24 maio, 2007

 

Livro


A propósito de mais uma feira

E como manda a tradição, choveu...

http://www.feiradolivrodoporto.pt/
http://www.feiradolivrodelisboa.pt/

http://www.iplb.pt/pls/diplb/!main_page?levelid=1

http://pt.wikipedia.org/wiki/Livro

Sobre a leitura:
http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/ME/Comunicacao/Outros_Documentos/20070530_ME_Doc_PNLeitura.htm

Comments:
Apenas 30% dos leitores compram livros nas Feiras

JOSÉ MÁRIO SILVA

No dia em que abrem, às 18.00, as Feiras do Livro de Lisboa, no Parque Eduardo VII, e do Porto, no Pavilhão Rosa Mota, o Barómetro DN/TSF/MARKTEST questionou os hábitos de leitura dos portugueses, com resultados que não revelam grandes melhorias em relação a outras sondagens sobre o mesmo tema realizadas nos últimos anos.

Se quase 60% dos inquiridos responderam ter o hábito de ler livros, o certo é que apenas 23,4% desses leitores revelaram ler mais do que dez livros por ano. Quer isto dizer que os restantes 76,6% lêem menos de um livro por mês. De resto, o ritmo mais frequente (em 17,9% dos casos) corresponde a uma média de apenas dois volumes por ano.

Se a distribuição por sexos se revela estranhamente equilibrada, já a classe social parece ser uma categoria em que as águas claramente se dividem. Dos inquiridos quepertencem à classe alta/média alta, 81,9% assumem-se como leitores, contra 68,5% na classe média e apenas 47,5% quando está em causa a classe média baixa/baixa. Também sem surpresa, a distribuição geográfica mostra que as regiões em que se lê mais são a Grande Lisboa (71,1% dos inquiridos que vivem nessa área) e, logo atrás, o Grande Porto (61,9%).

Quanto ao hábito de compra, com descontos, nas feiras do livro, os valores apurados pelo Barómetro não permitem que a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e a União dos Editores Portugueses, co-organizadores das feiras de Lisboa e Porto, encarem com excessivo optimismo os eventos que hoje começam. Segundo os dados apurados, apenas 29,9% dos inquiridos costumam comprar livros nas feiras, sendo que uma parte importante deste universo (33,7%) admite que pura e simplesmente "não compra livros".

E onde compram livros os leitores que se mostram pouco atraídos pelos stands do Parque Eduardo VII e do Pavilhão Rosa Mota? A maioria (47,3%) abastece-se em livrarias - que batem aos pontos, pelo menos neste inquérito, os hipermercados (19,9%) - enquanto uma minoria faz as suas compras nas lojas da rede Fnac (4,9%), no Círculo de Leitores (2,8%), em papelarias (2,1%) ou na Internet (1,5%).

Outra tendência que o Barómetro revela é uma diminuição dos hábitos de leitura com a idade. Entre os mais novos (18 e 34 anos) há um maior número de leitores (71,7%) do que entre os mais velhos: 57,3% no intervalo 35-54 anos e 51,2% nos que têm mais de 55 anos. É também na camada de população mais idosa que se verifica o mais alto índice de pessoas que nunca compram livros (50,3%), o que também se pode explicar pelas dificuldades económicas da maioria dos reformados.

DN, 24-5-2007, pág. 48
 
Livros pela última vez no Pavilhão Rosa Mota

FRANCISCO MANGAS

Começou na Praça da Liberdade, passou pelo jardim da Rotunda da Boavista, abrigou-se, mais tarde, das chuvas primaveris no interior do Palácio Cristal. Neste espaço, agora chamado Pavilhão Rosa Mota, abre hoje mais uma Feira do Livro do Porto, que tem Vasco Graça Moura como autor de destaque e, pela primeira vez, obras em línguas estrangeiras.

Para o ano, porque o Palácio de Cristal vai entrar em obras de requalificação, os livros mudam outra vez de casa. Editores e livreiros, que até ontem desconheciam o local que acolherá a próxima edição do evento, esperam uma palavra do presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, sobre o assunto, durante a cerimónia de abertura da Feira.

