01 abril, 2007

 

Enciclopédias on-line


Ajuda, fraude, cábula ou efectivo repositório de saberes ?

Todos os dias aparece algo mais para tornar fácil a vida. Dos preguiçosos, estudantes, estudiosos, investigadores...

Podendo servir de simples veículo de calúnia ou espelho laudatório de espíritos egotistas, tidas as devidas cautelas poderá ser um bom exemplo de auxiliar.

A utilizar, pois, com critério.

A clássica:
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal,
com ajuda:
http://www.wikiseek.com/,
http://wikiscanner.virgil.gr/,

a concorrente:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Knol
http://knol.google.com/k#

não censurada:
http://www.wikileaks.org/wiki/Wikileaks/pt

a retrógrada:
http://www.conservapedia.com/Main_Page,

a esperança:
http://en.citizendium.org/wiki/Main_Page,

a idiota:
http://desciclo.pedia.ws/wiki/P%C3%A1gina_principal.

Sobre a vida:
http://www.eol.org/

E as demais:
http://www.kalipedia.com/
http://www.larousse.fr/encyclopedie/

Comments:
Citizendium em testes será rival da Wikipédia

Ana Pago

Após um reinado absoluto de seis anos na Internet, a Wikipédia tem, a partir de agora, uma rival à altura: a Citizendium, enciclopédia online e gratuita, já disponível em fase de testes. O "compêndio dos cidadãos" ganha o nome da junção de citizens e compedium (a resultar no citizendium final), pretende colmatar algumas falhas apontadas à Wikipédia e apenas permite autores registados com nomes reais. Um upgrade à essência das enciclopédias digitais.

"Acreditamos que este projecto é necessário porque o mundo precisa, de facto, de uma enciclopédia livre mais fiável, capaz de formar uma comunidade mais responsável e bons cidadãos a nível global", justifica a equipa responsável pelo desenvolvimento da nova ferramenta. Os objectivos mais imediatos?

Conseguir artigos bem escritos, fiáveis e sem erros, para o que contam com o apoio de especialistas em todas as fases do processo. "Crescer em centenas de milhares de entradas nos próximos anos e milhões em anos depois desses." E por último, mas não menos importante, dizem, ser capaz de formar "uma espécie de comunidade online", atenta ao contributo dos peritos e do público em geral e "sem tolerância para rupturas imaturas e abusos que ameaçam tantas outras comunidades na Net".

Criada em 2006 pelo co-fundador da Wikipédia, Larry Sanger, a Citizendium foi pensada com base no formato, na flexibilidade e na tecnologia da rival. O facto de ainda estar em fase experimental não lhe retira funcionalidade, antes deixa antever todo o potencial da enciclopédia: no passado domingo registava mais de 1100 artigos (para já apenas em inglês) e conta, actualmente, com cerca de 350 colaboradores - proibidos de usar pseudónimos - e 150 especialistas - os únicos que podem aprovar versões fiáveis dos conteúdos.

Saber alternativo

Assumindo-se como "um bazar vivo", onde autores e editores gerem temas e palavras num equilíbrio entre contributos leigos e especializados, a Citizendium exige, desde logo, que os editores detenham um título académico e dominem uma matéria. É esta a principal nota que distingue o compêndio da Wikipédia, frequentemente acusada de erros e incorrecções. E aqui reside, também, o principal ponto de discussão, com alguns utilizadores a defenderem que os especialistas são mais-valia da informação e outros a acharem que, pelo contrário, o rigor afecta o conceito de enciclopédia livre.

Seja como for, aponta Sanger, o importante é "conseguir um variado entendimento da realidade". E, aqui, "a ambição" da Citizendium vai dar que falar, acredita o criativo.

DN, 28-3-2007, pág. 48
 
Lançada “Enciclopédia da Vida”

Das cenouras aos elefantes, todas as 1,8 milhões de
espécies conhecidas de animais e de plantas vão estar listadas
na “Enciclopédia da Vida”, na Internet.
O projecto, orçado em cem milhões de dólares (73,6 milhões
de euros), e que durará dez anos, visa ajudar desde crianças
com trabalhos de casa de Biologia, até governos que pretendam
proteger espécies ameaçadas.
A “Enciclopédia da Vida” pretende “criar uma entrada para
cada espécie conhecida, explicou James Edwards, directorexecutivo
do projecto, acrescentando que este portal será
um “recurso inestimável para qualquer pessoa em qualquer época”
A Enciclopédia, gerida por uma equipa de entre 25 e 35 pessoas,
vai partir de bases de dados já existentes para mamíferos,
peixes, aves, anfíbios e plantas.
Estará disponível informação em texto (inicialmente apenas
em inglês), fotografias, mapas e vídeos.
O projecto será coordenado pelo U.S. Field Museum, Universidade
de Harvard, Marine Biological Laboratory, Missouri
Botanical Garden, Smithsonian Institution e pela Biodiversity
Heritage Library, um grupo que inclui o Museu de História
Natural de Londres, o Jardim Botânico de Nova Iorque e o
Jardim Botânico Real em Kew, Inglaterra. Os pormenores do
projecto podem ser conhecidos em http://www.eol.org.

