09 abril, 2007

 

7 de Abril


Dia nacional dos moinhos

Instalação destinada à fragmentação de materiais em bruto, nomeadamente grãos de trigo ou de outros cereais, por meio de mós.
Movido a vento ( que pode ser de armação ), a água, de tração animal ou eléctricos...

Um património poético a defender com potencial económico não dispiciendo.

http://www.moinhosdeportugal.org/web/

http://quicoarreliado.blogs.sapo.pt/63872.html

http://www.moinhosvivos.com/

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Rede portuguesa está a efectuar um inventário para conhecer melhor este património

Hoje é Dia Nacional do Moinho

Hoje assinala-se o Dia Nacional do Moinho. A rede portuguesa confessa ser difícil apontar uma estimativa de quantos moinhos existem em todo o País, mas já está a efectuar um inventário para conhecer e preservar este património nacional.

Ruben Medeiros*

A Rede Portuguesa de Moinhos, criada em Abril de 2006, está a efectuar um inventário para conhecer e preservar este património nacional reconhecido como um dos mais diversificados da Europa.
Uma “tarefa gigantesca” que só deverá ficar concluída dentro de três décadas, por falta de apoios, adiantou o presidente da Rede Portuguesa de Moinhos à agência Lusa, no âmbito do Dia Nacional do Moinho, que se assinala hoje.
Jorge Miranda confessou ser difícil apontar uma estimativa de quantos moinhos existem em todo o País, dada a grande diversidade e dispersão geográfica destas infra-estruturas.
Segundo explicou, a inventariação passa pelo preenchimento de uma ficha informativa por cada moinho identificado, onde vai constar a tipologia, mecanismos utilizados, localização, dados históricos e o nome do proprietário.
O registo dos imóveis ficará a cargo dos 87 membros da Rede Portuguesa de Moinhos espalhados por todo o país, com excepção da Madeira, dos quais se destacam as autarquias, organizações não governamentais, investigadores e proprietários.
A Rede Portuguesa de Moinhos, que integra a Sociedade Internacional de Molinologia, visa congregar todos os interessados em moinhos, para promover o contacto e troca de conhecimentos, através do site www.moinhosdeportugal.org.
“Além dos encontros e cursos que ministramos, também prestamos aconselhamentos, por exemplo, sobre materiais e reconstrução de moinhos”, explicou Jorge Miranda, acrescentando que ainda este mês vai ser publicada a primeira revista portuguesa sobre molinologia.
Há 23 anos dedicado à investigação dos moinhos, Jorge Miranda salientou que tanto o território continental, como as ilhas açorianas, dispõem de grande riqueza patrimonial nesta área, que importa preservar e divulgar convenientemente.
“Os Açores, por exemplo, são o único sítio conhecido na Europa Ocidental, que mantém em funcionamento moinhos originais accionados por animais”, apontou o molinólogo português, acrescentando que estas infra-estruturas resistiram devido ao isolamento das ilhas, onde são conhecidas como “atafonas”.
De vento, água, maré ou giratório, com ou sem velas, muitos moinhos portugueses que sobreviveram até aos nossos dias, abandonaram a sua função primitiva - moer cereais - e foram transformados em espaços de turismo rural.
Para Jorge Miranda, trata-se de uma forma de revitalizar este património sem o destruir, mas alerta que, actualmente, a tendência é manter o moinho o mais possível fiel à função produtiva, tornando-o local de animação turística.
Para assinalar o Dia Nacional do Moinho, comemorado anualmente, cerca de 70 exemplares vão estar de portas abertas e promover várias iniciativas de âmbito lúdico-cultural, disse.
Na ilha de São Miguel, nos Açores, Gabriela Carreiro não quis deixar de se associar à iniciativa, possibilitando a todos os curiosos uma visita ao moinho que salvou da ruína completa, quando o adquiriu em Dezembro de 1998.
Durante dois anos, o Moinho da Bibi, localizado na Estrada do Socorro (Candelária) e já classificado como imóvel de interesse público, foi alvo de obras, que procuraram manter o mais possível o aspecto original do imóvel, transformando-o num espaço de turismo rural.
“Ficou tudo como tinha pensado, só foi pena não ter conseguido por as velas”, afirmou Gabriela Carreiro, acrescentando que a maior parte dos seus clientes são ingleses e alemães, que efectuam reservas via email.
Em média, a estadia mínima no moinho é de cinco dias e a máxima de 22 dias e, desde a abertura em 2001, que se tem registado uma grande procura.
O Moinho da Bibi dispõe de uma sala, dois quartos de camacom vista sobre o mar, uma cave com cozinha, casa de banho e sala de jantar, além de um antigo estábulo transformado numa típica cozinha açoriana, com forno de lenha.

