12 abril, 2007

 

11 de Abril


Dia mundial da doença de Parkinson




http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Parkinson
http://www.hoops.pt/saude/parkinson.htm
www.parkinson.pt

Alguns dados:

- caracteriza-se pela destruição de células nervosas ( neurónios dopaminérgcos );
- os sintomas mais comuns são os tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos, alteração da marcha e equilíbrio;
- as causas ainda são desconhecidas mas aponta-se para factores genéticos que predisporiam e ambientais, associados a tóxinas;
- a idade média para a sintomatologia ronda os 60 anos mas está a aparecer em indivíduos cada vez mais novos;
- calcula-se que haja hoje em Portugal cerca de 20.000 doentes e que fruto da longevidade nos próximos 50 anos o seu número triplicará.

Comments:
Cirurgia restitui qualidade de vida a doentes de Parkinson

Joana de Belém

Luísa Mieiro sentiu-se "renascer" após ter sido sujeita ao tratamento cirúrgico do Parkinson. Antiga professora de educação física, tinha 40 anos quando lhe foi diagnosticada a doença, cujos sintomas controlou através de medicação durante 15 anos. A partir do momento em que a terapêutica deixou de fazer efeito, a sua vida tornou-se "comparável à de um prisioneiro num campo de concentração, esquelética, sem qualquer autonomia", conta o marido, António. Que diz agora, onze meses após o tratamento: "Já tinha esquecido que tinha a doença."

Luísa integra a lista de 62 doentes que, desde Outubro de 2002, foi operada no Hospital de São João, no Porto, unidade pioneira em Portugal neste tipo de tratamento - actualmente, faz-se também nos hospitais de Santo António, no Porto, nos hospitais da Universidade de Coimbra e no Santa Maria, em Lisboa -, que ontem convidou os seus pacientes para assinalar o dia Mundial da Doença de Parkinson.

A doença atinge cerca de 25 mil portugueses, mas apenas 5 a 10% reúnem os requisitos para a cirurgia, aplicável em casos em que a medicação não é capaz de controlar os sintomas da doença progressiva, provocando efeitos intoleráveis. "Um tratamento dispendioso", tendo em conta que a cirurgia custa cerca de 25 mil euros, mas que o director do Serviço de Neurologia do HSJ não considera cara: "A qualidade de vida muda de uma semana para a outra e há estudos que comprovam que o investimento é recuperado em quatro a cinco anos na poupança de medicamentos". Segundo Rui Vaz, um doente submetido à cirurgia reduz a medicação em 40 a 60% e há casos em que conseguem abdicar totalmente dos fármacos.

O médico lembra que se trata de um tratamento (colocação de um estimulador eléctrico em cada hemisfério cerebral ligado a uma bateria) e não da cura para o Parkinson, não impedindo a degeneração das células. As listas de espera são "imensas" (em 2007, o HSJ efectuou 18 cirurgias) e os entraves são o financiamento dos hospitais.

DN, 12-4-2007, pág. 25
 
Cirurgia funcional permite controlar doença de Parkinson

"Grande injustiça que não merecia" Virgínia Alves

Cerca de 25 mil portugueses sofrem da doença de Parkinson, cujo tratamento é médico, ou seja, com recurso a medicamentos. Porém, quando estes falham, o que acontece em cerca de 5 a 10% dos pacientes, a solução passa por uma intervenção cirúrgica, que não é a cura, mas sim uma redução dos efeitos da doença. Ontem, no Dia Internacional da Doença de Parkinson, o Hospital de S. João, no Porto, pioneiro nesta cirurgia em Portugal, reuniu 60 doentes, familiares e profissionais, marcando também os cinco anos da cirurgia.

Rui Vaz, o neurologista responsável pela unidade onde é realizada esta cirurgia funcional, revelou que por ano surgem cerca de 100 casos para esta abordagem, num total de 1500 novos doentes. "A cirurgia não se aplica a todos os pacientes, mas apenas aos que estão completamente incapacitados de qualquer tarefa do dia a dia e não respondem aos medicamentos".

Este tipo de cirurgia, que começou a ser experimentada na década de 1990 e autorizada em 2001, não cura o paciente, mas permite controlar as funções que estão alteradas. Isto é, a doença de Parkinson é uma degenerescência de um grupo de células nervosas que produzem uma determinada substância. A sua ausência provoca limitações nos pacientes.

