10 julho, 2007

 

Live Earth


Outro acontecimento mítico em 777



http://en.wikipedia.org/wiki/Live_Earth

http://www.liveearth.org/

http://www.liveearth.msn.com/

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?idCanal=9&id=249249

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NO 07.07.07 NÃO DEVEMOS ESQUECER AS POPULAÇÕES MAIS VULNERÁVEIS DESTE PLANETA

Artigo conjunto (respectivamente nas fotos) de João Gomes Cravinho (secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Portugal), Leire Pajín Iraola (secretária de Estado para a Cooperação para o Desenvolvimento de Espanha), Patrizia Sentinelli (vice-ministra da Cooperação para o Desenvolvimento de Itália) e Eveline Herfkens (coordenadora executiva da Campanha do Milénio das Nações Unidas)

Amanhã, dia 7 de Julho, o mundo terá a sua atenção centrada no aquecimento global e milhões de pessoas assistirão aos concertos do Live Earth. Estes lembrar-nos-ão a necessidade de tomar medidas urgentes para evitar que as mudanças registadas no ambiente agravem ainda mais a saúde do nosso planeta. No entanto, não é sobre o aquecimento global que pretendemos escrever hoje. Escrevemos para vos lembrar outro marco importante a celebrar no 07.07.07.

Este dia não foi escolhido ao acaso. 7 de Julho de 2007 - ou 07.07.07 - é uma data com forte simbolismo, e dá-nos a todos uma excelente oportunidade para pensarmos e agirmos no sentido de resolver um problema que ameaça o futuro dos nossos filhos e das gerações seguintes. Com efeito, em 2000, líderes de todo o mundo reuniram-se em Nova Iorque, nas Nações Unidas, e concordaram em adoptar acções decisivas para lutar contra a pobreza mundial. Estabeleceram metas ambiciosas para combater os problemas e constrangimentos mais complexos do desenvolvimento humano, e definiram uma data limite para o cumprimento desses objectivos, que designaram de Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Escolheram como meta 2015, o que faz com que Julho de 2007 corresponda exactamente a meio desse percurso, constituindo-se como um marco crucial para o balanço e avaliação deste processo de luta contra a pobreza global.

A realidade actual demonstra que os progressos registados estão longe de garantir que as metas definidas sejam alcançadas.

Assim, nós entendemos que devemos relembrar ao mundo que celebra no dia 7 a preocupação com o aquecimento global, que não deve esquecer as suas responsabilidades, assumidas em 2000, para com as pessoas mais pobres. Na verdade, os efeitos do aquecimento global far-se-ão sentir com maior incidência junto das populações mais carenciadas. Neste quadro, o continente Africano é sem dúvida o que apresenta maiores riscos. É portanto urgente intervir de forma decidida e global. Não existe preservação ambiental sem desenvolvimento e não existe desenvolvimento sem preservação ambiental. Exige-se uma acção global concertada e integrada para que todos possamos contribuir para a concretização dos ODM, para o desenvolvimento global e para a paz.

Enquanto responsáveis pela Cooperação para o Desenvolvimento de Portugal, Espanha e Itália, queremos manter o compromisso assumido e alertar a comunidade internacional para a necessidade de cumprir essas promessas. Ao assinarmos esta declaração com a Campanha do Milénio, queremos não só lembrar-vos os desafios que enfrentamos, como também anunciar que iremos trabalhar em conjunto para reforçar o nosso empenho na concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio - ODM até 2015.

Cada um dos nossos países comprometeu-se a alcançar o objectivo internacional, estabelecido pelas Nações Unidas, de afectar 0,7% do rendimento nacional bruto (RNB) à ajuda pública ao desenvolvimento. Temos consciência de que este aumento da ajuda implica desafios financeiros e organizacionais que requerem um planeamento cuidadoso e uma progressão constante. Por isso, prometemos trabalhar de forma empenhada, no âmbito dos nossos governos e países, com o objectivo de garantir as acções necessárias ao cumprimento atempado dos nossos compromissos. Chegou o momento de passarmos das palavras aos actos.

Se por um lado reconhecemos a necessidade de mais ajuda, também acreditamos firmemente que é fundamental uma melhor ajuda.

Existe hoje um claro entendimento de que a cooperação para o desenvolvimento, quando promovida de forma descoordenada e incoerente, não nos ajudará a alcançar os ODM. Precisamos, pois, de políticas de ajuda centradas nas necessidades de desenvolvimento dos países. Encaramos a cooperação descentralizada, envolvendo a sociedade civil e os parceiros locais, como um factor chave desta política. Em suma, não só precisamos de mais ajuda, mas também de uma mudança fundamental na forma como essa ajuda é canalizada.

