05 setembro, 2007

 

Segurança na Net


Todo o cuidado é pouco




http://www.estsp.pt/ci/id23.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Seguran%C3%A7a_da_informa%C3%A7%C3%A3o

http://www.timesnow.tv/frmVideoDialog.aspx?VName=NV2382.wmv

http://www.wildwebwoods.org/popup_langSelection.php

http://dadus.cnpd.pt/
http://www.miudossegurosna.net/
http://www.seguranet.min-edu.pt/segura/




http://linhaalerta.internetsegura.pt/

https://privnote.com/


Resolução da Assembleia da República n.º 38/2008, D.R. n.º 145, Série I de 2008-07-29
Assembleia da República
Recomenda ao Governo que promova uma campanha nacional de sensibilização e prevenção dos riscos da Internet para as crianças, no âmbito de um Sistema Nacional de Alerta e Protecção de Crianças Desaparecidas

Comments:
Empresas nacionais desprotegidas na Net

PEDRO FONSECA

Algumas empresas portuguesas fazem parte de uma lista contendo centenas de passwords de correio electrónico que envolve entidades governamentais e diplomáticas descobertas e divulgadas publicamente num site na Internet na semana passada. "Não há instituições governamentais portuguesas na lista completa", garantiu ao DN o responsável pela iniciativa, Dan Egerstad, mas "umas poucas empresas em Portugal estão, tanto pequenas como grandes".

Este consultor de segurança sueco pretendeu alertar de forma vigorosa para o desmazelo na segurança informática em instituições por onde circula informação classificada. Divulgou uma centena de passwords, principalmente de entidades governamentais ou diplomáticas, referindo ser apenas uma parte do conjunto de um milhar de contas de e- -mail a que teve acesso.

Egerstad colocou no site DEranged Security a lista com a centena de instituições, o endereço IP (de Internet Protocol) para acesso, a palavra usada para identificar o utilizador (login) e a respectiva password, alertando ser "um crime sério" usar esta informação que permite a qualquer pessoa ler correio pessoal e mesmo classificado. Mas, pelo menos, o jornal Indian Express e a Computer Sweden conseguiram validar ser possível fazê-lo. Esta revista conta que a embaixada russa na Suécia confirmou igualmente à televisão sueca que uma password divulgada era válida, tendo depois sido modificada.

Egerstad recusou-se a contactar os detentores das contas de e-mail, supondo que não o iam ouvir e por ser um enorme esforço. Salientou também ser "apenas uma questão de tempo até que alguém conseguisse a mesma informação". Nesta forma de divulgação pública, pretendia chamar a atenção mediática para o problema. Isso sucedeu com bastantes críticas na Índia mas outros países também não foram poupados.

As entidades divulgadas vão desde as embaixadas da Rússia na Suécia, do Cazaquistão na Rússia ou no Japão, o Gabinete do Dalai Lama, consulados e embaixadas do Uzbequistão em dezenas de países, ou quatro embaixadas iranianas e o próprio Ministério dos Negócios Estrangeiros deste país.

Algumas das passwords mais fáceis de descobrir estavam nos computadores da embaixada indiana na China ou nos Estados Unidos (1234 em ambas) e do Partido Liberal. Mas também numa embaixada japonesa (123456).

Os mais de 300 comentários recebidos nos dias seguintes no DEranged variavam entre o apoio à iniciativa do autor, ameaças e aqueles que consideraram tratar-se de uma forma irresponsável de alertar para um problema com esta gravidade. O consultor de segurança revelou à publicação electrónica The Register ter descoberto mais de um milhar de contas em todo o mundo, onde se encontram as tais empresas portuguesas cujo nome não divulga. Sem revelar os pormenores técnicos de como o conseguiu mas assegurando que é relativamente fácil, assume não ter sido "provavelmente o primeiro a capturar estas 'passwords' mas fui de certeza o primeiro a publicá-las".

Egerstad afirmou também à Computer Sweden que descobriu "a informação por acaso" e que não acedeu aos computadores, esperando agora que as instituições visadas "fiquem mais atentas às questões da segurança" informática. Mas no site, ele escreveu que "os milhares de mensagens classificadas que lemos, no entanto, são apenas para nosso prazer".

DN, 5-9-2007
 
157 países sem segurança na Net

PEDRO FONSECA Dan Egerstad, o responsável pela descoberta de falhas graves na gestão de passwords de embaixadas, governos e empresas (algumas portuguesas, como o DN revelou a 5 de Setembro), explicou esta semana como o conseguiu fazer e assegurou que as autoridades norte-americanas o forçaram a encerrar o site durante alguns dias.