A cirurgia consiste em colocar dois implantes nos hemisférios cerebrais, que estão ligados a uma bateria com capacidade para cinco anos. Desta forma o paciente recebe estímulos eléctricos que lhe permitem melhorar muito as suas capacidades.

Custos elevados

Rui Vaz admite que a cirurgia tem custos elevados "São 25 mil euros, o que é uma quantia razoável para as gestões dos hospitais, mas não é cara, porque vários estudos provam que em quatro a cinco anos esse valor é poupado em medicamentos".

Por outro lado, sublinhou o especialista, "não se pode falar de caro quando se tem em conta a qualidade de vida das pessoas, que muda drasticamente de uma semana para a outra. Por isso, é um investimento que deve ser feito".

Em Portugal esta operação é feita em quatro hospitais e Rui Vaz entende que não deve ser feita em todo o lado, "porque os resultados dependem muito da experiência".

No entanto, admite que a lista de espera é grande. "Temos tido abertura das administrações do S. João e no ano passado ultrapassamos a combinação prévia fazendo 18 operações. Este ano queremos atingir as 24 e a nossa meta é conseguir fazer três cirurgias por mês e em 2009 fazer uma por semana".

No S. João já foram operadas mais de 70 pessoas desde 2002.

Luísa Mieiro
Professora de Educação Física

"Fiz o diagnóstico a mim mesma. Tinha 40 anos e nem o médico queria acreditar por causa da idade. Mas os tremores existiam e não paravam mesmo em repouso. Depois foram 15 anos de evolução. Sentia que era uma grande injustiça, não o merecia". António, o marido, que começou a conversa a dizer que já não se lembrava da doença da mulher, recorda que no início, enquanto a terapêutica resultou a situação não era muito má, "mas depois... o caso mudou de figura . A única comparação que consigo fazer é com um prisioneiro de um campo de concentração. Estava esquelética, não tinha autonomia para nada. A vida passou a ser um inferno". Luísa estava a ser seguida em Coimbra, mas como lhe tinham dito que não tinha indicações para a cirurgia tentou a sua sorte em Espanha. "Quando se está aflito tenta-se tudo", contou. Mas, foi no Hospital de S. João que obteve a sua resposta. "Vim para o S. João porque uma amiga da minha irmã tinha sido aqui tratada", lembrou. "Fui operada em Maio do ano passado e a minha vida mudou radicalmente. Foi o mesmo que nascer outra vez. Quando me retiraram todos os tubos e o soro, fui capaz de subir para cima da cama sozinha, sem ajuda. E nem pensei no que estava a fazer, foi instintivo. Foi uma alegria que não tem explicação possível".

Diagnosticada aos 29 anos
Carlos Jordão
Empresário

Carlos, com 49 anos, pede ajuda à mulher, Isabel, para conseguir comunicar. Uma hemorragia durante a cirurgia provocou-lhe dificuldades na fala, mas isso não o impede de continuar a travar todas as batalhas contra a doença. Tinha 29 anos quando que foi diagnosticado Parkinson, após uma queda a jogar futebol. "Todo o lado esquerdo deixou de funcionar. Primeiro pensou-se numa lesão, mas verificou-se que não era", explicou. Durante dez anos conseguiu manter uma vida normal seguindo a terapêutica, a doença manteve-se estável. Mas, a partir dessa altura "a medicação deixou de fazer efeito, tinha muitos momentos off, ou total incapacidade para controlar os movimentos". Pesquisou na internet, e as respostas eram todas fora do país, em Portugal diziam que só dirigidas a pessoas mais velhas. Foi Grenoble, França, onde começaram a ser feitas estas cirurgias e daí entrou para o Hospital de S. João. Foi operado em Outubro de 2003. "A recuperação foi lenta, mas nunca desisti". Isabel lembra que contou sempre com a ajuda da família e amigos, "nunca deixamos de ir de férias, nem de sair. Os amigos com quem janta iam buscá-lo, mesmo quando tinha dificuldades em comer sozinho e isso foi importante". Carlos refere o site da associação, "onde se pode tirar dúvidas.

