26 junho, 2007

 

Museu Colecção Berardo


Um bom investimento nacional?



"A arte é um negócio e nisso Berardo é perito

A ideia, às vezes propagandeada em alguns meios pseudo-intelectuais, de que José ("Joe") Berardo não percebe nada de arte é esdrúxula. Muito do que hoje há para dizer sobre o assunto acontece nos leilões, nas vendas cada vez mais exorbitantes, ou seja, precisamente no mercado da arte. E, em mercado, em vários mercados e não apenas neste, José Berardo, que não é bem um empresário promotor de riqueza e emprego mas se especializou em actividades financeiras, tornou-se um expert.
Mesmo os críticos têm dificuldade em discutir o valor de uma obra. Estamos no tempo em que conta bastante o preço da assinatura do autor - que pode ter caído no goto por muitos motivos e não só pela genialidade da obra. Também hoje, um crânio cravado de diamantes pode ser arte apenas porque tem a seu favor um título - Por amor a Deus - e uma assinatura - a de Damien Hirst, o mais bem pago autor vivo.
A arte vive cada vez mais das boas ideias, da promoção delas e do negócio. Em todos estes itens, Berardo é perito. Logo à tarde prová-lo-á, mais uma vez, na inauguração do seu museu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Dará uma resposta aos que o olham de cima - que lá estarão a apreciar o acervo comprado com o seu dinheiro - mas igualmente aos seus pares das finanças e negócios: tivesse Portugal mais homens com visão e seria um país mais dinâmico. Resta referir o único borrão na pintura: o regatear do local onde acabaria por ficar a colecção, o negócio com cheiro a negociata envolvendo o Ministério da Cultura.
Teria ficado bem a Berardo seguir todos os exemplos de Calouste Gulbenkian. E não só alguns."

DN, 25-6-2007

http://www.berardocollection.com/
http://www.berardomodern.com/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Manuel_Rodrigues_Berardo

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=248009&idselect=9&idCanal=9&p=200

Comments:
Museu controverso abre hoje

PEDRO MARQUES

O Museu Colecção Berardo vai ser inaugurado hoje, ao final da tarde, no Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, por José Sócrates. Depois da abertura oficial, a exposição poderá ser visitada de forma gratuita durante 24 horas. A partir de quarta feira, passa a funcionar no seu horário habitual.

A programação do museu será orientada pela rotação dos diversos movimentos artísticos que integram o acervo da colecção Berardo, composto por 862 obras, cujo objectivo é dar a conhecer a evolução das artes plásticas a partir do século XX e potenciar o intercâmbio de obras de arte com outras colecções e museus, portugueses ou internacionais. Como o próprio Joe Berardo admite, o museu "significa o concretizar do sonho de ter um grande centro de arte em Portugal, onde os artistas portugueses possam expor as suas obras e o público nacional ver peças dos melhores autores e museus mundiais".

O museu vai arrancar com a exposição de 450 peças, correspondentes a 248 obras, distribuídas pelos três andares e cerca de dois mil metros de área da exposição. As obras de arte foram organizadas em sete núcleos principais, que vão desde a fotografia feminina contemporânea - com nomes como Helena Almeida, Cindy Sherman e Francesca Woodman -, experiências e reinvenções de cores - onde se apresentam artistas como Yves Klein, Frank Stella e Ângelo Sousa - ou pintura figurativa do século XX - com destaque para o expressionismo de Francis Bacon e Paula Rego -, passando por uma secção de fotografia e minimalismo, até aos "obrigatórios" surrealismo - onde serão expostas obras de Magritte ou Cesariny - e pop art, cujo expoente máximo é Andy Warhol. De entre as 862 obras que constituem o acervo da colecção Berardo, destacam-se em termos de valores um quadro de Pablo Picasso avaliado em 18 milhões de euros, seguido por uma criação de Francis Bacon, de 15 milhões de euros, e de Andy Warhol, avaliada em 12 milhões euros.

Recorde-se que a edificação do Museu Colecção Berardo esteve envolta em grande polémica entre o próprio Joe Berardo e o Estado português, com o empresário a ameaçar levar o seu espólio artístico para França. Em Agosto do ano passado, foi finalmente criada a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea da Colecção Berardo, cujo contrato prevê a cedência sem custos do Centro de Exposições do CCB para fixação do Museu Berardo até 2016, ano em que o Governo português terá a opção de compra da colecção. Até lá, as obras não são classificadas como património nacional e podem sair do País. A Fundação Berardo contempla ainda um fundo anual de aquisição de obras de arte avaliado em um milhão de euros, a ser pago em partes iguais pelo Estado e pelo presidente vitalício da fundação, o próprio Joe Berardo.

