16 outubro, 2007

 

16 de Outubro


Dia mundial da alimentação



http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Mundial_da_Alimenta%C3%A7%C3%A3o

http://pt.wikipedia.org/wiki/Alimenta%C3%A7%C3%A3o

http://www.spcna.pt/

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Dia Mundial assinalado hoje

"O Direito à Alimentação" é o
lema da ONU para o
Dia Mundial da Alimentação,
que hoje se assinala.
O dado de que 854
milhões de crianças,
homens e mulheres
se deitam, diariamente, com o estômago vazio prova quanto
está distante de ser conseguido um dos Objectivos do Milénio,
acordados ao nível das Nações Unidas pelos países desenvolvidos.
O objectivo consistia em reduzir para metade, face
a 1992 e até 2015, o número de pessoas que, no mundo, são
afectadas pela fome.
Na sua mensagem para esta data, o Secretário-geral das
Nações Unidas, Ban Ki-Moon, lembra que a alimentação é
“um direito humano fundamental" e que o progresso tem sido
"lento".
Actualmente, cerca de 14% da população mundial sofre de
fome ou insegurança alimentar, o termo usado pela FAO, a
Agência da ONU para a Alimentação e Agricultura, para
caracterizar a falta de acesso a alimentos suficientes para a
vida, a subsistência e a saúde.
Em cada dia que passa, cerca de 16 mil crianças com menos
de cinco anos morrem por fome ou problemas a esta associados
e, no entanto, a agricultura está a produzir 17% mais de
calorias por pessoa, por comparação ao que produzia há três
décadas.
A FAO reúne-se hoje em Roma em assembleia plenária, para
discutir o problema da fome.
Papa lembra as crianças
O Papa Bento XVI assinala este Dia Mundial da Alimentação
com um olhar especial sobre as crianças, defendendo o
“direito de todos os seres humanos à alimentação”.
Numa mensagem enviada ao director-geral da FAO, o Papa
lamenta que os esforços levados a cabo em todo o mundo não
tenham permitido diminuir “significativamente” o número de
pessoas atingidas pela fome.
A mensagem enviada a Jacques Diouf faz uma referência
especial à situação das crianças, “primeiras vítimas desta
tragédia que sofrem pela falta de desenvolvimento físico e
psíquico”.
Na celebração do Dia Mundial da Alimentação, dedicado este
ano ao tema “O Direito à Alimentação", Bento XVI aproveita
para ligar o drama da fome ao respeito pelos Direitos Humanos,
frisando que os dados disponíveis mostram que a falta de
alimentos não está ligada apenas a causas naturais, “mas
sobretudo a comportamentos humanos e a uma deterioração
geral de tipo social, económica e humana”.
Segundo o Papa, “é necessária uma consciência de solidariedade
que considere a alimentação como um direito universal,
sem distinções nem discriminações”.

RRP1, 16-10-2007
 
MEIAS VERDADES À NOSSA MESA

ELSA COSTA E SILVA

Preocupação com o corpo cria novos mitos
Quem come muito queijo é um esquecido e as cenouras fazem os olhos bonitos. Não faltam ditados e ditos populares à volta da nossa alimentação, mas uma grande parte não passa de mitos, como a relação do queijo com a memória. Com a preocupação crescente na sociedade portuguesa relativamente ao peso, mais "mentiras" alimentares se espalham, entram nos hábitos diários e chegam aos consultórios dos nutricionistas. A receita, contudo, para quem quer aliar a comida a uma vida saudável é simples: respeitar o princípio do equilíbrio entre o consumo e o dispêndio de energia, aplicar o princípio da variedade e seguir as proporções recomendadas pela Roda dos Alimentos.

O exemplo vem do mundo dos vegetais e da fruta: a cor variada que apresentam resulta em diferentes propriedades nutricionais. Por isso, aconselha Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, há que dar cor e variar nos tons que damos aos nossos pratos. A cenoura, por exemplo, tem, de facto, uma relação indirecta com a visão: é rica em betocaroteno, um nutriente que lhe dá cor e é transformado no nosso organismo em vitamina A, o que é importante para a nossa visão.

