14 junho, 2007

 

14 de Junho


Dia nacional de luta contra a dor



http://pt.wikipedia.org/wiki/Dor

http://www.aped-dor.org/scid/apedweb/

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Dor acompanha quatro milhões de portugueses

DIANA MENDES

A dor acompanha diariamente quatro milhões de portugueses. A prevalência de 40% na população, estimada pelo professor da Faculdade de Medicina do Porto José Castro Lopes, engloba todos os casos, mas são os doentes com dor crónica moderada a forte que constituem um problema de saúde pública. Segundo um estudo desta faculdade, há 1,6 milhões de portugueses incapacitados por estes sintomas. Os resultados serão apresentados hoje, no âmbito do Dia Nacional de Luta contra a Dor.

Artrites, artroses, lombalgias ou cefaleias são bem conhecidas de muitos portugueses. De acordo com Castro Lopes, "80% dos doentes inquiridos no estudo referiram estar medicados, mas 30% consideraram que não estão a ser bem tratados". Nos casos da dor moderada e forte, mais incapacitante, "há 15% de pessoas que tiveram de pedir reforma antecipada". Esta consequência é um extremo mas, para 85% das pessoas, a dor interfere mesmo com o trabalho.

Portugal ultrapassa largamente os casos de dor crónica em Espanha, onde 11% da população expressa esta sintomatologia, mas está ainda distante da média europeia de 19%. É no tratamento, porém, que há mais falhas. Falhas de quem trata, falta de meios e lacunas de informação por parte de quem convive com a dor.

José Correia, chefe da Unidade de Dor do Hospital de São João (Porto), foi taxativo: "Há muita gente que desvaloriza a dor. É preciso informar as pessoas porque tendem a não pedir ajuda. Sabe-se que quanto maior é o seu nível cultural, menor é a sua capacidade de lidar com a dor". A morfina é, por isso, mais um indicador do estado do tratamento em Portugal. "O nível cultural do País está ligado à utilização de morfina. O nosso é dos mais baixos da Europa", alerta.

Poucos vão às unidades de dor

Castro Lopes, coordenador do estudo e presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, salientou algumas das falhas no tratamento e diagnóstico desta "epidemia". A falta de formação de profissionais de saúde, antes e depois dos cursos, é manifestamente insuficiente, apesar de já haver três cursos pós-graduados. As acções no âmbito do Plano Nacional de Luta Contra a Dor também têm sido insuficientes. "As pessoas desconhecem as unidades de dor crónica e poucas são encaminhadas. A percentagem de pessoas que se dirige a elas é inferior a 5%", frisa o especialista. Actualmente, há 53 unidades com programas de controlo terapêutico e especialistas de áreas diversas a funcionar no País. Isto significa que 60% dos hospitais já têm uma unidade, quando o plano tinha uma meta de 75%.

Apesar dos progressos, "é difícil encaminhar os doentes para os médicos especializados em dor crónica. E há outros problemas: faltam médicos, anestesistas, psiquiatras ou psicólogos e muitas unidades nem funcionam a todas as horas e todos os dias". Por isso, conclui, "a maior parte das unidades não estão a cumprir o estabelecido no plano. Há falta de motivação das direcções hospitalares para o problema da dor", alerta. A melhoria destes serviços passaria ainda pela criação de uma rede de referenciação dos doentes com dor crónica.

A prevenção é um outro trunfo. A prática de exercício físico, o cuidado permamente com a postura e o sedentarismo e a aposta numa vida saudável são cruciais. Quem sofre com dor deve tratar-se precocemente.

DN, 14-6-2007
 
Morfina pode ser comparticipada até 95%

Os portugueses tomam analgésicos em quantidade e sem receio dos efeitos secundários. Mas opióides como a morfina, mais eficazes no tratamento da dor, são associados erradamente às drogas e pouco comparticipados em relação a outros países. O apoio, pelo menos, está em vias de mudar. "O Infarmed tem uma proposta para mudar a comparticipação de 40% para 95%", diz Castro Lopes.

Portugal é um dos países onde a toma de morfina é menos frequente, o que, para José Correia, chefe da Unidade de Dor do Hospital de São João do Porto, é um indicador de falha cultural e ignorância.

Se os preconceitos associados ao analgésico persistem, o facto de ser pouco comparticipado também leva a que "muitas pessoas, especialmente com dores mais fortes, não o possam adquirir", acrescenta José Castro Lopes, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED). "Em alguns países, a comparticipação deste medicamento chega a 100%, mas cá é de 40%. No entanto, o Infarmed vai apresentar ma proposta para elevar a comparticipação ao máximo, que em Portugal é de 95%", refere o especialista. Contactada pelo DN, fonte do Infarmed escusou-se a comentar esta afirmação, apesar de admitir que "o problema está a ser analisado".