DN, 25-6-2007
 
Colecção Berardo abre portas

Abre esta segunda-feira à noite ao público o Museu
Colecção Berardo, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Mais de 800 obras vão estar expostas, numa mostra que
representa o fim de um processo que começou em 1996.
Joe Berardo diz que ver o museu aberto “é a concretização
de um sonho”. Desde 1996 que o espólio de arte moderna e
contemporânea está em depósito nas reservas do CCB, que já
por diversas vezes expôs núcleos da colecção.
Contudo, as negociações para o museu são mais recentes e só
foram fechadas no ano passado, com o Governo de José
Sócrates.
Na memória ficam as ameaças de Berardo de levar para o
estrangeiro o espólio, do qual o Governo elegeu o núcleo de
862 peças avaliadas pela leiloeira Christie’s em 316 milhões
de euros.
O Executivo comprometeu-se a pagar este preço dentro de 10
anos, caso queira adquirir este núcleo da colecção Berardo.
O Museu vai abrir portas para a inauguração oficial às 18h30,
na presença do Presidente da República, Cavaco Silva. O
público pode entrar a partir das 21 horas até amanhã. A ideia
passa por uma inauguração de 24 horas “non-stop”.
Depois deste primeiro dia, o museu estará aberto toda a
semana, entre as 10h00 e as 19h00, e às sextas-feiras o horário
será alargado até às 22h00. O preço dos bilhetes será de
cinco euros, com entradas gratuitas aos domingos.
Nas reservas do Centro Cultural de Belém ficam muitas
outras peças de arte, dos séculos XX e XXI, que não estão
contempladas no protocolo com o Estado. Mas, como Berardo
é um coleccionador quase compulsivo, tem ainda outras
colecções – uma delas, a de Art Deco, está agora exposta no
Museu de Sintra.

RRP1, 25-6-2007
 
JOE NO CCB, JOE NA PT, JOE NO BCP, JOE NO BENFICA. UAU, JOE

João Miguel Tavares
jornalista
jmtavares@dn.pt

A divinhem se forem capazes. Quem foi capa da última Visão? Tempo para pensar... Foi Joe Berardo. Quem foi capa da última revista Sábado? Resposta: Joe Berardo. Quem foi capa da última Tabu, a revista do semanário Sol? Pois bem: Joe Berardo. Quem foi capa da última NS, a revista que sai aos sábados com o DN e o JN? Pois é: Joe Berardo. E quem foi capa da última revista Única, do semanário Expresso? Eeeerhh... Por acaso foi a Angelina Jolie. Mas no interior havia 14 páginas dedicadas a Joe Berardo.

Nos últimos tempos, assim de repente, acho que Berardo não falhou um único acontecimento relevante ocorrido em Portugal. Eu próprio, nos meus sonhos, já me imagino a ser perseguido por um homem vestido de preto da sola dos sapatos até à gola, com um pin vermelho em forma de coração. Primeiro, foi a loooonga telenovela sobre o destino da sua colecção de arte contemporânea, que acabou albergada no CCB durante dez anos à custa do Estado português (Joe considera que fez um mau negócio, porque no final desses dez anos o País, a ressacar de aeroportos e TGV, vai evidentemente poder comprar-lhe a colecção por apenas 316 milhões de euros). Depois, foi a sua resistência a Belmiro na OPA da Sonae sobre a PT (Belmiro perdeu, Joe ganhou). A seguir, foi a contestação a Jardim Gonçalves no pós-OPA do BCP ao BPI (Jardim perdeu, Joe ganhou). Nos entretantos, assumiu-se como um dos patrocinadores no estudo da CIP que propôs Alcochete em vez da Ota como o sítio certo para construir o novo aeroporto (o Governo recuou, Joe avançou). Na última semana, apareceu a lançar uma OPA sobre 80% das acções do Benfica e a fazer directos em tudo o que era televisão (o Benfica engoliu, Joe sorriu). Parece aquela velha anedota: era um homem tão conhecido, tão conhecido, tão conhecido, que um dia foi ao Vaticano e as pessoas perguntavam: "Quem é aquele senhor de branco ao lado do Joe Berardo?"