Site da associação

Em Portugal há uma associação de doentes de Parkinson - www.parkinson.pt - onde doentes e familiares podem obter algumas respostas e apoios.

Doença de Parkinson

É uma doença progressiva. O tratamento é feito com base em medicamentos, que não são comparticipados na totalidade pelo Estado. Não se conhece nenhum factor hereditário e tem maior incidência na população mais velha.

Operação

A cirurgia tem riscos, mas normalmente o tempo de internamento varia entre cinco a sete dias. Depois segue-se o acompanhamento por especialistas. Só os centros que garantam 65 a 75% de melhorias e o corte de 40 a 60% dos fármacos a podem realizar.

Critérios

O doente tem que ter menos de 70 anos, mais de cinco anos da doença, uma ressonância magnética que lhe permita a cirurgia, não esteja deteriorado intelectualmente e que esteja sempre mal.

JN, 12-4-2007
 
Combate a Parkinson avança com português

FILOMENA NAVES

Há muitas incógnitas sobre a doença de Parkinson - o que a causa ou quais são os mecanismos nela envolvidos -, mas um grupo de investigadores de Harvard, de que faz parte o português Tiago Outeiro, deu agora um novo passo para a compreensão dos seus mecanismos moleculares e para o desenvolvimento de uma futura droga para combater a doença.

O grupo desenvolveu um composto químico que, pela primeira vez, em testes laboratoriais, in vitro e em moscas do vinagre, demonstrou travar a morte das células afectadas na Parkinson. A descoberta é publicada hoje na revista Science.

"É um passo importante, porque nos permite agora trabalhar no desenvolvimento de uma droga capaz de atacar as próprias causas da doença", disse ao DN Tiago Outeiro, que não quis, no entanto, avançar prazos para a disponibilização de um futuro medicamento. "Queremos avançar rapidamente, mas há ainda muito trabalho pela frente, há muitos testes de segurança a fazer, é muito difícil avançar um prazo".

A investigação da equipa permitiu estabelecer pela primeira vez uma relação molecular entre os mecanismos do envelhecimento e os da própria doença, um avanço importante na compreensão desta patologia.

A doença de Parkinson resulta da morte progressiva de um grupo específico de células cerebrais, os neurónios dopaminérgicos, que se localizam numa região chamada substância negra, no interior do cérebro.

Os compostos químicos desenvolvidos pelo grupo - que já no ano passado tinham dado origem a um artigo na Science - demonstraram funcionar como protectores destes neurónios dopaminérgicos. "O que verificámos foi que eliminam a toxicidade da proteína que, nesta doença, se deposita nas células e provoca a sua morte", explica Tiago Outeiro.

O cientista português fez o trabalho em Harvard, onde estava há anos, mas regressou agora a Portugal, para aqui desenvolver, no Instituto de Medicina Molecular, a mesma linha de investigação.

DN, 22-6-2007
 
Proteína trava morte e regenera neurónios na doença de Parkinson

DIANA MENDES

Uma equipa finlandesa de investigadores descobriu uma proteína capaz de travar o processo degenerativo associado à doença de Parkinson. O "factor neurotrófico [proteína] travou a morte de neurónios e ainda regenerou alguns dos que já estavam lesados", afirmou ao DN um dos investigadores envolvidos, Mart Saarma. A linha de investigação publicada hoje na revista Nature abre caminho a novas terapêuticas.

A doença de Parkinson caracteriza-se por uma perda significativa de neurónios dopaminérgicos (situados no interior do cérebro, na chamada substância negra), "incapazes de se dividir e que controlam a coordenação e os nossos movimentos", explica Saarma, director do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Helsínquia. A sua morte não tem cura e a doença é detectada quando cerca de 70% destas células nervosas foram destruídas. É aí que se manifestam os primeiros sintomas.

Depois de se ter induzido a doença em ratinhos, através de injecção de uma toxina, e de em algumas semanas o rato ter apresentado sintomas da doença, "testámos a proteína e conseguimos que os ratos ficassem protegidos da doença. Ainda conseguimos restaurar alguns neurónios afectados", explica o investigador.