Apesar das resistências, José Correia afirma que, na sua unidade do Porto, "a toma de opiáceos já é elevada. Nos casos de dor de foro oncológico, todos têm de os tomar e fora desta tipologia já há 10% a 15% dos doentes a tomá-los", afirma.

A tendência é para começar com doses mais ligeiras de analgésicos e ir elevando as quantidades. Mas nem sempre o tratamento passa pelos opióides. Os especialistas falam nos anti-inflamatórios, relaxantes musculares, tratamentos por radiofrequência (para problemas na coluna vertebral), por bombas de perfusão e na aplicação da toxina botulínica (botox). A fisioterapia é sempre um tratamento a considerar e útil quando combinado com outros. | -D.M.

DN, 14-6-2007
 
Estado pouparia milhões de euros com reforço dos tratamentos

DIANA MENDES

O Estado poderia poupar milhões de euros anuais se investisse mais no tratamento e correcto acompanhamento de doentes com dores. Castro Lopes, especialista que está a coordenar o primeiro estudo epidemiológico ligado à dor crónica, afirmou ao DN que, "só no caso das lombalgias, os custos directos e indirectos ascendem a dois mil milhões de euros em Portugal" e que bastaria reduzir os casos de dor para se pouparem "milhões a longo prazo".

As contas das lombalgias (dores lombares), uma das doenças mais frequentes associadas à dor em Portugal, foram determinadas a partir do caso do Reino Unido, que gasta anualmente 20 mil milhões de euros no seu tratamento. A maior parte (17,5 mil milhões de euros), são custos indirectos ligados à impossibilidade de trabalhar.

O estudo, que vai envolver cinco mil entrevistas telefónicas e uma fase de entrevistas presenciais, também irá contabilizar os custos da dor, somando gastos de doenças como as artrites, artroses, contracturas musculares, cefaleias, lombalgias e problemas associados à coluna vertebral.

Os custos directos, que envolvem os gastos da saúde, são uma "parte muito menor da despesa, já que os custos indirectos são muito superiores", assinala. As baixas, reformas antecipadas e a quebra da produtividade justificam este facto. José Correia, especialista do Porto, diz que "muitas pessoas não se tratam, reformam-se ou têm handicaps que não lhes permitem arranjar trabalho". Por outro lado, "há muitos doentes que deviam ter direito a reforma e outros que têm sem precisar". E conclui, "nós não vemos a dor. Acreditamos".|

DN, 14-6-2007
 
Dor crónica atinge
1,6 milhões de portugueses

Cerca de um 1,6 milhões de portugueses sofrem de
dor crónica de intensidade moderada ou forte, segundo revela
um estudo conhecido em vésperas do Dia Nacional de Luta
Contra a Dor.
Para traçar um cenário da dor em Portugal, um grupo de
investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do
Porto está a realizar um estudo epidemiológico através de
entrevistas telefónicas.
Os investigadores pretendem realizar ao todo cinco mil
inquéritos e até hoje foram feitos 1.200, que permitem estimar
que 16% da população sofre de dor crónica.
Na entrevista pretende-se avaliar a dor crónica de intensidade
moderada ou forte (de intensidade igual ou superior a
cinco numa escala de zero a 10) presente pelo menos durante
seis meses e várias vezes no último mês.
Lombalgias, artrites ou artroses, cefaleias (dores de cabeça)
e problemas de coluna são as queixas mais frequentes de
quem tem dor crónica.
Relativamente ao tratamento, cerca de 30% dos inquiridos
consideram que a sua dor não está a ser bem tratada, o que
o coordenador do estudo considera ser reflexo de que em
Portugal se continua a subestimar a dor.
"Ainda não se dá a devida importância à dor. Ainda há a
noção de que a dor é uma fatalidade e é também um problema
da falta de formação dos profissionais de saúde", justificou,
em declarações à Lusa, Castro Lopes, coordenador da
investigação.
As primeiras estimativas do estudo nacional para avaliar a
dor colocam Portugal ligeiramente abaixo da média europeia,
segundo a qual 20% da população sofre de dor crónica.
Um estudo europeu já desenvolvido em 15 países, mas que
excluiu Portugal, apontava Espanha como país com menos
incidência de dor crónica, com 11% da população afectada, e
no extremo oposto a Noruega, com 30%.

RRP1, 13-6-2007
 
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