13 março, 2007

 

Blogues


Algumas considerações

Está prestes a década da existência do fenómeno que embora cada vez mais popular ainda não tem consistência como "media".

O Sr. PGR considera-os até "uma vergonha"! Rejubilo com a notícia.



Estima-se que apenas 30% daqueles estejam em efectiva actividade.

Alguns favoritos:

http://www.gatofedorento.blogspot.com/
http://www.marretas.blogspot.com/
http://ciberjornalismo.com/pontomedia/
http://abrupto.blogspot.com/
http://doportugalprofundo.blogspot.com/
http://www.tubaraoesquilo.pt/

Actualização permanente:

http://weblog.com.pt/portal/blogometro/

Alguns americanos:

http://www.iraqslogger.com/
http://www.powerlineblog.com/
http://www.robotwisdom.com/

Outros rostos da blogosfera:

Vital Moreira e outros - http://www.causa-nossa.blogspot.com/

Joana Amaral Dias e outros - http://www.bichos-carpinteiros.blogspot.com/

Diversos outros:

http://www.blogsempt.blogspot.com/

http://www.viriatos.blogspot.com/

http://www.cidadesurpreendente.blogspot.com/

http://osblogues.blogspot.com/

http://mirandes.blogspot.com/

http://www.murcon.blogspot.com/

http://razao-tem-sempre-cliente.blogspot.com/

http://www.blogdodiadn.blogspot.com/

http://blogsearch.google.com/

http://jumento.blogspot.com/

http://o-pior-e-o-melhor-de-matosinhos.blogspot.com/

E o melhor é:

http://ak-bara.livejournal.com/

http://marcelotas.blog.uol.com.br/


Comments:
"Blogosfera e jornalismo devem complementar-se"

Ana Pago

É um mundo de informações e opinião que se abre à escrita rápida, à visão dos seus criadores, à crítica (ainda não espartilhada por critérios editoriais). A blogosfera revolucionou a forma de comunicar, dizem internautas e especialistas. "Já influenciou os media", reitera o jornalista blogueiro António Granado. E, se não é jornalismo - pelo menos não ainda, não no País -, uma e outro "podem e devem complementar-se", garante José Mário Silva, também ele jornalista e blogger.

São milhares os novos blogues que se multiplicam na Net, milhares as pessoas que assistem a debates sobre o assunto, citam passagens de cor e fazem da blogosfera parte integrante das suas vidas. Os blogues são a solução encontrada por quem gosta de escrever e não tem onde fazê-lo, tal como servem de extensão aos profissionais que sentem não esgotar o que têm a dizer nos espaços curtos dos jornais, rádios ou televisões.

"No ecossistema da informação do século XXI, instantânea, rápida e globalizante, há lugar para todos, em escalas diferentes", diz José Mário Silva, considerando que "seria bom que, em vez do actual parasitismo nos dois sentidos, se evoluísse para a simbiose". Mais crítico na apreciação da blogosfera - apesar de crer que a explosão de blogues "é um acontecimento importante na esfera pública" nacional -, Pacheco Pereira lamenta a fase "de grande pobreza" que os bloggers portugueses atravessam.

"Tudo é bom num país onde não há a tradição anglo-saxónica do confronto", desfere o autor do Abrupto, ele mesmo um mediatizador dos blogues pelo trabalho pioneiro de abrir a blogosfera à política. Pedro Mexia reconhece que o panorama em Portugal está longe do dos EUA (onde há gente que faz dos blogues profissão), mas prefere ver esta estagnação como um "refluxo" natural.

"Continua a haver crescimento de blogues, mas a sua taxa de mortalidade também é maior. E a moda passou após o pico de 2003: entrámos na fase da normalidade", resume o poeta que, a dada altura, mergulhou de cabeça no potencial da blogosfera. Se esta influencia o jornalismo?

Pode influenciar, "na medida em que os jornalistas lêem muitos blogues e estes chamam várias vezes a atenção para assuntos menos óbvios na marcação da agenda mediática". Tirando isso, ressalva Mexia, "os nossos blogues não são jornalismo. Estão longe, ainda, de atingir o estado de profissionalização que lhes permitirá ser considerados como tal".

