05 junho, 2007

 

Produtividade


Será que as férias a afectam?


"Os finlandeses gozam por ano mais dez dias de “folga” do
que os portugueses (mais oito de férias e mais dois dias
feriados!). Ou seja, enquanto os portugueses param, em
média, 34 dias por ano, os finlandeses descansam 44.
Como é que isto é compatível com um PIB per capita superior
ao português em 52%?"

RRP1, 5-6-2007

http://www.rr.pt/PopUpMedia.Aspx?&FileTypeId=3&FileId=327264&contentid=209422

Comments:
Aqui está um bom exemplo de como os indicadores económicos
raramente podem ser vistos isoladamente. Um estudo
de 2004 calculava em 3,5 mil milhões de euros o custo
das pontes em Portugal. Ou seja, 3% da riqueza nacional.
Ficava no ar a ideia de que bastaria reduzir o número de
feriados, ou organizá-los de outra forma, para aumentar
imediatamente a produção nacional. Implicitamente, recuperava-
se a ideia dos tempos do PREC de que “a Nação”
precisava apenas de mais uns dias de trabalho para sair da
crise.
Mas o simplismo económico quase nunca funciona. Os finlandeses
não gozam apenas de mais dias de férias e mais
feriados por ano. Também apresentam uma organização do
respectivo dia de trabalho que lhes permite dedicar várias
horas do dia ao lazer, ao desporto e a actividades de voluntário
social, para as quais os portugueses não têm tempo.
Isto mostra que por lá se trabalha não “mais” mas muito
melhor. E isso é em si mesmo um factor de produtividade
acrescida.
Em Portugal, a baixa produtividade da economia é muitas
vezes imputada ao reduzido empenho dos trabalhadores. É
um erro. Hoje mesmo, um outro estudo da Mercer (a mesma
empresa que analisa os tempos de férias e feriados na
Europa) mostra que os portugueses são o país onde os trabalhadores
dão “mais faltas por doença” (mais de dez dias
por ano!). Um dado que reforça o preconceito.
O mesmo estudo diz que em França as faltas por absentismo
são praticamente iguais às registadas em Portugal e,
enquanto, os portugueses, entre feriados e faltas, param
em média 34 dias, em França param 40. Contas feitas: em
França pára-se mais uma semana por ano, mas isso é compatível
com uma riqueza média per capita superior em dez
mil euros à portuguesa.
A explicação da produtividade acrescida deve procurar-se
entre muitos outros factores: no nível de organização do
trabalho, capaz de assegurar que os trabalhadores portugueses,
em França, sejam bem mais produtivos do que em
Portugal, apesar da sua baixa qualificação comum. Ou, no
caso finlandês, na enorme diferença de qualificações da
mão-de-obra, no seu alto nível de literacia, na generalização
do uso das novas tecnologias e na importância concedida
à inovação.

RRP1, 5-6-2007
 
Portugal continua entre países menos produtivos da Europa

CÁTIA ALMEIDA

Num conjunto de 29 países (27 europeus mais os Estados Unidos e o Japão), Portugal está em 21. º lugar em termos de produtividade por trabalhador. Apenas oito países obtiveram piores resultados, todos eles da Europa de Leste e da ex-União Soviética. A liderança continua a pertencer aos norte-americanos.

De acordo com dados de 2006 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a produtividade dos trabalhadores portugueses por hora é de 17,22 dólares (12,63 euros), menos de metade dos 26,13 euros gerados pelos americanos. Espanha situa-se nos 16,04 euros por hora.

Comparando com países fora da Europa, a parcela da riqueza criada por cada trabalhador (expressa no gráfico) português é semelhante aos da Arábia Saudita (que geraram em 2005, 28,9 mil dólares).

O relatório da OIT destaca que o aumento da produtividade em geral consiste na melhoria da ligação entre capital, mão-de-obra e tecnologia. "A falta de investimento nas pessoas (formação e qualificações), bem como em equipamentos e tecnologia podem levar à subutilização do potencial da mão-de-obra no mundo".

A OIT destaca ainda o facto dos Estados Unidos se estarem a distanciar do resto dos países desenvolvidos, aumentando o fosso do diferencial da sua produtividade. Ou seja, a aceleração da produtividades nos EUA tem crescido a um ritmo mais elevado do que nos restantes países, nomeadamente aqueles que se situam nos lugares seguintes, como a Irlanda e o Luxemburgo.

Na Ásia assiste-se a um aumento muito rápido da produtividade por trabalhador, que é actualmente o dobro de há uma década. Hong Kong coloca-se logo a seguir aos Estados Unidos, como 56,2 mil dólares, enquanto a República Popular da China se situa nos 9,8 mil dólares. Taiwan obteve 44,1 mil dólares.

"Algumas pessoas percepcionam o crescimento impressionante da produtividade na Ásia do Sul como uma ameaça, mas trata-se de uma tendência positiva para a economia mundial", afirmou José Salazar-Xirianachs, director executivo da OIT para o emprego.

"Estas regiões não se limitam a produzir bens e serviços de forma mais eficaz, transformaram-se também em importantes centros de consumo", acrescentou. Em oposição, o responsável da OIT mostrou-se preocupado com o péssimo desempenho da África subsahariana, onde o valor acrescentados dos produtos é 12 vezes inferior à de um trabalhador do mundo industrializado.

