25 abril, 2007

 

24 de Abril


Dia mundial do animal de laboratório

Que seria de nós sem eles ?
Por muito que nos custe...

http://visao.clix.pt/default.asp?CpContentId=35416

http://www.cecal.fiocruz.br/

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Portugal:
40 mil animais anualmente usados para experimentação

Cerca de 40 mil animais são usados anualmente para experimentação e fins científicos em Portugal, segundo dados oficiais da Direcção-Geral de Veterinária, mas a associação ANIMAL desconfia que haja uso de alguns animais sem conhecimento das autoridades.
«Esses são os dados oficiais, mas suspeitamos que muitos mais sejam usados», declarou à agência Lusa Miguel Moutinho, responsável da associação ANIMAL, em vésperas do Dia Mundial do Animal de Laboratório, que se assinala terça-feira.

Segundo dados fornecidos à agência Lusa pela Direcção-Geral de Veterinária, em 2004 foram utilizados 41.621 animais para fins experimentais ou outros fins científicos e em 2005 foram usados 39.673.

Em todo o mundo estima-se que cerca de 100 milhões de animais sejam usados anualmente em laboratórios, entre 10 e 11 milhões dos quais na União Europeia.

Desses 10 a 11 milhões, estima-se que 10 mil sejam primatas, uma situação que a ANIMAL gostaria de ver proibida por uma nova directiva europeia.

«A directiva está a ser revista e pretendia-se que proibisse a utilização de primatas na investigação, mas os lobbies da pesquisa científica são muito fortes e será difícil consegui-lo», reconheceu Miguel Moutinho.

«Os próprios pesquisadores conseguem mais depressa bolsas de investigação quando usam animais, porque quando não envolvem métodos com animais duvida-se da qualidade desses projectos», acrescentou.

Para a ANIMAL e para as congéneres europeias, o recurso a primatas «não tem levado a humanidade a parte alguma», daí que a associação defenda a proibição do seu uso para experimentação.

Em Portugal não há oficialmente uso de primatas para fins científicos, mas a ANIMAL diz ter «sinais» de que isso acontece de forma «hiper-secreta», apesar de a associação admitir não ter muitos dados para «consubstanciar essa suspeita».

Oficialmente, os investigadores portugueses usam essencialmente ratos, roedores, ovelhas, cavalos e burros.

«Mas muitos pesquisadores avançam primeiro com os projectos antes de pedirem a obrigatória autorização da Direcção-Geral de Veterinária. Não quer dizer que isso seja uma actividade ilegal, mas não é licenciada», referiu Miguel Moutinho.

O Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN) é um dos muitos locais licenciados para fazer investigação científica com animais em Portugal.

Usando ratos de diferentes dimensões, o objectivo desta investigação é desenvolver sondas que permitam fazer um diagnóstico precoce de algumas patologias (como cancro da mama, da pele ou doenças neurodegenerativas) e ainda encontrar compostos radioactivos que permitam uma terapia o mais selectiva possível de forma a minimizar os efeitos secundários.

A equipa do ITN está a desenvolver fundamentalmente sondas para imagiologia molecular, que possam ser usadas, por exemplo, ao nível da medicina nuclear.

De acordo com Isabel Santos, responsável da equipa química radiofarmacêutica do ITN, primeiro são feitos estudos com células relacionadas com as patologias em análise e depois é que se passa à fase da experimentação animal.

«A experiência animal é necessária. Antes de passar para a experiência humana é preciso estudar o que se passa em sistemas vivos, já que os estudos com células não traduzem completamente a realidade dos sistemas vivos», justificou Isabel Santos em entrevista à Lusa.

A responsável referiu ainda haver casos de estudos «com óptimos resultados em ratos, mas que em humanos não funcionaram».

Lurdes Gano, farmacêutica que habitualmente lida com os ratinhos do ITN, encara a experimentação animal como «um mal necessário».

«Quando um produto é promissor enquanto fármaco, tem de ser garantida a sua segurança, qualidade e utilidade antes da administração aos pacientes», explicou esta técnica, que garante que o «bem-estar animal é tido em conta».

«Os animais criados para este fim são mantidos nas melhores condições (humidade, temperatura, luz e ruído) e as pessoas que lidam com eles respeitam as condições do seu bem-estar. Estes animais estão em condições de habitabilidade que muitas pessoas não têm», comentou Lurdes Gano.

