22 setembro, 2007

 

22 de Setembro


Dia europeu sem carros




http://www.umdiasemcarros.org/

http://www.tudosobrerodas.pt/i.aspx?imc=2489&ic=4924&l=L

http://www.confagri.pt/Ambiente/AreasTematicas/Ar/Documentos/doc38.htm

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PELA NOSSA SAÚDE

Alberto Gonçalves
sociólogo
albertog@netcabo.pt

Apesar dos preços aplicados em Portugal insinuarem o contrário, o automóvel é um produto de venda livre. O consumidor que adquire um carro fá-lo na presunção de que o poderá utilizar, a gosto, nas vias públicas destinadas ao efeito. A presunção, embora apoiada na lei, depara-se com obstáculos arbitrariamente levantados pelos poderes políticos. Uma vez por ano, dezenas de autarquias resolvem aderir ao Dia Europeu Sem Carros. O Dia Europeu Sem Carros, que hoje culmina a Semana Europeia da Mobilidade, encerra o trânsito aos ditos em consideráveis parcelas dos municípios aderentes. Como se supõe, a medida não tem quaisquer implicações no decréscimo da alegada poluição, mas permite que autarcas e umas dúzias de acólitos se passeiem de bicicleta, simulando vigor físico, um espírito atento às questões ecológicas e um vasto desprezo pelos demais cidadãos, cujos interesses são trocados por acções de propaganda. Mesmo que teoricamente os cidadãos possam invocar os seus direitos, as forças de segurança teoricamente encarregues de os defender estão, na prática, do lado oposto, a acarinhar o dúbio direito de um presidente de câmara perturbar, sem motivo razoável, a vida alheia.

É verdade que, em certos municípios, a arrogância inerente ao Dia Sem Carros não se nota. No Porto, por exemplo, é raro o fim-de-semana em que as principais ruas não acabem vedadas aos carros comuns para receber carros de corrida, aviões de corrida, corridas a pé e tudo o que, ao invés da desejável rotina urbana, seja pretexto para aparições públicas do dr. Rio.

Noutras cidades, porém, o Dia Sem Carros leva as pessoas a pensar. Não na ecologia, ou numa adormecida vocação ciclística: a pensar na falta que um carro faz. E isso se tiver tempo. No passado domingo, em Lisboa, um homem sofreu um eventual enfarte antes de pedalar na abertura da Semana da Mobilidade. A ambulância do INEM levou séculos a chegar à Praça do Comércio, fechada ao trânsito graças à Semana da Mobilidade. O homem morreu ali, a uns metros do dr. António Costa, sem auxílio, sem responsáveis confessos e sem comentários, por favor.

DN, 23-9-2007
 
Mudar de vida pelo ambiente

A maioria das pessoas está disposta a fazer sacrifícios pessoais, como por exemplo pagar combustíveis mais caros, com o objectivo de diminuir o impacto das alterações climáticas, concluiu uma sondagem realizada pela BBC abrangendo 22 mil pessoas em 21 países.

De acordo com esta sondagem, que não incluiu Portugal, 83% das pessoas inquiridas estão prontas a mudar o seu estilo de vida em prol do ambiente, mesmo nos EUA ou na China, os dois maiores emissores de dióxido de carbono. "Em todo o mundo as pessoas reconhecem que a alteração climática exige uma alteração de hábitos", explica Steve Kull, director do Programa sobre Atitudes de Política Internacional que, em conjunto com a GlobeScan, realizou a sondagem. "E para que essas mudanças ocorram é necessário que aumente o preço da energia mais poluente." Ou seja, a energia que utiliza combustíveis fósseis, como o petróleo, a electricidade ou o gás natural. Os cientistas afirmam que as emissões de carbono derivadas dos combustíveis fósseis para gerar electricidade e alimentar o transporte provocaram uma subida na temperatura média global de 1,8o C a 40 C ao longo do último século, da qual resulta um maior número de inundações, fome e outras tragédias.

Talvez por isso, em 14 dos 21 países, 61% dos inquiridos apoiariam o aumento de impostos sobre o consumo de energia desde que tivessem a garantia de que o dinheiro seria usado para procurar novas fontes energéticas ou para aumentar a sua eficiência - e neste item, as respostas dos chineses foram as mais entusiastas.

Isto significa, diz Matt McGrath, especialista da BBC em ambiente, que na maioria dos países a população parece estar mais disposta a fazer grandes mudanças no seu estilo de vida do que os próprios Governos. Mais do que mudanças, as pessoas sabem que em alguns casos serão necessários verdadeiros sacrifícios. Por exemplo, nos EUA e em quase todos os países da Europa, a população aceita o facto de que o preço dos combustíveis que poluem o ambiente terá de aumentar. As únicas excepções são a Itália e a Rússia, onde um número significativo de pessoas ainda acredita que não será preciso aumentar o preço da energia.