Importante também é, obviamente, combinar a alimentação com exercício físico e ir distribuindo o consumo alimentar ao longo dia. "Cada pessoa deve fazer cinco a seis refeições", adianta Alexandra Bento, e respeitar o equilíbrio entre hidratos de carbono, proteínas e gorduras que é proposto pela Roda dos Alimentos. Saltar refeições não emagrece, explica ainda a nutricionista, já que o corpo entra em insuficiência e vai pedir muito mais comida da próxima vez, levando a exageros.

E, para os indivíduos saudáveis, "não há proibições", nem mesmo de doces. Desde que sejam reservados aos dias festivos. "Há alimentos que devemos consumir apenas de quando em vez e que não devem estar presentes todos os dias." A água deve ser a bebida de eleição e o álcool não deve ser consumido numa base diária e sempre com "tremenda moderação". Ou seja, os homens podem beber até dois copos de vinho por dia e as mulheres, um. Os refrigerantes devem igualmente ser evitados, porque pouco mais são que água com corantes e açúcar. Os sumos são "bebidas saudáveis".

Ainda no campo das bebidas, Alexandra Bento deixa outra recomendação. As gaseificadas não engordam, mas aceleram o esvaziamento gástrico. Um atributo também das bebidas alcoólicas digestivas, tomadas no fim de refeições fartas. "O que não é interessante que aconteça, porque o objectivo da digestão - transformar os alimentos em nutrientes - não é atingido e "a parte intestinal é comprometida".

DN, 29-1-2008
 
Preços dos alimentos estão a causar conflitos

LUÍS NAVES

Vários países mergulham no caos devido a protestos

Violentos motins causados pelo aumento dos preços dos alimentos estão a provocar o caos no Haiti. Os tumultos já duram há uma semana e provocaram até agora pelo menos 5 mortos e 40 feridos. A situação agravou-se ontem, quando manifestantes tentaram atacar o palácio presidencial, em Port-au-Prince. Forças da ONU dispararam balas de borracha para dispersar a multidão e o Brasil, que comanda a missão das Nações Unidas, já enviou comida de emergência.

O Haiti é apenas um dos países afectados por um problema que se agrava em cada dia que passa: o aumento mundial dos preços dos alimentos, fenómeno complexo que ameaça a estabilidade de regiões pobres e centenas de milhões de vidas.

Os preços mundiais estão a aumentar há três anos. Só o custo do trigo, por exemplo, subiu 181% em 36 meses. As razões são diversas, mas estão sobretudo relacionadas com mudanças no consumo e com o petróleo caro. O aumento do preço da energia torna os fertilizantes mais dispendiosos e o transporte mais caro. Também estimula a produção de biocombustíveis (por exemplo, à base de milho, girassol ou soja), que por sua vez, desequilibram a oferta de rações para animais.

A isto somam-se alterações climáticas, que não têm impacto nas produções mundiais, mas podem ser catastróficas a nível regional.

Ontem, em Nova Deli, Jacques Diouf, o director-geral da FAO (a agência da ONU para a alimentação) fez um novo alerta para o problema do aumento dos preços e os respectivos efeitos na alimentação dos mais pobres. "Os preços subiram 45% nos últimos nove meses e há uma séria falta de arroz, trigo e milho", disse Diouf.

As organizações internacionais, como a FAO ou o Banco Mundial, têm alertado para a questão. Além do Haiti, já houve incidentes no Egipto (anteontem morreu um jovem durante uma manifestação provocada pelos preços elevados da comida), na Costa do Marfim, Camarões, Bolívia, México ou Iémen, entre muitos outros.

