05 abril, 2007

 

Da escravatura


Ou de como nem sempre somos tão bons como gostamos de parecer

Após 200 anos da sua abolição no RU, sabe-se que, apesar da pressão sobre Portugal no final da década de 30 do século XIX, apenas em 1869, oficialmente, se colocou fim ao negócio.
Assim , Portugal não foi o primeiro país abolicionista da Europa mas o último.

O último país a abolir legalmente a escravatura foi a Arábia em 1962.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravatura

Alguns estudos de Didier Lahon:

http://cienciareligioes.ulusofona.pt/arquivo_religioes/religioes5_6/pdf/29-46-DidierLahon.pdf
http://cienciareligioes.ulusofona.pt/arquivo_religioes/religioes5_6/pdf/19-28-FrancBettencourt.pdf
http://www.ics.ul.pt/publicacoes/analisesocial/recensoes/156/negro.pdf
http://www.comune.palermo.it/Eventi/Progetto%20Unesco/Lahon.htm

Comments:
"Tão grande dor em tão pouco espaço"

Abel Coelho de Morais

O comércio de escravos "é um comércio alicerçado na iniquidade" e, como tal, "é imperioso que seja abolido", exclamava William Wilberforce, em Maio de 1789, num discurso no Parlamento britânico sobre a vida nos navios negreiros que percorriam as rotas entre as costas africanas, os portos de Liverpool e Bristol e as colónias americanas.

Considerada o ponto de partida da campanha antiesclavagista no Reino Unido, aquela intervenção descreve a condição dos homens, mulheres e crianças naquelas viagens em que eram submetidos "a todos os sofrimentos no corpo para enfraquecer o espírito" - "tão grande dor em tão pouco espaço", proclama Wilberforce. Da campanha que iniciou nos Comuns resultará, 18 anos depois, a abolição do comércio de escravos entre a metrópole britânica e as suas colónias a 25 Março de 1807.

"Agrilhoados, oprimidos pelas doenças e outras misérias, ainda assim, como forma de exercício são aqueles desgraçados forçados a dançar sob o terror do chicote ou, não poucas vezes, pelo seu uso", refere o abolicionista britânico para descrever o quotidiano nos negreiros. Com "600 a 700 desgraçados a bordo, acorrentados dois a dois, rodeados de tudo o que agonia e enoja", Wilberforce cita estatísticas para o número de mortos nas diversas etapas do calvário em que se transforma o dia-a-dia dos africanos escravizados - "pelo menos 12% morrem na viagem"; "um terço morre no período de aclimatação" ao local onde ficarão a trabalhar; "4,5% morrem depois da chegada e antes do dia da venda". No total, "a mortalidade é de 50%" e isto entre os negros "tidos em condições de serem vendidos", conclui Wilberforce na intervenção que ficará conhecida como "o discurso da abolição".

Se a eloquência parlamentar de Wilberforce foi decisiva para mobilizar a opinião dos britânicos, as obras de James Beattie, um professor de filosofia da Universidade de Edimburgo, que viveu entre 1735 e 1803, vão ser a plataforma ideológica que sustenta os argumentos abolicionistas. Em especial devido à polémica que mantém com o filósofo David Hume, então no auge do seu prestígio. Os argumentos de Hume, que considerava os escravos negros desprovidos de inteligência, serão desmontados um por um num livro que Beattie edita em 1770, Ensaio sobre a Natureza e Imutabilidade da Verdade.

Se o primeiro objectivo da campanha "contra este comércio alicerçado na iniquidade", como o definira Wilberforce, era a sua interdição no Reino Unido, para muitos dos abolicionistas, o alvo era, desde logo, mais vasto: o fim da escravatura na Europa. O que vai demorar mais de meio século a transformar-se em realidade.

DN, 25-3-2007, pág. 20

Rever toda a página e a seguinte com entrevista a Didier Lahon
 
Bispos assinalam 120 anos da abolição da escravatura

A Conferência Nacional de Bispos
do Brasil (CNBB) publicou, esta semana,
uma mensagem assinalando
os 120 anos da abolição da escravatura.
A ocasião serve para “olhar com
atenção para a situação dos afrobrasileiros.
Muitos ainda estão presos
ao cativeiro da miséria e da exclusão
social”, refere a mensagem.
A libertação aconteceu em 1888,
mas hoje “é necessário reafi rmarmos
o compromisso para que todos
os afro-brasileiros tenham condições
de vida complementando o
acto de 13 de Maio de 1888. A liberdade
para os descendentes dos alforriados
em 1888 não aconteceu na
sua plenitude”, lamenta a CNBB.
Os Bispos defendem que “o Brasil
tem uma dívida para com o povo
negro”, que “ajudaram a construir
as bases do desenvolvimento deste
país sem receber nada em troca a
não ser o alimento para suportarem
o trabalho”.
PÁG.
João Paulo II
Fase diocesana da
beati$ cação está concluída
A fase diocesana do processo de beatifi cação do Papa
João Paulo II já deverá ter sido concluída, segundo
avança um especialista em assuntos da Santa Sé no seu
blogue na Internet.
O vaticanista Andrea Torrieli escreve que os documentos
já estão prontos para serem examinados pela Congregação
para a Causa dos Santos, presidida pelo Cardeal
D. José Saraiva Martins.
A redacção dos volumes que compõem a biografi a documentada
de João Paulo II será agora analisada pelos
teólogos do Vaticano e, dentro de alguns meses, o processo
poderá chegar à etapa do decreto da heroicidade
das virtudes.
De acordo a editora da Renascença para Assuntos Religiosos,
Aura Miguel, a heroicidade das virtudes é uma
fase fundamental nos processos de beatifi cação: “Neste
caso, trata-se de um cenário comum, num processo
tão excepcional como o de João Paulo II”.
Apesar de Bento XVI ter autorizado o arranque do processo
de beatifi cação cerca de um mês depois da morte
de Karol Wojtyla, isso não retirou a exigência e rigor
que a avaliação que a Santa Sé faz de todos os dados
recolhidos. Aura Miguel considera “difícil apontar datas
para defi nir etapas, porque ainda falta o exame dos
teólogos da Congregação para a Causa dos Santos”.
A data de 2 de Abril de 2009 tem sido apontada como
apropriada para a beatifi cação de João Paulo II, por ser
a data do quarto aniversário da morte do Papa polaco.
Para que isso se verifi que, será necessário proclamar,
antes desse dia, a heroicidade das virtudes.
“A Santa Sé, sempre prudente, nunca o anunciará com
tanta antecedência”, sublinha Aura Miguel.

RRP1, 15-5-2008
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?