17 junho, 2007

 

17 de Junho


Dia mundial de luta contra a desertificação e a seca


http://pt.wikipedia.org/wiki/Desertifica%C3%A7%C3%A3o

http://pt.wikipedia.org/wiki/Seca

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=246772&idselect=10&idCanal=10&p=200

Comments:
Desertificação já atinge 36% do Continente

`Más práticas agrícolas são agravadas pelos incêndios e por secas mais frequentes

Elsa Costa e Silva
paula ferreira

Medidas de mitigação da aridez dos solos confrontam--se com a desertificação humana do interior do País
Mais de metade de Portugal corre o risco de desertificar. No espaço de duas décadas, 66% do País pode transformar-se em solo árido, se nada for feito para inverter a situação que se vive na actualidade um terço do território continental encontra-se classificado como zona susceptível à desertificação.

A aridez dos solos atinge a totalidade do interior algarvio e o Alentejo. Nesta região, o fenómeno assume proporções quase dramáticas, na margem esquerda do Gua- diana, nos concelhos de Mértola, Castro Marim e Alcoutim. Mas a desertificação não está confinada ao Sul do País. Todo o interior raiano, do Algarve a Trás-os-Montes, está a ficar deserto, a nível de perda de potencial biológico dos solos. Mas não só. Também é humana a desertifiação do País.

Vítor Louro, coordenador do Programa de Acção Nacional pa- ra Combate à Desertificação (PANCD), aponta uma cadeia de factores que concorrem para o empobrecimento da terra. Desde logo a susceptibilidade natural de algumas regiões, aliada ao mau uso do solo, mas também os incêndios e reflorestações mal conduzidas. A seca severa, que este ano afecta Portugal, é mais um elemento a contribuir para um retrato pouco animador. João Corte-Real, da Universidade de Évora, embora recuse apontar as alterações climáticas como causa da falta de chuva, admite que o aquecimento global vai provocar períodos secos mais frequentes e longos.

A desertificação não se explica só por factores físicos. Os problemas socioeconómicos, que afastam as pessoas do interior para as cidades do litoral, deixam as terras ao abandono e indefesas perante os incêndios que devoram centenas de hectares e provocam forte erosão nos solos.

Um cenário assustador. Vítor Louro refere a dificuldade em de-senvolver acções de combate e mitigação da desertificação física do território "Em alguns locais escasseiam já os destinatários para as iniciativas." Um exemplo flagrante é o concelho de Mação, no centro do País, cuja sede está ironicamente situada a escassos 10 quilómetros de uma auto-estrada.

Mação, com Idanha e Penamacor, integra um dos programas-piloto contra a aridez. Os outros localizam-se no Algarve (serra algarvia, Alcoutim e Castro Marim), em Mértola, e nas arribas do Douro, no concelho transmontano de Mogadouro.

monitorização. Os sistemas de informação são essenciais para acompanhar o progredir da desertificação e identificar a cada momento as áreas de maior risco. Para isso, a Agência Espacial Europeia desenvolveu um programa que permite monitorar a situação através de imagens de satélite, com uma resolução que permite a intervenção à escala local. O DesertWatch - que inclui ainda a Itália, a Grécia e a Turquia - vai vigiar todo o País, permitindo fornecer aos decisores políticos ferramentas para uma "atitude prospectiva", explica o coordenador nacional Lúcio do Rosário.

Usando dados históricos e as sequências do desenvolvimento da desertificação em Portugal, este programa permite desenhar cenários. Lúcio do Rosário explica que, analisando os factores de ameaça físicos, ecológicos e sociais, "estamos a caminhar rapidamente para um total de dois terços do território susceptível à desertificação". Este programa visa uma intervenção que evite este cenário, através de medidas que passam essencialmente pela actividade agrícola, florestal e imobiliária.

A nível local, várias universidades aglutinaram-se num projecto denominado Rede para a Observação e Análise do Fenómeno da Desertificação e da Seca, com vista a desenvolver uma acção preventiva. Amílcar Soares, do Instituto Superior Técnico (IST), aponta a necessidade de reunir várias investigações sectoriais e aplicá-las a um problema transversal como é a desertificação. O professor do IST acredita que a falta de atenção dos políticos para um fenómeno que ultrapassa os ciclos eleitorais poderá ser colmatada com um conhecimento sistematizado.

