31 maio, 2007

 

31 de Maio


Dia mundial do tabaco,
dia mundial do não fumador,
dia mundial sem tabaco.

http://es.wikipedia.org/wiki/Fumador

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cigarro

Vai uma ajuda(?):

http://www.quitometro.org/


Comments:
Dia sem Tabaco assinalado
com e sem fumo

Os dois principais cafés da Praça da Oliveira, no Centro
Histórico de Guimarães, vão estar, amanhã em situações
opostas para assinalar o Dia Mundial Sem Tabaco.
Um café terá fumo e o outro estará “limpo”, sem tabaco:
“um espaço sem tabaco e outro poluído, com tabaco, com
ruído, para fazer o contraste entre estes dois ambientes”,
explica Rosa Marques, directora do Centro de Saúde local,
que promove a iniciativa em conjunto com a câmara de Guimarães.
O objectivo é “dar a conhecer aos adolescentes e jovens que
frequentam aquele espaço” hábitos saudáveis e, por outro
lado, que os chamados “fumadores passivos” também podem
contrair doenças por causa do fumo do tabaco.
A distribuição de panfletos, nomeadamente, nas unidades de
saúde da cidade são outras iniciativas previstas para assinalar
a data no sentido de darem “a conhecer os malefícios do
tabaco”.

RRP1, 30-5-2007
 
Efeméride é pretexto
para forçar proibições

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda,
para assinalar o Dia Mundial sem Tabaco, a proibição total do
fumo nos locais públicos fechados, lembrando que o tabagismo
mata uma pessoa a cada oito segundos.
Subordinada ao tema "Criar com prazer ambientes 100% livres
de fumo – 0% de fumo, 100%de liberdade", a campanha mundial
deste ano pretende chamar a atenção para o direito a
ambientes livres de fumo e a um ar limpo e saudável.
A OMS estima que cerca de 200 mil trabalhadores não fumadores
morram todos os anos vítimas do fumo dos colegas e que
700 milhões de crianças respirem o ar poluído pelo fumo do
tabaco, sobretudo quando estão em casa.
Os números apresentados no site da OMS revelam que, actualmente,
um em cada dez adultos morre devido ao fumo, sendo
que se o padrão actual se mantiver, em 2020 o tabaco será
responsável pela morte anual de 10 milhões de pessoas.
A OMS sublinha ainda no site que o tabaco é a "principal causa
de mortalidade evitável no mundo, sendo responsável pela
morte de cinco milhões de mortes todos os anos".
Em Portugal, várias iniciativas estão previstas para hoje para
assinalar o Dia Mundial sem tabaco.
As unidades de saúde e as farmácias vão criar uma "Zona para
Fumadores" dirigida a quem quer deixar de fumar, onde farão
atendimento prioritário com informação especializada de
apoio e motivação ao fumador.
Durante o dia de hoje, os fumadores terão ainda a oportunidade
de medir o nível de monóxido de carbono no ar que expiram,
através de rastreios, sendo dirigidos para a consulta de
cessação tabágica da sua zona de residência em função do
resultado do exame.
O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vai promover um encontro
durante todo o dia dedicado ao tema "ambientes livres do
fumo de tabaco".

RRP1, 31-5-2007
 
O cigarro electrónico que vem da China

Produzido na China, o cigarro electrónico não dispensa a nicotina

Tem nicotina como os outros cigarros, deita fumo e tudo, mas não é um cigarro normal. Fabricado na China pela Golden Dragon Group, o Ruyan (expressão chinesa que significa "como fumar") é um cigarro electrónico - o primeiro no género, segundo o fabricante. E é em tudo idêntico ao produto verdadeiro: no formato, na cor branca e até na ponta a imitar incandescência. Custa, no entanto, mais de 200 euros, funciona a pilhas e não precisa de cinzeiro.

Lançado pela companhia como um método para deixar de fumar, este cigarro expandiu as suas vendas na China, em 2006, e está à venda, também à distância de um click, no E-Bay, na Internet.

No final do ano passado, porém, a sua segurança ficou em causa depois de o Beijing Times ter publicado um artigo em que revelava que os teores de nicotina dos cartuchos que o dispositivo utiliza são superiores aos de um cigarro normal.

De acordo com o jornal chinês, cada um dos cartuchos, que dá para um total de 350 inalações, contém 18 miligramas de nicotina, enquanto um cigarro normal tem 1,2 miligramas. A companhia ripostou, considerando falsas as comparações e alegando em defesa do seu cigarro, que ele não produz qualquer dos subprodutos carcinógenos originados pela combustão.

Mas os contratempos não ficaram por ali e depois de a companhia ter promovido o seu produto como recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como método para deixar de fumar, esta veio negar essa recomendação, através do seu representante em Pequim, em declarações ao People's Daily, em Dezembro. O representante da OMS afirmou, a propósito, que um produto como este (que permite doseamentos cada vez menores de nicotina) até poderia resultar, mas não seria o melhor método para deixar de fumar.

