21 abril, 2007

 

À descoberta da arte islâmica


Navegar pela história

Desenvolvido durante dez anos e financiado em 80% pela União Europeia, o projecto já foi inaugurado com 18 mostras online.
Portugal é um dos 14 países que integram esta iniciativa pioneira e conta com duas exposições.

O projecto envolveu 17 museus e 300 colaboradores e acredita-se que poderá ajudar à abertura ao diálogo político e civilizacional entre as diversas culturas.

http://www.discoverislamicart.org/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_isl%C3%A2mica

Comments:
O maior museu de arte islâmica já existe na Net

PAULA LOBO

Portugal não passava de um território "marginal" do grande Al-Andalus e é por isso não temos mesquitas imponentes como a de Córdova nem palácios sumptuosos como Alhambra. Mas temos os castelos de Lisboa (São Jorge), Moura e Paderne, a vila de Sintra, as muralhas de Silves ou de Évora e até a igreja/mesquita de Mértola. Para não falar dos objectos de uso quotidiano, de várias culturas agrícolas e técnicas de construção ou das palavras que representam 20% da língua que falamos. E é por isso que Portugal é um dos 14 países que integra o museu virtual "à Descoberta da Arte Islâmica".

Lançado ontem na Internet - por cá, a apresentação à imprensa decorreu em Lisboa, no Museu Nacional de Arqueologia -, este projecto junta quase mil anos de História numa plataforma com sínteses explicativas e fichas de 1235 objectos, monumentos e sítios de 14 países da Europa, Norte de África e Médio Oriente. Ou seja, 35 monumentos e 50 objectos de cada país.

Disponível em oito línguas, incluindo o português, e dividido em 18 exposições virtuais (Portugal participou em duas, como se explica na caixa ao lado) , o site www.discoverislamicart.org tem uma linguagem acessível a toda a gente mas cientificamente validada por especialistas. E permite aceder a bases de dados.

3,365 milhões de euros

Concebido pela Museum With No Frontiers/Museu Sem Fronteiras (ONG criada em 1994, que há dois anos lançou na Net o "Museu Virtual"), o projecto foi desenvolvido nos últimos dez anos e custou 3,365 milhões de euros, 80% dos quais pagos por fundos comunitários do programa Euromed Heritage - que, desde 1996, já investiu 60 milhões de euros no património do Mediterrâneo.

Além de uma participação financeira da Fundação Gulbenkian, os restantes 20% do orçamento foram angariados pelos 17 museus-parceiros (que pagam uma quota anual de tês mil euros) e entidades associadas.

Este museu online abarca cidadelas, palácios e casbahs, moedas, tapetes, jóias, caligrafia ou cerâmica desde o início do Islão, no século VII, até 1922, ano em que a instauração da república da Turquia pôs fim ao Império Otomano e ao último dos califas.

"À Descoberta da Arte Islâmica" - título também do livro que acompanha as exposições virtuais, editado pela Inapa -, não só cruza com factos da época a história de várias dinastias (como as dos omeias, abássidas, ayyubidas e mamelucos), como explica a fusão de estilos artísticos. Ao contrário do que muitos pensam, a arte islâmica também representa figuras humanas. E nas arquitecturas românica e gótica há abóbadas islâmicas, lembrou o arqueólogo Cláudio Torres, director do Museu de Mértola e coordenador científico do projecto em Portugal.

"Pela primeira vez, os especialistas foram confrontados com outra visão sobre os objectos", salientou Cristina Correia, vice-presidente da Museu Sem Fronteiras.

Complementar às colecções exibidas nos museus de pedra e cal - o objectivo é "abrir novas possibilidades de contacto com estes objectos", defendeu Luís Raposo, director do MNA -, este museu online funciona ainda como ponte para o diálogo.

Cláudio Torres, recordando que "os grandes museus ocidentais foram feitos com o saque", classifica mesmo a iniciativa como "decisiva para um futuro próximo", face ao cenário político mundial. Por outras palavras: "O Islão não pode ser descolado da civilização greco-romana."

DN, 20-4-2007, pág. 31
 
“Museu sem Fronteiras” online

Está disponível na Internet um conjunto de 18 exposições
virtuais, que convidam a descobrir a história e a arte
islâmica em toda a região do Mediterrâneo, incluindo Portugal.
Este projecto do "Museu sem Fronteiras" reúne 14 países e
procura divulgar aspectos comuns da história e cultura dos
povos árabes e europeus.
Em www.discoverislamicart.org, as exposições virtuais estão
disponíveis em oito línguas - inglês, alemão, espanhol, francês,
italiano, português, turco e árabe – e mostram a riqueza
da arte das dinastias oneia, abássida, mameluca, otomana,
entre outras.
O "Museu sem Fronteiras" é uma organização nãogovernamental
fundada em 1994, com sede em Bruxelas,
sendo considerado o mais abrangente museu do mundo.
Quarenta museus de catorze países deram o seu contributo,
refere Cristina Correia, coordenadora geral do “Museu Sem
fronteiras” em Portugal.
Aos visitantes destas exposições virtuais é proposta uma forma
inovadora de conhecer uma herança histórico-cultural
comum aos países do mediterrâneo, sem olhar a barreiras
nacionais.
"À descoberta da arte islâmica no mediterrâneo" a partir de
casa ou em livro, numa edição "Inapa", com o apoio da Fundação
Gulbenkian.
Um projecto idêntico, mas dedicado à arte barroca, está já
em preparação.

RRP1, 19-4-2007
 
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