O consultor sueco de segurança informática divulgou, no final de Agosto, uma lista com centenas de passwords de correio electrónico envolvendo entidades governamentais e diplomáticas, revelando existir uma lista mais vasta onde estavam "umas poucas empresas em Portugal".

Esta semana explicou que usou uma falha no Tor, um programa que pretende proteger as comunicações electrónicas e foi desenvolvido pelo Laboratório Naval de Investigação dos Estados Unidos e apoiado actualmente pela Electronic Frontier Foundation (EFF), organização de defesa dos direitos cívicos na Internet.

O Tor é um sistema de disseminação descentralizada de comunicações anónimas na Internet com o objectivo de evitar análise ou vigilância do tráfego nas redes informáticas. Basicamente, quem acede a um nó Tor para se ligar a um sítio Net, por exemplo, esconde o seu endereço IP (identificação de cada computador na Internet) de onde está a aceder para assumir o IP do nó Tor.

Essa capacidade de anonimato tem uma falha grave que Egerstad descobriu. Usou um chamado packet sniffer (programa de monitorização de dados que circulam numa rede informática) em cinco nós da rede Tor.

Assim, apesar dos nós Tor esconderem os endereços IP no acesso aos websites, os dados são visíveis para os detentores desses nós. Se as comunicações não forem encriptadas na origem, as mensagens e os acessos são visíveis por quem gere um nó Tor e tem intenções pouco sérias.

Ao descobrir a falha, Egerstad resolveu denunciá-la de forma mediática (o alerta chegou "pelo menos a 157 países" numa única semana), salientando que a culpa não é do programa mas de quem gere esses nós - e revela que tanto são grupos de hackers desonestos como governos quem assume essa gestão.

Ora isso é uma enorme falha de segurança que os responsáveis dos sistemas informáticos das embaixadas, governos ou empresas descuraram, colocando na mão de desconhecidos os seus segredos. "Não se pode chamar um erro, é pura estupidez", refere.

A mensagem da EFF é clara, pedindo para ajudar ao crescimento da rede Tor, acrescentando mais servidores, porque é alegadamente uma ferramenta para a segurança na Internet, seja para a navegação anónima na Net ou no envio de mensagens instantâneas. Mas explica que "não é uma boa ideia confiar na actual rede Tor, se necessita realmente de forte anonimato".

Interessadas no assunto, as autoridades oficiais norte-americanas conseguiram desligar o site da DEranged Security durante alguns dias. Egerstad mostrou-se depois frustrado por se tentar eliminar o mensageiro sem prestar grande atenção à obra que ele tinha desenvolvido. Assegurando ter enviado alguns e-mails de alerta com reduzidas respostas, lembrou que a informação a que teve acesso poderia valer muito dinheiro se fosse entregue "às mãos certas" e que não tinha ganho nada excepto problemas.

15-9-2007
 
PJ: Filhos podem ser «caçados» por predadores sexuais na Net

O inspector da Polícia Judiciária (PJ) Camilo Oliveira alertou os pais para a necessidade de supervisionarem os filhos quando estão na Internet, onde facilmente podem ser «caçados» por um predador sexual e cometerem crimes.

Camilo Oliveira, inspector-chefe da PJ de Coimbra, esteve hoje em Viseu a falar a alunos de escolas básicas 2/3 e secundárias do distrito sobre os riscos da Internet, nomeadamente no que respeita à criminalidade sexual, que disse estar a aumentar a um ritmo «cada vez maior».

«Quase diariamente casos deste tipo chegam ao conhecimento da Polícia, com tendência para aumentar», afirmou aos jornalistas no final do seminário, explicando que alguns predadores sexuais actuam apenas na Internet, pedindo fotografias pornográficas, mas noutros casos há uma evolução para um encontro real, onde ocorrem abusos sexuais.

Durante o seminário, foi exibido um filme onde uma espécie de anjo da guarda mostrou a um jovem que a sua amiga da Internet, que ele imaginava ruiva e de olhos azuis e com quem se preparava para marcar um encontro, podia, afinal, ser um homem mal intencionado.

Na opinião do inspector, os pais devem fazer esse papel de anjos da guarda, apesar de pertencerem à «era analógica» e terem dificuldades em entender a «geração digital», questionando os filhos constantemente sobre o que fazem quando estão em frente ao computador.

