30 agosto, 2007

 

Red Bull Air Race


Porto




"O Red Bull Air Race é uma competição electrizante onde os pilotos mais talentosos do mundo se desafiam uns aos outros numa corrida aérea de velocidade, precisão e habilidade.

A corrida acontecerá sobre o rio Douro, entre Ribeira e Vila Nova de Gaia, no circuito montado entre as pontes Dom Luís I e Arrábida. As impressionantes pontes e a pitoresca zona portuária de Ribeira formarão um cenário espectacular para o que promete ser uma corrida emocionante.

As rodadas classificatórias acontecerão na sexta-feira, 31 de Agosto, e as finais, que incluem as rodadas eliminatórias, quartos-de-final, semifinais e final, acontecerão no sábado, dia 1 de Setembro.

Acompanhe o evento no seu computador ou telefone móvel, através da aplicação de vigilância e controlo remoto – VisãoWeb.
Aceda ao site http://www.visaoweb.com/ e assista em tempo real à prova mais esperada do ano.

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http://www.rr.pt/PopUpMedia.Aspx?&FileTypeId=3&FileId=354362&contentid=217721
http://www.rr.pt/PopUpMedia.Aspx?&FileTypeId=3&FileId=354427&contentid=217721

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=256324&idselect=9&idCanal=9&p=200

Comments:
Fórmula 1 dos ares revoluciona trânsito nas ruas do Porto e Gaia

ALFREDO MENDES

Aviões já cruzaram os ares das zonas ribeirinhas gerando expectativas
Tudo a postos para o grande, o maior espectáculo desportivo do ano no Porto e em Vila Nova de Gaia, que prevê atrair cerca de meio milhão de pessoas nas zonas ribeirinhas das duas cidades e envolve 2500 elementos das forças de segurança. No dia de ontem já se ouviu o ronronar dos motores dos aparelhos que esta sexta-feira disputam a qualificação e, no sábado, a corrida.

A prova Red Bull Air Race está a transformar a cidade do Porto, onde já são visíveis os trabalhos relativos à instalação das estruturas: torre de controle, nas proximidades das Alfândega, tribunas, pontos de observação, bares, centro de imprensa, postos médicos e os pórticos insufláveis que os aviões, a cerca de 400 quilómetros-hora, irão transpor .

A principal alteração, todavia, centra-se no encerramento ao trânsito de várias ruas e avenidas das zonas ribeirinhas do Porto, consideradas Património da Humanidade pela Unesco, e de Gaia, em resultado das determinações da organização, autoridades policiais e autarquias.

Essa revolução nas malhas urbanas de ambas as cidades que acolhem a prova faz com que as empresas de transportes públicos chamem a si o reforço de carreiras, casos do Metro do Porto e da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto. Também a CP, na ligação Porto-Gaia, se entrosará neste esquema, através do funcionamento de comboios especiais.

Aos condicionamentos devido a medidas de segurança seguem-se, antes e depois das provas, a intensificação de carreiras. Até porque se admite que o "circo" seja vivido por mais de meio milhão de pessoas, entre as pontes de Arrábida e Luís I.

No respeitante ao Metro, a Linha Amarela, que se inicia no Hospital de S. João e cruza o rio Douro, sofrerá, amanhã e até sábado, reduções de circulação e cortes entre S. Bento, Porto, e o Jardim do Morro, em Vila Nova de Gaia. A opção recai, então, na via ferroviária da CP, com a estação de General Torres a servir de epicentro ao fluxo de passageiros. Os portadores de bilhete andante passam a ter acesso a essa alternativa.

A expectativa na cidade é perceptível através da lotação dos hotéis. Uma fonte ligada ao sector precisou que praticamente todas as unidades da cidade registam taxas de ocupação "elevadíssimas". Para além dos cidadãos nacionais, destaca-se o interesse de espanhóis e ingleses.

