27 março, 2007

 

27 de março


Dia nacional do dador de sangue

http://www.ipsangue.org/

http://dre.pt/pdf1sdip/2007/07/14300/0477704780.PDF
http://dre.pt/pdf1sdip/2007/07/14400/0480204803.PDF

http://www.rr.pt./PopUpMedia.Aspx?&FileTypeId=1&FileId=413187&contentid=241543

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Dia do Dador de Sangue

Dar nunca é demais

Temos dos sangues mais seguros, da melhor qualidade,
somos auto suficientes, mas precisamos de mais. É a convicção
do presidente do Instituto Português do Sangue
(IPS,IP) no Dia Nacional do Dador de Sangue.
Gabriel Olim congratula-se pelas mil doações diárias de sangue
e pelo facto de Portugal ser, nesta altura, autosuficiente
em matéria de sangue, mas refere que é preciso
que mais gente dê porque os tratamentos são cada vez mais
sofisticados. “Há cada vez tratamentos mais sofisticados em
que é necessário sangue para que o doente possa suportar os
tratamentos que lhe são aplicados”, explica.
Outro aspecto a salientar para Gabriel Olim, neste Dia Nacional
do Dador de Sangue é o aumento da segurança e da excelência
do sangue doado pelos portugueses. “Não tenho dúvida
nenhuma em afirmar que o sangue que é produzido no
Instituto Português do Sangue corresponde aos mais elevados
padrões exigíveis a nível mundial, porque não só fazemos
todos os testes obrigatórios, como ainda fazemos alguns testes
que – não sendo obrigatórios - consideramos que contribuem
também para a segurança. E, por isso, podemos dizer
que o nosso sangue é de excelente qualidade”, considera o
presidente do IPS, IP.
Para Bruno Duarte, de 28 anos, dar sangue é já um hábito
com 10 anos, mas que começou por uma brincadeira de tropa,
quando foi prometido que cada dador de sangue teria
direito a dois dias de folga em casa, o que “foi um engano”.
“Mas comecei a habituar-me e sinto-me melhor depois de dar
sangue”, diz Bruno Duarte.
O Dia Nacional do Dador de Sangue é assinalado com uma
homenagem a todos os que partilham este líquido que salva
vidas numa cerimónia na Trofa, no quartel dos bombeiros
voluntários, esta tarde.

RRP1, 27-3-2007
 
Homossexuais continuam sem poder dar sangue

Fernanda Câncio

Amédica disse-me que os

homossexuais têm uma relação promíscua e que não valia a pena eu dizer que tenho um parceiro há mais de seis meses, porque isso é muito difícil. Também me disse que o sexo anal é muito duro, o que não acontece entre homens e mulheres. Não serviu de nada eu dizer que uso sempre preservativo." Tiago tem 18 anos e tentou dar sangue na semana passada, no Hospital de Santo António, no Porto. Não chegou sequer à fase da colheita: o facto de ter respondido afirmativamente à pergunta "Se é homem, teve sexo com homens?" determinou a sua exclusão.

Uma exclusão cujo fim foi anunciado em Março, ao DN, pelo presidente do Instituto Português de Sangue (IPS), Almeida Gonçalves: "A tendência actual é para uma igualdade de critérios para todas as orientações sexuais, há uma recapitulação em termos internacionais sobre a matéria." Especificando que a decisão nesse sentido havia sido tomada no final de 2005 e que havia já "mandado retirar" da página de Internet do IPS o "aviso" da exclusão da dádiva dos "homens que têm sexo com homens", Almeida Gonçalves admitiu mesmo que hoje, em Portugal e em quase todo o mundo, a principal via de transmissão de uma infecção como o HIV/sida é a do sexo heterossexual, entre mulheres e homens.

Esta alteração de perspectiva, no entanto, não passou ainda à prática. Um facto que o grupo parlamentar de Os Verdes denunciou recentemente, num requerimento ao ministro da Saúde solicitando esclarecimentos sobre os critérios em vigor para a selecção de dadores. Heloísa Apolónia, a deputada que assinou o requerimento, diz ter recebido uma queixa de um homossexual que tentou dar sangue e viu a dádiva recusada. "Fomos ao site do IPS e no manual que lá estava para técnicos de saúde continuava a exclusão dos homens que têm sexo com homens. Ou seja, a informação para os dadores mudou mas a para quem faz a selecção continua igual."

