07 agosto, 2007

 

7 de Agosto


Dia internacional da educação



http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o

http://www.educacao.te.pt/
http://www.educare.pt/educare/Educare.aspx

http://www.min-edu.pt/
http://www.dgrhe.min-edu.pt/
http://www.cnedu.pt/index.php?section=1

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O FRACASSO DA ESCOLA PÚBLICA?

Pedro Lomba
jurista
pedro.lomba@eui.eu

Há poucos debates mais viciados em Portugal do que aquele que tivemos nos últimos dias entre críticos e apóstolos da escola pública. É um debate recorrente que traz o pior de uma política que se alimenta de preconceitos ideológicos e não tenta ver além do seu umbigo. De um lado estão os publicistas que falam do direito à escola pública, quaisquer que sejam os resultados e os caminhos para que essa mítica escola é levada, e com o qual pretendem uma hegemonia natural do ensino público sobre o ensino privado. Do outro vêm os privatistas mais a sua desconfiança por tudo o que é público, a sua inquebrável fé no mercado, a sua implausível conclusão de que os melhores resultados nos rankings das escolas privadas mostram a escandalosa falência do ensino público.

Não vejo como. Temos escolas privadas de excepção que formam bem os seus alunos? Óptimo e tenho pena que não tenhamos muitas universidades privadas de excepção e também fundações, associações, centros de investigação. E tenho pena que as famílias portuguesas, sempre prontas a reivindicar "direitos", não se organizem mais para intervir no ensino público, fazendo sugestões e ultrapassando defeitos.

A verdade é que, apesar de todas as experiências falhadas no ensino público, apesar das ilusões igualitárias, apesar dos muitos ministros da educação que já aguentámos, apesar da má gestão de recursos, apesar dos professores com espírito de função pública ou sindicalista, apesar dos estudantes que se queixam do "sistema" quando deviam era ter juizinho e queixar-se de si próprios, apesar disto e do resto, a escola pública tem sido, nestas últimas décadas, o melhor, o mais eficaz, senão mesmo o único realmente eficaz, instrumento de mobilidade social na sociedade portuguesa. Num país cronicamente desigualitário, eis um dado sociológico que tem feito uma enorme diferença.

Também eu sou um produto da escola pública. Também me irrito quando vejo o ensino público comandado por sábios e distante das necessidades do mundo que devia servir. Como Rui Tavares fez no Público, penso nos meus velhos colegas de liceu da Padre Alberto Neto (já agora, 168 no "Ranking"). Tínhamos uma escola heterogénea. Um de nós foi quase o melhor jogador de futebol da nossa geração. Outro pertenceu à boys-band Excesso. Havia uma miúda muito gira que já não é tão gira e acabou em modista. Há escolas que produzem estadistas, a minha gerou cançonetistas, desportistas e este vosso escriba anafado. Mas quando penso em todos os meus ex-colegas que não contribuíram para a nossa subida no ranking ou que ficaram pelo caminho, não me ocorre atribuir responsabilidades à escola pública. Nem a eles. A vida é complicada.

DN, 1-11-2007
 
EDUCAR É CONTRARIAR

Maria José Nogueira Pinto
jurista
Esta fórmula simples era usada pela minha tia e provocava-nos, a nós crianças, os piores sentimentos. Já o povo dizia que de pequenino se torce o pepino. O tempo deu-lhes razão! Toda a polémica em torno de duas questões - o ranking das escolas e o novo regime de faltas - obriga a refrescar a memória sobre quais foram, nos últimos trinta anos, os pressupostos filosóficos do modelo educativo português.

O primeiro e o mais nocivo é o princípio rousseauniano da criança boa, ou boazinha, ou tendencialmente boazinha. Daqui decorre a ideia peregrina de que a escola tem de ser um sítio divertido e os professores uns amigalhaços.

O segundo princípio é o da absoluta igualdade entre todas as crianças. Se a todos devem ser dadas, igualmente, oportunidades, isso não significa que todos, igualmente, as aproveitem. Ao não se querer estabelecer diferenças, optou-se por um nivelamento medíocre, em vez de dar a mão aos mais problemáticos sem tolher os melhores.

Durante trinta anos, diabolizaram-se os valores da autoridade, do rigor, da exigência e da disciplina. O esforço e o mérito, factores que diferenciavam os melhores dos piores, foram tidos como uma ameaça à pureza dos dogmas da bondade natural e da igualdade.

O modelo educativo, objecto de sucessivas tentativas experimentalistas, foi-se reduzindo à mais elementar expressão: uma educação sem memória, métodos simplificados, todo o esforço removido, um excesso de especialização roubando qualquer perspectiva de conjunto, noções fragmentadas sem referência a qualquer pano de fundo. O pensar, o exercício sistemático do raciocínio, o ginasticar do cérebro como única forma de o fortalecer, tudo isso era contra-indicado: aborrecia os alunos, acentuava as diferenças, revelava o potencial e o esforço de uns e o desinteresse ou incapacidade de outros, o mérito e o demérito.

A título exemplificativo, imaginemos como se sairia, hoje, um aluno de dez anos de idade, se submetido a provas idênticas às que enfrentámos nos exames de admissão às Escolas Técnicas e aos Liceus. Decerto não as superaria. Por ser menos inteligente? Não. Por não ter sido capacitado para tal.

O objectivo deixou de ser o de educar e ensinar. A escola tornou-se um entreposto de todos os problemas, desde os meramente burocráticos até aos eminentemente sociais. Sobre o emaranhado legislativo, as instalações sem condições e a falta de orçamento, caíram as circunstâncias dos próprios alunos: a fragilidade das redes familiares, a solidão, os comportamentos aditivos, a pre-delinquência, o abandono.

