14 maio, 2007

 

14 de Maio


Dia mundial da hipertensão


http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertens%C3%A3o_arterial

http://www.pfizer.pt/saude/cardio_hip_hipert.php

http://www.sphta.org/

Comments:
Dois milhões têm hipertensão e não sabem

DIANA MENDES

A hipertensão não é um mistério para os portugueses e todos lhe reconhecem a gravidade. Mas isso não impede que mais de dois milhões de pessoas desconheçam que sofrem do problema. O gesto de medir a tensão, que devia ocorrer duas vezes por ano, é sucessivamente adiado e a doença subdiagnosticada. Se 4,2 milhões de pessoas são hipertensas, apenas 39% dos casos são devidamente tratados, revelou ontem a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH).

Um estudo da Nielsen apresentado ontem mostra que 80% dos portugueses acreditam que não têm a tensão alta (tensão máxima acima de 140) e que apenas 18% reconhecem ter a doença. Para Luís Martins, presidente da SPH, "o desconhecimento alerta-nos para o facto de que as pessoas não medem a pressão arterial, algo que é fácil de diagnosticar", lamenta. Os 18% que estão conscientes da tensão elevada souberam do problema quando foram ao médico.

A doença não tem sintomas durante 20 ou 30 anos, o que explica que os efeitos se detectem demasiado tarde. "Os sintomas só surgem quando há estragos", alerta o responsável, referindo-se sobretudo às doenças de foro cardíaco e aos acidentes vasculares cerebrais (AVC).

No inquérito, que abrangeu utentes, médicos e enfermeiros, a maior parte das pessoas reconheceram estar pouco informadas e que o papel dos médicos no diagnóstico é insuficiente. O panorama é igualmente grave no que diz respeito ao tratamento. Dos 42% de portugueses afectados pela doença, apenas 39% são tratados com dieta ou medicamentos. Porém, destes, apenas 11% têm a situação controlada.

Os factores de risco mais reconhecidos são o excesso de consumo de sal, que coloca Portugal entre os maiores consumidores da Europa, a falta de exercício físico (meia hora a andar rápido basta para controlar o problema), excesso de peso e alimentação incorrecta. A maioria da população referiu ainda o stress.

Para Luís Martins, as consequências da hipertensão são gravíssimas, culminando não raras vezes na ocorrência de AVC e enfartes, sobretudo (ver texto em baixo). As estratégias para diminuir riscos são menos radicais do que se possa pensar, explicou o responsável: "Se se conseguir baixar a tensão máxima (sistólica) de 142 para 140, isso é suficiente para reduzir em 10% o risco de um AVC. A tensão máxima é a que apresenta maiores riscos".

O secretário-geral da APH, José Nazaré, recordou ao DN que "50% dos hipertensos são obesos" e que "bastava perder cinco quilogramas para que a tensão baixasse quatro ou cinco milímetros", nos casos ligeiros (dois terços a três quartos do total).

Cortar no sal num país que consome o dobro do recomendável pela Organização Mundial de Saúde (seis gramas por dia) seria mais uma medida eficaz. E como saber se já se ingeriu a dose máxima diária? "A regra básica é não juntar sal à comida, porque muitos dos alimentos já têm sal. Muitas vezes, 500 gramas de pão já têm quase a dose máxima, agora imaginem-se alimentos como os enchidos, bacalhau ou de charcutaria".

Para que a população conheça os valores da sua tensão, a associação está hoje a fazer rastreios gratuitos em Lisboa e Aveiro, no âmbito do Dia Mundial da Hipertensão. Peso, altura, índice de massa corporal e outros valores serão avaliados e será distribuída informação sobre a doença.

