03 junho, 2007

 

Cereja


Da flor ao Fruto








http://pt.wikipedia.org/wiki/Cereja

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Chuva 'matou' 40% da produção de cereja

AMADEU ARAÚJO,Viseu

Numa época do ano em que os produtores de cereja promovem o fruto em festivais um pouco por todo o País, fazem-se as contas à vida. As chuvas de Abril na fase da floração, no início do mês, não permitiram que o fruto se desenvolvesse e prejudicaram em "30 a 40 por cento" a produção na região da Cova da Beira e reduziram em 80 por cento a produção na zona de Alfândega da Fé, Trás-os-Montes.

Das cem toneladas que a Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé recebe anualmente, "com sorte este ano teremos 20", disse ao DN o director da instituição, João Vítor Silva. À baixa produção corresponde, a "menor dificuldade para a vender". Dentro de quatro anos a produção de cereja em Alfândega da Fé, Trás-os-Montes, deverá duplicar as cem toneladas produzidas anualmente "quando os cerejais reconvertidos começarem a produzir em pleno", disse.

As primeiras da Europa

É em Resende, no distrito de Viseu, que se colhem as primeiras cerejas de toda a Europa, que são conhecidas pelas suas características nutritivas e, principalmente, pelo sabor. Em Resende, onde decorre o VI Festival da Cereja, as explorações têm uma área média de dois hectares e "localizam-se a meia encosta com acessos difíceis que dificultam o transporte das cerejas e o maneio dos pomares, constituídos por fruteiras altas, de lenta entrada em produção e com custos de colheita elevados", salienta Joaquim Moreira, técnico da Direcção Regional da Agricultura de Entre Douro e Minho (DRAEDM). ". António Borges, autarca de Resende assegura que "até finais de Julho não vai faltar cereja mesmo com as variações climáticas que se fizeram sentir."

Mais a sul, na Cova da Beira, concentra-se a maior produção de cereja do País: oito mil toneladas produzidas em 1800 hectares divididos pelos concelhos do Fundão, Belmonte e Covilhã. A cereja da Cova da Beira tem características muito próprias e depende da sua localização (encaixada entre as serras da Gardunha, Estrela e da Malcata), que proporciona um elevado número de horas de frio, uma Primavera amena e uma elevada protecção dos ventos. Aqui a cereja tem Indicação Geográfica Protegida.

Santos Cruz, da Direcção da Associação dos Produtores de Cereja da Cova da Beira sublinha, apesar da quebra na produção devido ao mau tempo "a cereja aqui produzida é considerada uma das melhores do Mundo." A produção de cereja é de tal forma importante para a Cova da Beira que costuma ser conhecida aqui como "o "petróleo da Beira Baixa". A valorização da comercialização permite-lhe chegar ao consumidor com mais qualidade. É também aqui que está instalada a Frulact, o maior comprador nacional de fruta.

Tempo de festa

A cereja está, por estes dias, ao rubro. Vai ser distribuída no arranque da Presidência Portuguesa da União Europeia e na Eleição das Sete Maravilhas do Mundo que decorre a 7 de Julho. Dia 15 começa em Alcongosta, no Fundão, a Festa da Cereja acompanhada de uma mostra gastronómica. Entretanto a cereja do Fundão viaja já pelo País - a promoção "Cereja do Fundão" está a já decorrer na área da Grande Lisboa, com distribuição gratuita à população. | *com Susana Leitão

DN, 3-6-2007
 
Celebrar o tempo da cereja em flor

Paisagem. O manto branco primaveril dos cerejais fascina quem o vê, seja em Tóquio ou em Washington ou na Serra da Gardunha

Le Temps des Cerises, na voz de Yves Montand ou de Juliette Greco, evoca uma memória que é tudo menos bucólica e tranquila. A canção escrita por Jean-Baptist Clément e musicada por Antoine Renard em 1866 jogava com a duplicidade do fruto. A "pérola vermelha", como a definia Lucullus, esse general romano com fama de gourmet, é doce como uma celebração estival e encarnada como o sangue derramado e as bandeiras revolucionárias. Assim se percebe porque é que uma canção que parecia ser amorosa se transformou num símbolo da Comuna de Paris (1871) e, depois, por extensão, do repertório musical da esquerda política gaulesa. E se as palavras são como as cerejas, conforme garante o rifoneiro popular, há sempre um duplo sentido tão evidente como usar duas cerejas em jeito de brinco silvestre. No fundo, parece que tudo é magnífico nesta árvore de pomar, da raiz que serve para fazer cachimbos ao seu fruto das delícias, passado pela madeira de boa mobília, pela folha que faz paisagem, pela flor que pode ser perfume. Até se pode percorrer a arte universal para dissertar sobre o florir das cerejeiras, com as pétalas brancas ou róseas de serena pureza, ou sobre o tempo das cerejas, essas bagas tão vermelhas como o erotismo. Afinal, os seus vários simbolismos marcaram desde o teatro russo (O Cerejal, de Tchekov) ao cinema iraniano (O Gosto da Cereja, de Kiarostami). Mas, ao ver as belas imagens que chegam agora de Tóquio e de Washington com essa neve de flores - e que também se encontra, por exemplo, na serra da Gardunha -, o que salta logo à memória são as gravuras clássicas nipónicas assinadas por mestres como Hokusai ou Hiroshige. E de voltar ao som da grafonola, onde se escuta Nana Mouskouri ou Barbara Hendricks: "Quand nous chanterons le temps des cerises." F. M.

DN, 5-4-2008
 
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