Ficam-se, para já, com alguma contaminação de linguagem, algumas histórias avançadas em primeira mão sem a preocupação de rigor exigida aos media. Enquanto os blogues levam a classe a "enfrentar o feedback, a correcção factual, a opinião alternativa", os jornalistas (muitos deles bloggers) buscam informações e polémicas que depois usam, citando ou não a fonte.

Também as empresas - de comunicação ou não - perceberam o valor do blogue na comunicação. Em dez anos, o fenómeno democratizou-se, fortaleceu relações com trabalhadores e clientes. Hoje, são poucas as que não cultivam um espaço pessoal na blogosfera como prolongamento da sua actividade. É o caso do Sol, por exemplo, que nasceu como jornal já de olhos postos no blogue que faria.

Do digital para... o papel

Quando, em 1997, Dave Winer e Jorn Barger se estreavam num universo em ascensão, os blogues resumiam-se ao papel de diários, ao registo dos gostos dos criadores num trabalho de listagem de links que remetiam para outros endereços (as primeiras formas de interactividade). Desde então, a oferta abriu até aos cerca de 30 milhões de weblogues na Net. Aos espaços de reflexão política e cultural seguiram-se os de desporto, humor, sexo e outros, nascidos da imaginação dos cibernautas.

No final de 2004 o Barnabé ganhou forma de livro, seguindo a linha iniciada com O Meu Pipi e reforçada com o Fora do Mundo de Mexia. O jornalista Paulo Querido (criador do portal Weblog.com.pt) escrevia livros a "dar pistas" sobre a rede e a nova realidade bloguística. Em Março de 2006 o Blooker Prize, primeiro prémio literário para livros nascidos de blogues, anunciava a sua short list. A tendência de colar o digital ao papel confirmava-se. A blogosfera cresceu como mundo virtualmente infinito, a (re)descobrir até hoje.

DN, 26-2-2007, pág. 32
 
Tráfego nos blogues dos EUA cresceu 210% contra 9% dos 'sites' de jornais

Manuel Ricardo Ferreira,
em Nova Iorque

É voz corrente nos Estados Unidos que o Drudge Report comanda a agenda das redacções em todos os media - embora todos jurem a pés juntos que não. Se assim não é, pelo menos consultam-no amiúde...

Tendo começado como um blogue do jornalista Matt Drudge, o Report é hoje uma referência sintetizada que se está a passar no mundo, e particularmente nos Estados Unidos, num determinado instante, e foi ele que abriu caminho a que deste lado do Atlântico os blogues tenham passado de veículos de posições e pensamentos pessoais a instrumentos de difusão de notícias e pontos de vista políticos.

Se a ABC News tem como lema ser "o local onde mais americanos procuram notícias", as peças da sua secção de jornalismo de investigação, chefiada por Brian Ross, são postas no seu blogue, http/abc news.go.com/WNT/BrianRoss. Os jornalistas que cobrem a Casa Branca têm blogues próprios, a guerra do Iraque sempre teve blogues a relatá-la, mesmo antes de começar e da queda de Saddam Hussein.

O fenómeno teve um crescimento exponencial na imprensa cor-de-rosa. Como diz Michael Musto, cronista social do The Village Voice, "mudou dramaticamente o panorama da coscuvilhice, com os jornais diários a desunharem-se para acompanharem o imediatismo da Internet. Tudo o que é noticiável, e mesmo o que não é, aparece imediatamente na Web".

Emily Gould, editora do www.gauker.com, confessa que "mais de 50% dos conteúdos vêm dos blogues. Tradicionalmente, os cronistas de sociedade têm umas poucas fontes que cultivam, e nós também as temos, mas temos também toda a gente, e isso é assustador".

A Nielsen afirma que o tráfego dos blogues de notícias aumentou 210% no ano passado, enquanto o dos sites dos jornais aumentou apenas 9%. Daí se vê onde é procurada a informação. No entanto, na escola de jornalismo da Universidade de Nova Iorque, apenas 45% dos alunos dizem consultar blogues de notícias, em grande parte porque não os acham credíveis.