DN, 17-5-2007, pág. 9
 
Dia Mundial da Hipertensão
assinalado hoje

Nas comemorações do Dia Mundial da Hipertensão,
que hoje se assinala, o mote é "reduzir o consumo de sal" e
aumentar a actividade física.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Hipertensão
(SPH), o consumo de sal em Portugal situa-se nos 12 gramas
de sal por dia, o dobro do recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), e um pão nacional chega a ter nove
gramas por quilo.
Os estudos indicam que a hipertensão afecta 42% dos portugueses,
39% dos quais estão tratados e 11% controlados.
Este panorama é justificado pela falta de tempo dos médicos
de família durante as inúmeras consultas diárias e por o
tratamento envolver vários medicamentos, o que "dificulta
a adesão dos doentes à terapêutica", segundo José Nazaré,
secretário-geral da SPH.
Para atingir o objectivo de prevenir as principais consequências
da hipertensão - acidente vascular cerebral (AVC) e
enfarte do miocárdio - a Sociedade defende o maior envolvimento
de enfermeiros e farmacêuticos na medição da pressão
arterial.
O envolvimento destes profissionais de saúde também ajudará
a contornar os "efeitos da bata branca", que consistem na
alteração dos valores reais da pressão no momento da sua
medição pelos médicos devido a tensão ou ansiedade.
Segundo a SPH, registam-se 20 a 30% de falsos casos de
hipertensos devido ao "fenómeno da bata branca" e que só
podem ser resolvidos pelo médico.
As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa
de morte em Portugal e a sua prevalência tende a aumentar
em todo o mundo.
O presidente da SPH, Luís Martins, diz tratar-se de “um problema
dos pobres nos países ricos e dos ricos nos países
pobres porque as pessoas com menos recursos têm mais problemas
a nível alimentar e não fazem actividade física e nos
países em desenvolvimento os mais ricos tendem a imitar os
estilos de vida dos países desenvolvidos".

PPR, 17-7-2007
 
Entrevista a Luís Martins, Presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão

"O problema está na forma como cozinhamos"

diana mendes

Que conselhos daria aos portugueses para prevenir e controlar a tensão?

O primeiro é que a meçam. Se há doença fácil de diagnosticar é esta. Como é assintomática, muitas pessoas só dão conta da hipertensão quando vêm estragos. Por isso lhe chamamos a epidemia silenciosa. No caso das pessoas que têm a doença é preciso controlá-la e estar envolvido no tratamento. Depois, é essencial impedir certos hábitos de vida, perder peso e fazer exercício.

É verdade que basta perder cinco quilogramas para se baixar cinco ou seis milímetros na tensão?

A maior parte das pessoas tem hipertensão ligeira. Se perderem algum peso podem passar de uma tensão de 143 para 137. E sem fármacos! Não tenha dúvida de que a hipertensão pode resolver-se só com a alimentação.

Fala-se dos benefícios da nossa dieta mediterrânica. Apesar de tudo, Portugal tem um elevado número de casos de hipertensão. Como se explica isso?

A dieta mediterrânica é globalmente superior às outras. O problema não está na dieta mas no exagero de sal, na forma como cozinhamos os alimentos.

O sal é a principal explicação para que 42% de portugueses tenham hipertensão?

O sal, a falta de incorporação na dieta de vegetais e frutas e o facto de a doença ser pouco controlada. Dos que sabem que têm hipertensão apenas 11% têm a doença controlada.

Que quantidade de sal devíamos comer por dia?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que se deve comer no máximo cinco a seis gramas de sal. Nos nossos estudos, concluímos que os portugueses comem cerca de 12 gramas, independentemente da profissão.

Como é que as pessoas podem saber se consumiram o sal necessário?

Há regras para isso, mas quem come fora está sempre amarrado. A comida já tem sal que chegue e as pessoas utilizam sempre mais. Aliás, 50% das pessoas usam saleiro. A regra é retirá-lo da mesa e evitar alimentos como as conservas, fast food ou enchidos. Além disso, deve começar a reduzir-se a quantidade de sal que se usa na cozinha progressivamente.

O sal é o grande responsável pelo elevado número de casos de AVC...

É um factor motor. Somos os campeões do AVC entre os países da União Europeia antes de 2000.

Quantos portugueses morrem por ano com AVC?

Segundo dados da OMS de 2006, o AVC é a causa de morte de 22% a 23% dos portugueses e 13% morrem por doença cardíaca.

Sabe dizer-me os custos das doenças relacionadas com a hipertensão em Portugal?

Só nos Estados Unidos, em 2004, os custos rondavam os 55,5 mil milhões de dólares, mais 21 mil milhões de dólares em medicamentos. Ou seja, 23% das despesas em doenças cardiovasculares deviam-se à hipertensão. Em Portugal, os gastos estão na mesma proporção, certamente. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no País.

DN, 18-5-2007, pág. 48
 
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