O impacto repercute-se, igualmente, na "invasão" de "paparazzi" de aeronaves, estimando-se, até, que só em Portugal existam à volta de mil "spotters" (fotógrafos amadores com paixão pelos aviões) que se posicionam em redor dos aeroportos civis.

DN, 29-8-2007
 
Alteração de percurso da prova salvaguarda segurança de pilotos

ALFREDO MENDES

Exclusão da passagem por baixo da Ponte D. Luís desaponta público
O percurso da Red Bull Air Race, que se realizará no próximo sábado, sofreu ontem alterações de fundo. Assim, o novo circuito será o inverso do inicialmente anunciado: começa em Massarelos e termina antes da Ponte D. Luís, excluindo a passagem por debaixo da mesma. Esta "travessia", que constituía um dos pontos de interesse para o público, não será efectuada depois de o comité da organização considerar que seria perigoso para a segurança dos pilotos. "O reflexo do Sol é desfavorável à hora a que se realiza a prova, o que poderia causar problemas de desorientação aos pilotos", disse o director de aviação da prova, Heinz Möller.

A decisão foi tomada antes da primeira sessão de treinos, que se realizou ontem e que contou com um atraso de cerca de duas horas. O atraso deveu-se ao intenso nevoeiro que se fazia sentir na zona do Queimódromo (onde estão instaladas as boxes) e na zona do circuito da corrida. De acordo com um controlador aéreo, os aviões teriam de ter uma visibilidade de pelo menos 5 km para arrancarem em segurança, e com aquelas condições climatéricas havia apenas 800 metros.

A sessão, que estava marcada para as 14.00, começou às 16.00. No Queimódromo, e após muito espera, era possível verificar a descontracção de alguns pilotos, assim como os métodos de concentração de outros. O arranque dos aviões só se efectuou após muitas incertezas sobre a dissipação do nevoeiro, tendo mesmo sido levantada a hipótese de cancelamento da primeira sessão de treinos.

A torre de controlo deu luz verde, no caso bandeira vermelha, que significou autorização para o início dos trabalhos aéreos.

Centenas de pessoas esperavam nas duas margens do Douro para assistir ao espectáculo aéreo. Os voos foram apenas de reconhecimento da pista e os aviões passaram a uma altura superior àquela que será expectável no sábado, o que causou algum desapontamento no público. "Pensei que iam passar no meio dos pórticos", disse Ana Baptista, que se encontrava com o marido na margem de Gaia. Quanto à alteração de percurso, algum desalento pela exclusão da passagem por baixo da ponte, mas a concordância de que a "segurança dos pilotos vem em primeiro lugar".

DN, 30-8-2007
 
Segurança traz polémica à etapa do Porto

ALFREDO MENDES fotos de HERNÂNI PEREIRA

Organização da prova não está disposta a pagar
O segundo dia de treinos da Red Bull Air Race ficou marcado pela polémica que envolve o pagamento do plano de segurança distrital, traçado pelo Governo Civil do Porto com as demais forças de segurança. O Governo Civil do Porto, após apresentação do plano de segurança, na passada sexta-feira, enviou uma factura de 170 mil euros à organização da Red Bull Air Race, pelos custos que tal plano irá comportar. Mas os organizadores da corrida aérea recusam pagar o montante exigido pelo Governo Civil, limitando-se a custear a segurança privada na área onde decorre a prova.

Fernando Figueiredo, membro da organização da corrida, afirmou ao DN sport afirma que "o plano estava a ser preparado entre as autoridades e a Red Bull, quando a governadora civil quis tomar conta do processo". Apesar de considerar legítima aquela acção, a indignação da organização surgiu quando "há cerca de dois meses nos foi apresentada uma factura de 170 mil euros, por serviços que não tínhamos contratado". Figueiredo considera que toda esta situação é uma questão política, na qual a Red Bull não quer entrar. Mas reafirma que "a situação foi criada pela governadora". Em causa está o plano distrital que "incluía operações da GNR na Maia", local que se situa fora do alcance de toda a organização da prova. Contudo, e apesar da polémica, Fernando Figueiredo considera que "estão reunidas todas as condições de segurança para que a prova se realize".