Diário Digital / Lusa

23-04-2007 15:43:12
 
Ratos doentes recuperaram memórias perdidas

Uma nova experiência com ratinhos mostrou a possibilidade de recuperação de memórias perdidas devido a um estado semelhante ao da doença de Alzheimer ou da demência. A estimulação sensorial e a utilização de uma droga que promove o restabelecimento de pelo menos uma parte das ligações neuronais perdidas foram as duas vias testadas com êxito por um grupo de cientistas do MIT, nos Estados Unidos.

Esta é ainda uma fase muito preliminar da investigação, que os neurocientistas do MIT publicaram na revista Nature, na sua página online, mas, de acordo com os resultados, pode ser promissora do ponto de vista terapêutico no futuro, como os próprios autores sublinham.

A equipa, liderada por Li Huei Tsai, usou ratinhos geneticamente modificados para desenvolver uma doença degenerativa quando estimulados, por administração de um antibiótico, a produzir uma proteína que provoca a destruição e perda de neurónios.

No entanto, antes de desencadearem a doença nos ratos, os cientistas treinaram-nos para nadarem até uma plataforma quando mergulhados num recipiente com água.

Depois do "tratamento" para desencadear a destruição neuronal, e após seis semanas de doença, os ratos eram incapazes de se lembrar de como podiam cumprir aquela tarefa. Ou seja, tinham perdido memórias de longo prazo.

O grupo do MIT colocou então uma parte desses animais num ambiente sensorialmente estimulante, com brinquedos e rodas e, ao fim de algum tempo, quando foram de novo avaliados, os ratinhos demonstram em média uma performance superior à que tinham tido sem qualquer estimulação.

A explicação para este resultado, escrevem os autores, está na estimulação induzida aos animais, já que esta foi responsável pelo restabelecimento de uma parte das ligações neuronais perdidas. E a prova é que estes ratos apresentavam níveis mais altos de proteínas marcadoras das ligações sinápticas (que existem entre as células do córtex cerebral).

Na segunda fase da experiência, os investigadores foram um pouco mais longe e administraram aos ratinhos um composto conhecido por HDAC, que inibe alguns processos no organismo, como a produção de proteínas reguladas por genes, e que já tinha mostrado funcionar como um "tónico" para a aprendizagem e a memória de curto prazo em ratinhos. E os resultados foram muito positivos. Os ratinhos a recuperaram a memória da tarefa aprendida (no caso destes animais trata-se de uma memória de longo prazo) e cumpriram-na com sucesso.

Para os autores, estes resultados mostram inequivocamente a possibilidade de restabelecimento de redes neuronais perdidas. "Se a memória pode ser recuperada, isso sugere que ela nunca foi verdadei- ramente apagada e que não pode ser utilizada apenas devido à doença", explica Tsai, citado pela revista New Scientist.

Embora estes resultados digam apenas respeito a ratinhos e não possam ser automaticamente aplicados aos seres humanos, estes resultados são animadores, sublinham os autores, já que as doenças degenerativas, como a Alzheimer, não têm hoje cura conhecida e, com o envelhecimento da população, nomeadamente na Europa, estão a aumentar.

Em Portugal, por exemplo, há cerca de 60 mil doentes de Alzheimer, mas a maioria dos médicos acredita que a doença está subdiagnosticada no País. Em toda a Europa, todos os anos surgem 800 mil novos casos desta doença.

DN, 2-5-2007, pág. 14
 
Testes de medicamentos em animais têm dias contados

SÍLVIA NOGAL DIAS

Experiências. Todos os anos são usados nos laboratórios europeus 12milhões de animais. Para reduzir estes testes, uma equipa de investigadores portugueses está, neste momento, a desenvolver um método que permite compreender o efeito dos fármacos no fígado através de ensaios 'in vitro'

Grande aposta é o recurso à cultura de células estaminais humanas

Desenvolver modelos alternativos à utilização de animais, capazes de fornecer resultados fiáveis, através da cultura de células é o objectivo de um estudo que reúne investigadores portugueses e outros parceiros europeus. "Os fármacos antes de chegarem ao mercado passam por uma série de ensaios. Parte desses ensaios são feitos em animais", explica Paula Alves, directora do Laboratório de Tecnologia de Células Animais (LTCA), do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET) e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), da Universidade Nova de Lisboa. "O que pretendemos com este estudo é fazer a substituição dos animais", refere.