RRP1, 10-5-2007
 
Um em cada seis mamíferos
está em extinção

Um estudo da União Mundial para a Conservação
(IUCN) revela que um em cada seis mamíferos europeus está
em risco de extinção.
Esta primeira avaliação sobre os mamíferos europeus, pedida
pela Comissão Europeia, demonstra que, além da ameaça
de extinção, as tendências relativas às populações de
mamíferos não são animadoras: um quarto (27%) das populações
está em declínio e em 33% dos casos desconhece-se
qual a tendência.
Apenas 8% das espécies estão a aumentar, incluindo o bisonte
europeu, graças à introdução de medidas de conservação
bem sucedidas.
Na Europa, encontram-se as espécies de felinos (lince ibérico)
e focas (foca-monge do Mediterrâneo) mais ameaçadas
do mundo, ambas classificadas como Criticamente em Perigo,
enfrentando um risco de extinção na Natureza extremamente
elevado.
Na União Europeia existem seis espécies classificadas como
Criticamente em Perigo. As categorias mais ameaçadas
incluem a raposa do Ártico e a doninha europeia, ambas com
populações muito reduzidas e em declínio.
"Os resultados do relatório mostram o desafio que enfrentamos
para travar a perda da biodiversidade até 2010, como
foi prometido pelos Governos europeus", disse o Comissário
do Ambiente, Stavros Dimas.
"Torna-se claro que a implementação da Directiva Habitats,
que cobre praticamente todos os mamíferos classificados
como ameaçados neste estudo, é de grande importância
para proteger as espécies europeias", acrescentou.
Os resultados da avaliação aos mamíferos europeus são claros:
enquanto 15% (quase um sexto) dos mamíferos estão
ameaçados, a situação dos animais marinhos é ainda pior, já
que cerca de 22% estão em risco de extinção.
As principais ameaças aos mamíferos europeus são a degradação
e perda de habitats causados pela desflorestação ou
pela dragagem das zonas húmidas, seguindo-se a poluição e
excesso de abate.

RRP1, 22-5-2007
 
Ó DA GUARDA QUE EU TAMBÉM 'DESINFORMEI' NA WIKIPÉDIA

Fernanda Câncio
jornalista
fernanda.m.cancio@dn.pt

Imagine o leitor que um belo dia descobre que alguém "abriu" uma página sobre si numa enciclopédia electrónica online que dá pelo nome de wikipédia. E que aquilo que lá se lê não é exactamente aquilo que se esperaria de uma entrada enciclopédica. Por exemplo, estão lá escritas inverdades, insinuações de vária ordem, e até, por exemplo, autênticas calúnias. O que é que faz? Tem três hipóteses: a) encolhe os ombros e repete "é a vida"; b) decide colocar um processo judicial aos responsáveis; c) procura apagar ou corrigir a entrada em causa.

Ora "entrar" (no sentido de alterar) na wikipédia, consultada por milhões de pessoas no mundo como fonte de informação fidedigna, é muitíssimo simples. Nem é preciso fazer qualquer registo: é chegar à página e editá-la. É que a wikipédia ("wiki" para os "iniciados") é uma enciclopédia "democrática", feita por toda e qualquer pessoa. Para abrir entradas na wiki, como lhe chamam os iniciados, basta fazer um registo. Pode registar-se no nome que lhe apetecer. Quase todos os "membros" da wiki se registam com nomes que não permitem qualquer identificação. O único instrumento de credibilização desta enciclopédia, que funciona em várias línguas, é uma rede de "administradores", eleitos pela "comunidade wiki", que detêm os chamados "privilégios do sistema": podem bloquear páginas - impedir que sejam alteradas por alguém que não um administrador - e colaboradores (no caso de serem considerados vândalos). Tendo isto em conta, é um milagre que haja na wiki tanta informação fiável.