Contactado pelo DN, o assessor de imprensa do Governo Civil, André Oliveira, referiu que "por se tratar de um evento deste género tem de ser criado um plano de protecção civil a nível distrital". Acrescentou ainda que neste momento "o plano está ser executado, mas apenas a nível municipal", sendo que as autarquias de Gaia e Porto estão a "suportar as despesas". Mas a não activação do plano distrital "não está relacionada" com o não pagamento das despesas de segurança por parte da organização, assegurou André Oliveira.

De acordo com a Câmara do Porto, "todos os meios disponibilizados pela autarquia estão no terreno e a funcionar em pleno".

O comandante distrital de Operações de Socorro do Porto, o coronel Teixeira Leite, garantiu que o plano definido para a corrida está a ser cumprido: "Os serviços de protecção civil do Porto e Gaia assumiram que têm capacidade para cumprir o plano na sua área. Neste momento, não há necessidade de activar o plano distrital." Tal só acontecerá se surgir algum imprevisto que o justifique.

Também os taxistas da zona do Porto e Gaia manifestaram, ontem, alguma preocupação com o facto de as ruas cortadas ao trânsito prejudicarem os seus serviços. José Monteiro, vice-presidente da Antral, entende a preocupação da classe, mas refere que "temos de ser compreen- sivos". "Eventos destes promovem a cidade e podem trazer, posteriormente, alguns dividendos."

DN, 31-8-2007
 
Tudo a postos para a Air Race

Começaram esta tarde os treinos oficiais para a corrida
de “Fórmula Um” dos ares que vai acontecer por cima do
rio Douro. A organização garante que está tudo preparado
para a corrida, mas deixa alguns avisos.
Fernando Figueiredo, da organização, volta a fazer um apelo
àqueles que queiram assistir ao evento para irem de transportes
públicos, lembrando que “a CP reforçou todos os seus
[comboios] inter-regionais, alfa-pendulares e intercidades, o
Metro fez exactamente a mesma coisa e os STCP vão ter
linhas próprias para
levar as pessoas”
desde vários pontos
do Porto e Gaia.
O elemento da organização
explica que
este evento “cria
constrangimentos a
qualquer cidade”,
mas especialmente ao Porto e a Vila Nova de Gaia porque
“são cidades com uma morfologia que não permite a facilidade
de chegar ao rio”.
Fernando Figueiredo assegura que foi desenvolvido um plano
de protecção e segurança, em conjunto com a Protecção
Civil, de forma a “permitir a todos um dia de sexta e sábado
de muita animação e divertimento”.
Pilotos elogiam circuito do Porto
Dos pilotos surgem elogios ao circuito. Depois do piloto espanhol
Alejandro Maclean, que na quarta-feira elogiava a vista
do Douro em declarações à Renascença, desta vez foi a vez
do húngaro Peter Benseye, um dos nomes mais fortes da
competição.
“A zona histórica, o rio, as pontes, tudo junto dá um feeling
muito especial, um gosto especial. Gosto muito do circuito”,
afirmou o piloto.
A prova realiza-se no sábado, sendo que para hoje estão marcados
os treinos de qualificação.
Brigada de trânsito com trabalho redobrado
Neste fim-de-semana irão coincidir as viagens dos que terminam
as suas férias de Agosto com as de quem tenta aceder
ao Porto para assistir às corridas aéreas de sexta-feira.
O regresso das férias tem vindo a decorrer de forma escalonada,
não sendo esperadas retenções de tráfego significativas,
mas a Red Bull Air Race do Porto é um elemento de
atracção e pode levar a um significativo aumento da circulação
e grande concentração de veículos na A1, no sentido
Lisboa-Porto e em sentido inverso no sábado depois do fim
das corridas aéreas.
O capitão Lourenço da Silva, da Brigada de Trânsito da GNR,
aconselha as pessoas a deslocarem-se “o mais cedo possível
em direcção à cidade do Porto” e pede “alguma paciência”
aos condutores.
Para além disso, as pessoas deverão estar atentas às informações
de trânsito no rádio ou através dos elementos da GNR,
“que estão disponíveis para qualquer informação atempada e
oportuna relativamente às condições do tráfego”.