Camilo Oliveira afirmou que muitos dos pais «não conhecem o mundo da Internet, não sabem o que as crianças andam a fazer, compram o computador inicialmente por pressão dos próprios filhos, numa lógica de que isso é importante para os estudos, quando mais de 80 por cento do tempo as crianças que utilizam a net não é para estudos, é para entretenimento».

«Eles (os pais) não dominam, nem conhecem, as ferramentas que as crianças usam», afirmou, acrescentando que «a juntar a este quadro já de si de descontrolo» ainda há o facto de as crianças terem habitualmente os computadores nos quartos.

O inspector da PJ frisou que a Internet veio alterar a ideia de que «quando as crianças estão em casa estão seguras», avisando que «estão lá de facto fisicamente no quarto, mas virtualmente podem estar em qualquer lugar e em contacto com este tipo de indivíduos».

«O número de 'caça' é de tal ordem que o difícil é não 'caçarem', porque vocês são milhares em Portugal e milhões no Mundo», disse aos jovens.

Camilo Oliveira deu o exemplo de duas meninas inglesas que foram molestadas e assassinadas, depois de o predador ter conhecido uma delas num «chat» (site de conversação on-line).

Ainda que não tenha tido conhecimento de homicídios, o inspector sublinhou que tem de haver «consciência de que é uma possibilidade forte», porque se há crianças que desaparecem de casa, vão ter com quem conheceram na Internet e depois regressam, há outras que não.

«Há outras crianças que desaparecem. E o normal de um abusador a seguir a um abuso sexual de uma criança é a sua eliminação. Esse cenário é muito provável e é real. Em casos que se vem a ver que as crianças passavam muito tempo na Internet», referiu.

Na sua opinião, deve haver um processo educacional, até porque muitas vezes são as próprias crianças que cometem os crimes, dando como exemplo o caso de alunos que, com recurso do telemóvel, fotografam ou filmam na escolas colegas «nos momentos mais quentes» e depois divulgam as imagens na Internet.

«O problema é que estas ferramentas, quando mal utilizadas, têm efeitos que não existiam no passado. É diferente eu ver qualquer coisa e contar o que vi ou eu fotografar e filmar essa cena e depois meter no Youtube», frisou.

Diário Digital / Lusa, 09-01-2008
 
Cibercrime sem punição

LICÍNIO LIMA

Portugal continua fora da convenção europeia
Portugal continua sem ratificar a Convenção do Conselho da Europa sobre cibercriminalidade, um instrumento considerado fundamental para controlar os conteúdos da Internet considerados nocivos para as pessoas e instituições e que ajudaria a punir produtores de sites do género do Orkut, o que influenciou o jovem de Aveiro a automutilar-se.

Assinada em 2001 por 36 países, incluindo Portugal, mas ratificada penas por oito, todos de Leste, a Convenção do cibercrime foi o primeiro tratado internacional surgido com o intuito de facilitar a adopção de medidas transversais de combate aos ataques via Internet, promovendo um reforço da legislação nesta área, com capacidade para ir além da legislação nacional.

Para Manuel Lopes da Rocha, especialista em direito informático, o diploma estabelece metas essenciais para o combate ao cibercrime, pelo que defende a sua inclusão no direito interno português. "Não há notícia que um juiz tenha mandado encerrar compulsivamente um site por causa dos conteúdos", lembrou.

Isto porque, explica, em Portugal as leis não são claras. "É necessário definir bem a legislação e treinar polícias, magistrados do Ministério Público e juízes para a possibilidade de mandarem encerrar um site, aqui ou no estrangeiro. "Não tenho conhecimento que, em Portugal, uma autoridade judiciária tenha entrado na Anacom (entidade que regula o ciberespaço nacional) para mandar bloquear um site", disse o advogado ao DN. No entanto, sabe-se que tal prática é normal em países como o Brasil, a França ou os Estados Unidos.

Fonte da Polícia Judiciária (PJ) contactada pelo DN considera a Internet uma "bagunça", frisando que ninguém é responsabilizado pelos conteúdos que divulga. "Dizem que não têm culpa que lá tenham posto aquilo", disse. O "caos", adiantou, resulta da fraca legislação que impossibilita reprimir a divulgação online de conteúdos nocivos para as pessoas, especialmente para as crianças.