Como é que sei isto tudo? Porque já me aconteceu o que descrevo no primeiro parágrafo deste texto. E escolhi a terceira hipótese: entrei na wiki, apaguei a página e entrei em contacto com os administradores, solicitando-lhes um apagamento definitivo. A minha acção deu origem a uma acesa discussão na página relativa à entrada em meu nome e na "esplanada" da wiki (fórum aberto a todos) em que não faltou quem me acusasse de ser uma "censora" e uma "vândala" (e, claro, uma inimiga da liberdade de expressão) por apagar inverdades, calúnias ou intromissões na minha vida privada - apesar de o ter feito assumindo o meu nome e em total transparência. Os administradores da wiki acabariam por proceder, após votação, à alteração da página para uma versão minimamente objectiva, tendo-se fixado alguns critérios para a wiki lusófona a partir do caso. Mas que alguém, ao corrigir ou apagar deturpações e/ou insinuações ou devassas sobre si numa página aberta à intervenção de todos, possa ser acusado de "censurar" , "desinformar" ou "atentar contra a liberdade" é bem a medida do delírio instalado. Se calhar até devia haver uma lei contra as pessoas que se ofendem com calúnias, boa?

DN, 17-8-2007
 
Governo mudou perfil 'online' de Sócrates

JOÃO PEDRO HENRIQUES

A biografia de José Sócrates na Wikipedia - uma enciclopédia online em que as entradas são manipuláveis pelos internautas - foi alterada a partir do próprio Governo. O facto foi ontem avançado pelo blogue Zero de Conduta, no qual participa um assessor de imprensa do Bloco de Esquerda.

A descoberta baseou-se num instrumento recentemente surgido na Web, o Wikiscanner (http/wikiscanner. virgil.gr/). Trata-se de um site através do qual se podem localizar os IP (números dos servidores) dos computadores a partir dos quais são feitas as alterações das entradas na Wikipedia (cuja versão em português é consultável em http/pt.wikipedia.org/). O Wikiscanner permitiu, por exemplo, saber que o perfil do Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, tinha sido alterado a partir de um computador da CIA. Ou que alguém no Vaticano mudara o texto sobre Gerry Adams, líder do Sinn Féin.

Segundo o Zero de Conduta, quando rebentou o polémica sobre a licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente (UnI), deram-se alterações ao perfil do primeiro-ministro naquela enciclopédia online a partir do IP 193.47.185.124. Ora esse número pertence ao CEGER (Centro de Gestão da Rede Informática do Governo). As alterações detectadas a partir desse IP foram no sentido de lhe retirar controvérsia e também referências de índole pessoal/familiar.

O site do CEGER indica as suas várias missões. "Por delegação do Primeiro-Ministro o Ceger funciona na Presidência do Conselho de Ministros, na directa dependência do Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. O Ceger dá suporte à governação nos domínios das tecnologias da informação e comunicação. Compete-lhe garantir a utilização mais eficaz das tecnologias da Informação e comunicação, e particularmente da Internet, para criar melhor Governo." Rui Sil- va, coordenador operacional do CEGER que falou ao DN em substituição do director, Alexandre Caldas, disse não poder fazer comentários ao caso, remetendo-os para a tutela política.

David Damião, assessor de imprensa do primeiro-ministro, negou ao DN que as mudanças tenham sido feitas a partir do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo, alegando que este "não opera com conteúdos". Negou também que as alterações no sentido de "corrigir falsidades" tenham sido feitas por instruções directas do primeiro-ministro.

Sobre o facto de algumas dessas mudanças surgirem associadas ao IP do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo é "normal" porque os computadores governamentais estão ligados a esse servidor. David Damião admitiu que, de facto, as mudanças possam ter sido introduzidas por pessoal do gabinete do primeiro-ministro, do seu secretariado ou até do Governo em geral.

Na própria entrada sobre Sócrates é consultável o histórico sobre as alterações que lhe foram sendo introduzidas (http/pt.wikipedia.org/w/ index.php?title=Jos%C3%A9_S%C 3%B3crates&action=history).

Uma das últimas tentativas, alterada depois por um administrador do site, apresentava já a data da morte do primeiro-ministro (4 de Novembro deste ano) e o local(Santa Maria de Belém). E na profissão constava, em vez de "político", "construtor civil". Dizia que José Sócrates era o "pedreiro mais bem pago" de Portugal.

Este texto não está imediatamente disponível na entrada sobre o primeiro-ministro na versão portuguesa da Wikipedia (http/pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_s%C3%B3crates). Encontra-se apenas consultando o seu histórico.|

DN, 17-8-2007
 
O pirata da informática que descobriu tudo

ARMANDO RAFAEL

Virgil Griffith tem apenas 24 anos, mas já é uma celebridade entre os piratas informáticos (hackers) dos EUA há, pelo menos, quatro anos. Nessa altura foi processado por ter entrado nos ficheiros da Blackboard, roubando-lhes alguns segredos.