Na despedida dos livros do Palácio, estão programadas várias homenagens. Vasco Graça Moura, escritor, poeta e tradutor, é o autor em destaque, no decorrer desta edição - a 77.ª da Feira, que encerra a 10 de Junho. José Afonso, cantor e poeta, será também evocado através de um colóquio (com a presença de Afonso dos Santos e José Capela) e do lançamento do livro José Afonso, Andarilho de Voz de Ouro, de José Jorge Letria, um dos companheiros do cantor antes do 25 de Abril.

De igual modo, os escritores Miguel Torga, Papiniano Carlos e Mário Cláudio terão referências especiais durante o evento. O debate no Café Literário, na tarde do próximo domingo, é dedicado ao autor de Bichos: a homenagem a Torga integra a leitura de poemas e a dramatização do conto O Vinho.

Os livros proibidos de outros tempos também vêm à Feira.Tudo o que referisse a sexualidade, sindicalismo, liberdade não passava sem um traço grosso do lápis azul. Foi assim durante o Estado Novo: a censura, atenta à palavra subversiva, proibia dezenas de livros . Algumas dessas obras podem ser agora vistas, sem sobressalto, no Palácio de Cristal.

O romance Bastardos do Sol, de Urbano Tavares Rodrigues, é um dos que não passou no exame prévio. Idêntico fim teve O Canto e as Armas, de Manuel Alegre. Além dos óbvios Karl Marx e Engels, mais nomes emergem nesta mostra, organizada pelo Museu da Imprensa: Luandino, Namora, Ary dos Santos, entre muitos outros.

DN, 24-5-2007, pág. 49
 
Feira do Livro de Lisboa mais perto da Rotunda

A Feira do Livro, que hoje se inaugura, às 18.00 no auditório instalado numa grande tenda no alto do Parque Eduardo VII, desceu, aproximando-se da Praça do Marquês do Pombal. É essa a grande novidade, este ano, da 77ª edição do evento que assim garante aos visitantes e expositores melhores condições de acessibilidade ao local, dada a proximidade da estação de metropolitano e dos parques de estacionamento da zona.

Baptista Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que organiza a Feira com o apoio da União de Editores Portugueses (UEP) e da Câmara de Lisboa, sublinha serem de esperar 80 a 100 mil títulos este ano: "É o número mais alargado de títulos disponíveis no espaço livreiro."

Comentando os resultados do barómetro DN/TSF/Marktest sobre os hábitos de leitura dos portugueses (ler página de abertura), o responsável da APEL salientou ao DN ser desejável que houvesse mais leitura (60 por cento dizem que lêem livros) e que os participantes na feira realizassem um volume de negócios maior. Os números dizem que 29,9% compram títulos na feira do livro, enquanto 36,2% afirmam não o fazer, sendo que 33,7% nunca os compram. A seu ver, "o sector livreiro vale 500 milhões de euros e as feiras são locais de comércio do livro" por onde passam pessoas para conhecer catálogos, obter informações, "o que não significa que depois não venham a comprar nas livrarias".

Na opinião de Baptista Lopes, estes números servem para revelar a importância das feiras do livro, para além do acto de compra, como factor de aproximação do leitor ou do livro. "É, por outro lado, desejo dos editores que, após a realização da feira, os participantes realizem, com tranquilidade, um debate à volta da questão do livro em geral e das condições da sua comercialização."

DN, 24-5-2007, pág. 49
 
Editores vêem a feira como uma livraria

ANA MARQUES GASTÃO

Feira do Livro fechou ontem as portas. Em festa
A mulher tem o rosto desvanecido. Traz no carrinho o filho. Entre as mãos da criança, de olhar brando, o livro da mãe ensina como emagrecer antes de ler Selma Lagerlöf, A Viagem Maravilhosa de Nils Holgersson. O que se tira de um lado acrescenta-se do outro... Mas o menino só quer brincar, aturdido com o ruído da Feira do Livro de Lisboa que ontem fechou as suas portas para voltar para o ano.