Após este requerimento de Os Verdes - o segundo que fazem a este propósito, pois em 2005 tinham já solicitado esclarecimentos ao ministro da Saúde sobre o critério de selecção de dadores -, Almeida Gonçalves disse ao DN ter mandado retirar da página do IPS o dito manual. Mas reconhece que não foi enviada informação aos serviços de sangue no sentido de alterarem os seus critérios. "Ainda continuamos a trabalhar com as regras anteriores." Procedimento que é justificado com o facto de o novo manual estar ainda em elaboração. Quanto às novas regras e à forma como serão afinal enquadrados "os homens que têm sexo com homens", Almeida Gonçalves é vago: "Não lhe sei responder. Não sei dizer se um homem ter sexo com homens, mesmo se for sexo protegido, é um comportamento de risco ou não. Não posso responder ainda a essa questão sobre o que é exactamente comportamento de risco."

DN, 23-5-2006
 
Dado um passo na produção de sangue universal

Ana Gerschenfeld

Os glóbulos vermelhos do sangue não são todos iguais. Em função de diferentes moléculas que apresentam, como verdadeiras antenas, à sua superfície, pertencem a um de quatro grandes grupos: A, B, AB ou O.

Estas letras aparentemente inócuas poderão fazer a diferença entre a vida e a morte se, por alguma razão, viermos a precisar de uma transfusão sanguínea. Isto porque alguns destes grupos sanguíneos são incompatíveis com outros, e a mistura de sangues incompatíveis pode provocar, no organismo do receptor de uma transfusão, graves reacções imunitárias - e inclusivamente, conduzir à sua morte. (Existe também um outro grande sistema de tipologia sanguínea, chamado Rhesus e designado por um "+" ou um "-", mas essa é outra história...).

Voltando às letras: há um tipo de glóbulos vermelhos que pode ser inoculado em qualquer pessoa sem provocar reacções potencialmente letais: o O. Por isso, o sangue de tipo O é o mais procurado quando não há sequer tempo para determinar o grupo sanguíneo de um doente que precisa urgentemente de uma boa dose de glóbulos vermelhos. E é também este o tipo de sangue que mais depressa se esgota quando acontecem desastres com muitos feridos a precisarem de levar transfusões.

Os glóbulos vermelhos dos diversos grupos distinguem-se uns dos outros através de pequenas moléculas de açúcar, chamadas "antigénios", presentes nas extremidades das suas antenas de superfície. Os glóbulos vermelhos dos grupos A e B têm obviamente antigénios diferentes, enquanto os do grupo AB têm, como a sua designação indica, antigénios de ambos os tipos (A e B). Já os glóbulos vermelhos de tipo O são desprovidos de tais antigénios, o que faz com que as suas antenas moleculares de superfície sejam inertes, por assim dizer, não suscitando qualquer reacção indesejável por parte do organismo dos receptores da transfusão. Em Portugal, segundo dados do Instituto Português do Sangue, 46,5 por cento da população pertence ao grupo A; 7,7 por cento ao B; 3,4 por cento ao AB; e 42,3 por cento ao O.

Apagar os grupos sanguíneos

Procura-se há muito maneiras de transformar qualquer sangue em sangue de tipo O, eliminando os bocadinhos de açúcar que distinguem os glóbulos vermelhos dos diversos grupos. O princípio é simples e foi vislumbrado pelo norte-americano Jack Goldstein nos anos 80: bastaria encontrar uma forma de retirar os incómodos bocadinhos de açúcar das extremidades das antenas dos glóbulos vermelhos, de forma a transformá-los todos em inócuas células do grupo O. Mais precisamente, bastaria descobrir uma ou várias enzimas - as enzimas são autênticas "tesouras" moleculares, capazes de cortar outras moléculas em sítios muito específicos - que cortassem apenas as pontinhas reactivas, deixando intacto o resto das células sanguíneas.

A dada altura, Goldstein descobriu uma substância, nos grãos de café, capaz justamente de transformar as células do grupo B em células do grupo O. Mas o mesmo não aconteceu com as do grupo A. Para mais, o processo era pouco eficiente, sendo precisas grandes quantidades da enzima para o realizar, explicam Henrik Clausen, da Universidade de Copenhaga, e os seus colegas, na última edição on-line da revista Nature Biotechnology. Agora, mais de 25 anos depois, estes cientistas deram finalmente mais um grande passo na obtenção de "glóbulos vermelhos universais", como eles próprios os designam no título do seu artigo.

O que Clausen os seus colegas de vários países (EUA, França, Suécia) fizeram foi procurar, entre cerca de 2500 bactérias e fungos, enzimas produzidas por esses microrganismos que conseguissem retirar os açúcares indesejáveis sem pôr em causa a integridade e a função dos glóbulos vermelhos. Por outro lado, era necessário que essas enzimas se revelassem eficazes mesmo em pequenas quantidades. E descobriram duas.

Os problemas ainda não estão todos resolvidos, dizem. Ainda será preciso testar não apenas a eficácia, mas sobretudo a inocuidade destes glóbulos vermelhos "todo-o-terreno" nos seres humanos. Mas, se se confirmarem as expectativas, as implicações serão imensas. "Ficamos à espera dos resultados dos ensaios clínicos com interesse", dizem por seu lado Geoff Daniels, do Instituto de Ciências da Transfusão de Bristol (Reino Unido), e Stephen Withers, da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), num artigo que acompanha a publicação dos resultados na mesma revista.