Nascido no estado de Alabama, à semelhança do que sucedeu com o fundador da Wikipedia (Jimmy Wales), Virgil Griffith, que ainda há pouco dava conferências a hackers na Internet, volta a estar nas bocas do mundo. Desta vez, por boas razões, já que foi ele que criou o Wikipedia Scanner.

Este programa informático permite detectar, de uma forma elaborada e sistemática, quais foram os computadores utilizados para editar ou alterar os textos disponíveis naquela enciclopédia online.

Foi com este programa que se descobriu que alguém instalado num computador da Cidade do Vaticano tinha apagado um registo menos abonatório para o perfil do católico independentista irlandês Gerry Adams, que lidera o Sinn Féin e integrou as fileiras do IRA.

Cruzando as informações e os dados provenientes do banco de dados de IP (Internet Protocol) com o histórico das alterações introduzidas nas páginas da Wikipedia, o programa de Griffith permitiu detectar ainda outras modificações, criadas a partir de computados instalados na sede da CIA, do Partido Democrático dos EUA e de até de multinacionais.

Só que o programa permite ir ainda mais longe, como reconheceu já um porta-voz do Instituto de Tecnologia da Califórnia que ajudou Griffith: "O Wikipedia Scanner pode evitar que uma organização ou um determinado indivíduo possa editar uma página que não era suposto".

Tudo isto poderá ter uma aplicação muito além da Wikipedia, que foi criada com apenas três textos, como "Jimbo" Wales recordava há dias, em declarações ao Washington Post. "Era uma péssima enciclopédia."

DN, 17-8-2007
 
Wikipedia 'congela' Sócrates

A Wikipedia - a principal enciclopédia de acesso livre na Internet - bloqueou ontem todas as tentativas de mexer no perfil ali publicado do primeiro-ministro. O bloqueio ocorreu após dezenas de tentativas ocorridas desde as 07.30 para manipular a biografia. Uma dessas tentativas passou por definir a profissão do primeiro-ministro como "mentiroso". Manuel Anastácio, um dos administradores da versão em português da Wikipedia, disse ao DN que o bloqueio será mantido "até que passe a febre" dos "vandalismos" sobre o perfil do primeiro-ministro. E negou veementemente que o site esteja a actuar por instruções do gabinete do primeiro-ministro. Na versão em inglês da Wikipedia, o seu perfil mantém-se aberto. A versão portuguesa contém informações sobre o "caso UnI".

DN, 18-8-2007
 
CENSURA NA WIKIPÉDIA ESTÁ SOB VIGIA

INÊS DAVID BASTOS e MARIA JOÃO ESPADINHA

A alteração recente da biografia do primeiro-ministro, José Sócrates, na Wikipédia não é caso único no que respeita à manipulação daquela que é a mais popular enciclopédia online do mundo. Está até bem longe disso. As manipulações da Wikipédia - que tem como editores os próprios internautas, o que é também a sua fraqueza - já ganharam adeptos nos quatro cantos do globo e têm sido uma tentação para companhias multinacionais, partidos políticos e outras organizações públicas, algumas de projecção mundial. A tal ponto que a credibilidade da enciclopédia online começa a ser posta em causa. E se em algumas situações se tratou de meras mexidas na enciclopédia, para apagar um dado incómodo ou para melhorar um determinado perfil, como foi o caso do de José Sócrates, outras há em que a Wikipédia é alvo, como tem qualificado alguma imprensa mundial, de actos de vandalismo.

Entre os casos mais famosos de manipulação da Wikipédia, onde a história é de alguma forma reescrita, muitas vezes pelos próprios visados, conta-se, por exemplo, o da CIA, que alterou a biografia do Presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, ou o do Vaticano, que mexeu na biografia do líder do Sinn Féin.

Se antes as manipulações ou actos de vandalismo eram feitos na sombra, sem se conhecer o seu autor, agora, um novo instrumento surgido recentemente na Web, o Wikiscanner (http/ wikiscanner.virgil.gr/), permite localizar os IP (número dos servidores) dos computadores a partir dos quais são feitas as alterações das entradas na enciclopédia online.

Foi através deste instrumento, concebido pelo estudante de informática Virgil Griffith, que se ficou a saber que o melhoramento do perfil do primeiro-ministro português tinha partido de um computador do Governo, por ocasião da polémica com as habilitações académicas de José Sócrates. E que tinha sido a CIA a alterar o perfil do Presidente iraniano.