*Agência Lusa

O Primeiro de Janeiro
 
Falta de apoios não permite inventário de moinhos

A Rede Portuguesa de Moinhos diz que só daqui a 30 anos é possível saber qual é o património em Portugal
a Quantos moinhos existem em Portugal? Em que estado? Qual a melhor forma de os preservar? Para dar resposta a estas questões, a Rede Portuguesa de Moinhos, criada em Abril de 2006, já começou a fazer um inventário deste património nacional que é reconhecido como um dos mais diversificados da Europa. Contudo, esta "tarefa gigantesca" só deverá ficar concluída daqui a três décadas, por falta de apoios, disse Jorge Miranda, presidente da Rede Portuguesa de Moinhos, à agência Lusa, no âmbito do Dia Nacional do Moinho que se comemora hoje.
Segundo Jorge Miranda, é difícil fazer uma estimativa sobre o número de moinhos existentes no país, tendo em conta a sua grande diversidade e dispersão geográfica. A inventariação passa pelo preenchimento de uma ficha informativa por cada moinho identificado, que incluirá a tipologia, mecanismos utilizados, localização, dados históricos e o nome do proprietário, esclarece.
O registo dos imóveis ficará a cargo dos 87 membros da Rede Portuguesa de Moinhos espalhados por todo o país, com excepção da Madeira. Esta Rede integra a Sociedade Internacional de Molinologia e visa congregar todos os interessados em moinhos, para promover o contacto e troca de conhecimentos, através do site www.moinhosdeportugal.org.
Há 23 anos dedicado à investigação dos moinhos, Jorge Miranda destaca os Açores como um dos locais do país onde se encontram moinhos mais originais. "São o único sítio conhecido na Europa Ocidental que mantém em funcionamento moinhos originais accionados por animais", refere o molinólogo, acrescentando que estes imóveis resistiram devido ao isolamento das ilhas, onde são conhecidas como "atafonas".
De vento, água, maré ou giratório, com ou sem velas, muitos moinhos portugueses que sobreviveram até aos nossos dias abandonaram a sua função primitiva - moer cereais - e foram transformados em espaços de turismo rural, uma forma de revitalizar este património sem o destruir.
Para assinalar, hoje, o Dia do Moinho, cerca de 70 exemplares vão estar de portas abertas para várias iniciativas lúdico-culturais.
Na ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, Gabriela Carreiro associa-se à iniciativa e mostra o moinho que salvou da ruína, em Dezembro de 1998. Localizado na Estrada do Socorro (Candelária), já foi classificado como imóvel de interesse público e sujeito a obras, que procuraram manter o seu aspecto original, transformando-o num espaço de turismo rural. Lusa

Público
 
Velas giraram ao vento e espalharam as histórias das terrinhas portuguesas

No Dia Mundial dos Moinhos, os dois Jorges - o Miranda e o Lisboa - passaram uma boa parte da tarde de ontem a olhar um para o outro. Contam-se pelos dedos de uma mão as pessoas que visitaram o Moinho da Cruz, no Parque Eólico da ANACOM, em Queijas (Oeiras). "Quase ninguém ficou em Lisboa nas miniférias da Páscoa", explica Jorge Miranda, coordenador da Rede Portuguesa de Moinhos (RPM).

Há sempre o consolo de saber que, por essas terrinhas, a iniciativa terá sido um êxito. Tanto um como outro estiveram em contacto com a maioria dos responsáveis pelos 132 moinhos que ontem estiveram abertos à população. As notícias foram chegando por telemóvel: "Em Aveiro, no Montijo ou Torres Vedras houve centenas de visitantes."

Recuar até ao passado

No parque eólico houve tempo de sobra para regressar ao passado, quando há 200 anos os montes de Queijas estavam salpicados de moinhos: "Basta olhar para o horizonte e descobrir meia dúzia deles, encobertos pela vegetação", conta Jorge Lisboa, membro da RPM.