É por isso que os nossos três países - à semelhança de muitos outros - subscreveram um conjunto vasto de medidas destinadas a reforçar a eficácia da ajuda, conhecida como a Declaração de Paris. Esta consiste num programa de trabalho abrangente e ambicioso - embora sensível e com os "pés assentes na terra" - que visa garantir que a ajuda para o desenvolvimento beneficie, realmente, os mais pobres.

Assim, aproveitamos esta oportunidade para vos anunciar que iremos redobrar os nossos esforços para implementar a Declaração de Paris. Decidimos que os nossos três países vão trabalhar em conjunto em prol da melhoria da eficácia da ajuda, particularmente em África. Tencionamos promover programas conjuntos e partilhar informação e boas práticas, com o intuito de melhorar a nossa eficácia. Vamos trabalhar juntos para fazer mais e - o que é crucial - melhor.

Vamos agir de forma concertada e pedimo-vos que façam o mesmo. Porque, sem acções decisivas e concertadas, os nossos esforços globais para a concretização dos ODM podem constituir-se como uma oportunidade perdida. Temos a responsabilidade, todos, governos e sociedade civil, de contribuir para o seu sucesso. E, tal como sucede com o aquecimento global, não podemos desperdiçar nenhuma oportunidade. Afinal, nós somos a primeira geração que dispõe dos recursos, da tecnologia e do conhecimento necessários para pôr fim à pobreza. Não temos desculpas.

DN, 6-7-2007
 
Campanha 'verde' de Al Gore leva hoje música a todo o mundo

TIAGO PEREIRA

Hoje é dia de Live Earth, a maratona musical organizada por Al Gore, que pretende alertar consciências para as consequências do aquecimento global do planeta. E Portugal é um dos países envolvidos na iniciativa, com um espectáculo integrado no movimento Friends of Live Earth, paralelo à iniciativa de Al Gore, Manuel Moura dos Santos, da organização, revelou ao DN que "tudo está preparado e nada fugiu ao programado". São 17 actuações em mais de 13 horas de música no Pavilhão Atlântico, em simultâneo com os concertos no resto do mundo. Ontem, a organização do Live Earth confirmou Washington D.C. como parte integrante do movimento.

Em Portugal, actuam Expensive Soul, Mercado Negro, Filarmónica Gil, Cool Hipnoise, Sam The Kid, Xutos e Pontapés, David Fonseca, Sérgio Godinho, Teresa Salgueiro, Ala dos Namorados, Anjos, Viviane, Blind Zero, Mundo Cão, Tito Paris, Oioai e Boss AC. Os bilhetes são gratuitos, distribuídos no local mediante a realização de tarefas "verdes". O Pavilhão Atlântico está preparado para receber mais de 19 mil pessoas. Os concertos têm início às 17.00. Friends of Live Earth é uma iniciativa associada ao evento principal, uma das muitas em todo o mundo (são mais de 7000 as acções parceiras).

A iniciativa do Live Earth partiu de Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, Kevin Wall, produtor executivo do Live 8, e da organização SOS - Save Our Selves. Objectivo: utilizar a música (mais de 150 nomes do panorama pop/rock internacional) como arma pela defesa do ambiente. Londres, Nova Jérsia, Joanesburgo, Tóquio, Rio de Janeiro, Xangai, Sydney e Hamburgo são as cidades que servem de palco ao evento, além de uma "participação especial" a partir da Península Antárctica. Istambul esteve também nos planos da organização do Live Earth, mas acabou por ser anulada devido a falta de tempo para a organização. No Rio de Janeiro, único palco com entrada gratuita, o Live Earth esteve para não acontecer, depois de alegada falta de segurança. As autoridades acabaram por permitir a realização dos concertos.

Entre os nomes confirmados está Madonna (que interpreta Hey You, tema composto para o evento, e com os Gogol Bordello como convidados), os Duran Duran, The Police, Lenny Kravitz ou Shakira. Quioto recebe a participação especial da reunida Yellow Magic Orchestra.

DN, 7-7-2007
 
Maratona musical não chamou a multidão desejada a Lisboa

TIAGO PEREIRA

Os Ferreira eram cinco, cada um com uma T-shirt e um bilhete na mão. Acabavam de chegar ao Pavilhão Atlântico, com atitude ecológica bem visível e ansiosos por assistir aos concertos em cartaz. O espectáculo Friends of Live Earth (iniciativa associada à maratona musical organziada por Al Gore) estava prestes a começar, ainda com o recinto vazio e o ambiente em volta do Pavilhão semelhante ao de qualquer dia sem concertos. Ao cair da noite, as primeiras contas apontavam para apenas perto de três mil bilhetes distribuídos, mas a organização esperava ainda a chegada de muito mais espectadores...