A polémica não impediu, no entanto, o cigarro electrónico de prosperar na China, onde estão localizadas 65% das suas vendas mundiais.

DN, 12-5-2007, pág. 14
 
PS vai baixar as multas para tabaco em locais proibidos

SUSETE FRANCISCO
RUTE ARAÚJO

As multas previstas na nova lei do tabaco para quem é apanhado a fumar nos locais proibidos vão ser mais baixas do que estava previsto. Isto mesmo disse ontem o PS no grupo de trabalho que está agora a acertar, ponto por ponto, o texto final da lei, que já foi aprovada na generalidade no Parlamento. Na versão actual, as coimas são entre os 50 e os mil euros, mas a maioria parlamentar socialista quer aproximar os valores dos que são aplicados a outras contra-ordenações, como o consumo de drogas ilícitas.

Na reunião de ontem, a segunda dedicada a esta matéria, os deputados não abordaram ainda os valores que constarão do novo quadro legal. Mas a maioria socialista admitiu que as coimas constantes da lei são excessivas em comparação com as multas aplicadas a ilícitos similares. Uma questão que tinha já sido levantada pelo CDS, aquando do debate em plenário da lei do tabaco. Os centristas contestaram então que as sanções previstas sejam superiores às vigentes para consumidores de drogas ilícitas - que incorrem em multas entre 25 e 403 euros.

Maria Antónia Almeida Santos, deputada socialista, afirmou ao DN que as coimas a aplicar aos fumadores serão objecto de "uma harmonização com outros regimes". O que deverá resultar numa aproximação aos valores previstos para o consumo de drogas.

Outra questão consensualizada entre os vários partidos foi a da entrada em vigor da lei. O que acontecerá em dois tempos: um primeiro para espaços públicos, que ainda este ano terão que obedecer às novas regras. Já os estabelecimentos de restauração terão um período de adaptação (o prazo actualmente previsto é de um ano).

No que é o ponto de maior divisão entre os partidos, o BE avançou ontem uma proposta de alteração na qual defende que os proprietários de "estabelecimentos de bebidas" possam escolher se os espaços se destinam a fumadores ou não fumadores, desde que obedecendo a exigências específicas de ventilação e exaustão do ar. Uma solução mais próxima do modelo espanhol e com semelhanças a outra já avançada pelo CDS (sendo que os centristas alargam a escolha aos vários tipos de estabelecimentos de restauração). Mas que parece não colher frutos junto dos socialistas.

Uma revolução no trabalho

A nova lei do tabaco vai introduzir uma verdadeira revolução no meio laboral. Todos os postos de trabalho dentro de portas ficam abrangidos pela proibição total de fumar. Escritórios, lojas, fábricas ou edifícios da administração pública. A única excepção é para as empresas que decidam criar salas de fumo que, tal como nos restaurantes e locais de diversão, têm que obedecer a regras exigentes de ventilação independente e isolamento. Que custam dinheiro.

Luís Lopes, dirigente da União Geral de Trabalhadores (UGT), admite que as pequenas e médias empresas terão dificuldade em avançar para estas soluções. "Parece-me um pouco inviável", refere. Acontece que este universo representa 90% do total de empresas no País. Por isso, na ausência de salas de fumo, criam-se dois problemas sempre que haja trabalhadores fumadores, afirma o sindicalista - a produtividade e as relações laborais.

Abandonar o local de trabalho para vir à rua fumar tem implicações na produtividade. "Vai ter reflexos ao fim de uma semana, de um mês, de um ano". Ao mesmo tempo, haverá dois conflitos latentes entre os direitos dos não fumadores, protegidos pela lei, e os direitos individuais de quem fuma e tem comportamentos aditivos. A legislação prevê que quem encontre um fumador a consumir tabaco num local proibido deve denunciar a situação às autoridades policiais. "Podem criar-se situações tensas entre os trabalhadores", alerta. Luís Lopes sublinha que esta questão terá de ser alvo de negociação entre patrões e empresários. "Nas instalações sanitárias e nos refeitórios deve ser proibido fumar, mas terá que ser feito algo para que estes locais não acabem por ser o recurso de quem não tem outra opção e vai fumar às escondidas".

O assunto não despertou ainda a atenção das empresas, que esperam para ver a lei aprovada e só depois discutirão o assunto. A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal afirma que não analisou o caso, mas admite vários cenários, incluindo o de discutir a questão do tabaco ao nível da negociação colectiva. Já a Associação Industrial Portuguesa (AIP) afirma que a melhor forma de resolver o problema é instalar salas de fumo, "sem criar guetos que poderiam afectar a moral dos fumadores dentro de uma organização". Contudo, a AIP também admite que isto "poderá criar dificuldades às empresas, sobretudo se tal exigir um investimento significativo".

