05 junho, 2007

 

Serralves


Uma festa permanente


http://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_de_Serralves
http://www.serralves.pt/


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Serralves em Festa pulveriza recorde de público com 75 mil

MARCOS CRUZ

A designação "para todos" é mesmo de levar à letra quando se fala do Serralves em Festa, manifestação cultural que já está inscrita, e a letras douradas, nas Festas da Cidade do Porto, ombreando, do ponto do vista do entusiasmo popular, com o tradicionalíssimo S. João. Ontem ao fim do dia, quando ainda faltava contabilizar público dos dois últimos (e, porventura, mais apelativos) concertos do cartaz, as estimativas da instituição portuense apontavam para um total de 75 mil visitantes. Em 40 horas. É recorde - e é obra.

De facto, "dos 7 aos 77" já não descreve o acontecimento, como o prova uma dupla curiosidade registada por Cavaco Silva, em cuja honra foi organizado um jantar volante no sábado, com parceiros da iniciativa, e Gomes de Pinho, presidente da Fundação de Serralves. O primeiro descobriu aquele que se julga ser o visitante mais novo: 28 dias. O segundo encontrou o mais velho: 101 anos.

Por outro lado, poucas vezes se terá visto, nas cercanias do Museu, tanto zelo policial com o estacionamento proibido - não é crítica, só registo. Como registo é o facto de, lá dentro, a expressão artística não se ter cingido ao "legal", ou seja, ao que estava no programa: houve quem levasse os instrumentos e assentasse praça, recebendo moedas de muita gente. Interactividade foi, de resto, coisa que não faltou, tendo os espectáculos que pediam a participação do público, como as coreografias Bal Moderne, sido dos que mais entusiasmo geraram.

Famílias, muitas, faziam o seu itinerário cultural, usufruindo simultaneamente da fantástica paisagem natural da instituição. À meia-noite de Sábado, boa parte delas ainda estava no fogo de artifício, com crianças de olho a brilhar. Depois disso, no Prado, onde a animação só parou quando outros artistas, já os de domingo, estavam prontos a arrancar, a assistência era maioritariamente, digamos, dos 20 aos 40.

Às exposições patentes no Museu acorreram, nos dois dias, cerca de 35 mil, um número inédito, a nível mundial, para visitas diárias. Cavaco era a expressão da surpresa. "Não estava à espera de ver tanta gente", disse.

Ao todo, foram perto de 900 as pessoas envolvidas na organização do evento, que contou com cerca de 500 artistas, para 210 apresentações de 72 propostas. Tudo isto contribui para que o Serralves em Festa seja a maior celebração cultural da Europa - e justifica a "importação" do modelo por parte de uma instituição como a Tate Modern, de Londres.|

DN, 4-6-2007
 
Festa no museu levou enchente a Serralves

ALFREDO MENDES

O maior festival de expressão artística contemporânea em Portugal, com 80 actividades durante 40 horas, transforma o perímetro de Serralves num ponto de encontro de gente de todas as idades e condições sociais. Uma festa que acompanhámos em http/40horasemserralves.blogs.sapo.pt/

Multidão a deambular pelos jardins adere às iniciativas propostas

Serralves em Festa, 40 horas nonstop em que uma multidão diversificada adere às mais diversas propostas, que vão da música à dança, às exposições, ao teatro e performance, sem esquecer o novo circo, o vídeo, o cinema.

De portões escancarados, o museu e o parque abrem-se a todo o género de públicos, novos e velhos, conhecidos e desconhecidos, entendidos ou pouco dados à cultura. Uma mescla de gentes que, aos milhares, deambula livremente pelo museu, calcorreia o parque frondoso, deita-se nos relvados, respira nas áreas de plantas aromáticas, contorna o lago, belíssimo, convive com árvores de grande porte, tentando adivinhar-lhe o nome.

As crianças brincam, riem e correm, aprendem a tecer, sobem e descem os degraus de uma cascata natural. Os adultos, muitos empurrando os carrinhos de bebé, assistem a um espectáculo de jazz, deslumbram-se com a descoberta de grafonolas, escutam-lhe o som fanhoso, ora rouco, tacteiam os velhos discos de 78 rotações. Depois, apreciam a clareira das bétulas, das azinheiras, o pátio do ulmeiro, o roseiral, a alameda dos castanheiros e dos liquidâmbares, as cameleiras, a mata, o prado, a quinta.

Despreocupada, feliz, a multidão visita a obra de Siza Vieira, refresca-se com cerveja ou gelados, tritura pipocas acabadinhas de fritar, adquire objectos do museu. Discreta, a segurança, a presença das ambulâncias e do corpo clínico. É a desmistificação do museu, de todo o perímetro de Serralves, então para muitos locais reservados a elites onde o mofo e o abstracto e a reverência pontificam. É a festa da convivência, da socialização, do contacto natural com acontecimentos culturais.

Estrangeiros, muitos. Maravilhados, interessados, cruzam-se com a ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima. E já um magote de curiosos se empenha num concurso fotográfico ou galhofam face a uma bizarra bicicleta. Dia de sol, de arte e natureza, dia de harmonia em que muitos fizeram questão de ali estar.

DN, 8-6-2008
 
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