24 agosto, 2007

 

Uma doença nova...


...por ano.

"A ameaça é real e crescente: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma nova doença surge no mundo a cada ano que passa.

O futuro é preocupante, sobretudo quando o presente já se apresenta bastante grave. Segundo Margaret Chan, directora-geral da OMS, "a vulnerabilidade é universal" e, apesar dos grandes avanços da ciência, "a situação das doenças está tudo menos estável".

Se na guerra da ciência contra a natureza só nos resta continuar a investir mais e melhor na investigação científica, nas doenças em que a cura está encontrada é preciso fazer mais. Muito mais.

É preciso que os países do Primeiro Mundo travem de uma vez o flagelo de doenças como a tuberculose e a malária, que todos os anos matam milhões de pessoas. E não basta apenas aumentar as remessas de medicamentos para os países subdesenvolvidos. Comprimidos podem até curar, mas só serão dispensáveis quando o mal for erradicado à partida. E isso faz-se com água potável, alimentos, cuidados de saúde.

Sem isso haverá um dia em que a multiplicação de doenças, para a qual alerta a OMS, ficará incontrolável. E nesse dia, como sublinha Margaret Chan, "nenhum país, rico ou pobre, está protegido"."

DN, 24-8-2007

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=280114&idselect=9&idCanal=9&p=200

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Identificada uma doença nova por ano

SUSANA SALVADOR

Todos os anos surge uma nova doença no mundo, que pode ter a capacidade de se transmitir rapidamente e infectar milhões de pessoas. "A vulnerabilidade é universal", reconheceu ontem a directora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, apelando a uma maior cooperação internacional para fazer face às ameaças do séc. XXI. "Melhor segurança exige solidariedade global."

Desde 1967, pelo menos 39 novas patologias foram identificadas, incluindo a sida, a pneumonia atípica (SARS) ou o vírus ébola e, nos últimos cinco anos, foram detectados mais de 1100 surtos epidémicos no mundo, refere o relatório de 2007 da OMS.

Ao mesmo tempo, doenças que a humanidade conhece há mais de um século, como a malária ou a tuberculose, continuam a ser uma ameaça, quer seja devido às mutações que sofreram, à resistência aos medicamentos ou a sistemas de saúde vulneráveis. Outras, como a cólera ou a febre amarela regressaram com novas forças no último quarto do século XX.

"A situação das doenças está tudo menos estável", refere Chan, acrescentando que as "defesas tradicionais nas fronteiras nacionais não conseguem proteger contra a invasão de uma doença". Com mais de quatro mil milhões de passageiros transportados anualmente pelas companhias aéreas, uma doença pode passar de um país para outro numa questão de horas.

A OMS apela por isso à implementação por parte de todos os países dos regulamentos internacionais de saúde (IHR, na sigla em inglês) que foram revistos em 2005 e entraram em vigor em Junho deste ano. O perigo do aparecimento de novas doenças é universal: "Nenhum país, rico ou pobre, está totalmente protegido da chegada de uma nova doença no seu território ou das suas consequências."

O IHR prevê formas de defesa colectiva contra surtos epidémicos, mas também outras questões que põe em causa a saúde das populações, como doenças de origem alimentar, desastres naturais, incidentes radioactivos ou químicos - acidentais e deliberados - ou poluição industrial.

Na actual sociedade de informação, a OMS lembra também que "esconder um surto de doença já não é uma opção viável para os Governos", que o faziam para evitar prejuízos económicos. A organização tem agora autoridade para emitir notificações baseadas em fontes não oficiais.

"As novas palavras de ordem são diplomacia, cooperação, transparência e preparação", disse Chan. Assim, a OMS apela à cooperação global na vigilância, no alerta e na resposta às epidemias; à partilha do conhecimento, tecnologias e materiais; e ao destacamento de mais fundos para treinar pessoal de saúde e dotar os países de maior capacidade laboratorial.

O relatório analisa as três novas ameaças do século XXI: a pneumonia atípica, o bioterrorismo e os lixos tóxicos. Mas o cenário mais temido pelos especialistas é uma pandemia de gripe - mais grave se em causa estiver o vírus da gripe das aves H5N1.