“Olh’ó avião”…

Num fim-de-semana em que milhares de curiosos
estão no Porto a assistir ao Air Race, a Renascença foi ver
como trabalham alguns “fanáticos de aviões”.
Estes curiosos, chamados “planespotters”, são capazes de
passar horas e horas junto aos aeroportos para fotografar
todo o tipo de aparelhos que aterram ou passam pela pista.
Na tarde em que a Renascença também foi “planespotter”,
estavam em Lisboa mais oito “fotógrafos de aviões”.
Um dos casos é o de André Garcez, 17 anos, que já tem na
colecção milhares de imagens de aparelhos e que aproveita a
reportagem da Renascença para deixar também umas críticas
à ANA que “plantou umas árvores que cortam a visibilidade”.
Para além das máquinas fotográficas e de uma boa dose de
paciência, é também essencial ter um rádio para ouvir as
comunicações entre a torre de controlo e os aviões.

RRP1, 31-8-2007
 
Multidão bate recorde de assistência

ALFREDO MENDES

Nunca uma qualificação teve tanto público
Impressionou o número de espectadores concentrados nas margens das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia, seguindo, ansiosos, a etapa de qualificação do Red Bull Air Racer. Hoje, a "Fórmula 1 dos Ares" tem o seu momento alto com a disputa da corrida, que deverá ser presenciada por mais de meio milhão de pessoas.

Rejubilou a organização face ao impacto popular, já que a afluência, cerca de 250 mil pessoas, bateu os níveis de assistência das cidades anteriores em dias de qualificação.

Novos e velhos, dentro do automóvel, à beira-rio, nas bermas das estradas, numa franja de relva, ora nas imediações da Ponte da Arrábida viveram uma tarde recheada de emoções e de fartos petiscares. É que, em derredor, em ambas as margens do Douro, não minguam comedouros escancarados ao bom, tranquilo e retemperador acto de petiscar.

Então, eis a multidão, sob um sol abrasador, a vibrar com as 13 máquinas em acção e, entretanto, a assentar poiso em bares e tascaria castiça, donde saíam, a contento, uma isca de bacalhau, uma bifana, uma sande de presunto, outra a prensar um panado. De permeio, vinho, cerveja ou sumo e gorgomilos em frenesim.

"Parece um Spitfire" na batalha da Inglaterra", observava um cavalheiro supostamente nostálgico da leitura das façanhas do Major Alvega. "Qual?!", comentava outro, "lembra aqueles filmes sobre Pearl Harbor". E as aeronaves a picar, a silvar, a deixar um rasto de fumo e de adrenalina. Pouco depois, sobre o Porto e Gaia, exibiu-se uma esquadrilha de aviões a jacto, que fez com que muita gente abrandasse a viatura nas duas cidades para, de cabeça voltada para o céu, acompanhar as acrobacias.

E enquanto no Edifício Transparente centenas de curiosos se juntavam para acompanhar a movimentação junto da pista, noutros locais a multidão ia lançando prognósticos relativamente ao vencedor de hoje. Isso mesmo aconteceu no Freixo, Fontainhas, Ribeira, Massarelos, do lado do Porto, e no cais, Jardim do Morro, serra do Pilar, zona da Arrábida e Afurada, da banda gaiense.

Tal o furor que não faltou quem estacionasse à toa, provocando grandes filas de automóveis, nomeadamente em Vila Nova de Gaia, nos acessos à Ponte da Arrábida. Mas, para quem dispõe de tempo, tais vicissitudes não chegam para apoquentar.

É o caso de José Pedro, 17 anos, estudante, natural de Cinfães, Douro. Disse: "Adoro o risco, estes voos rasantes. Uma coisa é ver na televisão, outra, bem diferente, é estar ao pé do acontecimento. Não podia perder esta oportunidade."