DN, 17-6-2005
 
Portugal é um dos países mais desertificados

Portugal é um dos três países mais desertificados da Europa, segundo as últimas análises realizadas pela Agência Espacial Europeia (AEE) e pela Desert Watch, tornadas públicas ontem a propósito do Dia Mundial da Luta Contra a Desertificação e a Seca.

A análise da AEE, feita com base em imagens obtidas pelo seu sistema de satélite, destaca ainda a desertificação em Itália e na Turquia. Este é um projecto que está a ser desenvolvido em conjunto com a Convenção das Nações Unidas para a Luta contra a Desertificação (UNCCD).

Segundo o Desert Watch da AEE, o nível de desertificação nos três países - Portugal, Itália e Turquia - é dos mais elevados da Europa, sendo no entanto necessário melhorar agora os modelos da análise que começou a ser realizada em 2004.

A AEE está actualmente a consolidar os métodos de análise, com um novo sistema de operações mais integrado, que permitirá obter dados mais detalhados e, assim, fornecer aos governos dados que lhes permitam avançar com políticas de combate à desertificação.

Estimativas da AEE indicam que a desertificação, processo de degradação da terra induzido parcialmente pela actividade humana, põe em risco a saúde e o bem-estar de 1200 milhões de pessoas de mais de 100 países.

Ontem em todo o mundo celebrou-se o Dia Mundial da Luta contra a Desertificação e a Seca, com o lema "Desertificação e alterações climáticas: um desafio global". A comemoração coincide com o arranque em Sevilha do Fórum Internacional da Seca que até quarta-feira reunirá especialistas de vários países, entre eles Portugal.

DN, 18-6-2007
 
Seca custou em 30 anos 100 mil milhões à UE

RITA CARVALHO

A última seca no país fez danos de 821 milhões
Responsáveis pela pasta do Ambiente da União Europeia (UE) reúnem--se hoje e amanhã em Lisboa para discutir um problema lento e silencioso mas que nos últimos 30 anos custou à Europa mais de 100 mil milhões de euros. Seca e escassez de água é o tema do conselho informal dos ministros do Ambiente que marca a rentrée da presidência portuguesa após um mês de pouca actividade. Os impactos contabilizam-se nos sectores agrícola, eléctrico, turístico, industrial e no abastecimento de água à população.

O encontro dos 27 procurará avançar caminho numa política europeia de gestão do risco da seca e de minimização da escassez de água. Em cima da mesa estará a definição de indicadores europeus de monitorização deste fenómeno e a discussão de instrumentos institucionais, técnicos e financeiros adequados para lidar com estes eventos. A dúvida está em saber se será necessária acção legislativa, como uma directiva, ou se a abordagem ao problema passará por outros domínios.

A orientar o debate estará a comunicação feita pela Comissão em Julho e que introduz algumas medidas, para além de encerrar um claro compromisso político em avançar na resolução deste problema.

A recorrência e a severidade destes eventos nos últimos anos levou os estados membros a considerar que o combate não se pode ficar por acções isoladas mas exige actuação comum e, acima de tudo, preventiva. Se há uns anos, a seca era um problema de países como Espanha ou Portugal, recentemente afectou locais mais improváveis como o Reino Unido, a Noruega, a Alemanha ou a Holanda.

Por estudar está ainda o real impacto do aumento da frequência e da violência das ondas de calor e a diminuição da precipitação, previstas pelas alterações climáticas.

Um relatório da Comissão Europeia (CE) divulgado em Julho mostra que os custos associados à seca duplicaram nas últimas três décadas - registando uma média de custos de 6200 milhões de euros por ano - bem como aumentou drasticamente o número de europeus afectados.

Em Portugal, três secas deixaram um prejuízo de 1802 milhões de euros, conclui a CE. Mas se a seca de 1975/76 custou 200 milhões de euros, a de 1981/83 já ascendeu aos 314 milhões e a mais recente e também mais dramática, de 2004/2005, provocou estragos na ordem dos 821 milhões. A estes danos devem ser somados os prejuízos ambientais e sociais, que podem atingir os 58 milhões.