A metodologia recorre à cultura de hepatócitos, as células que constituem o fígado, dotando-os das funções necessárias para mimetizar mais fidedignamente a acção de fármacos neste órgão, de modo a perceber de que forma actuam sobre o organismo, fornecendo dados importantes para o desenvolvimento e produção de novos medicamentos. Neste momento, as experiências são feitas recorrendo a hepatócitos de rato, mas a grande aposta destes investigadores é o recurso à cultura de células estaminais humanas (que aguarda regulamentação em Portugal).

Segundo a directora do LTCA, no laboratório de-senvolvem-se estratégias para a produção de hepatócitos em estruturas tridimensionais - semelhantes às que existem no organismo -, em ambiente completamente controlado. A cultura de células nestes ambientes abre inúmeras possibilidades. "Por exemplo, podemos mimetizar um episódio de ataque cardíaco, fazendo variar diferentes condições no reactor", refere Paula Alves. É também através destes modelos in vitro que o laboratório desenvolve vacinas ou proteínas para a terapia do cancro.

No caso da metodologia que permite a substituição de animais - o Vitrocellomics -, o grupo de investigadores pretende, de acordo com Paula Alves, "oferecer à comunidade um teste que seja fiável para fazer a avaliação dos novos fármacos".

Além da equipa de cinco investigadores do IBET, o projecto conta com mais sete parceiros europeus. Um deles é o Centro Europeu para a Validação de Métodos Alternativos (ECVAM, na sigla em inglês), uma entidade central no estudo. O ECVAM é o responsável, a nível europeu, pela validação de métodos que substituam a utilização de animais em experiências científicas. Criado em 1991, o centro surgiu como uma resposta à Directiva de 1986 para a protecção das espécies utilizadas para fins experimentais, estabelecendo como prioridade o desenvolvimento de metodologias alternativas.

Como explica Paula Alves, no estudo do Vitrocellomics, o ECVAM tem um papel de regulação. "Este garante a uniformização dos testes entre os parceiros para depois serem distribuídos. Diz-nos quantas vezes temos de repetir determinada experiência, avalia a variabilidade dos resultados inter-laboratórios, a sua robustez e reprodutibilidade".

A validação do novo método ocorre após um processo de experiências e de pré-validação, que pode ser moroso. Numa visita ao ECVAM, em Ispra, Itália, organizada pelo antigo presidente do Intergrupo para o Bem-Estar Animal, Paulo Casaca, no final de Maio, membros do mesmo organismo alertaram para a necessidade de acelerar o processo de validação, que pode chegar aos dez anos. Laura Gribaldo, investigadora do centro, confirmou ao DN que o ECVAM está a trabalhar prioritariamente na redução do tempo decorrido entre fase de validação e de implementação. "Na melhor das hipóteses, este período será de oito meses", refere.

O projecto desenvolvido por Paula Alves, em Portugal, iniciará o procedimento de validação em Setembro. O estudo teve início em Janeiro de 2006 e deverá prolongar-se até 2009. Para a sua concretização, o financiamento comunitário foi fundamental, refere a investigadora. "No caso do IBET, a participação não teria sido possível sem o financiamento europeu", orçado em 500 mil euros. Integrado no 6º Programa-Quadro da Comissão Europeia (CE), teve um custo total de 3,7milhões de euros, três mil dos quais financiados pela CE e distribuídos pelos vários parceiros. "Estes estudos são muito dispendiosos, não seria possível fazê-los sem subsídios", acrescenta Paula Alves.

A nível nacional, os incentivos financeiros à pesquisa de métodos alternativos à experimentação animal são escassos, o que dificulta um maior envolvimento de cientistas portugueses. No entanto, a directora do LTCA garante que "quem faz investigação são pessoas altamente motivadas". Apesar dos obstáculos, verifica-se um crescente interesse da comunidade científica, a nível global, por estas abordagens, pelo que, em 2009, especialistas de todo o mundo nesta matéria reunir-se-ão numa conferência internacional, em Roma.

DN, 14-6-2008
 
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