O factor CDNF, agora descoberto, "é muito antigo e foi encontrado em animais invertebrados (como vermes). Anteriomente, já tinha sido utilizado com sucesso um outro factor, mas acabou por revelar efeitos adversos. "Agora precisamos de fazer testes toxicológicos, aumentando a concentração da proteína, e depois passaremos aos testes em animais", afirma. Os testes clínicos surgirão após os testes em macacos, o que o investigador prevê que venha a acontecer "dentro de ano, ano e meio".

Actualmente, a doença afecta vinte mil portugueses e, perante o aumento da longevidade "prevê-se que os números tripliquem dentro de 50 anos", disse ao DN a neurologista Helena Coelho. Os casos de Parkinson de aparecimento tardio tendem a aumentar, bem como a prevalência da doença a partir dos 45, 50 anos", avança a presidente da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, Maria de Lurdes Gaudich.

Helena Coelho congratulou-se com o facto de haver mais uma via na investigação de Parkinson, mas lembrou que "a passagem para os humanos tem as suas dificuldades". O investigador Mart Saarma considera que a descoberta é promissora e que pode "travar parte do processo da doença, travando a morte de células. Actualmente, os fármacos ajudam os doentes a sentir-se melhor, mas não travam a doença". Segundo os investigadores da Finlândia e Estónia, a médio prazo será possível criar terapêuticas neuro-regenerativas e de restauro neurológico.

DN, 5-7-2007
 
Ratos com Parkinson tratados com êxito

Pesquisa prova conceito, dizem cientistas

A clonagem terapêutica, com a utilização de células estaminais (que dão origem a todas as que constituem dos diferentes tecidos) deu um novo e importante passo, com o tratamento bem sucedido da doença de Parkinson pela primeira vez em ratinhos. Os investigadores que realizaram a pesquisa estão entusiasmados e acreditam que "esta é a prova do conceito" e um ponto de partida para novos desenvolvimentos. O estudo, publicado na Nature Medicine, foi realizado por uma equipa do instituto Sloan-Kettering, em Nova Iorque.

A doença de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa, em que a região cerebral que controla os movimentos musculares é afectada por morte neuronal, dando origem à condição do doente.

No estudo agora publicado, a equipa liderada por Lorenz Studer produziu uma condição semelhante em ratinhos, ministrando-lhes uma droga que causou a morte de células neuronais que produzem um neurotransmissor chamado dopamina. Isso causou nos ratos uma patologia idêntica à doença de Parkinson.

Depois, por clonagem, produziram embriões a partir das células da pele desses mesmos ratinhos, e retiraram daqueles as células estaminais que eram geneticamente idênticas e, portanto, compatíveis com os respectivos dadores.

Em seguida, a equipa de Studer induziu em laboratório a diferenciação das células estaminais em células neuronais produtoras de dopamina, transplantando-as posteriormente para o cérebro dos ratinhos com Parkinson. E os resultados foram positivos. Simplificar a técnica é agora um dos objectivos. - F. N.

DN, 25-3-2008
 
Terapia celular reduz sintomas de Parkinson

Cientistas dos EUA utilizam método eticamente polémico

A terapia celular está a diminuir significativamente os sintomas da doença de Parkinson nos ratos. Segundo um estudo publicado esta semana nos Estados Unidos, investigadores do Instituto de Pesquisa Biomédica Whitehead (Massachusetts) utilizaram uma técnica inovadora para reconstruir células originais a partir de outras da pele para tratar os ratos que sofriam desta doença neurodegenerativa. Quando os ratos foram testados várias semanas após terem sido submetidos à transplantação das células-tronco (ou estaminais), os sintomas da doença de Parkinson reduziram-se de forma considerável, confirmando que as células reprogramadas que substituíram as disfuncionais ou mortas cumpriam o seu dever.

"Trata-se da primeira demonstração de que as células reprogramadas podem integrar-se no sistema cerebral, melhorando significativamente os sintomas neurodegenerativos", afirmou Marius Wernig, autor principal do estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

A terapia foi apresentada como promissora para doenças como Par-kinson ou Alzheimer, já que as novas células têm a capacidade de tomar o lugar de centenas de diferentes organismos, substituindo uma grande parte das que morrem ou são danificadas pela doença.

Todavia, o recurso a células-tronco embrionais suscita controvérsia em termos éticos. No final de 2007, investigadores japoneses e americanos anunciaram terem concebido métodos capazes de reprogramar células da pele dando-lhes características de células-tronco.