Mesmo os blogues partidários podem ser "infiltrados" por agentes provocadores, como descobriu o republicano conservador www.red-state.com. Apareceram neles comentários favoráveis a John McCain, que o responsável pelo blogue veio a descobrir terem sido lá postos por uma empresa de comunicação que trabalha para o candidato.

Tony Snow, o porta-voz da Casa Branca, diz que os blogues aproveitam "o que se diz na conferência de imprensa para apoiarem posições e pontos de vista políticos, adivinharem motivos e questionarem ou tirarem conclusões baseadas nos seus pontos de vista". Por essa razão, diz que "o conselho mais importante que se pode tirar disso é uma adaptação da frase clássica, não somente não devemos acreditar na nossa imprensa como também não devemos acreditar nos blogues da oposição".

DN, 26-2-2007, pág. 33
 
Blogues fazem 10 anos mas ainda não são um media

Maria João Espadinha

Dez anos depois do nascimento do primeiro blogue, esta já é uma ferramenta popular que faz parte da rotina de muitos portugueses. No entanto, o blogue não pode ser considerado um meio de comunicação, como jornais, rádio ou televisão, pois "ainda não tem consistência como tal", defende Paulo Querido, jornalista e criador do domínio weblog.com.pt.

Enquadramento é o que os blogues precisam para serem vistos como "meios de comunicação social", argumenta Carlos Coelho, especialista de gestão de marcas. "Um blogue traduz a opinião pessoal, um jornal é um agregador de opiniões", diz o especialista, acrescentado que nos EUA já "existem mecanismos de observação destas páginas, pois consideram que a opinião dos blogues tem mais influência do que a dos meios de comunicação".

Em Portugal, e à semelhança do que acontece no resto do mundo, assistiu-se a um "crescimento muito grande" na criação deste tipo de páginas durante os últimos anos, diz Paulo Querido. Mas depois do boom em que o número de blogues quase que duplicava todos os meses, assiste-se agora a um "abrandamento geral nas audiências". O que não significa que deixem de ter impacto nos portugueses, mas sim que já fazem parte do quotidiano, em parte graças aos próprios media. "Vários jornais criaram espaços próprios em que citam os blogues diariamente", salienta António Granado, jornalista do Público e outro autor da blogosfera.

Segundo Paulo Querido, apenas 30 a 45% de todos os blogues continuam activos, ou seja, são actualizados regularmente pelos seus autores. "Existem entre 50 a 60 mil blogues activos em Portugal", estima o jornalista. Muitas destas páginas são criadas com um objectivo específico, como por exemplo, "a campanha do referendo do aborto, em que nasceram variadíssimos blogues que hoje já não existem".

Existe, no entanto, outra explicação para o abrandamento do número de visitas a estas páginas, como explica António Granado. "O meu blogue é cada vez mais lido, apesar do número de visitas não ter aumentado, graças ao RSS". Esta tecnologia, utilizada principalmente em blogues e páginas noticiosas que actualizam o seu conteúdo regularmente, permite aos utilizadores inscrever-se nestes sites para receber actualizações. Desta forma, o internauta pode ser informado das novidades dos diversos sites sem ser necessário visitá-los um a um. "É uma forma de receber a informação dos blogues sem ir às páginas", resume o jornalista.

Blogues não fazem jornalismo

Ambos os jornalistas contactados pelo DN concordam que um blogue não funciona como ferramenta noticiosa. "Não há nenhum blogue que faça jornalismo", defende António Granado. "Um blogue e um jornal são coisas completamente distintas", salienta Paulo Querido.

Já Carlos Coelho acredita que estes são complementares. "A CNN, por exemplo, está a aumentar as suas fontes de informação através dos blogues, mas tem de filtrar a informação. Quem tem a credibilidade para noticiar é a CNN e não o blogue", conclui o especialista

DN, 5-4-2007, pág. 56
 
Um bloguista que quer fazer política

Jacinta Romão

A partir do Portugal Profundo, António Caldeira, o mais polémico dos bloguistas, lançou dúvidas sobre o título de "engenheiro" do primeiro-ministro e conseguiu pôr o PSD a exigir esclarecimentos sobre o título universitário de José Sócrates.