Portugal tem um papel importante no debate, não tanto por deter a presidência, mas por ser um dos principais afectados pelo fenómeno. Aliás, foi por pressão de vários países do Mediterrâneo, como o nosso, que o assunto foi levantado em 2006.

Na agenda dos governantes deverá também cair um tema incontornável: a devastadora vaga de incêndios que está a assolar a Grécia. Na quarta-feira, o ministro português reconheceu que "estando a acontecer o que está a acontecer na Grécia, quando os ministros do Ambiente se encontram, é evidente que não pode deixar de haver uma palavra de solidariedade". O governante italiano, Pecoraro Scanio, já tinha manifestado intenção de ver discutida esta questão na reunião informal.

DN, 31-8-2007
 
Espanha: região árida da Europa

A Espanha, que acolhe actualmente a Conferência da
ONU sobre a Luta contra a Desertificação, é o país mais árido
da Europa, encontrando-se um terço do seu território em
risco de desertificação.
“O problema da desertificação pode ser considerado grave
em 31,49 por cento da superfície espanhola, o que dá uma
ideia da magnitude do problema que enfrentamos”, anunciou
o ministério do Ambiente espanhol durante a XIII Conferência
da ONU da Luta Contra a Desertificação, que decorre, desde
segunda-feira, em Madrid.
Mais de dois mil representantes de agências das Nações Unidas,
organismos inter-governamentais e organizações
ambientais de 200 países estão reunidos, nas próximas duas
semanas, na capital espanhola para analisar o problema da
desertificação, que, segundo a ONU, já afecta um terço da
superfície terrestre e ameaça a subsistência de 1.200 milhões
de pessoas.
Durante esta conferência - a oitava dos 191 países que assinaram
a Convenção para a Luta contra a Desertificação
(UNCCD) em Paris em 1994 - os especialistas pretendem estudar
o problema e elaborar uma estratégia de 10 anos para
fazer frente a este flagelo, que, de acordo com a ONU, afecta
não só a África, mas também amplas zonas da Ásia, América
Latina e algumas parte do sul da Europa.
No que diz respeito a Espanha, a ONU estima que 6% do solo
espanhol já se encontre degradado de forma irreversível,
sendo as áreas mais afectadas as ilhas Canárias, o Sul e a
costa mediterrânica. “O país já iniciou uma clara africanização
do clima”, alertou um estudo que a organização ecologista
Greenpeace elaborou para a Conferência da ONU.
Após assinar a Convenção da ONU para a Luta contra a Desertificação
(UNCCD, na sigla em inglês), que entrou em vigor
em 1996, a Espanha encontra-se a elaborar um Plano Nacional
contra a Desertificação para determinar factores e as
medidas necessárias para combater o problema.

RRP1, 6-9-2007
 
Desertificação afecta mais de um terço do País

RITA CARVALHO

Fenómeno natural afecta dois biliões de pessoas em todo o mundo
Mais de um terço do território está em risco de desertificação. Um fenómeno natural complexo que se deve à degradação dos solos mas que corre de mãos dadas com o despovoamento das zonas rurais e ameaça alastrar-se. Alentejo, Algarve e região de Castelo Branco são as zonas mais afectadas. No contexto europeu, Portugal surge como um dos países onde o problema é mais grave, a par de Espanha, Itália e Turquia.

A contribuir para este problema físico, que afecta directamente mais de 200 milhões de pessoas no mundo e põe em risco cerca de dois bilhões, está a pastorícia excessiva, a adopção de práticas agrícolas desadequadas - como a plantação intensiva de cereais no Alentejo - bem como a destruição do coberto vegetal através dos incêndios ou a pressão demográfica em zonas de risco. Práticas erradas de décadas transformaram solos já pouco férteis em desertos de pedra, destruindo-lhes a biodiversidade e retirando-lhes o rendimento. Apesar do problema já ser bastante grave em Portugal , poderá ser agravado pelas alterações climáticas e pelo constante abandono das zonas rurais.

