09 abril, 2007

 

Dizem cobras e lagartos


Mas as cobras não são más como as cobras!


http://pt.wikipedia.org/wiki/Cobra

http://cobras.org/

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=214983&idselect=10&idCanal=10&p=200

E os lagartos ainda menos?

http://es.wikipedia.org/wiki/Lagarto

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Os medos ancestrais e infundados de um animal sem pés nem asas

Francisco Mangas

Provoca medo e mil repugnâncias. Uns chamam-lhe cobra, por serpente também é nomeada. Existe no campo e nas cidades este bicho sem pés, sem asas, sem barbatanas, que a cultura ocidental imaginou temível como a peste e perseguiu até lhe cortar a cabeça. Portugal tem também as suas espécies próprias, mas apenas uma é venenosa: a víbora.

Como afastar o remoto medo que sentimos diante das serpentes? O melhor caminho talvez seja conhecê-las melhor. Um livro, ontem lançado pelo Parque Biológico de Gaia, pode ajudar em tão difícil empresa. Chama-se Cobras de Portugal, Um Guia de Campo, da autoria de Jorge Gomes, capaz de afugentar ideias desacertadas e pacificar a nossa relação com os ofídios.

Há cobras na floresta, nos campos agrícolas, nos muros em ruína, nas serras, rente às casas. A bonita cobra-de-escada, por exemplo, encontra-se em qualquer parte do País. E tem a particularidade de se adaptar bem a ambientes urbanos. Nada de pânico: não é venosa.

Este livro amigo de todos os répteis apresenta a fotografia e a ficha de identificação e elementos sobre a biologia dos nossos ofídios. Inofensivos como a cobra-de-escada são também as espécies com habitat junto a charcos e rios: a cobra-d'água-viperina e a cobra-d'água-de-colar. Na classe das áglifas ("serpentes com dentes desprovidas de canais internos ou externos de inoculação de veneno") há ainda a cobra-de-ferradura, a lisa-bordalesa e a lisa-austríaca.

"Move-se devagar, mas pode morder num relâmpago", explica Jorge Gomes. Eis a víbora-cornuda, das zonas rochosas e soalheiras, distribuída por todo o território nacional. É venenosa, mas "só uma minoria de pessoas mordidas morre". Outro ofídio venenoso a serpentear em terras portuguesas é a víbora-de- -seoane.

Será possível um livro pacificar a nossa relação com as cobras, transformadas há séculos em "ícones de repulsa"? Quando, diante da serpente, como lembra o filósofo francês Gaston Bachelard, "toda uma linhagem de antepassados vem sentir medo em nossa alma". A obra Cobras de Portugal foi apresentada, ontem à tarde, no Parque Biológico de Gaia, e o autor, Jorge Gomes, reconhece que "à primeira vista, para um homem comum, editar um livro sobre cobras soa quase a mórbido. Afinal, só uma pequena fatia da população lhes atribui algum atractivo". Contudo, salientou o autor durante a apresentação, haverá, para outros, motivos para as admirar, já que "as serpentes são do género do Lucky Luke, o cowboy que caminha pela sombra e no salão nunca vira as costas para a janela".

DN, 8-4-2007, pág. 24
 
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