17 maio, 2007

 

17 de Maio


Dia mundial de luta contra a homofobia


http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Mundial_de_Luta_Contra_a_Homofobia
http://www.ilga.org/index.asp?LanguageID=5
http://portugalgay.pt/main.asp

http://pt.wikipedia.org/wiki/Homofobia
http://homofobia.com.sapo.pt/definicoes.html

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Marcha 'gay' pelo fim da discriminação

PATRÍCIA POSSE

"Queremos igualdade, exigimos oportunidades" foi o lema da II Marcha LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) do Porto, que ontem juntou cerca de 300 pessoas, a grande maioria com idades compreendidas entre os 25 e os 35 anos.

A Praça da República foi o ponto de encontro entre os manifestantes, que agitaram bandeiras e balões com as cores do arco-íris (reconhecidas como símbolo do movimento gay) e foram gritando "eu amo quem quiser seja homem ou mulher" pelas ruas até à Avenida dos Aliados. Este ano o percurso foi diferente para "passar por locais emblemáticos da cidade", disse Paula Antunes, da organização.

Com a Marcha pretende-se reivindicar os direitos LGBT, quebrar preconceitos e estereótipos, dar visibilidade ao movimento LGBT e consciencializar as pessoas, especialmente no Norte, onde a Marcha é mais recente.

Na Rua de Sá da Bandeira e na Praça D. João I, os transeuntes paravam para ver passar a marcha e alguns mostraram o seu desconforto. "O teu silêncio é a força da discriminação", "Casamento civil para gays e lésbicas: mesmos deveres, mesmos direitos" eram algumas das frases que se podiam ler nas faixas dos manifestantes. Alguns dos participantes taparam o rosto com máscaras "para simbolizar os que usam máscaras todos os dias", explicou Paula Antunes.

Em frente ao edifício da câmara, ouvia-se "Assim se vê a força LGBT" e "contra a ditadura da heterocultura" antes da leitura do manifesto, que destacou o facto da orientação sexual ser " a única das categorias enquadradas no Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos que em Portugal ainda gera discriminação na própria lei".

DN, 8-7-2007
 
EXPOSIÇÃO INDECENTE

No início da sua longa carreira na Broadway, o dramaturgo, actor e produtor George Abbott foi beijado no pescoço por um colega, a título de cumprimento após uma estreia de sucesso. Abbott respondeu com um murro que depositou o colega no hospital. Não é que Abbott não gostasse de homossexuais. Acontece que, criado numa cidadezinha do interior, ele nem sabia que existiam.

E no entanto eles existem, na Broadway e, com menor notoriedade, no Porto, onde, à hora em que escrevo, afirmam o respectivo vigor na II Marcha LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénicos ou coisa similar). Marcham porquê? Aparentemente, pela "igualdade" e pelas "oportunidades". Acima de tudo, os "gays" não querem ser discriminados, e o tratamento isento e digno que exigem é um imperativo civilizacional. Só me parece que a participação em desfiles folclóricos e "orgulhosos" não ajuda.

O problema não são as preferências sexuais, matéria pessoal, privada e crescentemente irrelevante. O problema é quando as preferências saltam para o foro colectivo e público, leia-se para a figura triste. Retrógrado ou irracional que seja, é socialmente complicado entregar a gerência de um banco ou uma cátedra de Física a um fulano que, vai-não-vai, percorre a avenida vestido com plumas, um ananás na cabeça e o equipamento alternativo do Benfica. No fundo, pouco o distingue do tarado que abre a gabardina a velhinhas e do burgesso que coça as partes íntimas a fim de que as senhoras nas redondezas verifiquem que ele as possui (as partes; dificilmente as senhoras).

Ainda assim, para programa de sábado antes a Marcha LGBT que o "Live Earth" e os mitos do "aquecimento global". Pelo menos, ao invés do que pensava George Abbott, os "gays" não são ficção.

Alberto Gonçalves

DN, 8-7-2007
 
BE propõe Dia Mundial contra a Homofobia

SUSETE FRANCISCO

O Bloco de Esquerda quer ver instituído em Portugal o Dia Mundial de Luta contra a Homofobia. Uma medida simbólica que integrará um "pacote" mais vasto de propostas em defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT). Por decidir está ainda se, no âmbito da apresentação destas medidas, o BE retoma o projecto de lei em favor do casamento homossexual.