Travar a progressão dos desertos exige acções concertadas de recuperação dos solos mas também de fixação da população. É esta a opinião que Miguel Ginestal, presidente da subcomissão parlamentar de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, vai defender hoje na 8.ª Conferência das Partes da Convenção de Combate à Desertificação das Nações que decorre em Madrid (ver caixa). "Não é possível suster a desertificação dos solos sem estancar o despovoamento", afirmou ao DN.

Combater a desertificação física em Portugal passa por apostar na florestação com espécies autóctones, como o sobreiro e a azinheira, que ajudam a proteger a biodiversidade e são ainda um importante pilar das economias locais. O Governo pretende também alocar o dobro das verbas previstas no Plano de Desenvolvimento Rural - em fase de aprovação em Bruxelas - para o desenvolvimento de actividades no mundo rural.

DN, 12-9-2007
 
Três meses sem chuva agravam cenário de seca

RITA CARVALHO

Dois terços do País já estão em situação de seca meteorológica fraca. E o Instituto de Meteorologia (IM) avisa que nos próximos três meses poderá haver menos chuva do que o normal. Previsões que, a confirmarem-se, agravarão a falta de pastagens para o gado, o atraso das culturas já denunciado pelos agricultores e a escassez de água em algumas albufeiras, que fazem temer uma seca como a de 2004/2005, que originou 821 milhões de euros de prejuízos.

Para terça feira está já agendada uma reunião da comissão de gestão de albufeiras, de onde poderão sair medidas de preparação para o agravamento da situação. Representantes da meteorologia, do Instituto da Água (INAG), agricultores, produtores de energia, entre outros, avaliarão o problema, embora para já não se esperem restrições ao uso da água.

Ontem, os responsáveis do INAG desdramatizaram o problema, dizendo que estamos numa fase inicial e que a seca ainda é meteorológica, ou seja, resume-se à falta de chuva, não afectando com gravidade as reservas de água. "Estamos a atravessar um período seco dentro da variabilidade normal do clima no País", afirmou José Rocha Afonso, vice-presidente do Instituto da Água, à margem de uma reunião que juntou em Lisboa especialistas americanos e espanhóis em gestão da seca.

Apesar de Outubro ter sido muito seco e de na primeira quinzena deste mês não ter chovido, a situação pode inverter-se de um momento para o outro e a tempo de repôr as reservas de água. Aliás, para segunda feira, os meteorologistas já prevêem chuva e descida da temperatura.

O INAG afirma ainda que a quantidade de água disponível a nível superficial (albufeiras) e subterrânea (aquíferos) é monitorizada constantemente e que actualmente não há razões para alarme pois as reservas "estão boas". Segundo o boletim de armazenamento de Outubro do INAG, das 57 albufeiras monitorizadas, nove apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 10 inferiores a 40%.

Contudo, na barragem da Aguieira, a água utilizada para a produção eléctrica já foi reduzida. Na albufeira do Alto Lindoso, em Ponte da Barca, onde funciona a maior barragem hidroeléctrica portuguesa, atingiu--se recentemente um mínimo histórico, registando apenas 32,5% da capacidade máxima, menos de metade dos valores habituais.

Seca meteorológica

Ao DN, Adérito Serrão, presidente do Instituto de Meteorologia, afirmou que a realidade ainda não dá razões para alarme porque o território está no nível de seca menos elevado. Mas salientou que "os sinais" estão à vista e que, em Outubro de 2004, quando começou a pior seca dos últimos tempos, a situação até era mais favorável do que é agora.

À Lusa, o ministro do Ambiente também colocou a tónica na atenção e não tanto na preocupação. "A situação está a ser acompanhada", disse.

DN, 17-11-2007
 
Alto Lindoso perde seis milhões de m3 em 10 dias

PAULO JULIÃO, Viana do Castelo

A albufeira do Alto Lindoso, em Ponte da Barca, onde funciona a maior barragem hidroeléctrica portuguesa, perdeu nos últimos dez dias seis milhões de metros cúbicos de água, o que baixou o seu nível para pouco mais de 30%da capacidade total de armazenamento, apurou o DN.

A população do Lindoso garante não ter memória de um ano assim, numa época que supostamente seria de chuva. "Já estamos a quatro metros do ponto mais baixo de sempre nesta albufeira, que aconteceu em 2003, mas no Verão. Para esta altura do ano, nunca vimos nada assim", disse ao DN, preocupado, o autarca do Lindoso, Manuel Marinheiro.