A crise alimentar atinge 36 países, segundo a FAO, não apenas pelo aumento dos preços dos alimentos, mas por efeitos regionais, tais como secas, inundações, conflitos políticos ou dificuldades de pós-conflitos. A Suazilândia ou o Lesotho, por exemplo, estão em seca há vários anos. O Zimbabwe mergulhou em profunda crise política. A respectiva situação alimentar é de "faltas excepcionais" de alimentos.

Na Ásia, a situação mais grave é no Iraque, onde há milhões de deslocados, mas também no Afeganistão ou na Coreia do Norte. A insegurança alimentar (situação menos séria do que a anterior) afecta países muito populosos, tais como República Democrática do Congo, Quénia, Etiópia, Paquistão, Indonésia ou ainda Bolívia, entre outros.

A população mundial aumenta entre 50 milhões e 70 milhões de pessoas em cada ano. Isto está a provocar uma forte pressão sobre a terra arável disponível. Enquanto os países mais ricos, como os da União Europeia ou os Estados Unidos, estão há duas décadas a reduzir os espaços agrícolas; outros, como China, Índia ou Brasil tendem a aumentar as terras aráveis, causando maior erosão dos solos.

O enriquecimento de alguns países também tem impacto. Em 1980, o consumo per capita de carne, na China, era de 20 quilos; agora é de 50 quilos. Mas, nos países mais pobres do mundo, um quarto da população gasta 70% a 80% do seu rendimento em comida. São estes países que mais sofrem com a inflação internacional.

Um dos Objectivos do Milénio, proclamados pela ONU com meta até 2015, era o de erradicar a pobreza extrema e a fome. As razões para o aumentos extraordinário dos preços dos alimentos não vão desaparecer tão cedo e o objectivo parece comprometido. As grandes fomes do passado foram provocadas por conflitos ou falhanços catastróficos de colheitas. A actual situação de subida muito rápida e acentuada de preços mundiais é inédita, dada a extensão do comércio internacional. As consequências são uma incógnita.

DN, 10-4-2008
 
Subida dos alimentos terá "consequências terríveis"

ANTÓNIO PEREZ METELO

Apelo à intervenção nos mercados para travar escalada dos preços
O tema da fome voltou a estar presente nos debates da reunião de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington. No fim dos trabalhos, Dominique Strauss-Kahn, director-geral da organização, alertou para as "consequências terríveis" do aumento continuado dos preços dos alimentos e dos combustíveis. O ex-ministro socialista das Finanças chamou a atenção para as consequências da onda altista dos preços em países como o Haiti, o Egipto ou as Filipinas, nos quais já se verificaram graves distúrbios sociais com mortes e grande número de feridos. A Tailândia já anunciou o embargo às tradicionais exportações de arroz para tentar baixar os preços no seu mercado interno. "Centenas de milhares de pessoas morrerão à fome e crianças, sobretudo em África, sofrerão de subnutrição", com graves consequências para o resto das suas vidas. Além do mais, a escalada de preços, acrescentou Strauss-Kahn, " levará a desequilíbrios comerciais, que afectam igualmente os países desenvolvidos".

A ministra alemã para o Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, considerou ser inaceitável que a exportação de agrocombustíveis se tenha tornado uma ameaça ao abastecimento alimentar dos pobres. "O mundo necessita harmonizar os objectivos de mitigar as alterações climáticas, com a segurança alimentar e o desenvolvimento social," afirmou.

A reunião do FMI concluiu-se com a visão consensual sobre a dimensão e as perspectivas futuras da actual crise financeira, ligada aos sectores da habitação e do crédito hipotecário dos EUA. Os 185 países membros da organização admitem que, desde a anterior reunião do Outono, " o crescimento económico mundial abrandou e as perspectivas de crescimento para 2008 e 2009 se deterioraram". Na quarta-feira, o FMI tinha publicado uma previsão, logo considerada excessivamente pessimista pela generalidade das instituições económicas internacionais, na qual o produto mundial passaria de uma expansão próxima dos 5%, em 2007, para os 3,7%, em 2008, e os 3%, em 2009.