São alguns dos 500 moinhos colocados às portas de Lisboa que, no final do século XVIII, abasteceram os mais de 650 mil habitantes da capital. Desapareceram na segunda metade do século XIX graças à "lei da fome", nome por que ficou conhecido o regulamento que determinou o consumo obrigatório de cereais nacionais em detrimento do estrangeiro: "A matéria-prima estava nas mãos da Companhia das Lezírias, que vendia o cereal pelo dobro do preço." Os moinhos caíram no esquecimentos e essa foi a razão para criar a RPM: "A nossa organização nasceu em 2006 e desde aí somos constantemente solicitados." Há gente por todo o País com vontade de saber mais: "A nossa função passa muito por responder todos os dias aos e-mails de pessoas que têm moinhos nas suas propriedades e querem reabilitá-los." É por isso que a RMP acredita que há futuro para este património.

Turistas distraídos

Por caminhos estreitos e sinuosos, uma maravilha esconde-se em Carreço, Viana do Castelo, a pouco mais de um quilómetro da movimen- tada EN13. Os Moinhos de Vento de Montedor, reabilitados em 2002, depois de anos de abandono, cativam agora muitos turistas "distraídos".

"Andam aqui perdidos, pela aldeia, e acabam por dar com isto. Depois regressam sempre com outros amigos", conta ao DN Armindo Pires, o moleiro do "Marinheiro", o mais emblemático dos três moinhos de Montedor. "É o único do País com as velas de madeira. Só os havia no Minho e só este funciona", conta, orgulhoso. Mas nem sempre foi assim.

De 1987 e 2002, quando foi adquirido pela Câmara de Viana do Castelo e transformado em núcleo museológico, do moinho restavam apenas as paredes. "Foi muito difícil a reabilitação por que não havia quem conhecesse a arte." Para além do "Marinheiro", o núcleo museológico conta com outro moinho, o de "Cima", a poucos metros de distância, transformado num centro de interpretação. Mais afastado está o "do Petisco", este de privados.

Farinhas para as galinhas

Todos se erguem em Montedor, rodeados pelo monte e apenas com o mar em fundo. Neto do proprietário inicial dos dois moinhos, Armindo Pires, empregado fabril de 47 anos, aceitou o convite e ficou encarregue de o "fazer funcionar" e abrir aos turistas, a quem explica detalhadamente o seu funcionamento. "Sempre que preciso ainda faço a farinha para as minhas galinhas aqui." Os dois estão, por norma, de portas abertas ao fim-de-semana e ontem não foi excepção. "Fiquei muito surpreendido com o estado de conservação", contou ao DN Vítor Mota, ainda "espantado" com o facto de o telhado do moinho poder girar para aproveitar o melhor vento.

DN, 8-4-2007, pág. 40
 
Recuperar moinhos na Terra Fria para produzir energia eléctrica

A Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina (CoraNE) defende a re-cuperação das represas e dos moinhos dos rios da Terra Fria para a produção de energia eléctrica e, sempre que possível, para alojamento turístico também. O coordenador da CoraNE, admite que o projecto poderá ser candidatado ao próximo quadro comunitário de apoio, sendo que a associação deverá ocupar este ano e o próximo com a inventariação do número de moinhos existentes, dimensões, medições de caudais, inves- timentos necessários, etc.

A ideia de recuperar moinhos para a produção de energia surge no âmbito do projecto Terres de Rivières, uma candidatura ao programa Interreg III que envolveu instituições de Espanha, França, Itália, Hungria, Polónia, Inglaterra, Grécia e Portugal, para debate e análise da importância dos rios para as populações ribeirinhas. A CoraNE ficou inserida no grupo de entidades às quais coube a missão de estudar a valorização económica das paisagens fluviais nos rios de montanha, não apenas em termos geográficos, mas também de patrimómio existente ao longo do rio. Em causa estão mais de uma centena de moinhos distribuídos pelos rios Mente, Rabaçal, Tuela, Sabos, Maçãs e Angueira.

"Ainda que sejam microcentrais hidroeléctricas, os moinhos têm a grande vantagem de terem pouco ou nenhum impacto ambiental. A estrutura está feita. Não vão alterar o equilíbrio ecológico", refere Leonel Vaz. E explica: "A represa existe, têm a queda de água feita, trata-se de recuperar as condutas de água para que não tenha atrito e chegue com força às turbinas dentro dos moinhos."

Por outro lado, este responsável admite que sendo micro centrais produzem pouca energia. Mas lembra que, "numa altura em que o país precisa de se concentrar nas energias alternativas", podem ser "um bom contributo". Mais importante, ainda, "tem uma componente de ser uma valorização para a população ribeirinha". Uma das soluções, acrescenta Leonel Vaz, é integrar os moinhos com potencialidades turísticas numa rota conjunta com os das províncias de Zamora e Salamanca. Outra hipótese é o aproveitamento integrado: produção eléctrica no Inverno, quando os rios são caudalosos, e turismo no Verão, quando secam.