Mesmo assim, a vontade de reservar o melhor lugar levou os Ferreira a subir a escadaria em passo acelerado. "Queremos o melhor para o ambiente; a poluição que consome o planeta é terrível", lembrava António, o pai. Já Bernardo, um dos filhos, com 12 anos, estava mais preocupado com Boss AC: "é só à uma da manhã, mas não custa nada", dizia eufórico. Ao contrário do que fora inicialmente anunciado, nem os Ferreira nem nenhum outro espectador teve que participar em acções ecológicas para receber o seu ingresso. As entradas no Atlântico eram feitas mediante simples requisição nas bilheteiras.

Lá dentro, no início do espectáculo, o espaço parecia imenso para o pouco público presente. Responsáveis pelas maiores manifestações na plateia, um grupo de fãs dos Xutos & Pontapés - "estamos aqui pelos Xutos, mas se pudermos contribuir para um mundo menos poluído, tanto melhor", diziam - e uma claque que esperava pelos Anjos (cartazes e gritos de apoio incluídos) não passavam despercebidos. Outros estavam apenas encantados por olharem o interior do Pavilhão Atlântico pela primeira vez, fotografando tudo, desde a estrutura às luzes em palco.

Mas a luta contra o aquecimento global, a grande motivação de Al Gore para a organização do evento mundial de ontem, passeava-se também entre os presentes. Através das projecções nos ecrãs gigantes, com imagens dos concertos do Live Earth e mensagens com a obrigatória componente "verde", e pelo testemunho deixado por cada um dos nomes que pisava o palco. O ambiente fazia-se de convívio com um propósito, uma "causa justa", chamou-lhe Messias Santiago, a voz dos Mercado Negro. Falava em "preocupações ambientais" e lembrava o nome do último álbum da banda, Aquecimento Global: "nem tudo é por acaso", confirmou.

Pausa para troca de bandas em concerto e olhos postos nos Black Eyed Peas, em directo de Hyde Park, em Londres. O ritmo que antecedeu a contribuição da Filarmónica Gil. "Fazer parte deste movimento, desta vontade de mudança, é uma obrigação. Para todos", dizia João Gil. A música e os apelos "verdes" continuariam pela noite dentro, com alguns dos nomes mais esperados do cartaz, como Xutos & Pontapés, David Fonseca e Sérgio Godinho.|

DN, 8-7-2007
 
'Live Earth' fez disparar queixas para o provedor

INÊS DAVID BASTOS

Não foi só em relação às baixas audiências que o mega-festival Live Earth deu dores de cabeça a Nuno Santos, o director de programas da RTP1. Também a cobertura feita pela estação pública do evento não foi bem recebida pelo público e, esta semana, choveram as queixas e críticas dos telespectadores para o gabinete do provedor da RTP, por causa da "conversa a mais e música a menos" da emissão, que durou mais de 24 horas, no passado sábado.

"O número de queixas subiu de facto esta semana, recebemos uma boa centena de reclamações por causa da cobertura do Live Earth. Os telespectadores dizem-se defraudados porque foi anunciada muita música e dizem que houve muita conversa e poucos directos", revelou ao DN Paquete de Oliveira.

O provedor dos telespectadores da estação público adiantou que já na semana anterior o seu gabinete tinha recebido "muitas queixas" por causa da cobertura do concerto de homenagem à princesa Diana. Isto depois de no início da época de Verão, as reclamações ao provedor terem "diminuído" substancialmente. "Mas em relação ao live Earth acentuaram-se as queixas", admitiu o provedor.

Uma subida no Verão

Nas últimas duas semanas, sobretudo na que se seguiu ao Live Earth, Paquete de Oliveira não parou. A chuva de críticas foi tal que, no próximo sábado, dia 21, o programa Voz do Cidadão vai ser dedicado à cobertura do mega - festival, que nunca ultrapassou os 302 mil telespectadores, com um máximo de share de pouco mais que 10%. O Live Earth - cuja cobertura era uma aposta de Nuno Santos - foi arrasado pela TVI, com a Gala das 7 Maravilhas, que, à mesma hora, era visto por mais de dois milhões de telespectadores (com um share de 64,4%). A gala foi, aliás, o programa mais visto de sábado, dia 7, ao passo que o Live Earth nem entrou no ranking dos 20 mais vistos.

No próximo Voz do Cidadão, explicou ao DN Paquete de Oliveira, serão emitidas as críticas de seis telespectadores queixosos, bem como a posição do provedor e as explicações do director de programas para o facto de a emissão não ter transmitido mais concertos do que o que tinha anunciado.

