moleskine

Cavaco Silva quer os países lusófonos a ajudar Timor-Leste

JOÃO PEDRO HENRIQUES

Cavaco Silva quer mais países lusófonos a ajudar Timor-Leste. O "esforço", disse-o ontem, não pode cair todo sobre os ombros de Portugal e do Brasil, nomeadamente no ensino do português. "Todos os países da CPLP devem estar envolvidos nesta consolidação da língua portuguesa, ao lado do tétum [a língua nativa, também oficial]. Portugal já está, o Brasil já está, Cabo Verde deve estar e outros países podem estar", disse o Presidente português. Que, seja como for, acrescentou: "Na medida das suas possibilidades, Portugal acolherá sempre os pedidos de cooperação de Timor-Leste."

Cavaco falava no final de uma audiência ao Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, ontem, no Palácio de Belém. Horta encontra-se em Portugal para uma visita oficial de dois dias, a sua primeira como Chefe do Estado timorense.

Após a audiência, ambos falaram aos jornalistas - numa coreografia aliás marcada por conversações prévias entre a jornalista da RTP e um assessor de Cavaco para que a conferência de imprensa tivesse o privilégio de transmissão em directo na estação pública (como teve).

Ramos Horta sublinhou que o ensino do português [língua oficial do território, como o tétum] continua a ser uma prioridade, estando aliás já previstas verbas para isso no Orçamento do Estado timorense (até agora só a cooperação portuguesa o assegurava). E manifestou-se convicto de quem em duas gerações o uso da língua portuguesa estará completamente enraizado na população.

O Presidente timorense aproveitou a ocasião para sublinhar o empenhamento português tanto no processo que levou à independência do território (o referendo foi em 1999) como depois na construção do novo país. "Expressei o nosso sincero apreço pelos muitos anos de solidariedade amiga de Portugal", disse o Presidente timorense. Recordou, por exemplo, o ambiente pré-guerra civil de 2006, a que "Portugal acudiu sem hesitação". Além disso, segundo garantiu, o país está a crescer economicamente. "Confio no futuro de Timor-Leste. Podem contar connosco", complementou Cavaco.

DN, 16-11-2007
 

Lobos com pele de cordeiro

A organização não-governamental
“Save the Children”, baseada no
Reino Unido, diz que, apesar de
promessas no sentido de combater
os abusos sexuais sobre crianças por
parte de funcionários e soldados em
missões de paz, da ONU e de outras
agências humanitárias, pouco ou
nada tem sido feito.
Funcionários desta ONG entrevistaram
341 crianças em zonas de confl
ito onde decorrem missões de paz
e mais de metade afi rmou saber de
casos de crianças abusadas sexualmente,
às vezes em troca da própria
comida que as agências deviam
distribuir.
Um dos casos, citados pelo Daily
Telegraph, que teve acesso antecipado
ao relatório, é de uma rapariga
de 12 anos na Costa do Marfi m.
Violada por dez soldados, fi cou com
tanto medo de deixar a aldeia que
desistiu da escola e ainda hoje fi ca
em pânico sempre que vê um carro
ou um soldado da ONU.
Os abusos sexuais são um problema
que afecta muitas organizações. O
Daily Telegraph adianta que a própria
organização “Save the Children”
recebeu doze queixas nesse
sentido, que conduziram ao despedimento
de três dos seus funcionários.

RRP1, 27-5-2008