10 outubro, 2007

 

10 de Outubro


Dia mundial da saúde mental




http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Mundial_da_Sa%C3%BAde_Mental

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_mental

http://www.saude-mental.net/

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2,5 milhões de portugueses deprimidos

ELSA COSTA E SILVA

Tratamento das situações requer medicação
Um quarto da população portuguesa sofre de depressão. Contas redondas, são mais de 2,5 milhões de pessoas. A prevalência da doença tem vindo a aumentar no País e, diz Adriano Vaz Serra, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), continua a haver falhas do Sistema Nacional de Saúde na detecção precoce dos casos. Além disso, explicou ontem este especialista, no dia em que se assinalou o Dia Mundial da Saúde Mental, os tratamentos ainda são feitos de forma muito lenta.

O aumento de problemas de depressão não são exclusivos de Portugal. Em todo o mundo ocidental têm vindo a aumentar os casos deste distúrbio mental e em vários outros países - como o Brasil, onde a doença é um dos fardos mais importante na população - "as taxas de pessoas afectadas são superiores às que temos para Portugal", explica ainda Adriano Vaz Serra.

Grandes oscilações sociais - "há, por exemplo, 170 milhões de pessoas no mundo a viver fora do seu país", exemplifica - e difíceis condições de vida podem justificar o aumento de casos. Mas a maior longevidade das populações também tem culpa. "As pessoas vivem mais, o que significa mais casos da doença e maior número de crises durante o tempo de vida", adianta o presidente da SPPSM.

As consequências da doença são já conhecidas: a depressão "é altamente incapacitante" e as pessoas afectadas vêem-se "comprometidas na execução da sua vida normal a todos os níveis, desde pessoal a profissional, passando igualmente pelos relacionamentos familiares". Por outro lado, esta é ainda uma patologia que se prolonga no tempo, havendo quem permaneça três anos com depressão, por não se submeter a tratamento. Em famílias onde há muitos casos ou em situações pessoais de grande reincidência, as crises tendem a aumentar de gravidade e duração e os intervalos entre as manifestações da doença a diminuir.

E quadro clínico destes casos, alerta o presidente da SPPSM, não se resume a um simples estado de alma ou mera tristeza, mas sim de uma condição psiquiátrica que precisa de apoio médico e medicação. "Não é apenas estar triste e as pessoas não recuperam por si próprias", reforça. Apesar de acreditar que continuam a haver situações que passam desapercebidas, o especialista considera que "as pessoas estão hoje mais alertas para os sintomas desta doença e por isso as depressões são muito mais diagnosticadas".

Ainda assim, continua a haver falhas por parte do Sistema Nacional de Saúde, sobretudo na rede de cuidados primários, à qual compete - defende este responsável - a detecção das situações de depressão numa primeira fase. Diagnósticos tardios e tratamentos lentos são algumas lacunas de acompanhamento médico a que os doentes podem estar sujeitos.

Por tudo isto, conclui Adriano Vaz Serra, é necessária uma intervenção precoce e eficaz, porque uma das consequências da doença não diagnosticada ou mal tratada é o aparecimento ou intensificação de ideias de suicídio, motivadas pelo "desespero" em que muitos doentes se vêem. "É que cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos no mundo. E os distúrbios mentais são uma das principais causas."

DN, 11-10-2007
 
"Doentes psiquiátricos não devem estar à parte"

MARIA JOÃO CAETANO

Caldas de Almeida, COM.
REESTRUTURAMENTO DE SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL

A integração dos serviços de psiquiatria nos hospitais gerais é um dos temas em debate no III Congresso Nacional de Psiquiatria [a decorrer até sexta-feira]. Este é um tema ainda polémico?

É há muito consensual que o tratamento dos doentes psiquiátricos deve ser feito em hospitais gerais, e isto foi provado por diversos estudos.

Quais as vantagens dessa integração?

Antes de mais, para tratar os doentes psiquiátricos são necessárias uma série de valências técnicas e científicas que existem nos hospitais gerais e que se resolvem facilmente através da colaboração entre serviços. Além disso, esta é a melhor forma de combater o estigma. Não há razão para os doentes psiquiátricos serem tratados separadamente e, em alguns países, isso é até proibido. Em Portugal, neste momento, a maior parte dos doentes já são assistidos nos hospitais gerais.

Que balanço pode ser feito dessa integração?

O principal problema não é a integração mas o modo como ela foi feita, sem qualquer planeamento. Os serviços de psiquiatria têm todas as competências médicas mas, tirando algumas excepções, não estão preparados em termos de gestão e autonomia para responder aos problemas da comunidade. Porque os hospitais não são só responsáveis pelos doentes que estão internados mas por toda uma área geográfica.

Há estudos que provam a dificuldade em diagnosticar as doenças mentais. Porque é que isto acontece?

Em todo o mundo há uma parte da população com doença psiquiátrica que continua sem diagnóstico. Isto acontece quase sempre por falta de preparação dos médicos. Não se pode esperar que os clínicos gerais possam responder a tudo, por isso é tão importante haver serviços psiquiátricos que estejam implantados na comunidade e que trabalhem quase ombro a ombro com os outros técnicos junto das famílias. Este é um trabalho que só pode ser feito em conjunto e que exige proximidade física, nomeadamente com os serviços primários.

Isso exige também uma mudança de atitude por parte das famílias...

As famílias que têm doentes psiquiátricos têm problemas muito graves e precisam de apoio, até porque a atitude e a colaboração das famílias são importantes na recuperação do doente. Queremos evitar que as famílias depositem os doentes nas instituições, que os abandonem. No caso de não haver uma rede familiar terão de ser encontradas outras soluções, por exemplo, estruturas residenciais que permitam, dentro do possível, a integração dos doentes na comunidade, para que, por exemplo, continuem a trabalhar.

DN, 14-11-2007
 
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