08 junho, 2007

 

8 de Junho


Dia internacional pela justiça climática




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CLIMA MORNO

Sena Santos
jornalista

No dia seguinte ao compromisso no G8 sobre o clima, sobressai a frustração.

"Apenas boas palavras" [El Mundo];"Soluções adiadas" [El País]; "Acordo morno" [Libération]; "Acordo mínimo" [Le Monde]; "Não definiram metas concretas" [Folha de São Paulo]; "Neste acordo, o diabo está nos detalhes: nenhum" [Daily Telegraph]; "Como a questão já não se resolve com declarações de intenção, a conclusão do G8 é a de que a montanha pariu um rato" [La Repubblica].

The Independent é radical: "A cimeira que deveria ter dado novo fôlego ao processo de Quioto acabou por o matar." Le Temps de Genéve reconhece que "os lóbis da indústria e do petróleo dos Estados Unidos nao se renderam e tiveram Bush a defendê-los".

Die Presse vê "elementos positivos neste acordo de 'realpolitik' arrancado a ferros". O Frankfurter Allgemeine Zeitung considera progresso que "o tão relutante Bush tenha acabado por participar no acordo". El País concorda: "É importante que a Europa tenha arrancado de Bush que comece a negociar um tratado sobre o aquecimento global." Daily Telegraph entende que "a mudança do clima político transatlântico oferece terreno para a esperança". La Repubblica suplica: "É preciso saber pensar o mundo novo."

18 pessoas, 12 homens, quatro mulheres e duas crianças foram a enterrar num cemitério no Sul de França. La Croix diz que na placa de cada campa ficaquot;Desconhecido morto no mar Mediterrâneo em Maio de 2007." Eram emigrantes clandestinos, sucumbiram, esgotados, no naufrágio da barcaça em que viajavam de algures em África com destino à Europa da esperança. "Eles lembram-nos o nosso fracasso" [Le Dauphiné Libéré].

DN, 9-6-2007
 
G8 promete articular decisões com as economias emergentes

FERNANDO DE SOUSA, em Heiligendamm

G8 promete articular decisões com as economias emergentes

Ajuda a África vai subir para 60 mil milhões de dólares por ano
Os oito países mais industrializados (G8) assumiram ontem que o mundo está a mudar e abriram as portas da cimeira de Heiligendamm às cinco economias emergentes, num reconhecimento da crescente importância política da China, Índia, Brasil, México e África do Sul.

Num dia que foi essencialmente dedicado ao relançamento do apoio à África com a promessa de uma ajuda de 60 mil milhões de dólares para o combate à sida, malária e tuberculose nos próximos anos, o G8 prometeu uma articulação mais estruturada e regular com as cinco economias emergentes.

Esta articulação aponta para a promoção de investimentos, da investigação e da inovação, além do combate às alterações climáticas, além do aprofundamento da política energética e do desenvolvimento. Em especial no continente africano.

A 4 de Julho, União Europeia e Brasil realizam a sua primeira cimeira bilateral em Lisboa, permitindo que Brasília passe a ser também considerado como parceiro estratégico.

O G8, cujos dirigentes têm recusado qualquer alargamento formal do grupo, pretendem com a abertura manifestada perante a China, Índia, Brasil, México e África do Sul dar, segundo a chanceler alemã Angela Merkel, uma resposta "àqueles que se interrogam se o G8 é ainda uma organização enquadrada nos tempos modernos".

Nesta cimeira, que decorreu numa estância balnear do norte da Alemanha, o G8 prometeram ainda aumentar para 60 mil milhões de dólares a ajuda que os Estados mais industrializados do mundo vão conceder para o combate à sida, malária e tuberculose no continente africano. Metade desse montante deverá ser assegurado pelos EUA, ainda que várias organizações não-governamentais tenham declarado já que os montantes eram insuficientes, recordando que na cimeira anterior, realizada em Gleneagles, na Escócia, muitas das promessas não tinham sido cumpridas. Max Lawson, dirigente da Oxfam, classificou a oferta do G8 como "um pequeno passo quando precisamos de saltos gigantes". Esta organização considera que apenas três mil milhões de dólares são dinheiro novo, em relação às promessas anteriores.

Angela Merkel procurou dar a ideia de que, desta vez, o G8 falava a sério, ao declarar que estavam conscientes das suas obrigações e promessas.

O cantor Bob Geldof, conhecido pelas suas campanhas a favor de África, mostrou-se igualmente crítico, considerando a ajuda anunciada como uma farsa.

Em parte porque o G8 já tinha prometido há dois anosa duplicação da ajuda a África, anunciando uma verba anual de 50 mil milhões de dólares até 20010.

A cimeira de Heiligendamm prometeu ainda vir a apoiar a União Africana e outras organizações sub-regionais no combate à proliferação não autorizada de armas ligeiras, contribuindo igualmente para o impedimento da exploração ilegal dos recursos naturais de África.

DN, 9-6-2007
 
AS CRUELDADES DO AQUECIMENTO GLOBAL

DANIEL HOWDEN*
*Exclusivo DN/The Independent

As mudanças climáticas custam 70 mil milhões
Aqueles que emitem menos gases que provocam o efeito de estufa são os que mais sofrem com as mudanças climáticas. Mas os responsáveis pelos maiores estragos recusam-se a pagar a conta.