DN, 4-9-2007
 
Há vida para além do trabalho!
Há vida para além do trabalho! A constatação, em jeito de
alerta, foi ontem aqui deixada pelo professor Júlio Gomes
que abandonou a comissão de revisão do Código de Trabalho
por discordar da orientação dada às sugestões de alteração.
O especialista em Direito do Trabalho da Católica avisa: o
Novo Código pode bem acabar pior para os trabalhadores
do que o actual.
Vale a pena lembrar que foi por considerar os trabalhadores
demasiado prejudicados que o PS prometeu rever a
legislação laboral de Bagão Félix. Afinal, à boleia do conceito
da flexissegurança, os trabalhos de revisão ameaçam
avançar exclusivamente na FLEX.
Obcecados com a necessidade de aumentar a produtividade
nas empresas, os membros da comissão, parecem dispostos
a sacrificar - segundo Júlio Gomes - tudo, incluindo
a desejável possibilidade de conciliação entre trabalho e
vida familiar.
Puro engano. Não há aumento de produtividade possível
em sociedades onde o Homem é visto como mero instrumento
do processo produtivo.
A experiência de países, como a Alemanha, a Finlândia, ou
a Dinamarca, prova como alta produtividade e horários
das nove às cinco são absolutamente compatíveis. Os que
se prolongam pela noite e os fins-de-semana são quase
sempre meros sinais de desorganização.
Quando assim não é, como no caso dos têxteis, a actual
legislação portuguesa já permite os horários concentrados
que agora se pretendem generalizar. Basta olhar a contratação
colectiva recém negociada, com as devidas salvaguardas
e contrapartidas (imagine-se?) pela Intersindical
Sem tempo além do trabalho, não há família que resista
ou sociedade que sobreviva. Quebram-se os equilíbrios e
laços de solidariedade. Não há voluntariado. A intervenção
cívica definha. Dispara o insucesso escolar. Crianças e
jovens abandonados são campo fértil para o aumento da
marginalidade. O individualismo cresce e ganha raízes.
O Trabalho é muito mais do que fonte de obtenção de
rendimentos e salvaguarda de uma vida digna é fonte de
realização e progresso do Homem. Mas não é um Fim, mas
um simples Meio.
Por isso é tão importante assegurar que possa haver Vida
para além do Trabalho!

RRP1, 3-10-2007
 
Produtividade portuguesa longe da europeia

Portugal continua a divergir da União Europeia (UE) em matéria de riqueza produzida, quer em termos globais, quer por trabalhador. É isto que se pode concluir do relatório de competitividade e preços ontem divulgado, o qual refere que a economia da UE registou, no ano passado, os melhores resultados desde 2000. O produto interno bruto (PIB) cresceu 3%, enquanto a produtividade (que corresponde à variação do PIB por trabalhador) aumentou 1,5%, contra uma média de 1,2% registada ao longo do período 2000-2005.

Em Portugal, a economia teve um desempenho bem mais modesto, destacando-se mesmo como o País onde o PIB per capita menos cresceu (apenas 0,9%). Como a produtividade resulta do rácio entre a riqueza produzida e o número de trabalhadores, não se podem esperar grandes resultados de uma fraca variação do PIB . Assim, a produtividade em Portugal cresceu apenas 0,5% (um terço da média europeia), o que corresponde à segunda variação mais baixa, logo depois de Itália.

Em termos de emprego, as boas notícias para a economia europeia não são, uma vez mais, repartidas com Portugal. É que enquanto o emprego cresceu 1,6% na UE (contra 0,5% entre 2000 e 2005), em Portugal aumentou apenas 0,7%. Falando sobre a economia europeia, o vice-presidente da Comissão, Günter Verheugen disse que estes "muito encorajadores" resultados "mostram que as reformas introduzidas no âmbito da Estratégia de Lisboa sobre o crescimento e o emprego começam a dar os seus frutos". Apesar disso, o comissário lembrou que é preciso reforçar a aposta na investigação e desenvolvimento, sobretudo no sector privado.| - M.E.

DN, 6-11-2007
 
O Factbook 2008 da OCDE não traz boas notícias para o nosso país. Portugal, México e Itália foram os três Estados membros desta organização onde mais abrandou a produtividade do trabalho no período compreendido entre 2001 e 2006.

A riqueza criada por hora em Portugal não só é das mais baixas da OCDE como, ainda por cima, continua a perder terreno relativamente aos outros países. No lapso de cinco anos em análise, o crescimento da nossa produtividade foi cerca de metade do verificado na média da UE a 15 , sete vezes inferior ao salto dado pela Eslováquia e seis vezes menos que o da Hungria.

A triste e dura realidade que esta estatística nos revela é que não há nenhuma outra volta a dar. Para Portugal ser um país mais próspero, retomar a convergência com a União Europeia e deixar de ser constantemente ultrapassado pelos países do alargamento, é urgente e indispensável que todos nós sejamos mais eficazes, trabalhando mais e melhor.

DN, 10-4-2008
 
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