"Tive a ideia [de criar o Wikiscanner] quando ouvi falar dos congressistas que alteravam a sua página pessoal na Wikipédia", explicou Virgil Griffith, citado pelo jornal Independent. O caso dos senadores norte-americanos que alteraram as suas biografias a partir de membros das suas equipas foi denunciado o ano passado pela própria Wikipédia, uma enciclopédia que é usada por milhões de pessoas, sobretudo estudantes. Mas não só. Ainda esta semana, o candidato a líder do PSD Luís Filipe Menezes viu-se envolvido numa polémica, por copiar passagens da Wikipédia para o seu blogue.

Jimmy Wales, co-fundador da enciclopédia online, já veio desvalorizar as manipulações feitas à Wikipédia, sustentando que as mesmas não "terão nenhum impacto". Wales disse que chegou a hora de os manipulares "assumirem as responsabilidades".|

Governo e o perfil de Sócrates

Foi o blogue Zero de Conduta, no qual participa um assessor de imprensa do Bloco de Esquerda, que denunciou ter o Governo alterado a biografia do primeiro-ministro, José Sócrates, na Wikipédia, por ocasião da polémica com as habilitações académicas. No sentido de melhorar o perfil do chefe do Executivo. A descoberta foi possível graças ao Wikiscanner, que permitiu ver que a alteração tinha partido do CEGER (Centro de Gestão da Rede Informática do Governo), que funciona na presidência do Conselho de Ministros. As alterações detectadas foram no sentido de retirar controvérsia e também referências de índole pessoal/familiar. Foram retiradas da biografia do primeiro-ministro, por exemplo, as passagens: "Sócrates, pai de dois filhos e divorciado, vive em Lisboa e está recenseado como eleitor no concelho da Covilhã, onde viveu a sua infância e adolescência com o seu pai, um arquitecto divorciado" e "Passou brevemente pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa".

Loriga e o brasão

A página da Wikipédia dedicada a Loriga, uma freguesia do concelho de Seia, na Guarda, foi "vandalizada" por um usuário, que colocou comentários sobre os "inimigos" da freguesia, apagando ou alterando informações sobre a localidade - como festividades, hidrografia ou acessos - que lá tinham sido colocadas por outro editor. E retirou também a figura do brasão pertencente à localidade.

O Vaticano e o Sinn Féin

O Vaticano apagou da biografia do líder do Sinn Féin (partido nacionalista da Irlanda do Norte), Gerry Adams, a questão levantada sobre os duplos homicídios nos quais se viu envolvido em 1971. Na entrada da enciclopédia havia uma secção denominada "Nova questão sobre o assassínio levantada", agora apagada, que continha entradas de jornais publicados em 2006, onde se lia que as impressões digitais de Adams foram encontradas num carro usado no crime.

CIA e os planos iranianos

Foi a partir dos computadores da CIA (Agência Central de Inteligência) que a biografia do Presidente Iraniano, Mahmud Ahmadinejad, foi alterada. No documento, a CIA juntou a exclamação "Wahhhhh" aos planos de presidência de Mahmud Ahmadinejad. Para além disso, fez pequenas alterações às páginas de Oprah Winfrey e do seu chefe, Porter Gross. Um porta-voz da agência afirmou que não pode confirmar se foram, de facto, pessoas em computadores da agência que editaram a Wikipédia, mas enfatizou que "a CIA tem uma missão vital na protecção dos Estados Unidos e o foco da agência está nesse trabalho decisivo".

Diebold e o Presidente Bush

A Diebold, companhia responsável pelo fornecimento de urnas eletrónicas usadas nas polémicas eleições americanas do ano 2000, alterou a sua própria entrada. Em Outubro de 2005, uma pessoa utilizou um computador da Diebold para retirar parágrafos da página sobre Walden O'Dell, presidente da empresa. Os parágrafos, que revelavam que ele foi um "grande arrecadador de fundos" do presidente George W. Bush, foram depois recolocados na página.

O Partido Democrático e a TV

O Partido Democrático (nos EUA) juntou comentários à página do apresentar de televisão Rush Limbaugh, de extrema-direita, adicionando vários insultos, como "racista", "idiota" e "preconceituoso".

Dow Chemical e o acidente na Índia

Alguém da Dow Chemical apagou uma passagem sobre um acidente na Índia, em 1984, quando foi libertado um gás venenoso, onde morreram cerca de 20 mil pessoas.