Como ele, muitos, jovens ou não, visitaram nestes quinze dias a feira, que se tem transformado cada vez mais, segundo dizem alguns dos editores, "numa grande livraria".

Há quem suspire, há quem converse, uns trocam ditos, outros falam confusamente sem estarem muito atentos aos stands e às novidades editorais. Quase todos passeiam. Alguns conservam um vago resplendor misterioso, outros vivem a banalidade das coisas, simplesmente estão: "Vamos repousar", diz o marido para a mulher, suspensa na quimera dos livros esotéricos. "Não já", responde ela, em surdina, a melhor maneira de poder ficar, remota, no lado de lá do espelho, enquanto ele bebe cerveja.

Nem têm consciência de que são personagens da história de Lisboa, no seu caminho pela feira, cujos primórdios remonta à cidade dos anos 30. Nem mesmo o rapaz do brinco e sandálias, que folheia livros no alfarrabista, ou a rapariga de shorts a vasculhar no pó das páginas um ou outro exemplar raro de Herberto ou Cesariny, dão conta disso. Ela ri-se, sabe, porém, que tanto um como outro nunca passariam por aqui, apesar de ser bom soletrar-lhes o nome, macio ou áspero: "Ah, eles não são deste filme!"

A verdade é que este ano a feira foi, também, um maior espaço de diálogo entre leitores e escritores. Estes fizeram-se representar em força, segundo Baptista Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), de Lobo Antunes a José Saramago. São, aliás, visíveis, mais espaços de encontro em jeito de esplanada, resguardados do sol.

Tendo sido uma edição com decréscimo de participantes (menos vinte), o volume de negócios aumentou em comparação com o ano de 2006: "Sobretudo nos fins-de-semana e nos feriados, mas em alguns outros dias, as feiras, Lisboa e Porto, estiveram a abarrotar de gente", sublinha, acrescentando que a até agora, não tiveram "nenhuma informação de que algum editor estivesse a vender menos do que o ano passado", acrescenta o responsável da APEL, organizadora dos eventos juntamente com a União de Editores Portugueses (UEP).

Presentes na feira estiveram este ano 80 a 100 mil títulos, dos 170 mil disponíveis no mercado e registados na bibliografia da APEL, o que explica que as feiras "não se fazem contra as livrarias (abertas todo o ano), são um óptimo lugar de divulgação."

E se alguns se queixam de um certo abandono organizativo e das "condições deploráveis dos espaços", Baptista Lopes diz não compreender porquê: "O auditório com capacidade para albergar 100 pessoas, e o outro local ao fundo do parque, funcionaram bem." Lamentou, no entanto, a rotura da canalização por duas vezes, uma das quais mais fácil de resolver, mas que afectou seis stands entre 190: "São situações que não dependem da organização", concluiu. Para o ano, "será tida em conta a necessidade de melhoramento das instalações sanitárias e da restauração".

DN, 11-6-2007
 
O mistério da agitação de editores e livreiros

A intriga que rodeia a realização (ou não) da Feira do Livro de Lisboa é apenas mais um capítulo de uma história de suspense em que o mistério não é saber quem é o criminoso, mas antes apurar a causa da estranha agitação que se apoderou dos editores e livreiros.

De acordo com o estudo "A leitura em Portugal", mais de metade dos portugueses não compraram um único livro no ano anterior. E apenas um em cada 20 declaram comprar um livro por mês.

Pais do Amaral anda por aí com um livro de cheques na mão a comprar editoras e juntou no catálogo Leya os best-sellers Samarago, Lobo Antunes e Sousa Tavares. Não é o único. O banqueiro reformado Teixeira Pinto também desatou a coleccionar editoras.

Enquanto isso, as multinacionais cá instaladas não descansam. O gigante alemão Bertelsmann prossegue um ambicioso plano de expansão da cadeia Bertrand. E a FNAC abre uma loja nova sempre que pode, naquele que é o seu segundo mercado mais lucrativo a seguir ao francês.