Que Joe é mexido, não há dúvida. Mas esta avalanche mediática só é possível porque Portugal não chega a ser um jardim à beira-mar plantado: é mesmo uma caixita de fósforos, comprometida pela humidade. Basta um único homem com algum espírito de iniciativa, olho para o negócio e uns milhões no bolso para pôr os indígenas embasbacados e fazer parar metade do País. Reconheço-lhe o mérito e tiro-lhe o chapéu. Mas isto seria impensável em qualquer lugar realmente desenvolvido, com uma sociedade civil interventiva e uma classe empresarial pujante. Infelizmente, o sucesso de Berardo é a outra face da nossa pobreza. Ou, em forma de ditado popular: em terra de cegos quem tem olho é rei. Hey, Joe, lucky you.

DN, 26-6-2007
 
Lisboa entra agora no roteiro mundial da arte contemporânea

NUNO GALOPIM

Figuras da política, cultura, media e finança na inauguração do museu
"Depois do meu casamento, este é o dia mais feliz da minha vida". E com estas palavras Joe Berardo encerrava o pequeno discurso informal pelo qual deu boas-vindas aos perto de 800 convidados presentes num fim de tarde que concentrou no Museu Colecção Berardo figuras da política, da cultura, das finanças. E foram poucos os ausentes. Vários candidatos à Câmara de Lisboa, rostos dos media, ministros, ex-ministros. E, como Joe Berardo fez questão de sublinhar, muitos artistas, "que vieram de diversas partes do mundo".

Em ritmo de procissão, os muitos convidados avançaram depois pelas galerias do novo museu que conhecia assim os seus primeiros visitantes. O cortejo lento percorreu salas, tornando-se logo evidentes alguns dos artistas mais "desejados". Picasso no piso zero. Warhol, Liechenstein e um conjunto de fotos de Jorge Molder no andar superior. Salas mais iluminadas que antes, com a luz do dia, conferindo ao espaço uma sugestão de humanidade.

Ao ver cumprido um sonho, o coleccionador agradeceu ao primeiro ministro e à ministra da Cultura o desfecho "feliz" de dez anos de negociações. "Se estou aqui hoje é porque as raízes do meu país me chamaram", vincou, num conjunto de palavras que revelavam um homem feliz, que não limitou agradecimentos aos políticos. A família e os que trabalharam no museu mereceram atenção.

Lembrando os casos recentes de Bilbao e Valência, em Espanha, cidades cujos museus reforçaram as suas posições no turismo e economia, Isabel Pires de Lima frisou a importância para a cidade de um equipamento como o que se inaugurava. "Vem preencher uma lacuna no panorama museológico nacional", disse entre palavras que lembraram o cumprir de uma das vocações do CCB (a museológica). Citando o realizador Wim Wenders, recordou que "a realidade é que ninguém ama verdadeiramente o seu país pela economia, por mais forte que esteja, mas pela sua cultura".

José Sócrates felicitou o facto de um coleccionador privado ter colocado o seu acervo "à disposição de todos os portugueses". Com a inauguração do Museu Colecção Berardo, Portugal, disse o primeiro ministro, "fica um país mais rico" e Lisboa, "uma cidade mais competitiva, mais atraente, com uma maior oferta cultural". José Sócrates terminou as formalidades, ao afirmar que "antes, o roteiro da arte contemporânea terminava em Madrid. Hoje começa aqui, em Lisboa".

Enquanto a inauguração oficial decorria, no exterior do museu juntavam-se os primeiros visitantes sem convite. Prontos para a "borla" oferecida em noite longa de inauguração feita "o" acontecimento sócio-cultural do ano em Lisboa.