Professor no Politécnico de Santarém, Caldeira usa o blogue para denunciar políticos e acusar jornais e jornalistas no ciberespaço. Sobre aquilo que o motiva na tão profusa e densa escrita, António Caldeira não quer falar. Apenas tudo o que escreveu no blogue pode servir para retratar o perfil deste alcobacense, de 42 anos, que há mais de uma década se bate pelas suas ideias, em público, e não admite que estas não sejam as fundamentais - foram, pelo menos, para ganhar as causas que abraça, como o caso da elevação de Alcobaça ao estatuto de cidade.

"Sem descanso, mantém-se na luta: verdade, dignidade do Estado, autonomia do poder judicial face ao poder político, liberdade, democracia. Democracia directa. A IV República." Aqui está a resposta à pergunta sobre o que é que o faz correr, retirada do blogue. Seguem-se centenas de páginas, numa "obsessão" de denúncia comparável à que prosseguiu até elevar a vila a cidade. É assim que os seus amigos o caracterizam.

Um deles, Francisco André, contabilista de profissão e ligado a diversas actividades sociais e culturais, acompanhou-o naquela e noutras cruzadas. "É de grande fidelidade às coisas, muito ligado à família, honra-se de nunca ter mentido, de uma verticalidade que já não se usa." Assim o vê Francisco, que com ele esteve, com mais cinco amigos, na fundação da Associação para o Desenvolvimento da Região de Alcobaça e da Academia de Cultura, projectos posteriores à questão da cidade. Diz que foi "ele o ideólogo de tudo isso, mas está afastado de Alcobaça".

António mora numa zona retirada do centro da cidade, mas não é só em termos de residência que se afastou. "Há tempos disse-me que só vem a Alcobaça se ouvir o sino tocar e perceba que o mosteiro está a arder", conta Francisco, ao mesmo tempo que lamenta que "não aproveitem as suas capacidades". "Ele gostava de entrar na política. E já lhe tenho dito: se ficas à espera que te venham procurar, eles nunca o vão fazer", conta, focando que "ele é muito senhor das suas ideias e da sua palavra".

Num campo oposto, António Delgado, professor na Universidade da Beira Interior e numa outra, espanhola, sempre discordou dos pontos de vista de Caldeira.

Sublinha que não conhece António Caldeira pessoalmente, mas esteve sempre do outro lado da barricada, desde os movimentos de há dez anos, "em todas as iniciativas" que Caldeira defendeu para Alcobaça. "Sempre me deu a entender que tudo era uma questão de promoção pessoal, não em benefício de Alcobaça."

"Alguma coisa por detrás"

"Tinha alguma outra coisa que estava por detrás", afirma este "inimigo" do activo bloguista. Mas, diz o professor da Universidade da Beira Interior, "a minha animosidade é com as ideias". António Delgado acha que "aquilo que ele sempre fez não tem nada a ver com a realidade daquela terra".

DN, 23-3-2007, pág. 6
 
Já existem 72 milhões de blogues no mundo

Até ao final de Março foram criados 72 milhões de blogues em todo o mundo. Segundo o relatório State of the Live Web, ontem apresentado, os japoneses são os autores com o maior número de textos publicados nos seus espaços online.

Os dados, compilados pela empresa americana Technorati, revelam que entre Março de 2005 e Março de 2007, o número de blogues passou de oito milhões para 72 milhões. A moda dos diários pessoais online, que ganhou força há cerca de cinco anos, espalhou-se rapidamente por todo o mundo. Os bloguistas japoneses são hoje os mais prolíficos, logo seguidos dos ingleses e chineses.

A Technorati, que se dedica a estudar o desenvolvimento e evolução da blogosfera, concluiu ainda que nos países com regimes mais repressores também se registou um aumento do número de blogues. O Irão é um bom exemplo, com mais de 700 mil bloguistas.

Em 2007, todos os dias são criados 120 mil novos blogues; três a cada dois segundos. Em Março de 2005, eram criados 25 mil por dia.

David Sifry, fundador da Technorati, afirmou que, apesar de tudo, o crescimento da blogosfera abrandou, já não sendo o dobro todos os anos. Citado pela Lusa, Sifry explicou que esta taxa de crescimento pode estar errada, uma vez que existem plataformas em alguns países - como o Skyblog, em França - que não estão incluídas nas pesquisas da Technorati.