DNE, 7-8-2006, pág. 24
 
Não faltam encomendas ao último moleiro do rio Sátão

AMADEU ARAÚJO, Viseu

Evaristo Rodrigues é o último moleiro do rio Sátão e será um dos últimos do País a trabalhar num autêntico pedaço do paraíso. Ali não se chega de automóvel e os passos são acompanhados apenas pelo chilrear dos pássaros e a correnteza das águas.

O moleiro tem 42 anos e ao primeiro contacto adivinhamo-lhe a profissão: estatura baixa e olhos azuis, aparece-nos polvilhado de farinha de milho e centeio que começa a moer "manhã cedo". Começou por ser padeiro, afirma, mas logo acrescenta que não se dava com aquilo. "O meu pai tinha os moinhos, pelo que segui as pisadas da família."

Trabalha sozinho e faz funcionar três velhos moinhos que dispõem de seis mós de granito. O milho "vem da Tocha. É mais caro, mas melhor". E o centeio "vem de Mangualde". Num "dia bom" produz 25 sacos de farinha distribuídos pelas padarias do distrito. As encomendas vão chegando "para me sustentar mais aos filhos e à mulher", conta.

Em tempos, o rio Sátão chegou a ter oito moinhos, mas "hoje estão todos abandonados", revela o moleiro, acrescentando que mais abaixo, já no Dão, ainda existe um moinho "que só tem actividade pelo S. João".

O intenso barulho das mós afasta o rumorejar das águas e é Evaristo quem, no interior quente e seco dos moinhos, despeja os sacos. O grão cai no interior de duas pesadas mós "feitas de bom granito da Beira", exclama. Uma das mós está fixa enquanto a outra, num nível inferior, recebe a tracção das pás de alumínio, por onde circula a água e se move de forma a esmagar o grão. A farinha surge então, caindo lentamente para um estrado com resguardo e sempre sob o olhar atento do moleiro. É que "isto do cereal não é só ensacar", garante.

E quando pára o moinho? "As mós têm de ser picadas de tempos a tempos. Nessa altura, desvio a água para o rio." Apesar dos tempos modernos, ainda há quem faça estas mós. "Um velhote nas Laceiras [Carregal do Sal] é que mas constrói", explica.

O moleiro Evaristo fornece padarias de Viseu, mas "vem cá gente de todo o lado: Lamego, Mangualde, S. Pedro do Sul". E o que torna a farinha diferente da moagem industrial? "É menos seca e não fica requeimada, pois as mós não aquecem tanto como as máquinas. A farinha fica macia."

A garantir as certezas do moleiro estão as padarias de Viseu: "Mesmo as grandes, compram aqui quando querem fabricar a broa de milho."

O maior problema é a poluição. "O rio já foi mais limpo, mas agora com as fábricas e os esgotos estragam tudo e no Verão não corre com a mesma força." Acresce o custo do cereal: "Cada saco de milho custa 14 euros e de centeio, 12. O biocombustível, diz, encareceu o cereal. A farinha moída vende-se a 10 cêntimos o quilo e "é mais barata quando os proprietários das padarias trazem o cereal".

Evaristo desabafa ainda com os requisitos legais impostos à actividade alimentar: "A ASAE ainda nem me chateou, mas outros serviços do Estado já cá vieram e estão sempre a exigir com as normas de higiene. E eu cumpro e mantenho a higiene em todos os passos dos grãos de cereal até à farinha." A única tecnologia dos moinhos do Dão é de aquisição recente: "Para fechar os sacos já tenho uma máquina eléctrica para os encordoar e atar." No final, é Evaristo quem entrega a farinha.

Problemas e dificuldades a que se junta a sucessão. "O meu filho tem 14 anos e a garota tem nove. Acham bonito mas, na hora da verdade, querem é computadores."

Os moinhos de água foram introduzidos em Portugal pelos romanos e difundiram-se aquando da expansão das áreas agrícolas. Em Portugal, os mais frequentes são os de roda horizontal, também chamados de azenha. O segredo está no declive da água que os acciona e faz girar. A água é recolhida no rio através de um açude tosco e conduzida através de levadas, talhadas na margem.

DN, 7-4-2008
 
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