DN, 26-6-2007
 
Mega Ferreira demite-se
do Conselho de Fundadores

O presidente do Centro Cultural de Belém pediu hoje
a demissão da presidência do Conselho de Fundadores da
Fundação Colecção Berardo, para o qual tinha sido convidado
pelo próprio comendador.
Numa carta enviada esta terça-feira ao comendador Berardo,
António Mega Ferreira pede a demissão do cargo por considerar
que, com a inauguração do Museu Colecção Berardo, na
segunda-feira, “cessam as funções” que o fizeram aceitar o
convite.
A carta data de 25 de Junho, dia da inauguração, mas só hoje
foi enviada. Esta manhã, em declarações à Antena 1, Joe
Berardo pediu a demissão de Mega Ferreira por considerar
que não tem o perfil adequado para presidir àquela entidade
e que “não faz nada por ela”.
“Mega Ferreira é uma pessoa que não tem a alma numa instituição
como esta”, disse aos jornalistas, falando no espaço
do museu com o seu nome, instalado no Centro Cultural de
Belém (CCB).
“Dei-lhe esse lugar, mas vou pedir que saia desse posto. O
museu Berardo não é meu, é de todos nós”, acrescentou.
Em 2006, quando foram criados os estatutos e órgãos da Fundação
de Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo,
o comendador prescindiu do seu direito estatutário de presidir
ao Conselho de Fundadores e convidou António Mega Ferreira,
presidente do conselho de administração do CCB, para
ocupar o cargo.
Também ouvido pela Antena 1, Mega Ferreira manifestou
“perplexidade” pelas declarações e Joe Berardo. Mais tarde,
o CCB enviou aos jornalistas a carta enviada ao comendador.
O Museu Berardo foi inaugurado na segunda-feira à noite,
com a presença do Primeiro-Ministro, José Sócrates, e da
ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, entre vários outros
membros do Governo, empresários e artistas.

RRP1, 26-6-2007
 
Joe Berardo tem mérito, alguma influência e muito poder. Mas nada disso lhe dá o direito de dizer tudo o que lhe apetece. E, no entanto, é isso que Joe Berardo tem vindo a fazer ultimamente com alguma frequência. Ontem foi com António Mega Ferreira. Antes, tinha sido com Rui Costa e com Jardim Gonçalves. Nestes três momentos, distanciados por pouco mais de um mês, Joe Berardo foi deselegante e agressivo. Sem necessidade, nem justificação. Numa delas, talvez porque alguém lhe fez perceber que tinha passado das marcas, Berardo acabou por ter de pedir desculpas ao jogador do Benfica. Mas o mal estava dito.

Joe Berardo pode pensar o que quiser. Do Governo, do Benfica, das empresas, da justiça, da Costa de Caparica ou do aquecimento global. Tem esse direito e ninguém lhe pode negar essa liberdade. Mas a influência e o poder que Joe Berardo já alcançou na sociedade portuguesa deveriam obrigá-lo a ser mais comedido. Não pode dizer, com o disse ontem à SIC Notícias, referindo-se ao ex-presidente do Conselho de Fundadores da Colecção Berardo, António Mega Ferreira: "Se ele está com problemas de saúde ou com problemas mentais que se vá é curar." Não pode, ponto.

Caso contrário, Joe Berardo corre o risco de ver o seu mérito, que é muito, ser obscurecido pela sombra de palavras vãs.

DN, 27-6-2007
 
Mega demite-se em choque com Berardo

ANA MARQUES GASTÃO

Saída confirma tensão entre instituições
Joe Berardo pediu ontem, em declarações prestadas, pelas 9.00, à Antena I, a saída de António Mega Ferreira do Conselho de Fundadores da Colecção Berardo por este "não ter feito nada por aquela entidade". Ao fim da manhã soube-se da demissão de Mega Ferreira por uma carta datada de 25, dia da inauguração. O comendador disse, entretanto ao DN, que esta só lhe chegou às mãos por volta do meio-dia.

Mega Ferreira, também presidente da Fundação Centro Cultural de Belém, havia sido convidado para o Conselho de Fundadores em 2006 pelo comendador, prescindido este do direito estatutário de presidência desta entidade: "Dei-lhe esse lugar e peço-lhe agora que saia do seu posto. O Museu Berardo não é meu, mas de todos". Não tendo prestado declarações ao DN, o escritor havia, entretanto, manifestado de manhã a sua perplexidade à Lusa perante as palavras de Joe Berardo, guardando para mais tarde uma reacção formal às mesmas.

De um lado, Berardo, fala da "falta de alma" de Mega Ferreira para gerir uma fundação como esta; Mega Ferreira sublinha "cessarem agora as razões que o fizeram aceitar o convite para presidir ao Conselho de Fundadores". Bloguistas da área das artes plásticas têm vindo, por outro lado, a referir-se à dificuldade de articulação e a tensões entre o CCB e a Fundação Berardo. Já há um ano, em entrevista ao DN, Mega punha reservas à instalação da Colecção Berardo no CCB.

Na sua carta de demissão, Mega Ferreira afirma "ter tido como intenção dar para o exterior a imagem de uma certa unidade de propósitos entre a Fundação a que Joe Berardo preside e a Fundação Centro Cultural de Belém de que o escritor é presidente desde Janeiro de 2006, tendo presente que, "quaisquer que fossem os obstáculos de percurso, o objectivo principal seria o de abrir o Museu".