Para Ethan Zuckerman e Rebecca MacKinnon, fundadores da Global Voices Online, que monitoriza os conteúdos dos blogues, podem existir outras razões para este número não estar correcto. Entre elas, apontam as diferentes ferramentas e técnicas existentes em todo o mundo para fazer uma contagem do crescimento da blogosfera. Zuckerman e MacKinnon não desva- lorizam o trabalho da Technorati, mas acham que a empresa não consegue controlar todos os blogues. MacKinnon explicou que só na China estima-se, por exemplo, haver mais de 40 milhões de blogues e deu conta da explosão de blogues em língua não inglesa em 2006.

DN, 6-4-2007, pág. 64
 
Pioneiros da Net propõem código de conduta para blogues

Inês David Bastos

Deve a blogosfera auto-regulamentar-se? O americano Jimmy Wales, co-fundador da Wikipédia, e o irlandês Tim O'Reilly, criador da frase Web 2.0, defendem que sim. Os dois gurus da Net acabam de lançar uma proposta de criação de um código de conduta para blogues, composto por sete regras, que está a suscitar uma acesa discussão nos EUA. O objectivo, diz O´Reilly no seu site radar.oreilly.com, é tentar levar para a blogosfera o conceito de "civismo imposto" e pôr termo às "ofensas e comentários abusivos".

Os especialistas começam por aconselhar que os blogues tenham uma legenda deste tipo: "Isto é um fórum aberto, não sujeito a censura, mas se a discussão chegar ao ponto de insultos, os comentários são apagados". Esta é, aliás, uma das sete regras propostas. não aceitar comentários abusivos, como sejam ameaças, difamações, violações dos direitos de autor, da privacidade ou de confidencialidade.

O'Reilly e Wales propõem ainda que os donos de blogues não permitam comentários anónimos, ignorem ataques, só denunciem ou censurem pessoas depois de falarem com elas e que nunca escrevam o que não seriam capazes de dizer pessoalmente. "Não há qualquer razão para tolerarmos conversas na blogosfera que não tolerávamos na nossa sala de jantar", defende O´Reilly.

Criar regras "é espartilhar"

A tentativa de criar regras para a blogosfera não é nova. E acaba sempre por esbarrar nos que se opõem à auto-regulação deste tipo de páginas. "A blogosfera pressupõe área de liberdade plena, é essa a sua atracção, criar códigos de conduta é espartilhar", reagiu ao DN Carlos Abreu Amorim, do blogue Blasfémias. António Granado, do Ponto Media, concorda. "Cada blogue deve ter a sua própria maneira de se relacionar com o leitor. A credibilidade constrói-se ao longo do tempo. Para mim, não faz sentido banir comentários anónimos, por exemplo".

DN, 14-4-2007
 
A 'blogger' mais velha do mundo tem 95 anos

INÊS DAVID BASTOS

A blogger mais velha do mundo tem 95 anos, é a criadora do blogue amis.95.blogspot.com e acaba de ser nomeada para os prémios Best of Blogs (BOBs), na categoria de blogues em língua espanhola.

"Amigos da Internet, hoje cumpro 95 anos. Chamo-me María Amelia e nasci em Muxía ( na Galiza) a 23 de Dezembro de 1911. Espero poder escrever muito e contar-lhes as vivências de uma senhora de idade". Foi este o post colocado pela já famosa blogger no dia 23 de Dezembro de 2006. O dia em que começou essa viagem que foi tornar-se blogger. Aquele foi o primeiro de muitos artigos deixados no amis.95.

Numa época em que a maioria das pessoas da sua idade não sabe muito bem, ainda, o que é isso da Internet, María Amelia López é já uma aficcionada convicta.

Conversa com gente de todo o mundo - muitos de Portugal, um país que diz conhecer bem - conta as viagens que fez, deixa palavras de carinho aos netos (quase a única família que tem - foi, aliás, um neto que lhe deu a conhecer o mundo dos blogues), e deixa recados às senhoras da sua idade. Exortando-as a aderirem à Internet. "Não durmam! Peguem na Internet! Contem as vossas vidinhas...", escreveu María Amelia López em Setembro no amis.95.