"Seria extremamente ingénuo e complacente assumir que não vai haver outra doença como a sida, outro ébola ou outra pneumonia atípica, mais cedo ou mais tarde", conclui o relatório "Um futuro mais seguro."

DN, 24-8-2007
 
Entrevista a Graça Freitas subdirectora-geral da Saúde): "Os meios são proporcionais ao risco"


RITA CARVALHO

É possível estarmos preparados para tantas ameaças, tão distintas e tão globais?

Não conseguimos controlar a natureza mas podemos minimizar riscos e danos. Além disso, as metodologias de vigilância epidemiológica podem adaptar-se a várias situações, são multiusos. Por exemplo, o plano de contingência da gripe aviária pode adaptar-se a outras doenças respiratórias. E nos países desenvolvidos também já há planos para responder a casos de bioterrorismo.

Que ameaças nos afectam mais?

A gripe pandémica, porque já se sabe que acontecerá. Nos países do Sul da Europa, há também o perigo de doenças como a malária, pois as mudanças no clima estão a alterar os ecossistemas e os mosquitos que a transmitem. Coloca-se também a questão do bioterrorismo, pois se houver um ataque químico ou biológico, mesmo que não seja no nosso país, a disseminação é rápida. Há ainda o perigo do surgimento de novas doenças que se podem propagar rapidamente.

Hoje há mais riscos?

A possibilidade de contactar com agentes patogénicos infecciosos é maior e, a partir de pequenos focos, a capacidade de propagação também aumentou imenso devido à globalização. Uma pessoa pode incubar uma doença em Nova Iorque, voar para outra parte do mundo e contaminar outras pessoas sem saber. Isto porque a expansão da população humana e animal aumentou e a invasão de ecossistemas destruiu equilíbrios, abrindo novas oportunidades de doenças. Falo da desflorestação, das alterações na cadeia alimentar ou das mudanças climáticas. Mas há também maior capacidade de resposta, pois os alertas correm mais depressa. A informação trocada entre profissionais de saúde e a que é transmitida à população é muito mais célere.

Como funcionam os sistemas de vigilância e alerta internacionais?

Os sistemas de vigilância são baseados no conceito de inteligência. Têm como base duas fontes: a rede normal - hospitais, médicos ou farmácias - e a captação de eventos, ou seja, a sinalização de episódios suspeitos que são avaliados e, caso se confirme o risco, divulgados em vários meios. Em casos graves a coordenação cabe à Organização Mundial de Saúde, à Comissão Europeia ou a outros organismos que gerem crises globais.

Já houve acções de preparação para uma crise como as que decorrem para a pandemia?

Nesta dimensão não. Mas há vigilância epidemiológica desde o século XIX e planos de contingência desde 97. Os meios são proporcionais aos riscos.

Como avalia a resposta a situações anteriores, como a síndrome respiratória aguda?

Foi um teste com coisas boas e más. Uma ameaça e uma oportunidade.

DN, 24-8-2007
 
Doenças infecciosas podem
tornar-se pandemia

O relatório anual da Organização Mundial de Saúde,
divulgado esta manhã, refere que as doenças infecciosas se
podem propagar rapidamente em todo o planeta, tornandose
cada vez mais difíceis de tratar.
A permeabilidade das fronteiras e o tráfego aéreo são dois
factores de risco para a extensão de epidemias à escala planetária.
A OMS identifica o bioterrorismo, a síndrome respiratória
aguda e os lixos tóxicos como os novos perigos difíceis de
combater nos próximos tempos.
A organização afirma mesmo que é “ingénuo” supor que ao
longo deste século não surgirá outra doença equiparada à
SIDA ou à febre hemorrágica.
O documento adianta que a pneumonia atípica, a primeira
doença surgida neste século, confirma o receio, gerado pela
ameaça bioterrorista, de que um novo agente patogénico
pode ter consequências devastadoras à escala global.
Os especialistas são unânimes: o risco de pandemia é real.
Desta forma, a Organização Mundial de Saúde considera
essencial o reforço dos mecanismos de cooperação entre os
diversos países na detecção de novas doenças.

RRP1, 23-8-2007
 
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