16 setembro, 2007

 

Elon Musk


Criador




Criaturas:




http://www.teslamotors.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Tesla_Motors



http://www.spacex.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/SpaceX

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Mais um salto de gigante

*Exclusivo DN/Telegraph Magazine JOHNNY DAVIS

Numa discreta propriedade industrial em San Carlos, a sul de S. Francisco, está a acontecer uma revolução silenciosa. Depois de quatro anos de trabalho, a Tesla Motors está agora a alguns meses do lançamento do Roadster - a primeira produção mundial de um carro desportivo eléctrico, que a empresa espera que venha transformar por completo a indústria. O homem que é o cérebro deste lançamento é Elon Musk, o presidente da Tesla Motors, a primeira nova empresa automóvel americana desde há décadas e a qual vai pôr uma frota de veículos desportivos eléctricos com emissões zero na estrada. O Roadster da Tesla é um dois lugares de alto desempenho, mais rápido que um Ferrari e, no entanto, duas vezes mais verde que um Prius, o híbrido da Toyota que é parte a gasolina e parte eléctrico. Anda com 6831 baterias de lítio e ferro, idênticas às de um portátil.

O projecto custou-lhe 27 milhões de dólares (20 milhões de euros), e um Roadster poderá ser nosso por 92 mil dólares (67 mil euros) - ou pelo menos poderia ter sido, não tivesse já o primeiro lote esgotado, comprado pela "nata de Silicon Valley e de Hollywood", incluindo Leonardo Di Caprio, Michael Dell, presidente da Dell Computadores, Nicholas Pritzker, herdeiro dos hotéis Hyatt, os fundadores do Google Larry Page e Sergey Brihn (bons amigos de Musk), e George Clooney (amigo de um amigo de Musk). Condolezza Rice já lá esteve a testá-lo; Arnold Schwarzenegger afirma ser um fã. "Jantei com Arnold no domingo", diz Musk. "E ele está a considerar fazer uma visita à fábrica com o primeiro-ministro britânico, como um exemplo da colaboração entre o Reino Unido e a Califórnia." (A Tesla está sediada perto de S. Francisco, mas as fábricas da Lotus, de Norfolk, forneceram o chassis básico)

Musk gosta de pensar em grande. Ele está a mudar não só a forma como guiamos, como também a explicar-nos como, no futuro, viveremos em Marte e como isso é crucial para a sobrevivência da humanidade. "É verdade que são só pedras e gás, mas podemos torná-lo agradável", afirma. "Teríamos grandes zonas residenciais debai- xo de cúpulas, onde poderíamos criar parques com árvores. Estamos a um nível mais alto de exposição à radiação, por isso haveria algum aumento do risco de cancro... Quero dizer, é muito mais difícil do que viver na terra. Mas temos de o fazer." É essa a razão para ter injectado mais 100 milhões de dólares do seu dinheiro nas Tecnologias de Exploração Espacial (Space X), a fabricante californiana de foguetões, que fundou em 2002 com a finalidade de nos levar para o espaço e, por fim, para Marte. Os custos dos lançamentos - foguetões que transportam cargas como satélites ou tripulação - começam normalmente em cerca de 25 milhões de dólares, indo até aos 85 milhões ou mais. Musk diz que consegue lançar um por 6,7 milhões, passando a solução por desenvolver foguetões que sejam, em parte, reutilizáveis. Foguetões reutilizáveis são "a diferença entre a vida se tornar interplanetária ou não". "Imagine como seriam caros os voos (terrestres) se um 747 só servisse para um único voo"...

Musk já fez algumas coisas audaciosas antes. Em 1999 fundou a empresa que viria a ser a PayPal, o sistema que permite a qualquer pessoa com um endereço de e-mail enviar dinheiro para outro e-mail, vendendo-a à eBay menos de três anos depois por 1,5 mil milhões de dólares. Ele tinha 31 anos.

Apesar de a Space X ocupar 80% dos seus dias, Musk vai à Tesla Motors duas ou três vezes por mês. Às vezes faz a viagem a partir de casa em Los Angeles no seu McLaren de F1 de um milhão de dólares, mas esta manhã veio no seu jacto privado. Hoje é dia de reunião do Conselho de Administração. No pátio da garagem nas traseiras do edifício da Tesla estão protótipos do Roadster, amarelos, vermelhos, pretos e azuis, em vários estádios de experimentação. Musk, que não tem formação formal no campo do design automóvel, apenas uma paixão por carros, tem estado profundamente envolvido no design, mudando os faróis e remodelando o chassis no último minuto. O Roadster vem com um carregador doméstico; ligado à rede eléctrica de casa o veículo recarrega em três horas e meia, tendo uma autonomia de 400 km com um custo de três dólares. Até aqui, tudo verde. No entanto, o Roadster está também concebido para bater qualquer carro desportivo alimentado a gasolina, incluindo um Ferrari ou um Porsche. Com uma velocidade máxima de 217 km/hora, acelera dos zero aos 100 em menos de quatro segundos. A sua política de emissões zero estende-se também ao ruído. Quando David Vespremi, director de Relações Públicas da Tesla, liga a ignição e conduz o Roadster vermelho para fora do pátio e para debaixo do sol californiano, não se ouve mais nada para além de um pequeno zumbido eléctrico, "uma espécie de banda sonora do Blade Runner", diz. Não há barulho de motor, porque não há motor.