A mais velha blogger do mundo (é tida como tal) aproveita também essa sua página virtual para defender os direitos dos trabalhadores e o socialismo.

Já recebeu uma carta do primeiro-ministro espanhol, José Luiz Zapatero, já recebeu homenagens de escritores, palavras agradecidas de trabalhadores e neste momento integra mesmo o grupo de dez finalistas do concurso Best of Blogs da televisão alemã Deutsche Welle.

O blogue de María Amelia López já recebeu mais de 450 mil visitas e por vezes chega a ter mais de 70 mil comentários a um post, enviados por pessoas dos quatro cantos do mundo. Sobretudo por pessoas da América Latina que elogiam o facto de uma senhora da sua idade manter tal jovialidade.

DN, 7-11-2007
 
Jornalista da Bielorrússia tem o melhor blogue

Foto-Griffoneurei, de uma jornalista da Bielorrússia, foi eleito o melhor blogue de 2007 na quarta edição dos prémios The Best of Blogs. Este evento, que distingue projectos na Internet, recebeu sete mil candidaturas de blogues, entre os quais 79 de Portugal, refere a Lusa.

Os vencedores desta edição foram anunciados na quinta-feira, numa cerimónia realizada no Museu das Comunicações de Berlim, organizado pelo canal alemão Deutsche Welle, em parceria com a organização Repórteres sem Fronteiras.

O júri deliberou que o blogue da jornalista Xenia Avimova, de 23 anos, que reúne fotos a preto e branco tiradas em Minsk, reproduz fielmente as impressões e perspectivas da autora, cumprindo a principal tarefa de um weblog, lê-se no site oficial dos prémios.

Outro prémio importante deste concurso foi o atribuído pela orga-nização Repórteres sem Frontei- ras ao blogue Jotman. Da autoria de um internauta que se tornou conhecido pela cobertura do golpe de Estado militar na Tailândia em 2006, o blogue acompanhou agora os protestos contra a Junta Militar na Birmânia.

Em língua portuguesa, participaram nesta corrida 599 blogues, sendo 79 concorrentes de Portugal e os restantes do Brasil. O prémio melhor blogue em português foi entregue ao brasileiro Marcelo Tas, pelo Blog do Tas, que cobre a política no Brasil com artigos humorísticos.

Sem surpresa, o prémio de melhor blogue espanhol foi concedido à já muito aplaudida bloguista mais idosa do mundo, Maria Amélia, uma espanhola de 95 anos, que criou com a ajuda do neto o A mis 95 años, para contar as suas experiências e alguns relatos do dia-a-dia.

Alive in Baghdad foi eleito o melhor videoblogue, produzido a partir do Iraque por uma equipa de correspondentes norte-americanos, com a colaboração de jornalistas locais. Esta página reúne re- latos pessoais de cidadãos iraquianos, filmagens de cenas do quotidiano e pequenas contribuições jornalísticas.

O júri escolheu ainda outros blogues, como, por exemplo, o melhor podcast, o alemão Die Gefühlskonserve, e o melhor prémio blogwurst, para o francês Little Galerie.

DN, 17-11-2007
 
China já tem 47 milhões de blogues, apesar da censura

Um quarto dos internautas chineses, 47 milhões de pessoas de um total de 180 milhões, já criaram blogues, mas só 36 por cento os actualizam, segundo um estudo publicado hoje pela agência estatal chinesa.

O estudo sobre a utilização de blogues, realizado pelo Centro de Informação da Rede de Internet na China, indica que houve um aumento do número de blogues em comparação com dados do ano passado, que apontavam a existência de 34 milhões de blogues e uma taxa de actualização de cerca de 30 por cento em Setembro de 2006.

Os dados do estudo divulgado hoje assinalam que a população da blogosfera ainda é reduzida relativamente ao total de habitantes, cerca de 3,6 por cento num país com 1.300 milhões de habitantes, mas que está a aumentar rapidamente desde que o primeiro blogue chinês foi registado em 2002.