O desastre ocorreu numa fábrica da Union Carbide, empresa que agora é uma subsidiária da Dow Chemical.

O Governo israelita e o muro

Um computador relacionado com o Governo israelita tentou apagar, por duas vezes, um artigo inteiro sobre o muro da Cisjordânia, que criticava a iniciativa. Outra mudança, a partir da mesma morada, foi feita na entrada do Hezbollah, descrevendo todas as suas operações como sendo "na sua maioria de natureza militar".

Exxon Mobil e o derrame de petróleo

Um endereço de IP que pertence à petrolífera Exxon Mobil está relacionado com uma mudança no artigo sobre o derrame que ocorreu na refinaria Exxon Valdez em 1989. Uma entrada em que se lia que a companhia, alegadamente, "ainda não pagou os cinco mil milhões de dólares em danos provocados aos 32 mil pescadores do Alasca" foi substituída por referências aos fundos que a Exxon Mobil disponibilizou para indemnizações.

O FBI e a base de Guantánamo

O FBI, agência federal de investigação, removeu imagens aéreas da base naval de Guantánamo em Cuba.

A pedofilia na Igreja

Barbara Alton, assistente do bispo episcopal Charles Bennison, nos EUA, apagou informação num artigo sobre abuso sexual de crianças, alegações que o bispo desviou fundos e provas de outros escândalos. Questionada sobre o assunto, Barbara Alton confessou que foi obrigada a apagar a informação, uma ordem dada por um dos responsáveis da Igreja.

O Partido Republicano e o Iraque

O Partido Republicano editou uma das entradas sobre Saddam Hussein, de forma a deixar claro que a invasão liderada pelos EUA não foi uma operação de "ocupação" mas sim de "libertação".

Criadores de cães e ataques fatais

Uma associação de criadores de cães nos Estados Unidos removeu referências a dois ataques a humanos, fatais, pela raça perro-de-presa-canário. Em 2001, uma mulher foi atacada e morta por dois animais desta raça no hall do prédio onde morava em São Francisco. O ano passado, outro cão desta raça atacou fatalmente uma mulher na Florida.

O lóbi das armas

A National Rifle Association of America, associação nacional de armas nos EUA, substituiu uma entrada sobre o seu papel no aumento dos acidentes fatais com armas por uma referência ao trabalho de conservação da associação nos Estados Unidos.

O My Space e a autocensura

Alguém a trabalhar num endereço de IP ligado ao site MySpace não gostou das referências à política de autocensura existente na rede social, removendo um parágrafo inteiro que acusava o MySpace de censura.

A Amnistia e o antiamericanismo

Um computador ligado à Amnistia Internacional (AI) foi usado para apagar referências que acusavam a organização não governamental de ter uma política antiamericana.

Nestlé e as críticas

Uma pessoa que trabalha na Nestlé removeu críticas a algumas das práticas de negócio da empresa mais controvérsias, que já foram, no entanto, repostas no artigo.

A Cientologia e a sua imagem

Computadores com endereços de IP ligados à Igreja da Cientologia foram usados para retirar parágrafos críticos sobre as operações da religião em todo o mundo.

DN, 24-8-2007
 
Quem 'bloqueou' o PM

JOÃO PEDRO HENRIQUES

Muriel Gottrop é um pseudónimo. De uma mulher, portuguesa, que recusa revelar a sua imagem, dizer o seu verdadeiro nome e até explicar porque escolheu Muriel Gottrop para pseudónimo. Muriel Gottrop chega às páginas do DN gente por uma única razão. Foi ela a "wikipedista" que, no passado dia 17, decidiu bloquear a possibilidade de o perfil de José Sócrates ser manipulado por qualquer internauta que acedesse à versão portuguesa da Wikipédia (http/pt.wikipedia.org/).

"Wikipedista"? "Wikipédia"? Comecemos pela segunda: Wikipédia é a maior enciclopédia online do mundo. E a mais democrática. Qualquer pessoa pode acrescentar "entradas" e editar as que já lá estão. E "wikipedistas" são os seus "administradores", os que zelam pelo rigor dos seus conteúdos. E os que impedem sucessivos "ataques" aos perfis ali publicados. Ataques que, no caso de Sócrates, foram de dois géneros: introduzir insultos ou disparates (alguém chegou a tentar colocar-lhe no perfil a data da sua morte); ou num sentido mais agradável para Sócrates - como aliás lhe aconteceu na versão inglesa, através de computadores do governo português, cortando informação verdadeira mas que alguém preferia que não fosse publicada (por exemplo, a nota, 12 valores, do seu MBA no ISCTE). Em ambas as circunstâncias, os "wikipedistas" de serviço viram-se obrigados a pôr um travão. Usando sempre o mesmo adjectivo: "vandalismo".