JP, 3-4-2007
 
Reserva de sangue tem 500 unidades em falta

CÉU NEVES e DIANA MENDES

As reservas de sangue do Instituto Português de Sangue (IPS) estão abaixo do nível de segurança. Gabriel Olim, o presidente do instituto, explicou ao DN que "faltam 500 unidades de sangue dos tipos A e 0 positivo" para que Portugal atinja o limiar de segurança, ou seja, um quinto das 2500 necessárias. O total de sacos destes dois tipos apenas responderia às necessidades de três dias, de acordo com os dados do consumo do ano anterior. O IPS apelou ontem à dádiva de sangue e frisou que não há razão para criar alarmismo, porque "os hospitais têm mais seis mil sacos nas suas reservas".

O responsável do instituto esclarece que se houver sangue para sete dias "é porque estamos num nível de segurança muito bom. Com quatro dias, já começa a ser perigoso, mas ninguém está em perigo por falta de sangue", assegura. Esta carência é uma situação "invulgar", uma vez que o IPS, que garante 60% do sangue necessário, chega a ter menos sacos do que algumas unidades hospitalares.

A maioria dos hospitais é auto-suficiente, mas nem sempre conseguem garantir as quantidades exigidas para as suas necessidades. Foi o caso do Hospital de São João, no Porto, que, na semana passada, teve de recorrer ao Hospital de Santo António na mesma cidade. "Temos a nossa reserva e que dá para fornecer aos outros hospitais, o que já tem acontecido. E já o comunicámos ao IPS", garantiu ao DN Manuel Campos, o responsável pelo Serviço de Sangue do Santo António. A reserva actual da unidade hospitalar é de 600 unidades de sangue do grupo A e O.

O Hospital de S. José, em Lisboa, é outro dos estabelecimentos hospitalares que tem tido dificuldades em repor as quantidades de que necessitam os seus doentes, segundo apurou o DN.

É precisamente em Janeiro e em Agosto que as reservas tendem a cair e o que se está a passar não é uma situação nova. "Há muitas pessoas constipadas, com gripe, ou a tomar medicamentos, pelo que não podem dar sangue". A isto juntou-se o período das festas, férias escolares e a redução de actividades das empresas, instituições muito dinâmicas na colheita.

Tipos de sangue mais invulgares, como os AB, permanecem em alta. Apesar de haver menos pessoas com estes tipos, há também menos pedidos. Portugal nunca teve de recorrer a reservas de sangue de outros países, o que torna os portugueses auto-suficientes. "Precisamos de mil dádivas de sangue por dia, por isso, apelamos aos cidadãos para que dêem sangue", uma obrigação cívica e que não custa.

Hospitais estão a deixar de fazer colheita

Os hospitais garantem 40% das unidades de sangue anuais. Porém, são cada vez menos os que se dedicam à colheita de sangue e sobretudo à sua análise. "Desde 2000, 58 hospitais deixaram de o fazer", diz Gabriel Olim. A instituição está a negociar a gestão da colheita com as administrações hospitalares de forma a centralizar o processo. Alguns hospitais já deixaram de fazer brigadas no exterior". O futuro da colheita pode passar pela deslocação de técnicos do IPS aos hospitais, refere o responsável.

Um dos objectivos deste processo é reduzir os custos das análises aos produtos sanguíneos, muito elevados, e melhorar a gestão. Os hospitais, por outro lado, "apercebem-se que é cada vez mais difícil colher sangue e que nós temos meios e isso dá-lhes segurança". Curry Cabral, Egas Moniz, São Francisco Xavier e Santa Cruz são disso exemplos, já que vão desacelerar as colheitas até Março.

O IPS centraliza 60% das colheitas de sangue no País. Só em 2007 os centros regionais do instituto recolheram 206 641 unidades. As responsabilidades partilhadas dos três centros, centenas de associações de dadores e hospitais têm permitido aumentar as reservas todos os anos. Em 2003, por exemplo, o IPS contabilizou 149 mil unidades; em 2007, juntaram-se a estas mais de 50 mil. O necessário é estimado entre 360 a 400 mil unidades.

DN, 7-2-2008
 
Dia do Dador assinalado hoje

Portugal atingiu, o ano passado, a auto-suficiência em matéria de sangue, mas não foi ainda possível
constituir um banco de reserva.
Em Portugal são feitas, em média, mil doações diárias de sangue, mas, neste Dia Nacional do Dador, é deixado o apelo no sentido de aumentar as recolhas.

RRP1, 27-3-2007
 
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