De acordo com o relatório, 30 por cento dos autores de blogues na China são estudantes ou jovens em início de carreira profissional, com rendimentos inferiores a 500 renminbi (cerca de 47 euros), enquanto que 23 por cento recebem um salário entre 1.500 e 3.000 renminbi (entre 142 e 282 euros).??

Na China, os blogues converteram-se em importantes espaços de opinião num país onde os meios de comunicação estão fortemente controlados pelo Governo, embora Pequim continue a limitar a sua utilização.

As autoridades chinesas estão a considerar a possibilidade de pedir a todos os autores de blogues na China que se registem com o seu nome e apelidos reais, uma sugestão que já recebeu fortes protestos por parte da comunidade online.

Alguns dos blogues chineses encontram-se entre os mais visitados do mundo, como o que escreve a conhecida actriz e directora Xu Jinglei (blog.sina.com.cn/m/xujinglei), que já ocupou várias vezes o primeiro lugar do ranking.

Na China, a popularidade dos blogues está a crescer mas os fóruns de discussão e debate ainda são os locais preferidos para expressar opiniões sobre temas políticos e outros assuntos controversos.

Apesar da censura e do acesso dificultado a vários, o número de internautas chineses ultrapassou já os 123 milhões, o que torna a China no segundo maior país do mundo em termos de utilizadores de Internet, a seguir aos Estados Unidos da América.

O Governo chinês mantém uma posição ambígua em relação ao uso da Internet no país, encarando a rede como um motor de crescimento económico mas receando o seu potencial para colocar em causa o regime de partido único.

Nos últimos anos, a China tem aumentado o controlo do conteúdo na Internet, numa luta contra o que as autoridades consideram ser «influências negativas» sobre a população e os mais jovens, em particular.

Só em 2005, as autoridades chinesas ordenaram o encerramento de mais de duas mil páginas na Internet por considerarem que o conteúdo publicado era «impróprio», de acordo com notícias divulgadas pela imprensa chinesa.

As autoridades encerraram as páginas onde descobriram conteúdo «insalubre», uma palavra utilizada para definir páginas que contivessem assuntos religiosos e políticos polémicos, bem como excesso de violência e pornografia.

Em 2006, após um bloqueio de mais de um ano, a China desbloqueou o acesso à versão chinesa da Wikipedia em Novembro do ano passado, a enciclopédia na Internet de autoria colectiva. O site funcionou com censura a palavras específicas que Pequim considera indesejáveis, tais como «Tibete» ou Chen Fengxiang, o líder do «Falun Gong», o grupo religioso banido pelo governo chinês.

Cerca de um mês depois, a Wikipedia voltou a ser bloqueada.

Pequim bloqueou também durante anos o servidor de blogues Blogspot, tendo em Agosto de 2006 levantado o bloqueio, que voltou a entrar em força passados cerca de dois meses. Actualmente, o acesso ao Blogspot encontra-se activo com restrições.

O Google, motor de busca na Internet, aceitou em Janeiro de 2006 as regras de censura impostas por Pequim para poder iniciar um novo serviço em chinês. O www.google.cn não disponibiliza o serviço de e-mail, de mensagens instantâneas e de blogues, para além de auto-censurar buscas por palavras como «independência de Taiwan», «independência do Tibete», ou a seita religiosa Falun Gong, para cumprir as regras da censura chinesa.

Diário Digital / Lusa 27-12-2007
 
O melhor bloguista lusófono

JOSÉ MÁRIO SILVA

Quando os prémios BOB (Best of the Blogs) de 2007 foram anunciados no portal online da emissora Deutsche Welle, a 15 de Novembro, Marcelo Tas encontrava-se em trânsito, vindo de Manaus, onde apresentara a cerimónia de encerramento do Amazonas Film Festival. A boa nova de que o seu popular Blog do Tas - morada: marcelotas.blog.uol.com.br - vencera, e logo em duas categorias, depressa lhe chegou por outra via. Além de arrebatar o título de melhor blogue em língua portuguesa, num lote de dez finalistas (entre os quais Alexandre Soares Silva, um dos mais admirados pela ausente lusoblogosfera), venceu o "prémio do público", ao reunir o maior número de votos expressos pelos internautas. O júri, esse, decidiu atribuir o título de melhor blogue absoluto a Foto-Griffoneurei, de uma jornalista bielorussa de 23 anos.