DN, 31-5-2007
 
Jovens favoráveis a restaurantes com fumo

MARTIM SILVA

Em Espanha, perante a polémica sobre a nova lei do tabaco, acabou por permitir-se que os restaurantes decidam por si se aceitam ou não o fumo do tabaco. Por cá, a lei ainda não saiu dos corredores do Parlamento, mas os portugueses já se mostram bastante divididos quanto ao que fazer: a sondagem da Marktest para o DN e para a TSF revela que 47,9 por cento dos inquiridos não concordam com a possibilidade de os restaurantes decidirem se acender um cigarrinho é permitido; do outro lado, 48,6 por cento dos portugueses mostram--se abertos a esta possibilidade - o que não quer necessariamente dizer que defendam que se fume nos restaurantes. Apenas que aceitam que haja a possibilidade dessa escolha.

A nova lei do tabaco, que está em Portugal a ser discutida há vários meses, não prevê esta possibilidade. Isto é, a legislação, tal como está neste momento, impõe que os restaurantes, tal como os bares e as discotecas, sejam por regra espaços livres de fumo. Podendo, nos casos de estabelecimentos com área superior a cem metros quadrados ser criadas áreas específicas para o fumo do tabaco.

Se olharmos para a divisão por idades, na resposta à mesma pergunta, verificamos um dado curioso: são os jovens que melhor aceitam que os restaurantes possam decidir se se fuma. E os mais velhos, acima dos 55 anos, que mais contrários se mostram perante esta possibilidade.|

DN, 31-5-2007
 
E pronto...
Depois de dezenas de anos a fumar, já chega.
Ofereci-me de prenda de aniversário o fim do hábito!
Passaram cinco dias e pronto.
Perdidos que já foram nove anos de vida e práticamente outros tantos para recuperar todos os efeitos nefastos entretanto assumidos pelo organismo agora só há que manter a decisão.
 
Tabaco matou 12600 portugueses em 2005

DIANA MENDES

10% dos gastos na saúde foram com doenças tabágicas
O tabaco custou 490 milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde em 2005, valor que "corresponde a quase 10% dos gastos em saúde daquele ano", disse ao DN Miguel Gouveia, professor do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa (UCP). Se os custos em tratamentos se avolumam, estima-se que o tabaco tenha tirado 146 mil anos de vida aos portugueses. No mesmo ano, houve 12 600 mortes por hábitos tabágicos, aponta o estudo da UCP e da Faculdade de Medicina.

O impacto na mortalidade é uma forma de medir as consequências do tabagismo na população. Assim, se morreram 108 mil portugueses em 2005, o tabaco foi a causa de morte em 11,7% dos casos. Mas a carga e os custos das doenças atribuíveis ao tabaco não se medem apenas pela mortalidade. Por isso, a Organização Mundial de Saúde e o Banco Mundial utilizam o indicador Anos de Vida Ajustados por Incapacidade, que engloba os anos de vida perdidos por morte prematura e incapacidade.

Em Portugal, as doenças associadas ao tabaco (neoplasias malignas, doença isquémica ou enfisema, por exemplo) foram responsáveis por quase 50% das mortes e 37,5% dos anos perdidos. A percentagem baixa para 11,7% e 11,25% quando relacionadas directamente com o tabagismo.

O estudo conclui que, se todos os portugueses tivessem deixado de fumar em 2005, teriam morrido menos 6200 pessoas e o número de anos de vida perdidos cairia em 51 mil. No caso dos anos perdidos por morte nas doenças ligadas ao tabaco, deve ressaltar-se que o tabagismo é responsável por 41,9% entre os homens e 12,6% nas mulheres. O fumo é ainda associado a 67,6% e 45,6% dos anos perdidos por incapacidade (homens e mulheres).

Cessação poupava 171 milhões

O internamento de fumadores teve custos de 126 milhões de euros e os gastos em ambulatório somaram mais 363 milhões de euros, a maior parte dos quais (203 milhões) devido a doenças respiratórias. As contas mostraram que o Serviço Nacional de Saúde teve uma despesa de 490 milhões de euros naquele ano, quase um décimo do orçamento total no sector. A cessação teria reduzido a factura em 171 milhões.

Miguel Gouveia ressalta o facto de os homens continuarem a ser os que mais fumam : "31% dos homens fumavam em 2005, enquanto apenas 10% das mulheres fumavam" no mesmo período. Se 84% das mulheres nunca fumaram, apenas 42,5% dos homens nunca pegaram num cigarro. E isso tem graves custos para o sexo masculino. O risco de doença ou morte é mais elevado para eles do que para elas, sobretudo na incidência de cancro: o risco de neoplasias malignas da traqueia, pulmões ou brônquios é de 23,3 entre homens fumadores (face aos não fumadores) contra 12,6 nas mulheres e a mesma relação verifica-se nos cancros dos lábios, boca ou faringe.

No caso dos ex-fumadores, as patologias têm menor incidência em alguns casos, como os atrás referidos, mas nas doenças respiratórias ou cardiovasculares o risco é elevado mesmo deixando o vício. Se nunca se tivesse fumado, a percentagem de muitas doenças (sobretudo cancros) cairia entre 17,6% e 89,9%, nos homens, e de 3,2% a 63,8% nas mulheres. A percentagem não seria tão grande para os fumadores cessantes. Mas há doenças que podiam reduzir-se até 50% com o abandono.