Para Manuel Lopes Rocha, a Lei do Comércio Electrónico não é suficiente para combater o cibercrime, e nem sequer funciona, frisou. "Seria fundamental que Portugal ratificasse a Convenção para reforçar a sua legislação interna", sublinhou.

Também o Conselho da Europa tem feito vários apelos nesse sentido. O pedido aos governos parte da constatação de que empresas e indivíduos estão cada vez mais vulneráveis a ataques via Internet realizados com o propósito de roubar dinheiro, dados pessoais ou informação nociva. Por outro lado, não há registo de queixas sobre sites que levem a atitudes como a que afectou o jovem de Aveiro, disse a fonte da PJ.

DN, 22-11-2007
 
Jogo alerta crianças para abusos

O Conselho da Europa lançou esta terça-feira um jogo on-line destinado a educar crianças, com idades entre os sete e os dez anos, sobre os riscos de sofrer abusos na Internet.
O jogo, denominado Wild Web Woods (“Pelo Bosque”, em português), foi traduzido para 13 línguas e pode ser jogado em www.wildwebwoods.org.
“As crianças precisam aprender a reconhecer e a reagir responsavelmente a situações potencialmente perigosas, que
podem levar ao aliciamento e abuso sexual”, pode ler-se numa nota oficial.
A página inicial do jogo alerta que, “além de vantagens, a
Internet também comporta potenciais riscos para as crianças,
já que uma parte de seu conteúdo é ilegal ou pode atentar contra os direitos e a dignidade humana”.
O jogo, baseado em contos populares, foi feito no âmbito do
programa “Building a Europe for and with Children” e contém
conselhos práticos para que pais e professores orientem as crianças sobre os cuidados que devem ter no uso da rede mundial.
O objectivo de cada partida é chegar à “E-Cidade”, mas para
isso o jogador deve evitar os perigos que aparecem no “Bosque” com a ajuda das moedas da “Informação”,
“Privacidade”, “Segurança” e “Consciência”.
“O caminho até à cidade encantada apresenta às crianças regras básicas de segurança na Internet, além de noções de direitos humanos e respeito pelos demais”, explica um comunicado do Conselho da Europa.
Esta instituição pretende ainda incluir no jogo conceitos sobre direitos da infância, democracia e justiça.

RRP1, 19-2-2008
 
Dadus ensina aos jovens os riscos da Internet

MARIA JOÃO CAETANO

Se responderes a um inquérito na rua, dás o teu número de telemóvel? Quanto te pedem o telemóvel de um amigo, tu dás sem falar primeiro com ele? E a morada? E o e-mail? Estas são algumas das perguntas que Dadus (diminutivo de Eduardo) coloca a todos os que visitem o seu blogue (em www. dadus.blogs.sapo.pt). Dadus é o rosto da campanha promovida pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) e que visa, precisamente, alertar crianças e jovens para os riscos que correm quando divulgam os seus dados pessoais a estranhos, em qualquer circunstância, mas sobretudo através da Internet.

"Os jovens de hoje vivem na era do Big Brother e do Hi5, mas desconhecem os reais perigos que há na utilização das novas tecnologias", explicou à Lusa Isabel Cruz, secretária--geral da CNPD. "Por isso, decidimos fazer algo para que eles tivessem consciência desses riscos, para que tivessem autodeterminação."

Desenvolvido pelo jornalista e escritor António Costa Santos e por uma equipa da CNPD, o Projecto Dadus destina-se às crianças e jovens, mas também aos professores. Para os mais novos existe o Dadus, um menino que foi concebido com o cuidado de não ser identificado com nenhuma tribo juvenil, para não afastar as outras. Para os professores, foi produzido o "Guia de Protecção de Dados" - manual a ser aplicado nas escolas do 2.º e 3. º ciclos e que aborda temas como as redes sociais na Internet, a utilização de correio electrónico, o universo dos telemóveis ou a videovigilância.

"Dados pessoais são todas as informações que possam ser relacionadas com o teu nome", explica Dadus no seu blogue. Por exemplo, dizer que se é fã de Shakira, em que escola se anda, quantos anos se tem.