No dia 7, a albufeira da barragem atingia um dos valores de armazenamento mais baixos de sempre, apenas 32,5% da capacidade máxima, menos de metade dos valores habituais para a época. Para uma capacidade máxima que ronda os 390 milhões de metros cúbicos (m3), o armazenamento rondava os 126 milhõesde m3 de água. Às 09.00 de ontem, dez dias depois, continuava a baixar e atingia já os 120 milhões de m3 (30,7% da capacidade total). Há exactamente um ano, a barragem armazenava 298 milhões de m3 , ou seja, mais 178 milhões do que hoje.

A causa é a ausência de precipitação. Segundo dados oficiais, não chove no distrito de Viana do Castelo desde 29 de Setembro. "Aqui no Lindoso choveu em Setembro, mas muito pouca coisa. Estamos muito preocupados porque mesmo a água de abastecimento na freguesia pode vir a falhar", admite Manuel Marinheiro. Como não choveu, recorda o autarca, também "não há pasto" para os animais e os incêndios chegam em força em pleno Novembro. "Estamos a ter mais fogos agora do que no Verão todo".

O Instituto Nacional da Água já admitiu que o valor de armazenamento "expectável" para esta altura do ano, no Lindoso, deveria rondar os 50% da capacidade, justificando a situação com a "ausência de precipitação nas últimas semanas", mas também com a "estratégia de exploração" da barragem pela EDP.

Datada de 1992, a barragem do Alto Lindoso, no rio Lima, tem 110 metros de altura e é explorada pela EDP, produzindo energia através de dois descarregadores que debitam 2770 m3 de água por segundo. Trata-se da central hidroeléctrica portuguesa com a "mais rápida" capacidade para colocar "energia de ponta" na rede, representando cerca de 8% da reserva hidroeléctrica do conjunto das albufeiras nacionais.

Fonte da EDP admitiu que o actual nível de armazenamento na barragem "está baixo dos anos anteriores", mas lembrou que é possível o turbinamento dos grupos em caso de necessidade, "não havendo, por isso, menor capacidade de resposta em períodos de ponta".

DN, 18-11-2007
 
Clima ameaça a agricultura

FILOMENA NAVES

Expandir irrigação pode minorar o problema

Há regiões de África e do sul da Ásia que vão sofrer reduções drásticas na produção agrícola durante as próximas duas décadas devido às alterações climáticas, sobrecarregando ainda mais com o espectro da fome os muitos milhões de pobres que vivem nessas regiões.

Esta é a previsão de um estudo publicado hoje na Science, que alerta para a possibilidade de políticos e investidores prepararem desde já medidas de adaptação que permitam minorar as consequências durante os próximos anos.

"O nosso estudo mostra que toda a região do sul do continente africano pode perder mais de 30% da sua principal produção agrícola, o milho, nas próximas duas décadas, possivelmente com efeitos devastadores em termos de fome, na região", adianta Marshall Burke, da universidade norte-americana de Stanford e um dos co-autores do estudo.

Nas regiões do sul da Ásia, as consequências também serão importantes, com a previsão de quebras de mais de 10% nas produções de arroz, milho e sorgo.

A antevisão foi elaborada por uma equipa da universidade de Stanford, a partir de vários modelos climáticos, cruzando informações sobre a precipitação e o aumento da temperatura para 12 regiões do planeta potencialmente vulneráveis do ponto de vista agrícola. Além daquelas duas, o Sahel, as Caraíbas e certas zonas da América Latina, entre outras, estiveram também em estudo.

As modelações apontavam inequivocamente num único sentido para as regiões sul de África e da Ásia: o da perda de produção agrícola severa em 20 anos, o que não deixou de surpreender os cientistas. "Ficámos perplexos pela extensão dos efeitos e também pela sua brevidade, se não houver medidas de adaptação", diz Burke, sublinhando, que "há decisões de investimento a fazer, por exemplo em termos de expansão da irrigação, por exemplo, para atenuar as perdas que avizinham ".

DN, 1-2-2008
 
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