De acordo com o deputado José Moura Soeiro, o BE está, para já, a fazer audições com várias associações com intervenção nesta área, no sentido de "fazer um levantamento do que são as reivindicações legais" da população LGBT. Terminada esta fase, os bloquistas apresentarão - "nos próximos meses" - um pacote de propostas. A educação sexual nas escolas ou a lei do asilo são dois dos exemplos avançados por José Moura Soeiro de áreas onde o partido pretende intervir.

Sobre a instituição oficial, em Portugal, do Dia Mundial de luta contra a Homofobia (que se assinala a 17 de Maio), o parlamentar bloquista garante que esta é uma das medidas que "fará parte" do "pacote".

A formalização desta data foi já proposta à Assembleia da República numa petição. Que, discutida em comissão parlamentar, não teve até agora seguimento - o que só pode acontecer através da iniciativa de um dos partidos com assento parlamentar.

De acordo com José Moura Soeiro, houve já conversas entre deputados dos vários grupos parlamentares, no sentido de avançar, numa base partidária alargada, com a instituição do Dia Mundial de luta contra a Homofobia. Contactos que, para já, não tiveram resultados concretos. Mas que o deputado diz pre- tender retomar.

Posição decisiva nesta matéria terá o PS, por força da maioria absoluta. Mas entre os socialistas há quem defenda a mesma ideia - o secretário-geral da Juventude Socialista (JS), Pedro Nuno Santos, foi um dos signatários da petição levada ao Parlamento. E já defendeu em plenário que Portugal deveria adoptar aquela data.

Casamentos 'gay'

Quanto ao que seria seguramente a proposta de maior polémica - o casamento homossexual -, o BE não definiu ainda o passo seguinte, pelo que não está decidido se integrará o pacote de propostas que está ser preparado. "Ainda não tivemos essa discussão no grupo parlamentar", diz José Moura Soeiro.

O Bloco de Esquerda apresentou já um projecto de lei nesse sentido na Assembleia da República, mas que não chegou sequer a ser agendado (tal como um segundo, da autoria de Os Verdes).

E ainda que o venha ser, o destino mais provável é o chumbo - a maioria parlamentar já disse que temas fracturantes é um assunto "esgotado" até 2009, pelo que estas discussões ficam remetidas para a próxima legislatura.

DN, 24-3-2008
 
SÃO FRANCISCO E TEERÃO MAIS LONGE PARA UM 'GAY'

Leonídio Paulo Ferreira
jornalista
leonidio.ferreira@dn.pt

Recordam-se do timoneiro de olhos rasgados da Enterprise? Sim, daquele de tipo asiático, que surgia ao lado de Spock, o das orelhas bicudas, e do capitão Kirk. Bem, o Mr. Sulu da série televisiva Caminho das Estrelas, que na realidade se chama George Takei, está prestes a ser um dos primeiros a aproveitar a legalização dos casamentos homossexuais na Califórnia, o estado onde fica São Francisco, a cidade mais liberal da América. Takei anunciou através da Internet a sua boda próxima com Brad Altman, o companheiro de muitos anos, e foi o segundo gay californiano a fazê-lo, imitando a apresentadora Ellen DeGeneres.

Desta vez, o governador Arnold Schwarzenegger, o actor de Exterminador, decidiu que respeitaria a decisão do Supremo Tribunal estadual. Foi um anterior veto seu à lei que reconhece o casamento homossexual que levou Takei a assumir em 2005 ser gay. Um choque muito mais entre concepções do mundo que entre dois actores ligados para sempre a filmes de ficção científica (ironicamente, Schwarzenegger fez também de homem grávido num célebre filme e não tem fama de grande conservador, apesar de ter sido eleito pelo Partido Republicano, o mesmo de George W. Bush e da direita cristã).