DN, 26-6-2007
 
Organização Mundial de Saúde pressiona governos a proibir tabaco em locais públicos

Os países participantes na Convenção Quadro da Organização Mundial de Saúde sobre o Controlo do Tabaco decidiram ontem em Bangecoque aumentar a pressão para que os governos proíbam o fumo em qualquer lugar público.

Portugal esteve representado nesta reunião, que juntou 146 países, pelo director-geral da Saúde, Francisco George, que assumiu também a função de porta-voz da União Europeia no âmbito do programa da Saúde da Presidência Portuguesa da União Europeia.

Os peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS) calculam que 10 milhões de pessoas morram anualmente devido ao tabaco, estimando que até 2020 morram 130 milhões de pessoas em todo o mundo.

Os estudos da organização indicam que fumar em lugares públicos põe em risco a saúde de cerca de 700 milhões de menores e que mata por ano cerca de 200 mil fumadores passivos nos seus locais de trabalho. "Ser fumador passivo não é um aborrecimento, é mortal", afirmou Douglas Bettcher, responsável da OMS, no final da conferência, que hoje terminou. As recomendações adoptadas na reunião de Banguecoque serão transmitidas aos governos para que ponham em marcha legislação contra o consumo de tabaco.

Em Portugal foi recentemente aprovada a nova lei do tabaco, que entra em vigor a 01 de Janeiro e que é mais tolerante do que a proposta inicialmente apresentada pelo Governo. Agora, cada proprietário de restaurantes com menos de 100 m2 poderá decidir se quer ser um espaço para não fumadores, para fumadores ou para ambos, desde que garanta a qualidade do ar.

DN, 7-7-2007
 
Apoio à cessação tabágica
necessita de mais médicos

O Ministério da Saúde tem de libertar médicos para as
consultas de cessação tabágica. Este é um apelo que deverá
sair de umas Jornadas de Pneumologia, a decorrer no Porto.
Diversos especialistas debatem questões relacionadas com o
tabaco e lamentam a falta de capacidade do Governo para
avaliar os custos em saúde em resultado das doenças relacionadas
com o fumo.
Para Agostinho Marques, director da Faculdade de Medicina
do Porto, há que apostar mais nas consultas de cessação
tabágica, pois os pedidos de ajuda ultrapassam a capacidade
de resposta. “Temos uma consulta no Hospital de São João já
há muito tempo e a procura é excessiva. Já criámos outras,
mas não é suficiente. A dificuldade aqui é que os médicos
que intervêm nessa consulta têm a seu cargo os deveres
habituais de atendimento aos doentes do serviço de saúde”,
explica o especialista, que acusa ainda o Governo de falta de
sensibilidade para estas matérias.
Agostinho Marques refere ainda que “é muito fácil calcular os
proveitos que vêm dos impostos directos do tabaco e pesam
muito no Orçamento de Estado. Os custos na saúde são muito
maiores, mas são muito diferidos. As contas são muito difíceis
de fazer e talvez por isso a consciência dos governantes
não seja tão clara”, diz.

RRP1, 4-10-2007
 
DEIXAR DE FUMAR É MUITO FÁCIL E ATÉ EU JÁ CONSEGUI VÁRIAS VEZES

Ana Sá Lopes
jornalista

A frase em cima é de Mark Twain e é quase tão boa como a de as notícias da sua morte serem ligeiramente exageradas. Ando há algum tempo a tentar deixar de fumar: há uns anos, mais precisamente. Encontrei centenas de argumentos sórdidos para adiar a coisa - o mais patético de todos era a busca do dia perfeito, o dia genuíno, o dia autêntico, o dia recheado de significados que seria escolhido para deitar os cigarros fora. O primeiro dia de férias, o dia dos anos, o dia Y, o dia D: é verdade que fantasiei deixar de fumar em todos e nenhum deles acabou por servir.

Foi agora. E agora que estou quase a atingir as noventa horas sem fumo, sinto-me em condições de informar que a coisa que mais me apetece é sentar-me num sítio qualquer com um café à frente e acender um cigarro - luxo a que quase ninguém já se pode dar em lado nenhum. De preferência, sozinha, para que as conversas não me distraiam do prazer do fumo. Embora fumar também seja uma coisa excelente para se fazer em "equipa", e agora de repente estou a pensar em duas ou três pessoas junto de quem tenho saudades de fumar um cigarro. Bem, não penso o tempo todo em cigarros: também há a comida, etc., etc.

Mas é muito mau ter deixado de fumar nesta altura - para além do já de si muito atazanante processo de "desabituação". Há uma frase hedionda, da parte de alguns que me querem festejar, que me deixa (ainda mais) os nervos em franja: "Ainda bem que a lei serviu para alguma coisa." É claro que só um não fumador "militante" diz uma coisa destas.