Numa conversa com o DN, por e-mail, o autor do Blog do Tas (considerado o melhor do Brasil em 2004 e 2005, pelo iBest) não escondeu a euforia. "A importância deste prémio é do tamanho da Internet: imensa. Receber uma honraria dessas é uma dupla recompensa. Confirma-se alguma qualidade no trabalho; e amplia-se o contacto com o público. Nunca imaginei, por exemplo, que estaria agora a conceder uma entrevista a um jornal português."

Se tivermos em conta os comentários feitos por compatriotas no portal da Deutsche Welle, o triunfo de Tas é totalmente merecido. Há quem jure a pés juntos que o seu blogue é um "espaço autêntico de cidadania" e um leitor mais entusiasta chega mesmo a sugerir, com a ironia típica de quem escreve e comenta na Internet, que ele se deve candidatar à presidência do Brasil.

Depois de ter criado um blogue quando era apresentador do programa Vitrine (TV Cultura), o momento de viragem deu-se quando o portal UOL o convidou para instalar ali o seu "pequeno blogue pessoal", em 2003. "O bichinho cresceu, virou um monstro, me devorou e hoje é o meu trabalho principal", assume Tas.

No meio da constelação de actividades que preenchem a sua vida, "o blogue é uma fricção instantânea de corações e mentes". E serve para quê? "Serve como um laboratório de experiências profissionais e até mesmo pessoais. É como uma panela vazia onde você coloca ingredientes e experimenta, com a participação de pessoas estranhas ao seu convívio, um novo tipo de culinária."

O poder deste meio tornou-se evidente esta semana, quando Tas flagrou um veículo da Prefeitura de São Paulo com matrícula de Curitiba (uma forma de fugir aos impostos), gerando imensa celeuma, centenas de comentários e desmentidos do próprio prefeito. "Dependendo do uso, o blogue pode ser uma ferramenta muito poderosa e divertida", resume Marcelo Tas, que admira Miguel Esteves Cardoso e garante não se achar merecedor do prémio BOB: "Peço perdão aos mestres blogueiros portugueses por esse deslize dos alemães."

DN, 1-12-2007
 
'Opinion-maker' febril e multimedia

Ele está literalmente em todo o lado: na televisão, na rádio, na imprensa, em debates sobre a TV digital (que chega ao Brasil já amanhã), em feiras literárias, na criação de videoinstalações, em festivais de cinema e, claro, na Internet. Marcelo Tas, o careca simpático que escreve com graça tanto sobre política como sobre futebol, ou outro tema qualquer, é o típico fazedor de opinião brasileiro: desempoeirado, atentíssimo às assimetrias do seu país, com opiniões fortes, mas também capaz de devaneios gratuitos ou fúteis.

A fama nacional chegou nos anos 80, quando criou na televisão um boneco, o repórter fictício Ernesto Varela, que abordava com perguntas difíceis e embaraçosas alguns dos maiores nomes da política brasileira. Para a lenda fica o dia em que perguntou na cara a Paulo Maluf, então deputado federal, se era corrupto como muita gente dizia. Maluf virou-lhe as costas, furioso.

A carreira televisiva continuou de vento em popa, com a participação em muitos programas de sucesso, como Rá-Tim-Bum (TV Cultura) e Telecurso 2000 (Rede Globo), prolongando-se agora na Internet, com uma série de reportagens e entrevistas (Bate-papo UOL) que só podem ser vistas online.

Embora se divida por muitas actividades paralelas, que abarcam ainda uma coluna no jornal O Estado de São Paulo, frequentes idas à rádio e até a criação de um jogo interactivo para o moderno Museu da Língua Portuguesa (em São Paulo), o centro nevrálgico da vida de Marcelo Tas é actualmente o seu blogue. Nas suas palavras: "O blogue é a segunda melhor forma de comunicação que existe. Só perde para o sexo. Por isso, apareço [no blogue] todos os dias. Ou melhor, quase todos os dias. Ou ainda melhor, às vezes mais de uma vez por dia. Já sexo, uma ou duas vezes por semana e olhe lá."

DN, 1-12-2007
 
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