O Comité Monetário e Financeiro Internacional (CMFI), em nome da organização, constata que "os desafios que a economia mundial tem de defrontar são de natureza global, exigindo acções determinadas e uma estreita cooperação entre os membros" do FMI. O director-geral defendeu o relançamento da organização que dirige, já que "não há outra que esteja em melhores condições de trabalhar sobre as conexões entre o sector financeiro e a economia real".

A gravidade da crise actual deve ter contribuído também para que os países membros do FMI tenham desbloqueado a sua reforma interna de representação e direitos de voto, que se arrastava há anos.

DN, 14-4-2008
 
Nutricionistas aconselham regresso à dieta mediterrânica

PATRÍCIA JESUS

Uma alimentação variada, equilibrada, que aposta em produtos de qualidade, consumidos na época certa e em refeições tomadas com vagar. Estes são alguns dos traços gerais da dieta mediterrânica, que não é mais do que uma herança do tempo dos nossos avós, um legado que importa recuperar, a bem da saúde: os alimentos-chave desta dieta ajudam a proteger o coração, a prevenir a diabetes e a obesidade.

"Pode pensar-se na dieta mediterrânica como um mito, no sentido em que está bem longe da realidade actual", reconhece a presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN), Alexandra Bento, mas "baseia-se num conjunto de conceitos que em termos de saúde são muito bons", diz.

Milénios de história

A dieta mediterrânica surgiu há muitos séculos, resultado da geografia, do clima, da flora e da fauna típica da região. Apesar de Portugal não ser banhado pelo Mediterrâneo, partilha muitos destes traços e a alimentação tradicional tem as mesmas características. Por outro lado, as trocas comerciais e culturais entre os povos de ambas as margens ajudaram a difundir por toda a bacia as culturas e os hábitos alimentares, como o uso do azeite, o consumo abundante de cereais, legumes e frutas e a presença de vinho tinto a acompanhar as refeições. Já a "carne, sobretudo a vermelha, e os doces eram praticamente inexistentes, só eram consumidos em ocasiões de festa", acrescenta a nutricionista.

"É fácil ver como nos afastámos desta dieta nas últimas décadas: comemos poucos legumes, demasiada carne e muitos doces", tudo o que não devíamos fazer, acrescenta.

A sazonalidade é outra marca da alimentação mediterrânica: "Os alimentos eram consumidos em função da sua disponibilidade", explica Alexandra Bento.

Por outro lado, a dieta mediterrânica, apesar de ser muito equilibrada, é tradicionalmente rica em calorias, alerta o nutricionista João Breda, que salienta a necessidade de adaptar a alimentação ao nosso estilo de vida, tendencialmente mais sedentário do que o dos nossos avós. Para Alexandra Bento, é uma dieta que "preconiza determinadas normas e alimentos, mas as quantidades têm de ser adaptadas ao estilo de vida de cada um". Assim, a prática regular de exercício físico é tão importante como comer adequadamente.

Outra dificuldade para "cumprir" esta dieta é a necessidade de tirar tempo para comer com calma - sobretudo no pequeno-almoço, almoço e jantar -, já que o número de refeições diárias deve rondar as seis. "Mais uma vez, está relacionado com o nosso estilo de vida, fazemos refeições tão aceleradas que às vezes nem nos sentamos para comer, mas a alimentação deve ser feita com tranquilidade e com companhia", diz a presidente da APN.

Alimentar o coração

Adoptar as características fundamentais desta dieta é uma forma simples de fazer uma alimentação saudável, com vantagens para o coração, mas não só, explica Alexandra Bento. A nutricionista Ágata Roquette explica que as gorduras consumidas na alimentação mediterrânica, sobretudo monoinsaturadas, ajudam a equilibrar os níveis de colesterol e prevenir as doenças cardiovasculares. O vinho tinto também pode ter um efeito protector: funciona como vasodilatador, facilitando a circulação, e tem compostos fenólicos que são antioxidantes. No entanto, tem de ser consumido com muita moderação e os efeitos benéficos também podem ser conseguidos através de outros alimentos como o sumo de uvas, salienta Alexandra Bento.