Quanto aos fumadores, espécie a que pertenci até há 90 horas atrás, olham-me como uma espécie de "traidora". Deixar de fumar, sim, mas não "agora". "Agora" é dar o ouro ao bandido - e aos fundamentalistas que se aproveitaram da onda sanitária para impedir que se acenda um desgraçado cigarro em qualquer edifício, tratando os fumadores como neoleprosos. Deixar de fumar agora é uma inqualificável cedência. Depois, ou nunca, sim - agora não.

Embora uma grande parte dos cigarros que fumava durante o dia todo já não me soubesse bem, mantenho intacta a ilusão de que ajudavam ao "raciocínio".

O que me falta, verdadeiramente, é a companhia. Um cigarro tem muito de cão: está ali para nos servir e ajuda-nos a ultrapassar algumas dificuldades de expressão.

Podemos recorrer a ele de cada vez que mudamos de cenário (acender um cigarro no avião depois da descolagem é o verdadeiro "prazer insubstituível"), nos intervalos das coisas, quando queremos ficar sozinhos, quando queremos partilhar alguma coisa, quando queremos fugir.

Custa mais de manhã.

DN, 5-1-2008
 
DIÁRIO DE UM FUMADOR QUE NÃO COMPRA NEM CRAVA TABACO OU SEQUER DÁ PASSAS

Ana Sá Lopes
jornalista

No domingo passado, perdi um texto quase pronto. Houve qualquer coisa no sistema e o pobre apagou-se. Eram nove horas da noite e o jornal deveria estar a fechar quando o texto foi para o espaço e eu tive de recomeçar do zero, com o desespero de quem conhece a maldição das repetições, sejam elas textos ou comédias: não há segundas oportunidades para primeiras impressões, nunca há segundas oportunidades em geral ou então redundam quase sempre em tragédias. As divinas excepções não são para aqui chamadas.

Aquilo a que chamamos "fechar o jornal" é um processo de grande tensão e de disparo da adrenalina para níveis deliciosos - para quem gosta da droga - ou próximos da demência, segundo a visão comum de uma pessoa normal quando olha de fora. Nesse domingo, eu já era uma fumadora que tinha abdicado, há alguns dias, de tocar em cigarros. Houve um ou outro momento em que achei que não aguentava e que entregava de bandeja a única coisa que me consola agora que não fumo: a glória da determinação.

Toda a gente sabe que a vida funciona através do mecanismo de compensações. Para abdicar dos cigarros, por exemplo, é quase inútil apontar ao fumador o pacote dos malefícios do tabaco, que toda a gente sabe de cor.

Se tentar não morrer já é a razão sólida para se deixar de fumar, há que a misturar com outras menores: conheci uma fumadora, à época já experiente em deixar de fumar, que costumava falar do "orgulho" de conseguir resistir a um cigarro depois de anos de sessões contínuas.

Uma outra curiosidade destes processos de privação de uma coisa muito boa é constatar que não se pensa o tempo todo nela. Isso é uma espécie de revelação. Constatá-lo deixa-me quase emocionada: como é possível eu, que quando me levantava pensava exclusivamente nisso, pense agora muito menos em cigarros. E consiga fazer tantas coisas sem fumar. Algumas piores, com certeza.

Não é assim logo no começo: nos primeiros dias pensa-se quase o tempo todo em cigarros. Mas depois, devagarinho, como nas viagens de avião de longo curso, o impacto da síndroma de privação vai diminuindo e a gente, maldição do costume, habitua-se.

Com uma vantagem: o tabaco tem aquela fantástica qualidade de ser uma droga cuja necessidade é tanto maior quanto é possível tomá-la. (Eu, se posso fumar três cigarros seguidos, apetece-me sempre fumar três cigarros seguidos.) Logo, a síndroma de privação começa a diminuir à medida que nos distanciamos da coisa. Ou eu estou a delirar ou é mesmo assim (embora, eventualmente, o delírio também faça parte da síndroma). A lei do tabaco é muito estúpida, mas se eu fumasse estaria muito mais irritada por não poder fumar do que agora que não fumo. Confuso? Também para mim. Mas verdadeiro.

DN, 12-1-2008
 
500 HORAS SEM FUMO E UMA DECLARAÇÃO DE BOAS INTENÇÕES

Ana Sá Lopes
jornalista

Em Julho passado, pensei deixar de fumar porque ia de férias. Num primeiro momento, evidentemente piedoso, convenci-me de que a coisa poderia funcionar. Erro e admissão imediata: eu precisava mesmo daquelas férias e não conhecia (não conheço ainda) outro elemento inanimado mais próximo do prazer e do devaneio que um cigarro - um cigarro que, de preferência, será pequeno como os ventil. Como os cigarros são também, inversamente, bastante associáveis ao trabalho e à concentração, deve ser a isto que se chama a hipersignificância.

Em Julho não deixei de fumar: foram umas férias fantásticas, num lugar do Algarve que não acreditava que ainda fosse possível, com a família, amigos e cigarros, imensos cigarros.