Ser pioneiro dos carros desportivos eléctricos não era a ideia de Elon Musk. Esta veio de Martin Eberhard, um empresário de 47 anos de Silicon Valley que fez nome em 1998 com o Rocket eBook, um dispositivo manual usado para ler livros, e que foi co-fundador da Tesla Motors, em 2003. Eberhard e Musk vêem a Tesla Motors como sendo a Ford do séc. XXI, e já estão a trabalhar num quatro portas familiar de 49 mil dólares, com o nome de código de White Star, previsto para 2009. Seguir-se-á um quatro portas de 30 mil dólares. "Terá de ser um mercado de massas, porque essa é a única maneira de alterar realmente os valores das emissões de dióxido de carbono", diz Musk.

Elon Musk tem sido chamado "parte playboy, parte space cowboy" (parte boémio parte aventureiro), uma imagem dificilmente desmentida por uma colecção de carros que contém um Porsche 911 Turbo, um Jaguar de 1967, Série 1, um BMW Hamann M5, além do McLaren F1. E houve o jacto militar soviético L39 que vendeu depois de ter sido pai. Tem agora cinco rapazes: os gémeos com três anos, Griffin e Xavier, e os trigémeos com 11 meses, Kai, Damian e Saxon. "Não estava lá muito tranquilo com a segurança", explica ele. "Não quero que os meus filhos cresçam sem pai. O facto de ter filhos reduz definitivamente a minha vontade de fazer coisas arriscadas." Actualmente, ele é mais do género de ir do escritório directamente para casa, uma mansão com seis quartos em Bel-Air, e para a mulher, Justine Musk, de 35 anos, autora de BloodAngel, uma comédia de terror tipo Buffy, com todos os ingredientes da moda: referências à MTV, a supermodelos e a drogas recreativas. O casal conheceu-se há 16 anos na universidade.

Musk cresceu, com dois irmãos, na Pretória do apartheid, a cidade semi-rural a norte de Joanesburgo, com uma mãe dietista e modelo, fluente em seis línguas e um pai engenheiro eléctrico e mecânico. O seu lado aventureiro foi herdado provavelmente do avô materno: um canadiano que, em 1950, emigrou para África à procura da Cidade Perdida do Calaári. "Ele foi, com a minha avó, de África para a Austrália e regressou num minúsculo avião muito básico, sem aparelhos electrónicos, apenas uma bússola", conta Musk. "Foi parando pelo caminho para abastecer, mas alguns lugares apenas tinham gasóleo e outros apenas tinham gasolina, por isso ele teve de reconstruir o motor (em trânsito)." O avô conseguiu também o primeiro lugar no Rali Cidade do Cabo-Cairo, um feito ainda mais impressionante quando se sabe que guiava uma carrinha familiar.

Os pais de Musk divorciaram-se quando ele tinha nove anos e ele andou em sete escolas diferentes. Pequeno para a idade e assustadoramente brilhante, era eternamente o mais novo da classe, e atacado pelos rufias da escola. "Diria que fui menos feliz que a maioria dos miúdos", diz. "Não criei amizades." Aprendeu a esconder-se durante os intervalos, enfronhando-se no Senhor dos Anéis, em Isaac Asimov e Robert A. Heinlein. Com 12 anos fez o seu primeiro negócio: vendeu para uma revista o código de Blast Star, um jogo do género invasores espaciais que ele próprio tinha escrito, por 500 dólares.

Aos 17 anos, confrontado com o serviço militar na Força de Defesa Nacional da África do Sul, tentou convencer o pai a mudar-se para a América ou para o Canadá. "É aí que está o topo de gama de tudo", argumentou. Quando o pai recusou, candidatou-se à cidadania canadiana e financiou, ele mesmo, a mudança - em parte com a venda de acções de farmacêuticas que seguia no jornal. "O meu pai disse que não me sustentaria se me fosse embora. Penso que ele esperava que eu voltasse quando me acabasse o dinheiro." Mas não voltou. Em vez disso, financiou os dois anos que esteve na Queen's University em Kingston, Ontário, a estudar Gestão e Física, antes de ganhar uma bolsa de estudo para o mesmo curso na Universidade da Pensilvânia. "É muito desagradável viver com um dólar por dia. Saber comprar é essencial." Musk não tem visto muito o pai desde que saiu de Pretória. Só voltou à África do Sul quatro vezes - da última quase morreu com malária.

Elon Musk não completou os seus estudos. Em 1995, depois de se mudar da Pensilvânia para a Califórnia para estudar Física de Alta Energia na Universidade de Stanford, não assistiu a uma única aula, trabalhando em vez disso no Zip2, um programa de Internet que fornecia conteúdos online para as empresas de media. Não era evidente que ele fosse fazer muito dinheiro com a Internet porque, na altura, ninguém o fazia. Só não queria perder a oportunidade. Em 1999 vendeu o ZIP2 à Compaq por 307 milhões de dólares em dinheiro. A seguir, Musk fundou a X.com, que em 2000 se transformou na PayPal. Vendeu-a e enriqueceu.

"Quando era criança, na África do Sul, não me parecia que houvesse nada com muito significado na vida. Cheguei à conclusão de que aquilo que vale a pena é tentar melhorar o nosso conhecimento do mundo e conseguir ter uma melhor visão do universo e não nos preocuparmos demasiado por não existir um significado. E, sabe, tente divertir-se. Porque, na verdade, a vida é bastante boa. A sério que é."

DN, 15-9-2007
 
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