cerimonial. Este ano, com a presença de 15 membros do movimento espiritualista Hare Krishna, que se deslocaram ali de vários pontos do país para, com os seus cânticos, dar mais emoção ao momento.

Ao contrário do ano passado, desta vez o mau tempo não atrapalhou. Cerca das 7.15 horas, os primeiros raios de Sol alinharam em perfeição com a abertura inferior da pedra conhecida por Cabeleira de Nossa Senhora. A imagem soberba concedida pela auréola de luz formada, entusiasmou ainda mais os cânticos dos Krishna, e o espanto de alguns dos presentes, perante o olhar pouco mais que indiferente de José Diogo e Albertina.

"Já conhecemos isto desde que tínhamos oito anos", apressa-se a justificar o septuagenário. Prossegue "A gente nem fazia grande caso disto". Sim, porque na altura havia mais com que se preocupar, fosse na sementeira do cereal para o pão ou do milho para os animais. "Havia pessoas que até dormiam por aqui para adiantarem serviço", lembram.

A iniciativa de Jorge Marques é vista por alguns populares como de "grande valor", mas também há quem não lhe atribua grande importância. "Então foste ver o Sol?" perguntava um morador a outro, junto a um café da localidade, cerca das 8 horas da manhã. "Era o que faltava!", respondia-lhe, tornando "Tenho mais que fazer. O Sol vejo-o eu todos os dias". Gostos não se discutem…

Vivência na filosofia Hare Krishna

O frio não permitiu que todos os Hare Krishna se apresentassem ontem com a indumentária branca usual neste tipo de cerimoniais, mas não descuraram a marca bege na fronte. Alegres, entoaram cânticos de louvor ao senhor "mantra", as vozes seguidas por instrumentos orientais.

Um dos participantes foi Fabiano Bolanho. Nasceu no Brasil e viveu 10 anos num mosteiro, como monge celibatário. Apesar de ter abandonado o cenóbio, não deixou de seguir a filosofia Hare Krishna - entrou na sociedade, constituiu família, mas continua a viver segundo os valores trazidos do mosteiro. "Podemos ter uma vida fora daquilo que é pré-fabricado", diz. Os Hare Krishna baseiam-se nas antigas tradições da Índia, adoptando uma vida simples, em harmonia com os seus valores espirituais e com a Terra. São vegetarianos, não fumam, nem bebem. São contra as drogas e jogos de azar, e o sexo só é aceite para fins de procriação. Deitam-se e levantam-se muito cedo. Tomam banho em água fria, pois crêem que assim obtêm a purificação. O autoconhecimento, o desapego e a renúncia do desejo físicos são outros valores destes elementos.

JN, 22-3-2007
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?