Muriel Gottrop esteve na origem do bloqueio, ainda hoje em vigor, ao perfil do PM na "wiki" lusófona. O DN tentou saber quem era. Quase em vão. Muriel preserva veementemente o direito ao anonimato. O diálogo foi sempre por correio electrónico.

Muriel diz que tem 30 anos. É doutorada na área das "ciências da terra" e trabalha entre a Alemanha e Inglaterra. Autoclassifica-se de nerd (gíria cibernética para "marrona") e diz ter um interesse em questões militares que "não é normal" numa "miúda" da sua idade.

As suas navegações online resumem-se à própria Wikipédia (de cuja versão inglesa faz aliás uma descrição fascinante). Do seu círculo de amigos fazem parte pessoas que "se interessam por coisas como arquitectura gótica, castelos de Portugal e aves procelariformes" (que habitam em oceano aberto, como o albatroz). O que escreve na Wikipédia nada tem a ver com a sua profissão, segundo garante.

DN, 24-8-2007
 
Wikipédia absolvida do crime de difamação

INÊS DAVID BASTOS

Tribunal decidiu que Fundação não é responsável
A Fundação Wikipédia - proprietária da enciclopédia virtual Wikipédia criada em 2001 - acaba de ganhar uma batalha judicial, que marca um momento inédito, pelo menos na Europa, onde um tribunal nunca se tinha pronunciado sobre a responsabilidade dos conteúdos aí inseridos. O caso passou-se em França e a sentença, que absolveu a Wikipédia dos crimes de devassa da vida privada e difamação, foi tomada pelo Tribunal de Grande Instância (TGI), depois de três internautas a terem processado por incluir artigos onde se denunciava as suas preferências sexuais, exigindo uma indemnização de 68 mil euros. Esta foi a primeira vez que a enciclopédia online multilingue foi processada, embora tenha vindo a ser alvo de alguma polémica nos últimos meses devido à adulteração de alguns conteúdos.

O TGI francês conclui que a Fundação Wikipédia não pode ser considerada culpada e responsável pelos conteúdos, dado que a enciclopédia é um espaço que alberga artigos. Além disso, concluíram os juízes, os conteúdos sobre as preferências dos três queixosos não podem ser considerados "manifestamente ilícitos". Isto porque, o TGI entende que só os conteúdos referentes a pedofilia, pornografia, racistas ou de estímulo ao nazismo é que são tidos como "manifestamente ilícitos". E em casos como estes, a justiça francesa manda a Wikipédia apagar os artigos em causa (mesmo assim não condena a enciclopédia a qualquer indemnização, apenas ordena a retirada dos conteúdos).

"O tribunal entendeu que, dado que a fundação não exerce controlo sobre os conteúdos, a mesma não pode ter responsabilidades editoriais", explicou Lionel Thoumyre, director da revista online Juriscom.net.

Reacções e polémicas

"Esta é uma decisão importante, que preserva a liberdade de expressão e pode fazer jurisprudência porque é a primeira decisão sobre a Wikipédia na Europa", congratulou-se, em declarações ao Le Monde, o advogado da Fundação em França, Jean-Philippe Hugo. Mas se a Wikipédia não é a responsável pelos conteúdos aí hospedados, quem é? Jean-Philippe Hugo não tem dúvidas em afirmar que as responsabilidades devem ser imputadas "aos autores" dos artigos.

A Wikipédia, que é editada pelos próprios internautas de todo o mundo, tem estado sob polémica por causa de adulterações. Os casos mais recentes e mediáticos são o da CIA, que alterou o perfil do presidente iraniano, Mahmud Ahmadineyad, o do Vaticano, que terá mexido na página de Gerry Adams, líder do Sinn Féin, e o caso português, com a alteração pelo Governo do currículo de José Sócrates.

Mais recentemente, um funcionário da Mercedes vandalizou a página dedicada a Lewis Hamilton. Em nenhum destes casos, a Wikipédia foi processada.

DN, 5-11-2007
 
Wikipedia não deve ser utilizada como fonte jornalística primária

A agência France-Presse proibiu os jornalistas de recorrerem à enciclopédia

A utilização de conteúdos da Wikipedia como fonte de informação foi proibida em alguns meios académicos e jornalísticos, uma decisão próxima da filosofia da enciclopédia que sugere o recurso a fontes primárias para trabalhos científicos ou jornalísticos. "Quando se trata de utilizar a Wikipedia como fonte para trabalhos jornalísticos ou científicos oferecemos um conselho: vá às fontes primárias", explicou à Lusa Mathias Schindler, um voluntário do Comité de Comunicação da Wikimedia Foundation.