"Os telespectadores dizem ter sido defraudados porque o que foi anunciado é que havia muita música e concertos e queixam-se de terem existido muitos painéis e de apenas terem emitido pequenas passagens dos concertos", acrescentou o provedor dos telespectadores. "O que eles dizem, em resumo, é que houve muita conversa e pouca música, ao contrário do que tinha sido anunciado", sublinhou o responsável.

O concerto da estrela norte-americana Madonna, por exemplo, passou apenas por volta das 3.00 da manhã. E esta foi, disse Paquete de Oliveira, uma das queixas feita por alguns espectadores.

Paquete de Oliveira explica o que poderá ter acontecido. "O que os técnicos me disseram é que o sinal com que a RTP estava a emitir vinha dos EUA e não da Europa, o que teve implicações ao nível do fuso horário e levou a que o concerto da Madonna só passasse às 3.00".

"Há alguma irritação do público", admite Paquete de Oliveira, que assumiu as funções de provedor dos telespectadores da estação pública há cerca de dois anos.

O tema do Voz do Cidadão de hoje é sobre um tema que tem também concentrado queixas: a futebolização do noticiário. Paquete de Oliveira esclarece que há muitas reclamações contra a RTP e RTP N de darem "muitas notícias de futebol" no noticiário.

DN, 14-7-2007
 
O MUNDO EM DIRECTO É... AO MESMO TEMPO

João Lopes
crítico

Deixem-me ser muito claro: a abordagem do Live Earth pela RTP (1 e 2 ) pareceu-me francamente errada. Gostaria, no entanto, de não ser "integrado" no coro de cinismos vários que, a começar por alguma imprensa britânica, veio contaminar a apreciação global do evento. Vejo o Live Earth como uma iniciativa muito meritória para fazer circular informação sobre os perigos do aquecimento global e só posso saudar a opção da RTP em tratá-lo como o grande acontecimento do passado dia 7.

Se considero que a RTP errou, isso decorre daquilo que me parece uma avaliação equívoca do próprio evento. O Live Earth era um dia global para abrir caminhos para outras atitudes e novas alternativas de vida; não era uma aula, muito menos uma acumulação de discursos paternalistas sobre a separação dos lixos ou as lâmpadas sempre acesas...

A RTP preferiu convocar um rol imenso de pessoas para abordar o assunto e, convenhamos, em alguns casos apenas para fazer eco das banalidades que dominavam as intervenções dos apresentadores. Ora, nem os apresentadores tinham que ser professores por um dia nem os convidados, mesmo os de discurso mais consistente, poderiam resolver os dramas suscitados por muitas décadas de indiferença da economia e da política.

Foi, por isso, ainda mais chocante a ligeireza com que foi tratada aquela que era, para todos os efeitos, a matéria principal. Qual? A música. Raras vezes foi possível escutar uma canção com princípio, meio e fim. Pior do que isso: a RTP insistiu em manter a ficção do directo quando, de facto, só estava a transmitir diferidos.

Como era fácil perceber através do site oficial do Live Earth (http/liveearth.msn.com), a RTP tinha apenas o chamado world feed, isto é, uma antologia em diferido de algumas interpretações. A opção por esse world feed pode ter resultado das mais diversas razões, inclusive dos possíveis custos de outro tipo de transmissão (incluindo directos). Discutível ou não, bastaria a RTP explicar tal opção para que estivesse esclarecido o atraso dos números apresentados.

Que aconteceu, então? Às 3 horas e 19 minutos (alta madrugada de segunda-feira), Sílvia Alberto anunciava que , finalmente, íamos ter Madonna... em directo! Madonna, convém lembrar, tinha começado a cantar no estádio de Wembley pouco depois das 10 da noite, cinco horas antes do "directo" da RTP. No momento em que surgiu na RTP, as suas quatro canções não só tinham passado (em directo) no site do Live Earth e, obviamente, em muitas cadeias de televisão, como começavam a estar disponíveis em blogues de todo o mundo. Quer isto dizer que a RTP se dá ao luxo de simular a descoberta de algo que já todo o planeta podia conhecer como coisa passada e devidamente arquivada.

Não é apenas o problema de mentir ao espectadores que me incomoda. É o facto de esta mentira, no seu desesperado infantilismo, reflectir um entendimento medieval de um mundo que, de facto, há muito existe através de outros mecanismos. Em última instância, o falso directo da RTP decorre de uma brutal incompreensão do planeta de imagens em que vivemos.

DN, 15-7-2007
 
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