Os contribuintes também parecem favoráveis a um aumentos das "ecotaxas", desde que outros impostos diminuam e, portanto, isso não implique um aumento substancial daquilo que têm de pagar. "Poucos cidadãos querem que os seus impostos aumentem, mas esta sondagem mostra que a população está aberta a que os chefes de Governo introduzam um imposto de carbono sobre a energia", declarou o director da GlobeScan, Doug Miller.

DN, 6-11-2007
 
Os portugueses - pelo menos os que se deslocam à volta da região de Lisboa - estão a andar menos de carro. Isto de acordo com os dados oficiais disponibilizados: menos 8% de carros na Marginal, menos 2,3% no IC de Frielas, menos 4,2% na Ponte Vasco da Gama.

As quebras são tão significativas que as consultoras financeiras já reviram em baixa as suas apostas na Brisa, a maior concessionária das auto-estradas nacionais, pelo risco que a baixa de tráfego representa para o negócio.

Mas o que são más notícias para a Brisa são boas notícias para Portugal e para os portugueses. Segundo informações divulgadas recentemente pelo Eurostat, as famílias portuguesas são as mais dependentes do petróleo no seu orçamento familiar. Se o aumento do preço do petróleo tiver o mérito de contribuir para mudar os hábitos de consumo dos portugueses, já não foram só perdas. Mas, para que isso aconteça de forma consistente, têm também de ser aproveitados no melhoramento da rede nacional de transportes públicos. O futuro do País merece esse esforço.

DN, 30-6-2008
 
Tráfego nos acessos a Lisboa em forte queda

ANA SUSPIRO

Crise. Tráfego rodoviário médio na Marginal atinge um decréscimo de 8%, enquanto na IC-Frielas ronda os 2,3%. Já nas pontes sobre o Tejo a descida varia entre os 3% e 4%. A escalada dos preços dos combustíveis - gasolina subiu 11% desde Janeiro e gasóleo 20% - e o menor poder compra justificam a decisão de andar menos de carro
Subida de preços dos combustíveis retrai condutores
O tráfego rodoviário nos principais acessos a Lisboa registou fortes quebras no mês de Maio face a igual mês do ano passado. Os dados disponibilizados pela Estradas de Portugal contabilizam o tráfego médio diário em cada mês e apontam para quedas homólogas que vão desde os 2,3% no IC-Frielas até aos 8% da Marginal. As travessias do Tejo também revelam uma baixa importante do tráfego médio diário em Maio, que chega a 4,2% na Ponte Vasco da Gama e se fica pelos 3,3% na Ponte 25 de Abril.

A subida do preço dos combustíveis e consequente queda no consumo, sobretudo por parte dos automóveis ligeiros, é uma das explicações possíveis para esta evolução, mas não é a única. Fonte oficial da Lusoponte, concessionária das travessias do Tejo em Lisboa, lembra que este ano houve menos dois dias úteis em Maio (mais um feriado e um dia de fim-de--semana) do que no mesmo mês de 2007. E estas variações têm um efeito importante no número de automóveis que atravessa as pontes e que é muito maior em dias de trabalho. Outro factor realçado é o facto de neste ano o tempo não ter estado tão bom como em Maio do ano passado, o que não potenciou fins-de-semana na praia, que contam muito para o movimento na Ponte 25 de Abril.

Estes factores também poderão ajudar a explicar as quedas verificadas em outros acessos de Lisboa, pelo que será preciso esperar mais tempo para avaliar se esta é uma tendência consolidada. A confirmar-se, coincide com uma altura em que o Governo está a lançar um superpacote de concessões para mais dez auto-estradas em Portugal, um investimento que está a ser questionado sobretudo pela nova liderança do PSD.

A baixa ou pelo menos desaceleração do crescimento do tráfego rodoviário em Portugal, por causa do aumento do preço dos combustíveis, é já uma certeza para uma das maiores casas de investimento mundial. A Merril Lynch justificou na última semana uma revisão em baixa das perspectivas da Brisa, a maior concessionária nacional, por causa do risco de tráfego. A previsão de crescimento do tráfego passou de 3,6% para 1% este ano e de 3,9% para 1% no próximo ano. A Merril Lynch fundamentou esta estimativa com o facto de a economia portuguesa, devido a um PIB per capita mais baixo, estar mais vulnerável ao efeito do aumento dos combustíveis, uma vez que sobra menos disponibilidade financeira para suportar a subida desta factura. Desde Janeiro, o preço médio da gasolina subiu 15 cêntimos por litro ou 11% e o gasóleo aumentou 24 cêntimos, mais 20%. A procura de combustíveis, em particular da gasolina, está a descer.

A recomendação da Merril Lynch provocou fortes quedas nas cotações da Brisa, com a empresa a perder mais de 10% do seu valor em bolsa numa semana que também foi muito negativa para todos títulos. Os dados recentes de tráfego da Brisa só serão anunciados nos resultados do primeiro semestre da companhia.

DN, 30-6-2008
 
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