Jimmy Wales, co-fundador da Wikipedia, enfatizou esta questão no artigo que descreve a enciclopédia, dizendo que habitualmente as enciclopédias não são apropriadas como fontes primárias. "Já que nós não fazemos investigação primária, todos os conteúdos de um artigo da Wikipedia têm de ter referências e citações", avançou Mathias Schindler.

As regras da Wikipedia sugerem que todos os contribuintes incluam as referências do acontecimento, porque ajudam a conduzir os utilizadores às fontes primárias. "Um artigo da Wikipedia será tanto melhor quanto mais referências bibliográficas tiver", disse à Lusa Manuel Anastácio, um dos "wikipedistas" que cria e revê os conteúdos em português. "Se indicar as fontes que utilizou, qualquer pessoa pode verificar a factualidade dessas informações", acrescentou Manuel Anastácio.

O manual de regras de utilização da Wikipedia sugere que o "artigo ideal da Wikipedia deve ser neutro, com referências e enciclopédico, contendo informação verificável".

Na semana passada, a direcção da agência France-Presse (AFP) proibiu os seus jornalistas de utilizar fontes de informação virtuais, nomeadamente a Wikipedia e o site da rede social Facebook. As novas regras para os jornalistas da agência francesa surgem depois de terem sido desactivados dois perfis falsos no Facebook de Bilawal Bhutto, filho da ex- -primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto. "É algo arrogante a posição da France-Presse, mas já estamos habituados a esse tipo de postura, quer de França quer dos Estados Unidos", disse à Lusa Carlos Botelho, outro wikipedista português.

Mathias Schindler acredita que a proibição de recorrer à Wikipedia, ou outros sites, é quase "impossível" e conhece vários jornalistas que confiaram no trabalho da enciclopédia online para desenvolver as suas investigações. O mesmo responsável acrescentou que em determinados casos a Wikipedia é mencionada em textos jornalísticos, exemplo do Spiegel Online, mas há também casos de plágio, em que as informações são utilizadas sem qualquer referência.

Os conteúdos desta enciclopédia gratuita, que tem edições em 253 línguas, são criados ou enriquecidos por qualquer internauta no mundo - o que expõe a enciclopédia a vários perigos de deturpação de informação, dados incorrectos ou incompletos, situações que os vigilantes Wikipedistas tentam prevenir.-LUSA

DN, 21-1-2008
 
Rival da Wikipedia tem 30 mil visitas por dia

Internet. Larousse lançou uma versão 'online' da sua enciclopédia

Editora prevê dois milhões de páginas vistas num mês

A editora francesa Larousse lançou uma ambiciosa versão online de sua enciclopédia (www.larousse.fr), que pretende rivalizar com a Wikipedia no mercado de língua francesa. Desde a sua inauguração, a 15 de Maio, o site regista 30 mil visitas diárias, noticia a AFP. "Está acima das expectativas", salienta o chefe do projecto, Sebastien Capelin.

Segundo este responsável, a Larrousse estima que serão dois milhões de páginas da enciclopédia no primeiro mês de actividade. Esta versão online custou uma "mudança de direcção" e dois anos de trabalho para ser inaugurada. Mas a espera, segundo Capelin, valeu a pena, já que a proposta francesa é a "primeira" que associa artigos procedentes de edições em papel com as contribuições que qualquer internauta pode colocar no site. Diferente sistema tem a Wikipedia, que vive apenas das contribuições dos utilizadores, apontado pelos críticos como o ponto fraco da enciclopédia - pois as contribuições anónimas que podem gerar muitos erros.

Para participar da Larousse online, é necessário fazer a inscrição no site, enviar o currículo e identificar--se com uma fotografia. "Já contamos com milhares de contribuidores", diz o chefe do projecto. O objectivo destes artigos é "trazer um espírito crítico", um ponto de vista "mais humano" que complete os conhecimentos oferecidos pela parte editorial. Segundo este responsável, os artigos são supervisionados por uma equipa de dez moderadores.

Com o lançamento desta enciclopédia, a editora, que até o momento não planeia estender o projecto para outros idiomas, confirma o "fim das grandes enciclopédias físicas". "Já não há mercado" para as extensas edições de 30 ou 40 volumes que antes decoravam as salas das casas", explica Capelin.

DN, 8-6-2008
 
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