12 julho, 2007
Saatchi
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Galeria virtual Saatchi atrai três milhões por dia
PAULA LOBO
Paula Rego é o único nome português na sua lista de artistas, mas basta dizer que tem várias obras da pintora na sua mansão de Belgravia. Trabalhos como A Prova e A Casa de Celestina ou títulos da série Avestruzes Dançarinas, tantas vezes solicitados para exposições internacionais que nem chegam a ser pendurados quando regressam a Londres. Há três décadas que o magnata da publicidade Charles Saatchi vem revolucionando o mundo da arte com compras arriscadas e vendas mediáticas. Agora, enquanto aguarda que chegue Novembro para inaugurar uma nova galeria, o coleccionador não esconde o orgulho no mais recente brinquedo: um museu virtual que recebe "dois a três milhões de ligações por dia", segundo o próprio.
Em entrevista ao jornal francês Nouvel Observateur, Saatchi garante mais: que "centenas de instituições, mais de seis mil estudantes e 25 mil artistas estão já inscritos no site", que o interesse despertado é tanto que dá emprego a 30 pessoas, e que "tudo é gratuito" e não recebe "qualquer comissão sobre as vendas".
Em www.saatchi-gallery.co.uk estão não só os nomes e as obras que elegeu para constituir uma das mais importantes colecções de arte contemporânea a nível mundial - concorde-se ou não com o gosto pessoal do Sr. Saatchi -, como espaços virtuais para trabalhos de estudantes e "arte de rua", links para museus, galerias, escolas e feiras. Não faltam sequer neste portal as críticas e fóruns de debate, chats ou um blogue.
Em Setembro de 2006, alguns meses após ter lançado o projecto, Charles Saatchi afirmou ao The Guardian, numa das suas raríssimas entrevistas, que o seu "sonho" era que esta plataforma se transformasse numa "comunidade de artistas", acessível a todo o público e livre da "comissão de 50%" dos marchands.
Saatchi, a quem o artista Damien Hirst, outrora seu protegido, classificou como shopaholic (viciado em compras), é célebre por apostar em obras de jovens autores desconhecidos - a ele se deveu o lançamento dos Young British Artists nos anos 90 (ver caixa)- e continua a frequentar escolas e pequenas exposições à caça de talentos. Mas também é célebre por não se importar de pagar dez vezes o valor de mercado quando decide possuir determinada peça. E por isso o acusam de desestabilizar o sector e arruinar carreiras de artistas, pois financia essas aquisições com a venda de obras da colecção.
Como compra "para mostrar", desde 1985 que exibe o seu acervo em Londres, em galeria própria que já ocupou vários locais. Em 2003, o coleccionador chegou mesmo a oferecer as obras à Tate - então avaliadas em 200 milhões de libras -, mas Sir Nicholas Serota, o director, recusou ceder-lhe espaço permanente.
A próxima morada da galeria será em Chelsea (King's Road), num edifício de 4650 metros quadrados reabilitado para o efeito. E a entrada será gratuita se conseguir "arranjar mecenas", promete Saatchi.
DN, 11-7-2007
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PAULA LOBO
Paula Rego é o único nome português na sua lista de artistas, mas basta dizer que tem várias obras da pintora na sua mansão de Belgravia. Trabalhos como A Prova e A Casa de Celestina ou títulos da série Avestruzes Dançarinas, tantas vezes solicitados para exposições internacionais que nem chegam a ser pendurados quando regressam a Londres. Há três décadas que o magnata da publicidade Charles Saatchi vem revolucionando o mundo da arte com compras arriscadas e vendas mediáticas. Agora, enquanto aguarda que chegue Novembro para inaugurar uma nova galeria, o coleccionador não esconde o orgulho no mais recente brinquedo: um museu virtual que recebe "dois a três milhões de ligações por dia", segundo o próprio.
Em entrevista ao jornal francês Nouvel Observateur, Saatchi garante mais: que "centenas de instituições, mais de seis mil estudantes e 25 mil artistas estão já inscritos no site", que o interesse despertado é tanto que dá emprego a 30 pessoas, e que "tudo é gratuito" e não recebe "qualquer comissão sobre as vendas".
Em www.saatchi-gallery.co.uk estão não só os nomes e as obras que elegeu para constituir uma das mais importantes colecções de arte contemporânea a nível mundial - concorde-se ou não com o gosto pessoal do Sr. Saatchi -, como espaços virtuais para trabalhos de estudantes e "arte de rua", links para museus, galerias, escolas e feiras. Não faltam sequer neste portal as críticas e fóruns de debate, chats ou um blogue.
Em Setembro de 2006, alguns meses após ter lançado o projecto, Charles Saatchi afirmou ao The Guardian, numa das suas raríssimas entrevistas, que o seu "sonho" era que esta plataforma se transformasse numa "comunidade de artistas", acessível a todo o público e livre da "comissão de 50%" dos marchands.
Saatchi, a quem o artista Damien Hirst, outrora seu protegido, classificou como shopaholic (viciado em compras), é célebre por apostar em obras de jovens autores desconhecidos - a ele se deveu o lançamento dos Young British Artists nos anos 90 (ver caixa)- e continua a frequentar escolas e pequenas exposições à caça de talentos. Mas também é célebre por não se importar de pagar dez vezes o valor de mercado quando decide possuir determinada peça. E por isso o acusam de desestabilizar o sector e arruinar carreiras de artistas, pois financia essas aquisições com a venda de obras da colecção.
Como compra "para mostrar", desde 1985 que exibe o seu acervo em Londres, em galeria própria que já ocupou vários locais. Em 2003, o coleccionador chegou mesmo a oferecer as obras à Tate - então avaliadas em 200 milhões de libras -, mas Sir Nicholas Serota, o director, recusou ceder-lhe espaço permanente.
A próxima morada da galeria será em Chelsea (King's Road), num edifício de 4650 metros quadrados reabilitado para o efeito. E a entrada será gratuita se conseguir "arranjar mecenas", promete Saatchi.
DN, 11-7-2007
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