"O fornecimento de dados pessoais é um factor de risco, mas há estudos que demonstram que o contacto com estranhos, falando de sexo ou assediando e agredindo outros, representam um risco maior. O perigo não está tanto naquilo que se revela mas nos comportamentos e nos conteúdos das conversas dos jovens", alerta Tito de Morais, criador do projecto MiudosSegurosNa.Net, que está habituado a dar palestras a jovens, pais, professores. "Se eu perguntar aos miúdos do 2.º ciclo quem é que lá em casa percebe mais de computadores, eles respondem que são os pais. Mas no 3.º ciclo já dizem que são eles, já não ouvem os pais", diz. Daí a importância de agir cedo, para ensinar os mais novos a aproveitar o melhor que as tecnologias têm, mas a fazerem-no em segurança. É por isso que, apesar de elogiar a iniciativa da CNPD, Tito de Morais afirma: "Não basta ensinar os nossos filhos que não podem dar os seus dados pessoais. Até porque, às vezes, esses dados são revelados por amigos. É preciso fazer muito mais."

DN, 28-1-2008
 
Fraudes na Net apanham cada vez mais pessoas

CARLA AGUIAR

Propostas de trabalho ou vendas de carro podem ser perigosas
A expansão das fraudes através da Internet, com propostas de emprego ou de artigos para vender, levou a Direcção-Geral do Consumidor a eleger esta como a semana de prevenção da fraude na Net. O objectivo, tal como explicou ao DN a subdirectora Mónica Andrade, é evitar burlas, como aquela em que caiu José (nome fictício), quando se apaixonou por um carro fantástico e baratinho que viu na Net. Ou impedir o engodo que atraiu Maria, aliciada para complementar os seus rendimentos, trabalhando a partir de sua casa. Ou proteger os que vão atrás dos prémios chorudos de lotarias internacionais.

Estes casos representam queixas reais chegadas à Direcção-Geral do Consumidor. Numa situação, um homem encontrou o carro dos seus sonhos publicitado na Internet por apenas 9950 euros, com a vantagem de não ter de pagar antecipadamente e de contar com sete dias para anular o negócio. Para credibilizar a rara oferta, o suposto vendedor contava que se havia mudado para o Reino Unido, tendo, por isso, necessidade de vender o carro, uma vez que não queria legalizá-lo lá. A entrega era prometida num prazo de 48 a 72 horas. Mas feito o pagamento, o comprador não só nunca recebeu o carro como, pior do que isso, nunca mais viu o dinheiro.

Nestes casos, a Direcção-Geral do Consumidor recomenda que há que certificar-se de que o vendedor está devidamente identificado, nunca se devendo comprar nada se o endereço for um apartado ou um endereço electrónico. Por outro lado, antes de transmitir os dados pessoais ou bancários deve certificar-se de que a informação é transmitida de uma forma segura, por exemplo, se o sítio electrónico é um http ou tem um ícone de cadeado. Por fim, nada como seguir o instinto : se lhe parecer bom demais para ser verdade então, provavelmente, é mesmo assim.

Outros casos - dos mais expressivos nas queixas chegadas à DGC -, são os relativos às propostas de trabalho para complementar os rendimentos, a partir de casa. Estas propostas tanto chegam por e-mail, como por anúncios de jornal ou panfletos deixados nos pára-brisas dos carros. Foi por e-mail que Maria, à procura de um rendimento extra para o seu orçamento familiar, foi confrontada com a pergunta sacramental: "Gostaria de ganhar mais 700 euros por semana na tranquilidade da sua casa colando selos em envelopes e dobrando circulares para serem colocadas em envelopes?"

Depois de responder afirmativamente, Maria recebeu rapidamente um cupão de inscrição em que lhe foram solicitados os seus dados pessoais e remeteu a quantia que lhe foi pedida "para efeitos de encomenda do material necessário para realizar o trabalho". Quando o material chegou, Maria verificou que se tratava de um conjunto de fotocópias descrevendo como veicular mensagens idênticas a solicitar dinheiro para o material de trabalho e esperar que outros como ela respondessem, enviando dinheiro, desta vez para si.

DN, 26-3-2008
 
Campanha previne perigos na Net

PATRÍCIA JESUS

Segurança na Internet. CDS leva tema à Assembleia

André, de 17 anos, combinou um encontrou com uma rapariga que conheceu na Internet. O nome é fictício mas a situação é comum. Mas este jovem acabou por ser surpreendido: o encontro era afinal com um homem que o agrediu sexualmente. A vergonha fez com que não contasse nem aos pais nem às autoridades, denunciando o caso apenas numa linha anónima. A situação é relatada por Tito de Morais, fundador do Projecto MiudosSegurosNa.Net. Este é um dos casos mais graves que conhece mas há muitos outros riscos para crianças e adolescentes na Internet: conteúdos impróprios, contactos perigosos, comércio enganoso.