A inauguração aconteceu segunda-feira, à noite, com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, e da ministra da Cultura Isabel Pires de Lima. Mega Ferreira esteve entre o público, de expressão carregada, não tendo usado da palavra.

Segundo um assessor do Ministério da Cultura (MC), "o Ministério nada tem a ver com esta situação. O comendador Berardo convidou o dr. Mega Ferreira para presidente do Conselho de Fundadores e não o ouviu, nem tinha de ouvir. Também agora não o fez, nem tinha de o fazer. Trata-se de um assunto interno da Fundação Berardo." Quanto a uma futura nomeação (ver entrevista) para o cargo, por inerência do comendador, "a decisão é de Joe Berardo", sublinha.

Dada a sua situação de membro do conselho de administração da Fundação Berardo em representação do Estado, Bernardo Pinto de Almeida não quis fazer "comentários particularizados". Enquanto cidadão, não pôde, porém, "deixar de manifestar perplexidade face a todas e a cada uma das declarações por parte de responsáveis proeminentes de instituições estaduais que parecem não entender que a aquisição da colecção constitui a nossa única oportunidade de dispor de um museu de arte moderna e contemporânea com a qualidade deste, já que Serralves cobre apenas a contemporaneidade". Dizquot;Detecto uma profunda ignorância quanto à situação da arte contemporânea, no que diz respeito ao seu mercado e ao modo como tem evoluído internacionalmente". Para BMA, esta é "uma colecção notável que pode e deve servir de base à constituição daquilo que Portugal nunca teve: um museu de arte moderna e contemporânea de nível europeu".

Contactados pelo DN, Margarida Veiga e José António Pinto Ribeiro, do Conselho de Administração da Fundação Berardo, não quiseram prestaram declarações.

DN, 27-6-2007
 
Berardo ocupa ele mesmo o cargo de Mega Ferreira

A decisão vem na sequência de declarações de Mega Ferreira

O anúncio foi feito ontem. Joe Berardo irá presidir ao Conselho de Fundadores da Fundação Colecção Berardo, substituindo Mega Ferreira, presidente do Conselho de Administração do Centro Cultural de Belém (CCB).

Mega Ferreira demitiu-se do cargo na sequência de declarações do próprio Joe Berardo que, na madrugada de terça-feira, depois da inauguração do museu com a sua colecção, declarou a intenção de destituir o presidente do CCB do cargo para que o convidara. Berardo acusava publicamente Mega de nunca ter feito nada pelo museu e de que "só criou dificuldades".

Nesse mesmo dia, o próprio Mega Ferreira comunicaria a Berardo a sua demissão da presidência do Conselho de Fundadores. Fê-lo numa carta com a data de segunda-feira. Recorde-se que Berardo prescindira do direito estatutário de presidir ao Conselho de Fundadores do museu, convidando para as funções Mega Ferreira. A justificação de Berardo veio ontem. Segundo o coleccionador, o convite a Mega foi feito "para melhorar a relação [entre as partes], mas sendo ele um intelectual nunca ajudou a criar o museu e teve sempre uma contravontade", escutou a Lusa. Ao Expresso, Mega comentou que a ruptura "é inconciliável" e Berardo passou a presidente.

Acompanhado pelo director artístico do museu, Jean-François Chougnet, Joe Berardo conversou durante duas horas com o público presente num auditório do museu. Na ocasião fez um apelo à sociedade portuguesa para valorizar mais o património cultural nacional e defendeu que as obras de arte moderna e contemporânea também "deveriam ser classificadas como Património da Humanidade". Lembrou ainda um estudo feito recentemente na Europa que "mostra que a cultura é um património financeiro mais valioso do que imaginamos. Tem um peso ainda maior do que a indústria automóvel", sublinhou.