Programei, então, deixar de fumar em Agosto. A vantagem de Agosto é a relativa interrupção que se dá mesmo na existência de quem está a trabalhar. Muitos dos habitantes de Lisboa têm uma dedicação especial pelos ares de Agosto. Já se fizeram quilómetros de crónicas sobre as magnificências do Agosto em Lisboa que se traduzem, aliás, numa: a cidade esvazia. Esse relativo sossego pareceu-me o ideal para uma empresa destas, a de deixar de fumar continuando a vida normal, mas em condições mais favoráveis.

Não consegui deixar de fumar em Agosto e já não me lembro bem porquê. O dia 1 passou e passou depois também o dia 15 e eu não consegui deixar de fumar. Depois em Setembro fiz novo período de férias e, sim, pareceu-me que era desta. Deixei de fumar oficialmente no dia 5 de Setembro. As primeiras horas suportam-se, o segundo dia é um horror, ao terceiro melhora. Contei os dias e as horas e, na altura pareceu-me, todas as horas.

E correram assim as férias, até ao 12.ª dia, antevéspera do regresso ao trabalho, quando me apeteceu desvairadamente um cigarro e fumei um só para experimentar o novo estado de ex-fumadora. E no dia seguinte fumei outro. E ao fim do primeiro dia de regresso ao trabalho já tinha fumado outra vez 40 cigarros.

Agora que estou quase a cumprir 500 horas sem fumo, algumas coisas mudaram: à medida que como cada vez mais, parece-me absolutamente desinteressante sair à noite. E, apesar de escrever estas coisas como se isto fosse um jornal de parede da associação de ex-tabagistas anónimos, não me apetece falar do assunto com outras pessoas. Umas tresandam à auto-suficiência dos que nunca fumaram (e não sabem) ou à suficiência dos que deixaram de fumar há muito tempo (e sabem mas ou não se lembram ou invocam o direito legítimo de superioridade). O resto são fumadores, um pessoal intragável, acossado e com mau humor, para quem qualquer um que tenha deixado de fumar nesta altura é um vendido. É claro que se consegue suportar melhor a coisa sem falar no assunto.

DN, 19-1-2008
 
AUTONOMIA INDIVIDUAL

João Miranda
investigador em biotecnologia
jmirandadn@gmail.com

Já defendi nesta coluna que as regras de fumo dos restaurantes deviam ser estabelecidas pelos respectivos proprietários. Os defensores da nova lei do tabaco não concordam. Alegam que a liberdade dos proprietários para abrir casas de fumo entra em conflito com o direito dos trabalhadores a um ambiente sem fumo. Argumentam que os trabalhadores não podem optar por um emprego alternativo e defendem que, como os trabalhadores não podem escolher, então a lei deve impedir que sejam forçados a trabalhar num ambiente cheio de fumo.

Apesar de o argumento da protecção dos trabalhadores apelar ao direito de escolha, a verdade é que ele constitui uma negação da autonomia individual. A escolha de um emprego está condicionada pela realidade económica. Normalmente, as pessoas escolhem o melhor emprego disponível que permita satisfazer as suas necessidades. Quando escolhem um emprego, têm em conta o salário, a distância, as perspectivas de carreira, as necessidades económicas do momento, os horários e também as condições ambientais do local de trabalho. O fumo no local de trabalho é um factor entre muitos. A sensibilidade a cada um dos factores varia de pessoa para pessoa e nem todas valorizam o fumo da mesma maneira. Muitas pessoas não se importam de trabalhar num local com fumo desde que o salário seja um pouco mais elevado. Uma escolha que é exclusivamente determinada por considerações económicas dificilmente poderá ser considerada uma escolha forçada. Aliás, a liberdade dos trabalhadores implica que eles devem ter o direito a optar por trabalhar em locais onde se fuma. Um empregado que opta por trabalhar num restaurante onde é permitido fumar não está a ser forçado a nada. O mais provável é que esteja a fazer a melhor escolha possível entre as opções que as suas qualificações lhe permitem. É claro que o trabalhador pode ter feito uma escolha errada. Mas as escolhas erradas são uma consequência da liberdade. Quem quer ter liberdade tem de se responsabilizar pelas consequências dos seus erros. Os defensores da lei do tabaco vêem os trabalhadores como marionetas das circunstâncias, seres sem controlo das próprias vidas, incapazes de fazer escolhas e de assumir as responsabilidades pelos seus erros. De acordo com esta visão, os trabalhadores são inimputáveis, eternamente sob tutela do Estado. Mas se forem tratadas como inimputáveis, se não forem responsabilizados, não terão cuidado com as suas escolhas e agirão irresponsavelmente como inimputáveis. As leis que visam proteger as pessoas das suas próprias escolhas tenderão a gerar sociedades de inimputáveis tuteladas por paternalistas.

DN, 26-1-2008
 
O 'GHETTO'

Vasco Graça Moura
escritor

Uma escola belga, há poucos meses, obrigou os alunos que fumam a usarem uma badge distintiva, qual estrela amarela de famigerada memória. E há umas semanas, num engarrafamento nocturno em Bruxelas, o chauffeur do táxi em que eu seguia pediu licença para fumar um cigarro, acrescentando que eu, único passageiro, também podia fazê-lo, mas era preciso ter muito cuidado com a fiscalização, porque a multa era pesada!