A Califórnia é apenas o segundo estado americano, seguindo o exemplo do Massachusetts, a reconhecer o direito de os homossexuais se casarem. É possível que mais alguns o façam, depois de o Supremo dos Estados Unidos, hoje com uma maioria de juízes católicos, ter concluído que seria a nível estadual que a decisão final seria tomada. Mas no resto do mundo são poucos os países que ousaram enfrentar a concepção tradicional de família, sustentada por todas as grandes religiões. A Espanha de Rodríguez Zapatero foi um deles, perante a indignação dos bispos, e o resto dos casos conta-se pelos dedos de uma mão: Holanda, Bélgica, Canadá e África do Sul. Mesmo em países com destacados políticos gay, como a França de Bertrand Delanoe (maire de Paris) ou a Alemanha de Klaus Wowereit (burgomestre de Berlim), a regra é apenas a tolerância.

Mas cuidado ao criticar o Ocidente. E em especial a América de Bush. Ainda esta semana o Governo britânico concedeu asilo ao iraniano Mehdi Kazemi. O seu medo? Ser expulso para o Irão, onde a homossexualidade é crime e onde o antigo namorado foi executado por sodomia. Porém, como mesmo o país dos ayatollahs tem de lidar de forma pragmática com a pressão social de milhares de homossexuais, as leis esforçam-se por se adaptar. E graças a uma fatwa do falecido Khomeini, o país transformou-se no campeão das operações de mudança de sexo. Só um médico, Mir Jalali, terá feito 450 cirurgias numa década. Mas se o Alcorão e a Biblía parecem partilhar certa visão do mundo, em especial sobre as preferências sexuais dos crentes, entre São Francisco e Teerão é grande a distância, maior que os 12 mil quilómetros reais. Quem tiver dúvidas pergunte a Takei. Ou a Kazemi.

DN, 26-5-2008
 
Condenado por pensar que vizinho abusou do gato

Crime. Arguido baleou homem por achar que era 'gay'

Para o juiz, o atirador agiu por um motivo homofóbico

O indivíduo que baleou os vizinhos por acreditar que um deles, pelo facto de ser homossexual, estaria a sodomizar o seu gato foi ontem condenado, no Tribunal São João Novo, Porto, a cinco anos e seis meses de prisão efectiva. José Maria Correia, 53 anos, empregado de mesa, foi condenado por homicídio na forma tentada e detenção de arma proibida.

O tribunal deu como provado que, em 27 de Outubro de 2007, José Correia pediu a Anabela Cruz Silva (atingida pelos disparos), que se encontrava no pátio das habitações, que o ajudasse a resgatar o seu gato que havia fugido para um terreno contíguo. O vizinho José Pedro Macedo, que estava à janela da sua habitação e se apercebeu da situação, prontificou-se a ajudar no resgate. Quando José Correia viu José Pedro a tentar apanhar o gato começou a proferir expressões injuriosas sobre a sua orientação sexual.

Assim que consegue capturar o animal, o vizinho de José Correia desloca-se para a habitação do arguido, ficando Anabela Cruz no pátio, onde foi atingida pelos disparos de uma pistola Browning, de calibre 6.35, pertencente ao arguido. Provou-se que José Correia acreditava que a pessoa no pátio era José Pedro e estava convicto de que "este era homossexual e que pudesse ter havido contactos de natureza sexual entre o vizinho e o gato". No seguimento dos disparos, Anabela Cruz, professora, foi submetida a intervenção cirúrgica.

O tribunal considerou que o arguido, durante o julgamento, esteve "profundamente desconcertante" e com "comportamento homofóbico". Durante as buscas policiais foram encontradas 38 munições em casa do arguido, conhecido por "Zé Pistoleiro", como contou uma tia da ofendida. O juiz-presidente, João Amaral, considerou que o motivo que desencadeou os factos "é torpe". "Dar um tiro em alguém por ser homossexual e por supostamente ter tido relações sexuais com um gato que ajudou a resgatar, e por isso o animal ter ficado homossexual, é talvez o motivo mais torpe que eu já vi na minha vida", frisou o juiz. Esse motivo é revelador "de uma insensibilidade atroz pela pessoa humana", referiu João Amaral, lembrando o caso do transexual Gisberta, que morreu às mãos de jovens menores e comparando o comportamento destas com o do arguido.

DN, 29-7-2008
 
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