DN, 1-7-2007
 
Mega Ferreira congratula-se com
o sucesso do novo museu

Depois da polémica com Joe Berardo por causa do
Museu de Arte Moderna e Contemporânea, António Mega Ferreira
congratulou-se hoje com o sucesso do novo espaço cultural
do CCB.
“O interesse nacional é a única coisa que nos move aqui. O
Museu Berardo abriu, como estava previsto, no dia 25 de
Junho, é um sucesso de público e a administração do CCB
congratula-se por isso”, afirmou Mega Ferreira durante a
conferência de imprensa de apresentação da próxima temporada.
A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, chegou atrasada
mas, depois da polémica que opôs o empresário Joe Berardo
e Mega Ferreira, não quis deixar de marcar presença na apresentação
da temporada do CCB.
Pires de Lima aproveitou para elogiar o trabalho do administrador
e disse ainda que um CCB sem o espaço de exposições,
agora a cargo de Berardo, “tem mais meios para programar”.
Na temporada do próximo ano, que arranja já em Setembro,
o CCB apresenta três novidades: um ciclo de música portuguesa
contemporânea, uma escola de verão de jazz e a contratação
de um artistas residente, que será o “marimbista”
Pedro Carneiro.
Está também prevista a segunda edição dos “Dias da Música
em Belém”, um festival da Pina Bausch, teatro e actividades
para os mais novos.
A temporada do Centro Cultural de Belém volta também a
contar com a iniciativa "CCB fora de si", com espectáculos
gratuitos no Verão, um ciclo dedicado a Beethoven e um concerto
em que Jorge Palma terá carta branca para tocar o que
quiser.

RRP1, 17-7-2007
 
Museu perde 2,5 milhões com entradas gratuitas

ANA MARQUES GASTÃO

Berardo. Museu celebra hoje primeiro aniversário com festa de 24 horas. Joe Berardo tenciona manter, com ajuda dos 'sponsors', em 2009, entradas gratuitas. Outros objectivos são o do investimento na colecção e na itinerância internacional. O Museu do Luxemburgo será, em Outubro, a próxima paragem
Balanço de Joe Berardo sobre museu é positivo
Se não tivesse abdicado do pagamento das entradas - desde que o Museu Colecção Berardo foi inaugurado a 25 de Junho de 2007 -, este poderia ter arrecadado à volta de 2,5 milhões de euros, disse ao DN Joe Berardo. Mas acrescentou que, se se atingiram os 500 mil visitantes este ano, foi pelo facto de as entradas serem gratuitas. O comendador revelou, entretanto, que, em breve, reunir-se-á com os sponsors para que seja mantida a gratuidade dos acessos em 2009.

"Valeu a pena apostar nas entradas gratuitas porque o que me importa, para além do reconhecimento internacional do museu, é dar oportunidade às famílias mais pobres de o visitarem. Este foi um ano de grande divulgação da arte, sobretudo dos artistas portugueses, colocando-os em diálogo com criadores estrangeiros" - sublinhou o coleccionador.

O Museu Colecção Berardo, em Belém, celebra hoje e amanhã, com pompa e circunstância, o seu primeiro aniversário, com um programa a que chamou Belém 24H - Acto II. Durante 24 horas, haverá dança, teatro, actuação de DJ e projecções de vídeo. A entrada é gratuita.

As comemorações estendem-se às escolas portuguesas, sendo que amanhã o Museu Berardo vai receber mais de 500 crianças. O fim-de- -semana, esse, é das famílias, com vários ateliers de expressão artística.

Mais de 500 mil visitantes viram, este ano, as obras de arte moderna e contemporânea provenientes da colecção do empresário Joe Berardo, que está avaliada em 316 milhões de euros pela leiloeira inglesa Christie's. O Estado tem opção de compra por este valor até 2016.

Joe Berardo sublinhou, por outro lado, que o balanço da actividade do museu neste ano é muito positivo. E contou: "Quando se fez a exposição de Fernando Lemos em Sintra, o artista, ao ver o seu trabalho colocado ao lado de pintores como Picasso ou Mondrian, começou a chorar!"

Para o comendador, este trabalho de correspondências estéticas e de divulgação dos criadores portugueses, apesar da controvérsia inicial, tem sido bem mais reconhecido no estrangeiro do que entre nós. E dá como exemplo o convite que o museu recebeu para expor, de Outubro a Fevereiro, no Museu do Luxemburgo: "Receberemos uma remuneração no valor de 250 mil euros."

Os quadros do Museu Berardo já foram expostos em diversas partes do mundo em 80 e tal museus, o que demonstra, segundo Joe Berardo, que a colecção circula: "Tivemos uma grande exposição em Lyon que foi um sucesso!", acrescentou.

Joe Berardo quis, entretanto, agradecer publicamente, em dias de festa, ao team do museu, ao seu director, Jean-François Chougnet, à equipa das Relações Públicas (Cunha & Vaz Associados) e à comunicação social, "sem a qual não teria sido possível a divulgação".

As comemorações começam às 21.00 de hoje com projecção de vídeos nas fachadas do museu, prolongando-se até às 21.00 de amanhã. Os espectáculos iniciam-se às 21.30 e vão sendo repetidos até às 03.00.

DN, 3-7-2008
 
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