Politicamente, não foi relevante saber se se estava a produzir iletrados ou se muitos dos alunos faziam da escola um mero local de passagem. Politicamente, o mais importante eram as estatísticas e os indicadores. Para cumprir estes desideratos impunha-se que todas as crianças estivessem inscritas numa escola. Mesmo que a frequentassem pouco e mal.

Comparar o ensino privado e o ensino público, hoje, é comparar o incomparável. O ensino público português formou gerações e gerações com excelente qualidade. Eu frequentei o ensino público, os meus filhos frequentaram o ensino público. Mas, actualmente, as circunstâncias específicas das escolas públicas, que não podem fechar-se à massificação, não podem selecionar os seus alunos, se desgastam a resolver problemas a jusante e a montante, não têm autonomia organizativa e reflectem as ameaças da sua envolvência externa, impedem-nas de disputar rankings.

Tudo isto é óbvio. Desperdiçámos muito do nosso capital humano ao mergulhá-lo num caldo de cultura laxista, bacocamente tolerante e permissiva, que infantilizou as crianças e os jovens. Mudar é quase um acto revolucionário, é ontológico e do domínio da filosofia dos princípios. Não vale a pena culpar a ministra. Melhor será perceber que a educação não é um problema governamental. É, certamente, um problema nacional com culpas partilhadas. E de díficil solução.

DN, 8-11-2007
 
Que caminhos para a educação?

No passado dia 16 de Maio, realizou-se na Fundação
Calouste Gulbenkian mais um Encontro sobre Reformas
Educativas de Sucesso organizado pelo Fórum para a Liberdade de Educação, desta vez dedicado à
reforma que teve lugar nos anos 90 na Suécia.
A organização centralizada e monolítica do nosso actual sistema de ensino tem muito de semelhante
com o sistema de ensino que vigorava na Suécia até 1992. Aliás, ele serviu de modelo ao nosso sistema, imediatamente após a revolução dos cravos em
1974.
Mas os suecos, perante a deterioração de todos os
indicadores de qualidade do seu ensino ao longo dos anos 70 e 80, não hesitaram em atacar a raiz do
problema e mudaram rapidamente para um sistema descentralizado nos municípios e que não distingue
entre escolas do Estado e privadas, desde que sejam totalmente gratuitas, recebendo para tal o apoio fi nanceiro do Estado em exactamente as mesmas condições que as escolas do Estado. Isto é, estruturaram o seu sistema de ensino de acordo
com o princípio da igual liberdade de educação para todos.
Neste e nos próximos postais para a 1ª página, irei tentar sensibilizar o leitor para a importância de aprendermos com o exemplo da Suécia e de agarrarmos
urgentemente, com todas as forças e entusiasmo, o princípio da liberdade de educação para todos, sem medo à mudança.
Hoje vou apenas recordar que a liberdade de educação, mesmo antes de ser uma condição sine qua non
de optimização da qualidade do ensino, é um princípio constitutivo da dignidade de todo o cidadão.
Esta é a posição civilizacional universalmente aceite, afi rmada e reafi rmada em todos os documentos
sobre as liberdades e garantias da pessoa humana.
Vejamos apenas os mais importantes. Diz o artigo 26º, n.º 3 da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “Pertence aos pais a prioridade do direito
de escolher o género de educação a dar aos fi lhos”.
Diz o artigo 43.º, n.º 1 da Constituição da República
Portuguesa: “É garantida a liberdade de aprender e ensinar”. E o n.º 2: “O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes
fi losófi cas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas”.
Depois, no artigo 74.º, n.º 1: “Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade
de oportunidades de acesso e êxito escolar”.
Então, por que esperamos? Lembremo-nos que a tragédia de um ensino sem qualidade reside no facto
de não ser possível compensar uma criança ou jovem que não tenha tido uma educação de qualidade.
Perdeu-a para sempre! E, com essa perda, que futuro poderá ter Portugal?

Fernando Adão da Fonseca

RRP1, 29-5-2008
 
Televisor ligado afecta desenvolvimento infantil

Estudo. Comportamento de crianças alterado mesmo enquanto brincam

Investigação diz que as crianças devem brincar com a TV desligada

Uma investigação realizada por norte-americanos indica que o desenvolvimento das crianças é afectado pela televisão, mesmo que não estejam a olhar para o ecrã. A conclusão surge no estudo da Universidade de Massachusetts, que analisou o comportamento de 50 crianças e foi publicado pelo Globo online.

As crianças, com idades entre um e três anos, foram observadas durante uma hora enquanto brincavam: metade do tempo com a televisão ligada e a outra metade com o aparelho desligado. Os investigadores verificaram que quando a televisão estava ligada - neste caso a emitir o concurso de perguntas sobre cultura geral Jeopardy! - as crianças olhavam 5% do tempo para o ecrã, sendo que muitas delas o faziam apenas por um segundo.

Os investigadores constataram ainda que, quando a televisão estava ligada, os períodos de brincadeira eram mais curtos e a concentração de cada criança no respectivo brinquedo era mais reduzida. Publicado na revista científica norte-americana Journal of Child Development, o estudo salienta que, "no fundo, a televisão atrapalha o comportamento das crianças mais novas enquanto brincam, por muito pouca atenção que elas prestem às imagens".

A responsável pela investigação, Marie Evans Schmidt, afirma que a exposição à TV nestas condições tem influência no desenvolvimento cognitivo das crianças, porque " é uma fonte de distracção em constante mudança, o que atrapalha os seus esforços em manterem a concentração enquanto brincam".

Schmidt sugere então que os pais limitem ao mínimo o tempo que os filhos estão frente a um ecrã, alertando que actualmente "a exposição excessiva converte-se num factor crónico no ambiente da maioria das crianças norte-americanas". - M. D.

DN, 16-7-2008
 
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