O elevado consumo de frutas e legumes e a presença reduzida de doces também ajuda no controlo da diabetes, enquanto a "insistência em alimentos com grande valor nutricional mas sem elevada densidade calórica ajuda no controlo do peso", refere a presidente da APN, lembrando que a obesidade é um dos maiores problemas de saúde dos países ocidentais.

DN, 18-5-2008
 
NEM TODA A COMIDA TEM DE TER O PREÇO DO PETRÓLEO

Alfredo Cunhal Sendim
agricultor director da Interbio

Como podemos combater o aumento do custo dos alimentos e da fome no mundo? Há muito tempo que conseguimos produzir comida suficiente para todos os habitantes deste planeta. No mundo ocidental, os preços dos produtos alimentares são hoje mais baixos do que eram há 40 anos. No entanto, nos países em vias de desenvolvimento, existem mil milhões de pessoas a passar fome. Estes países passaram a produzir para o mercado global esquecendo as suas gentes. Ao mesmo tempo que, por cá, a obesidade e a anorexia contrastam com os campos abandonados e com o desprezo geral para com a agricultura e a alimentação. São as contradições de uma economia que desarruma a nossa casa em vez de a arrumar.

Esta realidade foi denunciada no relatório de Abril do grupo de avaliação internacional da ciência e tecnologia agrária para o desenvolvimento (IAASTD, Banco Mundial, Nações Unidas), que descreve a crise alimentar actual em que mergulhamos, provocada pelo aumento do custo dos alimentos e não pela falta dos mesmos. A grande causa do aumento do custo da comida é o preço do petróleo (com destaque para o transporte marítimo). Também contribuem outros factores, tais como o aumento do apetite das procuras asiáticas, as consequências na produção dos humores do clima, ou a especulação. Se é verdade que a subida do preço da comida tem os efeitos que todos nós, os 500 milhões de privilegiados da aldeia global, já sentimos, imaginem o que se passa no bairro ao lado.

O relatório do IAASTD define a crise actual como estrutural, por ser provocada pela aplicação dos princípios neoliberais nos sectores agrícolas dos países em vias de desenvolvimento. Ou seja, deixamos o mercado decidir. O problema é que a mão invisível do senhor Adam Smith não é tão perfeita nem justa como se pensava. Esquecemo-nos da ética. É que o mercado depende da ética de quem nele opera. Nos últimos 20 anos, enquanto os EUA e a UE tentavam desajeitadamente proteger os seus agricultores, os países pobres liberalizaram os seus sectores agrícolas, destruindo as suas economias locais. A redistribuição da riqueza esperada não se verificou. As grandes empresas, que exploram o novo mundo, praticam algo parecido com a exploração de uma mina, ou seja, exturquem fertilidade e outros recursos deixando desertos para trás. A palavra agricultura é nobre de mais para ser aplicada neste conceito. Os produtos são produzidos a um custo falso, artificial, que matam tanto os cidadãos locais como os agricultores ocidentais, há mais de duas décadas. Quem compra somos nós. As importações alimentares europeias aumentaram 20% nos últimos cinco anos, e as americanas duplicaram.

Falsas soluções como os transgénicos ou biocombustíveis não são caminho. A dependência que a agricultura convencional detém do petróleo faz com que esta, sem uma reconversão profunda, não possa fazer parte da solução. A saída encontra-se provavelmente nas palavras local e eficiente. O caminho chama-se natureza com alta tecnologia. Eco-eficiência. Alimentos produzidos nos nossos campos, de temporada, comprados em menores quantidades e mais vezes. E principalmente, criados em sistemas de produção eficientes e independentes do petróleo. O sector da agricultura biológica em Portugal, apesar da ausência de estratégia evidenciada há mais de 20 anos pelos diferentes governos, estruturou-se de forma a não só oferecer hoje um leque completo, diversificado e regular de alimentos, como a poder desenvolver-se em grande escala à medida que as necessidades em ganhos de eficiência naturalmente alterem o seu papel de abastecedor de uma minoria esclarecida pela missão de alimentar todo o mundo. Parece ser esta a comida que não aumenta a fome, nem ajuda a arder o nosso interior. Actue. Coma bem.