Os glaciares do Peru estão a derreter. Nas altitudes dos Andes, estranhas tempestades de granizo e períodos de frio intenso estão a gelar os lamas até à morte. No Norte do Quénia, secas sem precedente levaram os pastores a batalhas mortais por uns escassos furos de água. Nas montanhas do Tajiquistão, perto da fronteira com o Afeganistão, cheias e deslizamentos de terras destroem as colheitas.

Por todo o mundo civilizado, as mudanças climáticas provocadas pelo homem são uma realidade indiscutível e estão já a atingir violentamente os países mais pobres.

Historicamente, o aquecimento da atmosfera tem sido o resultado de emissões de CO2 (dióxido de carbono) por parte dos países industrializados, mas os cientistas estão de acordo em afirmar que o aquecimento global já é uma realidade, os países que menos poluíram são os que já estão a ser mais atingidos.

Além dos passos imediatos para reduzir as emissões, são necessários 70 mil milhões de euros anualmente para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentarem os enormes custos da adaptação a uma mudança climática para a qual pouco contribuíram, segundo um relatório da Oxfam. "Os países em desenvolvimento não podem e não devem pagar a conta das emissões dos países ricos", disse Kate Raworth, cientista sénior da Oxfam e autora de renome.

A última oportunidade para o mundo desenvolvido tomar medidas em relação às emissões de gases com efeito de estufa que estão a provocar as mudanças de clima começou na Alemanha, numa reunião do G8, grupo dos países mais ricos, que que decorreu entre 6 e 8 de Junho em Heiligendamm, na costa alemã do Báltico.

A Alemanha, apoiada pela Grã-Bretanha e pelo Japão, lutou por um compromisso por parte de todos os membros para que as respectivas emissões de CO2 sejam reduzidas a metade até meados do século e um compromisso para conseguir limitar o aquecimento global a 2oC.

Mas estes esforços parecem bater contra uma parede com o formato da firme oposição dos EUA. Um esboço de comunicado de antecipação à cimeira do G8 sugeria que os Estados Unidos da América estão decididos a rejeitar qualquer progresso real na mudança climática.

"Os EUA têm ainda reticências sérias e fundamentais acerca deste esboço de declaração", diz a nota. "O tratamento das mudanças climáticas está contra a nossa posição no geral e ultrapassa múltiplas 'linhas vermelhas' no respeitante a coisas com que nós, simplesmente, não podemos concordar."

Novo acordo

Os EUA, com menos de 5% da população mundial, são responsáveis por perto de um quarto das emissões globais. São seguidos pela China e depois pela Indonésia e pelo Brasil - cujas emissões são causadas pela desflorestação -, e depois pela Rússia e pela Índia. Os EUA recusaram-se a ratificar o acordo internacional sobre as reduções, o Protocolo de Quioto, dizendo que não podiam pôr em perigo a sua própria economia.

Esse acordo, que está a pedir cortes mais modestos, expira em 2012 e a chanceler alemã, Angela Merkel, tem estado determinada a usar o G8 como um primeiro passo para uma negociação de um novo acordo "filho de Quioto" na cimeira das Nações Unidas sobre o clima, em Bali, no corrente ano.

Tony Blair, que sairá do Governo no próximo mês, tem estado desesperado para obter uma cedência sobre as mudanças climáticas por parte da Casa Branca para selar o seu legado, mas, até agora, apenas obteve concessões retóricas por parte do seu mais próximo aliado. A América tem tido tendência a referir a ausência da China e da Índia do Protocolo de Quioto como razão para ficar de fora dos acordos internacionais, enquanto Nova Deli e Pequim apontam a responsabilidade histórica do Ocidente nas emissões como razão para rejeitar os cortes.

Japão muda de lado

Uma mudança de atitude drástica do Japão, o qual se uniu aos países da União Europeia no pedido de uma redução de 50% nas emissões até 2050, parece ter insuflado uma nova vida às negociações, mas os diplomatas têm vindo desde aí a baixar as expectativas.

Enquanto os primeiros dois pontos dos cinco do comunicado da cimeira - a necessidade de um compromisso para limitar o aumento da temperatura média e o estabelecimento de um esquema global para o negócio do carbono - são os mais problemáticos, pode haver espaço para que haja progresso em relação aos restantes pontos. Estes incluem o combate à desflorestação, o desenvolvimento de novas tecnologias verdes e fundos de adaptação para países em desenvolvimento.

A Oxfam disse que a estimativa de 70 mil milhões de euros anuais para suprir os custos da luta contra as mudanças climáticas nos países mais pobres é baixa. Até agora, os países do G8 destinaram um total de 268 milhões para ajudar a adaptação dos países em desenvolvimento, uma quantia menor do que a destinada à melhoria dos sistemas de refrigeração do Metropolitano de Londres.

O relatório Adaptação às Mudanças Climáticas classifica os países com base nas suas responsabilidades pelas emissões de carbono entre 1992 e 2003 e na sua capacidade para pagar, baseada na respectiva posição no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (Organização das Nações Unidas): os EUA seriam responsáveis por suprir perto de 44% dos custos de adaptação dos países em desenvolvimento; o Japão cerca de 13%; a Alemanha, mais de 7% e os Reino Unido mais de 5%.

"A justiça exige que os países ricos paguem pelo mal que já foi causado àqueles que são os menos responsáveis pelo problema", disse Raworth. "Isto não tem a ver com ajuda; tem a ver com os maiores e mais ricos poluidores do mundo cobrirem os custos infligidos aos mais vulneráveis, uma responsabilidade acrescentada totalmente diferente.

DN, 9-6-2007
 
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