Que sim, anui António Coutinho, 49 anos. Vindo de propósito de Montalegre para presenciar a corrida de hoje, contou: "Trouxe os filhos e a mulher. Uns dias de praia, que o tempo ainda ajuda, a comidinha daqui e, claro, a prova. Tudo junto faz o pleno de uns dias diferentes."

Na escarpa da serra do Pilar, um casal galego, oriundo de Vigo, segue, atento, o voo de um avião. Está encantado. "Sim, é a paisagem que se admira deste miradouro, é o vosso bacalhau, o vosso vinho. Depois, esta raça toda, este fabuloso espectáculo. É vibrante. Só partimos no domingo, posto o dia seguinte ser de trabalho."

Detido no trânsito, ele diz "embarrilado no trânsito", Mário Augusto, taxista, parece desesperar como que em solidariedade para com os clientes. Comenta: "Não ganhamos nada, estamos parados, parados, é só pára e arranca, a olhar para o balão."

E, como ouvisse uma buzinadela de protesto, atira, bonacheirão e a convir à altura: "Vai de avião!"

DN, 1-9-2007
 
Povo no cais fez lembrar folia de S. João

ALFREDO MENDES

Jornada memorável teve uma moldura humana praticamente compacta
S. João, o santo mártir decapitado devido aos caprichos femininos de uma tal Salomé deve estar murcho perante esta iniciativa publicitária quase a rivalizar em moldura humana com a folia que, em Junho, lhe é tributada. Mudam-se os tempos, as vontades vão no seu encalço.

Com as cabeças voltadas para o céu, à volta de 600 mil pessoas apinharam-se nas zonas ribeirinhas do Porto e de Gaia para seguirem as proezas malabaristas das máquinas voadoras. Ou seja: o balão de ar quente fora substituído por 310 cavalos e piloto de... sangue frio!

A prova, inédita em Portugal, concitou um entusiasmo, uma alegria de festa popular. Voar a dez metros das águas do Douro, a 400 quilómetros/hora, num circuito sinuoso, requer muita experiência, grande precisão, um ror de reacções instintivas. O fascínio de um sábado à margem da serenidade costumeira, seja na areia quente da praia ou nas promoções dos centros comerciais.

Manobras de alto risco, emoção, adrenalina, enfim, o que os pilotos de quatro continentes exibiram perante o ah!!! do público. Aplausos, que obviamente os protagonistas não ouviam e no ar azul o rasto de parafina líquida. Mais uma bebida, que o sol esquentava e outra aeronave picando, ziguezagueando entre os pórticos insufláveis.

"É pr´acabar, bonés a 1,5 euros!", cervejas, "tremoços, ó povo!", pregões, peitos ao léu e calções. Os mais afoitos (e irresponsáveis), empoleiraram-se no til dos telhados, acentuando a gravidade do perigo com demonstrações de pura fanfarronice. Como se não lhes chegasse o perigo, alguns deram a mão aos filhos de tenra idade. Em versão caseira, os números de acrobacia mental.

Outros, de olhos postos na rede metálica que preserva a queda de pedras da íngreme encosta da Lada, não hesitaram: musculatura à "Rambo" ostentada, toca de se emaranharem nas alturas, também com a filharada ao lado, feliz por tão altos voos.

Nacionais e estrangeiros, tripeiros, transmontanos, minhotos tomaram conta dos espaços cobiçados logo pelo alvor do dia. Comilança ameigada nas paredes estomacais, bastava esperar pelo "circo". Esta, a postura do excursionismo, multidão chegada em comboios ruidosos e autocarros com merandas e "air condicioned".

Povo maravilhado no Cais de Gaia, Jardim do Morro, Serra do Pilar, marginal a caminho da Afurada. Povo incontido na Ribeira, Freixo, incluindo a ponte, Massarelos, Miragaia, Foz. Calor, gelados, rio, mar e, a olho nu, os ases do ar.