Os fumadores estão, na sua esmagadora maioria, perfeitamente dispostos a respeitar os não fumadores, desde que a inversa seja verdadeira. De há muito que se disciplinaram, habituando-se a não fumar nos transportes, em serviços de atendimento ao público, em restaurantes fora das zonas reservadas, etc., etc. Não lhes vale de nada. O torniquete fundamentalista fica cada vez mais apertado. Criam-se ghettos para os fumadores ou, como sucede nalguns aeroportos, autênticas câmaras de gás... A quem possa interessar recorda-se que o conceito de "tabagismo passivo" foi formulado pela primeira vez na Alemanha hitleriana (cf. Imre von der Heydt, Une Cigarrete? Défense Lucide d'une Passion, Actes Sud, p. 46).

O tabaco faz parte de todas as formas da cultura dos últimos quatro séculos. Em livros, em filmes, em peças de teatro, em quadros, em fotografias... Muita gente lhe deve (e lhe devemos todos) inúmeras horas de criação exaltante. O mundo recebeu do tabaco benefícios sem conta. E, nessa medida, o tabaco até faz bem, pelo menos à saúde psíquica. Fumar ou não fumar, desde que o facto não incomode terceiros, diz apenas respeito ao exercício da liberdade individual.

Entretanto os ritmos do trabalho diário passarão a tornar-se problemáticos porque uma gente degenerada e bisonha vem dar umas puxas no seu cigarrinho para a porta das empresas várias vezes por dia, enquanto a produtividade se lixa. E se não vierem fumar para a rua, a produtividade continuará a ser prejudicada.

Antevêem-se chorudos negócios com a desvelada assistência psicológica e medicamentosa a quem quiser deixar de fumar. Profissionais de vária competência serão convocados para enquadrarem ternurentamente os que tanto anseiam por se verem livres do funesto vício. As entidades patronais preferem pagar isso a aumentar os ordenados. Nas universidades acabará por haver cursos e licenciaturas em antitabagismo, com manifesta vantagem para a I&D no sector da nicotina.

Outras sinistras repressões se desenham no horizonte e o politicamente correcto há-de sustentá-las encarniçadamente.

Serão banidos o bife, os enchidos, o queijo, a manteiga, o sal, o café e até o pão (por causa dos hidratos de carbono), sob o mesmíssimo pretexto de que tudo isso faz mal à saúde. Quando não se puderem imputar ao tabaco as doenças cardiovasculares e o cancro do pulmão, as estatísticas serão manipuladas para se justificar mais uma interdição qualquer. E até nem se percebe que a ASAE não tenha já proibido a Coca-Cola cuja fórmula é secreta, o que prejudica a rastreabilidade.

Não faltará quem tente instaurar uma nova "lei seca" na União Europeia. Tal como aconteceu com o tabaco, começa-se com a rotulagem das bebidas e depois vem o resto. Lá se vai a bela pinga às refeições!

Em nome do bem-estar animal, há- -de acabar-se com a caça, com o foie- -gras, com a bela sardinha assada e até com os franguinhos de aviário, por ser inimaginável a perdiz com o chumbo no papo, o ganso com hipertrofia provocada no fígado, o peixinho a contorcer-se nas vascas da asfixia ao sair da água, o pintainho fofo e penugento destinado à electrocussão...

Para evitar o aumento de CO2 na atmosfera, não tardarão a ser reduzidos os transportes de fruta e de flores por avião, nem a ser dificultado o turismo do Norte em direcção aos países do Sul.

O fundamentalismo odeia os mais simples prazeres da vida. Só pensa a vida em termos de vícios, ghettos e repressão. É ele que polui o mundo.

Contra esta jihad, afirmemos os benefícios do tabaco. Por muito mal que faça, o certo é que a mortalidade infantil nunca foi tão baixa e a duração média da vida humana aumentou tanto que até põe os mais sérios problemas à Segurança Social...

DN, 30-1-2008
 
OS CIGARROS DE CHOCOLATE NÃO SÃO CULPADOS

Eurico de Barros
jornalista

Esta coisa da perseguição estatal aos fumadores fez-me lembrar os cigarros de chocolate. Eram vendidos em caixas que imitavam na perfeição os maços de várias das marcas existentes no mercado, e os miúdos, antes de os trincarem, fingiam que os fumavam, para imitar os mais velhos. Muitos garotos só comiam cigarros de chocolate da mesma marca dos cigarros verdadeiros que os pais ou as mães fumavam. Quando ainda era dado ao fumo, o meu pai costumava comprar-me cigarros de chocolate da sua marca de eleição: CT.

Os cigarros de chocolate eram também muito mercadejados nos recreios das escolas. Trocavam- -se por cromos, por figurinhas, por berlindes, por revistas aos quadradinhos, até mesmo por carrinhos. Seis cigarrinhos castanhos e doces valiam um cromo "difícil", os já trincados não contavam. Toma lá três maços de cigarros de chocolate, dá cá um Dinky Toy. Troco este Mundo de Aventuras do Olac, o Gladiador, por metade desse maço. A economia infantil é infinitamente imaginativa.