Também o deputado centrista Nuno Magalhães entende "que a utilização da Internet, apesar de ser essencial para a formação da criança, comporta riscos que não devem ser menosprezados". "Riscos que muitas vezes são silenciosos porque a utilização é feita na privacidade do quarto, num ambiente íntimo que pode ser aproveitado por pessoas com más intenções". Assim, juntamente com o projecto de lei para impedir que pessoas com crimes contra menores no cadastro possam adoptar crianças - que será discutido hoje na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias - o CDS-PP apresentou uma projecto para que o Governo desenvolva uma campanha de sensibilização e prevenção dos riscos da Internet para a criança. Uma das medidas defendida é a criação de uma linha para denúncias anónimas.

Tito de Morais considera que campanhas de sensibilização são sempre importantes, mas lembra que já existe uma linha para denúncias (a Linha Alerta) e que faria mais sentido alargar o seu âmbito. Lembra ainda que em Inglaterra, a Microsoft colocou um botão no popular Messenger, um programa de troca de mensagens, que permite aos utilizadores denunciar situações de abuso com apenas com um clique.

DN, 9-7-2008
 
Perder controlo sobre informação divulgada é um dos riscos da Net

PATRÍCIA JESUS

Como proteger as crianças

Inscreva-se no hi5, utilize o Messenger, saiba do que está a falar. São estes os principais conselhos de Tito de Morais, fundador do site MiudosSegurosNa.Net, para os pais que estão preocupados com o que os filhos fazem no computador. "Não temos credibilidade se eles percebem que não sabemos do que estamos a falar. E os miúdos percebem rapidamente", avisa.

"Não adianta remar contra a maré", diz este pai de dois rapazes. É que se as novas tecnologias ainda assustam alguns pais, para a maior parte dos jovens, e até das crianças, são uma parte indispensável do seu quotidiano. Não adianta proibir. Tomar consciência dos riscos para perceber como os prevenir ou minimizar é a atitude recomendada por este especialista em segurança na internet.

No hi5, a rede social com mais membros em Portugal, o utilizador inscreve-se e cria um perfil. Depois junta--se aos amigos que já estão inscritos. O conhecimento de procedimentos tão básicos como este é essencial para os pais poderem aconselhar os filhos, explica: "Muitos pais têm medo, mas a generalidade não usa essas redes, não sabe como funcionam." E é útil saber que, na maior parte das redes, os perfis podem ser públicos ou privados e que a informação que se divulga pode ir da data de nascimento aos filmes favoritos. É o utilizador que escolhe o que quer que os outros saibam, e por isso, diz este pai atento, é preciso ensinar o que é adequado contar. "Costumo usar a imagem da pirâmide de confiança: no topo estão as poucas pessoas que conhecemos bem, como os pais, a quem podemos contar tudo, e na base está muita gente, mas com esses temos de ter mais cuidado".

Algumas redes já permitem dividir os contactos por categorias diferentes, o que, para Tito de Morais "é positivo, porque permite separar entre as pessoas que conhecemos pessoalmente e as que nunca vimos, por exemplo".

Para a posteridade

Por outro lado, é muito importante os pais conseguirem sensibilizar os filhos para a importância de salvaguardar os dados pessoais. "É preciso explicar- -lhes que aquilo que colocam na internet fica lá para a posteridade, e nisso o caso Carolina Michaëlis é emblemático -antes que se apercebam, uma foto ou um vídeo é copiado e já há mil versões disponibilizadas noutros locais". Além disso, "as fotos podem ser copiadas e colocadas em contextos completamente diferentes".

Mas Tito de Morais deixa um aviso: "Não adianta dizer 'não fales com estranhos' ou 'não coloques fotografias', porque eles vão fazê-lo. O que é preciso é alertá-los para as consequências das suas acções". Até porque é impossível controlar completamente a utilização da internet, diz. "A partir de uma certa idade é fácil darem a volta aos filtros para não acederem a determinados conteúdos e se não puderem ver em casa, vão fazê-lo na escola", defende. Ou em casa de amigos ou num cibercafé. "Quando uma criança vai a um parque infantil, os pais não a deixam ir sozinha e é isso que se deve fazer na internet, acompanhar. Claro que eles vão crescendo e ganhando autonomia, é inevitável", conclui.

DN, 14-7-2008
 
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