As células-tronco, também conhecidas como células-mãe ou células estaminais, são organismos que possuem a melhor capacidade de se dividir dando origem a células semelhantes às progenitoras. Marius Wernig e os seus colegas criaram, a partir de células de pele de ratos adultos, outras com todas as características das estaminais indiferenciadas. A terapia implica a implantação de genes com a ajuda de retrovírus, através da técnica conhecida por IPS cells (em inglês Induced Pruripotent Stem Cells). As células são posteriormente diferenciadas em células cerebrais precursoras e em neurónios com dopamina, os que são mais afectados na doença de Parkinson. "Demonstrámos que as células reprogramadas podem ser utilizadas mas temos que arranjar um método mais seguro para a sua geração", admitiu Marius Wernig.

M.A.C. com agências

DN, 9-4-2008
 
Hospitais vão duplicar cirurgias para Parkinson

DIANA MENDES

Especialistas calculam que sejam precisas cem intervenções por ano
Os dois hospitais que fazem mais cirurgias para tratar a doença de Parkinson vão duplicar o número de operações entre 2008 e 2009, apurou o DN. Nem todos os doentes são candidatos ao tratamento, mas "são precisos cem por ano - 300 segundo estimativas internacionais - ", diz o director do serviço de neurocirurgia do Hospital de São João, Rui Vaz. Desde 2002, já foram realizadas 150 intervenções, um indicador de que é necessário aumentar a resposta hospitalar. Calcula-se que haja 10 a 20 mil pessoas com a doença no País.

O São João foi o primeiro centro a utilizar este método e já conta com 85 operações. Este ano "já temos 26 agendadas, mas estamos em negociações para conseguir fazer 52 por ano. Já em 2008, esperamos ter financiamento para ultrapassar as 26 operações programadas", afirma Rui Vaz.

O mesmo acontece no Hospital de Santa Maria, que começou a fazer a cirurgia em 2006. "Até agora, tratámos 27 doentes. Apesar de estarmos a fazer uma operação por mês, vamos passar a tratar dois (24 por ano). Penso que será possível fazê-lo em 2009", sublinha Miguel Coelho, neurologista desta unidade.

Outros três hospitais fazem a cirurgia, com números mais reduzidos: Hospital de Santo António, Hospitais Universitários de Coimbra e Hospital dos Capuchos. Este começou a fazê-lo apenas recentemente (três doentes operados até agora).

Redução de 70% dos sintomas

Rui Vaz diz que a cirurgia "tem reduzido entre 70% e 80% os sintomas". Podem ser tremores, lentificação, rigidez muscular, postura curvada ou uma combinação de vários. "O diagnóstico da doença é clínico. Para se confirmar têm de existir pelo menos dois sintomas destes", sublinha Joaquim Cândido, do hospital de São José. O problema tem origem na perda significativa de dopamina (neurónios), que perturba o funcionamento dos circuitos que controlam os movimentos. E, ao contrário de outros, é com frequência diagnosticado em excesso.

Esta perturbação do sistema nervoso é mais frequente em pessoas entre os 50 a 70 anos, mas o tratamento de primeira linha nunca é a cirurgia. A solução é sempre médica, com recurso a medicamentos que repõem a dopamina. "Só quando os medicamentos perdem efeito ou os doentes não toleram os seus efeitos é que a cirurgia pode ser a solução", frisa. Para que se dê esse passo, o doente não pode ter mais de 70 anos, lesões cerebrais, doença psiquiátrica significativa ou deterioração intelectual. Se não for o caso, passa a ter grande qualidade de vida e a ser autónomo. Pode ser a diferença entre andar ou viver acamado. Os custos da cirurgia são elevados (25 a 30 mil euros), mas Rui Vaz garante que são pagos em três a cinco anos. "Só a medicação é reduzida entre 50% a 60%".

A cirurgia baseia-se na "colocação de eléctrodos num núcleo profundo do cérebro. Os eléctrodos estão ligados a uma bateria e geram impulsos eléctricos que modificam os circuitos cerebrais, reduzindo os sintomas da doença", diz. Os doentes podem e devem questionar o médico sobre essa possibilidade, mas lembrar-se que a cirurgia "não é uma cura".

DN, 12-4-2008
 
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