Mais raros, e logo mais valiosos que os cigarros de chocolate, por serem importados do estrangeiro, em geral de Inglaterra, eram os cigarros de açúcar, brancos e mais finos do que aqueles.

Quando, nos anos 60, a RTP começou a passar as séries de ficção científica com marionetas animadas da dupla britânica Gerry e Sylvia Anderson - Stingray, Thunderbirds, Capitão Scarlet -, começaram logo a ser vendidos em Portugal, como parte merchandising das várias séries, cigarros de açúcar em macinhos decorados com os seus logótipos e com as fotografias dos heróis, dos vilões, e dos muitos veículos e naves que nelas apareciam. Eram carotes e não se encontravam em qualquer lado, ao contrário dos cigarros de chocolate.

Fui o feliz e invejado possuidor de um maço de cigarros de açúcar da série Stingray, pelo qual me foram oferecidas pequenas fortunas sob a forma de bens de consumo infanto-juvenis, desde álbuns de banda desenhada até pilhas de folhetos de companhias de aviação com grandes fotografias coloridas de Boeings e Caravelles. Tanto os poupei, que acabaram por se estragar e foram parar ao lixo. Mas guardei o maço vazio durante anos.

Os cigarros de chocolate e de açúcar não fizeram de mim fumador. Deram-me volta à barriga violentamente umas quantas vezes, e foram responsáveis por meia-dúzia de cáries. Nem conheço ninguém que tenha ficado viciado em tabaco por causa deles.

Vem esta romagem ao passado a propósito de ter descoberto, graças aos blogues O Insurgente (www.oinsurgente.org) e Último Reduto (http/ultimoreduto.blogspot.com), que a Lei do Tabaco determina que "é proibido o fabrico e a comercialização de jogos, brinquedos, jogos de vídeo, alimentos ou guloseimas com a forma de produtos do tabaco, ou com logótipos de marcas de tabaco".

Estalinistas da saúde, gente sinistra, sabotadores das pequenas alegrias alheias, estes legisladores nunca devem ter sido crianças. Ou então os pais só lhes deram pancada, nunca um maço de Cintra de chocolate ou de Thunderbirds de açúcar.

DN, 2-2-2008
 
60% dos fumadores expõem filhos ao tabaco

SUSANA PINHEIRO, Braga

Investigadores alertam para "grave problema de saúde pública"
Dos pais fumadores de 793 alunos do 4.º ano de escolaridade de Braga, 60% fumam dentro de casa, revelou um estudo da Associação para a Prevenção e Tratamento do Tabagismo de Braga (APTTB). "É uma percentagem elevadíssima", avisou o autor, José Precioso, que concluiu que 42% das crianças analisadas estão expostas diária ou ocasionalmente, no domicílio, ao fumo passivo do pai, mãe ou de um terceiro convivente. Para o investigador, que disse não haver outros indicadores do género a nível nacional, este "é um grave problema de saúde pública".

O estudo, feito em Novembro, consistiu num questionário a estudantes de 35 escolas de cinco agrupamentos do concelho de Braga que, de seguida, aderiram ao projecto "Domicílios livres de fumo" para persuadirem os pais a não fumarem em casa ou no carro.

A APTTB concluiu que 15% dos 793 alunos têm mães fumadoras e cerca de 40% têm pais fumadores.

Os dados revelam que 5,1% dos alunos declaram que a mãe fuma diariamente em casa e 6,3% afirmam que o faz ocasionalmente. Sobre o pai, 9,2% das crianças contam que este fuma em casa todos os dias e 16,6% dizem que só às vezes.

José Precioso recomenda aos pediatras que aconselhem os pais a não fumarem em casa. "A actual lei protege os adultos mas não entra na esfera privada, onde as crianças estão desprotegidas", disse.

Apesar de não existirem estudos a nível nacional, houve outro inquérito sobre a exposição de crianças ao fumo passivo, desenvolvida há alguns anos em Braga. E, comparando com esse estudo, o investigador aponta para "uma ligeira diminuição da prevalência de fumadores entre os pais dos alunos e do consumo em casa".

Um outro estudo de 2007 no âmbito de mestrado em Rio Tinto, Porto, conclui também que 40% de 350 crianças de dez escolas do 1º ciclo - 2º, 3º e 4ª anos - estão expostas ao fumo passivo em casa.

Generalizar projecto

"Vamos aplicar um segundo questionário aos alunos do projecto "Domicílios livres de fumo de Braga. Se constatarmos que a prevalência de pais fumadores no domicílio desceu, queremos generalizá-lo a nível nacional", adiantou.

O investigador vai ainda inquirir seis mil adolescentes de todo o País para perceber porque as raparigas fumam mais do que os rapazes e analisar os factores de risco relacionados com estas.

DN, 9-5-2008
 
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