Jovens em cima da cobertura das paragens dos transportes públicos, dos quiosques, dos mictórios. Esplanadas para os endinheirados, algumas sob reservas de empresas, dez euros para ingressar nos jardins públicos do Palácio de Cristal, a oportunidade do show não escapava ao raide do embolsar. Público e privado.

E, enquanto em ambas as marginais o furor prosseguia, por vielas e becos do casario Património da Humanidade os velhos davam de comer às pombas, espavoridas.

DN, 2-9-2007
 
UM MILHÃO NA FESTA DOS AVIÕES

SÉRGIO PIRES

Sucesso. Corrida bateu recorde de assistência do ano anterior. 650 mil pessoas consagraram o austríaco Hannes Arch, a quem o triunfo na etapa portuguesa praticamente vale o título. Quem também fez contas foi a autarquia do Porto, com o presidente Rui Rio a referir-se ao impacte na economia local da competição

Câmara diz que prova dá retorno até 23 milhões

Hannes Arch, pilotando um Edge 540, dominou a etapa portuguesa da Red Bull Air Race, e praticamente garantiu o título de campeão da temporada - falta-lhe um ponto. Na segunda época nesta disciplina, o austríaco deu, assim um passo gigante para o título, tendo sido ovacionado pelas 650 mil pessoas que, segundo a organização, estiveram nas margens do Douro.

De facto, as melhores perspectivas da organização foram atingidas e o fim-de-semana do maior evento do desporto motorizado mundial juntou um milhão de pessoas entre Porto e Gaia - recorde alcançado pela soma dos 650 mil espectadores de ontem aos 350 mil que assistiram às qualificações de sábado.

Retorno de milhões

O sucesso organizativo foi retumbante e aproveitado pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, que frisou o potencial turístico e a "a promoção da marca Porto" trazida pelo evento, orçado em 15 milhões de euros. "A Red Bull envolve um custo muito grande, mas que é repartido por muitas entidades. A câmara contribuiu com 400 mil euros. Temos estudos feitos e sabemos que há um retorno directo para a economia local entre os 17 e os 23 milhões", sublinhou o autarca, que praticamente garantiu a realização da edição do próximo ano. Já há pré-acordo com entidades como o Turismo de Portugal, conversações com outros patrocinadores, bem como as garantias deixadas pelo Governo. Ontem, foi a vez do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que se deslocou ao local acompanhado por Rio, reforçar o prosseguimento do apoio do executivo à iniciativa, que ronda os 500 mil euros.

Teixeira dos Santos imbuiu-se mesmo no espírito de animação em que decorreu a prova, pontuando com algum humor a sua análise à performance dos ases dos céus. "É preciso ter uma dose de coragem grande, tanto para entrar num avião destes como para mandar nas finanças portuguesas", apontou.

Título decidido para Arch

Quem brilhou lá no alto, entre o rio e o céu de Porto e Gaia, foi mesmo Hannes Arch. O austríaco não só venceu a prova, batendo na final o norte--americano Kirby Chambliss, como estabeleceu o recorde de tempo no percurso portuense e ficou a um curto passo do título de campeão.

Basta-lhe para isso conquistar um ponto na última etapa, que decorrerá a 1 e 2 de Novembro, em Perth, ou esperar que o inglês Paul Bonhomme não vença a etapa australiana. O piloto britânico foi mesmo o mais azarado do fim-de-semana, ao ser desclassificado pouco antes da hora para o início da corrida. Motivo: Nos treinos de qualificação, onde conseguiu o terceiro melhor tempo, ultrapassou os 12 G, limite da força da gravidade imposto pelos regulamentos, algo que o terá colocado em vantagem sobre os seus adversários.

No final, reinou o fair-play entre os pilotos, especialmente entre os finalistas. Se Arch apontou para a maior potência do avião do seu contendor, Chambliss respondeu com peso e medida: "Tenho mais vinte cavalos de potência, mas também mais quinze quilos de barriga."

DN, 8-9-2008
 
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