DN, 12-7-2008
 
Verão pede vitaminas, água e minerais

Alimentação. Na época de Verão, o organismo perde mais água, minerais e vitaminas, através da respiração. Por isso, os alimentos ricos nesses nutrientes devem ser os eleitos na nossa dieta alimentar, diz a nutricionista Alexandra Pinto

Organismo não precisa de tanta gordura no Verão

O critério de escolha dos alimentos deve respeitar as necessidades específicas do organismo em função da época do ano. Por isso, no Verão, a opção certa é pelos alimentos ricos em água, vitaminas e minerais, justamente os nutrientes que mais perdemos por via da transpiração, quando estamos sujeitos a altas temperaturas. A dica é da presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas, que recomenda um consumo regular de alimentos com aquelas propriedades. Isto sem esquecer a "imprescindível" ingestão de muita água.

"A melancia é a rainha do Verão, deve usar-se e abusar-se desta fruta, precisamente porque não só contém muita água, como vitaminas e minerais, tendo ainda a vantagem de ter um baixo peso calórico", observa Alexandra Bento Pinto. Por outro lado, como todos os frutos e legumes vermelhos, têm propriedades antioxidantes, são importantes na prevenção do cancro. Na mesma categoria está também o melão, com características muito parecidas às da melancia.

"No Verão não precisamos tanto de alimentos ricos em gorduras, porque como não há tanto desnível entre a temperatura do corpo e a temperatura externa, o organismo não tem que se esforçar para regular a temperatura corporal", explica a nutricionista. O mesmo já não se poderá dizer do Inverno, que exige outtro tipo de alimentação.

Ainda sobre as frutas que se devem comer abundantemente, Alexandra Pinto recomenda o pêssego, que para além de ser rico em vitaminas A e C e ter um baixo teor calórico, também tem propriedades antioxidantes.

Quanto aos legumes - que devem sempre representar uma fatia importante da dieta alimentar -, "aliar o verde ao vermelho na maior paleta possível de cores é sempre uma boa aposta". Porque combinar alimentos de diferentes cores nas saladas significa combinar nutrientes variados, todos eles necessários ao organismo.

Assim, enquanto o tomate é, por exemplo, rico em vitaminas A, C e potássio, com uma importante função antioxidante útil na prevenção do cancro da próstata, o espinafre é forte em vitamina K, magnésio e manganésio.

Muito fáceis de juntar a saladas, em formato congelado, o milho e as ervilhas também são uma alternativa funcional para elaborar refeições rápidas e saudáveis quando as famílias dispõem de pouco tempo para preparar refeições.

O milho tem vitaminas, potássio e ferro, enquanto as ervilhas são bem abastecidas em proteínas e ajudam a controlar o colesterol. Mas as propriedades são melhor mantidas na versão congelada e menos nos enlatados.

Quando se tem de optar entre a carne e o peixe para aportar mais proteínas ao organismo, Alexandra Pinto elege o peixe para o Verão. Não só é mais fácil de digerir, como tem menos calorias do que a carne. Uma posta de pescada, por exemplo, de 100 gramas, comporta apenas 97 calorias, com a vantagem de ser rica em protéinas, calcio e iodo.

Mas a carne também tem o seu lugar numa alimentação equilibrada. Para o Verão, a presidente da APN recomenda as carnes brancas, "excelentes para desfiar e fazer saladas, como sejam o frango ou o perú". Agora os supermercados também já disponibilizam fatias de peito de frango e de perú embaladas e prontas a servir, o que pode ser uma opção para substituir o peixe. Com imaginação, as possibilidades são imensas. - C.A.

DN, 20-7-2008
 
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