A febre das livrarias contagiou os portugueses. As cadeias Almedina, Bulhosa e Leitura crescem a todo o vapor, enquanto Américo Areal investiu na Byblos (a maior livraria do País, com 3300 m2 e 120 mil títulos disponíveis) parte dos milhões de euros que encaixou com a venda da Asa à Leya.

A acreditar nestes sinais exteriores - e no braço-de-ferro que pode inviabilizar a Feira do Livro - , o negócio livreiro em Portugal passou a ser muito apetitoso. Mas tudo isto pode ser aparente e ilusório. Como se sabe, nos bons thrillers o final apanha sempre o leitor de surpresa.

DN, 16-5-2008
 
Feiras do livro são negócio de cinco milhões

HELDER ROBALO

Nenhum editor ou livreiro revela o valor exacto do negócio realizado nas feiras do livro de Lisboa e Porto, mas no caso do polémico evento lisboeta essa receita pode ser quantificada em cerca de três milhões de euros. No caso do Grupo Leya, que originou o terramoto que envolveu até ataques ao presidente da Câmara de Lisboa por parte da APEL, a facturação prevista na Feira do Livro deverá rondar um valor um pouco superior aos 20% do total do negócio (700 mil euros).

Já no caso da Feira do Livro do Porto, embora quase ninguém avance números concretos, o certame, no seu conjunto, representará uma facturação na ordem dos dois milhões de euros.

Uma das excepções ao silêncio do sector livreiro vem da Porto Editora. Vasco Teixeira, presidente do conselho de administração, adianta que dos 84 milhões de euros facturados em 2007 apenas cerca de 80 mil euros resultaram de vendas realizadas nas feiras do livro de Lisboa e Porto, cujas receitas são praticamente iguais. Para Vasco Teixeira, o certame "é uma grande festa do livro", mais do que um evento comercial.

Uma opinião partilhada entre as várias editoras ouvidas pelo DN. Mais que a facturação que as feiras representam nas contas do ano, o importante é a disponibilidade de o público contactar com um catálogo mais alargado do que aquele que se encontra disponível nas livrarias. Para Jorge Reis Sá, da Quasi Edições, "a feira do livro dá outro tipo de lucros, que é o de encontrar livros que não se conseguem encontrar nas livrarias, devido à enorme rotatividade que elas impõem aos livros nas suas lojas".

Também por isso, defende Francisco Vale, da Relógio D'Água, "as feiras do livro têm sempre importância. Ao fim de um ano, muitos dos livros já não estão disponíveis nas livrarias e por isso este tipo de eventos é importante". Esta é das poucas editoras que acede a falar em números. "Em Lisboa, estamos presentes com quatro pavilhões e cada um deles representa uma facturação bruta de cerca de 68 mil euros, enquanto no Porto, onde temos dois pavilhões, representa cerca de 30 mil euros", diz Francisco Vale.

Para Fernanda Barros, da Livros Cotovia, "é muito mais importante o contacto dos autores com os leitores, a promoção, do que a questão financeira". Até porque, a esse nível, "fica ela por ela". No entanto, a editora recusa-se a ver as feiras do livro como um mero instrumento de obtenção de receitas com a venda dos livros. "Se o nosso critério fosse apenas esse, uma parte do nosso catálogo desaparecia", justifica aquela responsável.

Também a Guerra & Paz, que o ano passado marcou presença nas feiras do livro de Lisboa e Porto pela primeira vez, prefere olhar para estes eventos mais como uma forma de divulgação do seu catálogo do que como uma oportunidade de salvar financeiramente o ano. "Os resultados não foram nada de significativo, mas o fulcral é a oportunidade de colocar ao dispor do público a diversidade do nosso catálogo que, devido ao volume enorme de livros publicados em Portugal, nem sempre se podem encontrar nas livrarias", explica.

DN, 16-5-2008
 
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