03 outubro, 2007

 

António Lobo Antunes


"A morte é uma puta"


http://dn.sapo.pt/2007/09/30/artes/entrevista_a_antonio_lobo_antunes_es.html

http://dn.sapo.pt/2007/09/30/artes/fui_cobarde_tempo_mais_continuacao_e.html

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DN, 29-9-2007

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«Português é língua fabolusa para escrever»,diz Lobo Antunes

O romancista António Lobo Antunes disse em Paris que escrevia «num estado próximo do sonho» e caracterizou o português como «uma língua fabulosa para escrever».
Num dialogo com estudantes, críticos e professores que enchiam uma sala da universidade Sorbonne Nouvelle, Lobo Antunes afirmou que cada livro que escreve é «negociado com a morte», mas negou que a sua obra tenha terminado. «Espero que me deixem escrever mais dois ou três livros», disse.

A propósito da «ambivalência» das suas declarações acerca de Portugal, o escritor respondeu: «Os portugueses podem dizer mal do seu país, mas os outros não. Quando dizem que Portugal é um país pequenino, eu digo que Portugal é um país imenso». Quanto aos comentários que fez ao cinema de Manoel Oliveira durante uma recente entrevista ao programa France Culture, Lobo Antunes disse que os seus filmes o aborreciam. Referindo-se a «Non ou a vã glória de Mandar», Lobo Antunes afirmou que, quando Oliveira filmava a guerra colonial, «falava de justiça» e «isso», disse, «é idiota». «Quando estamos em guerra, pensamos é em sobreviver», acrescentou.

Questionado acerca dos escritores da África lusófona, mencionou, entre outros, Pepetela, José Craveirinha e José Eduardo Agualusa. Lobo Antunes, 65 anos, começou a sessão com uma «nota de amor por Christian Bourgois», seu amigo e editor em França, recentemente falecido. O escritor definiu-o como «um homem excepcional em todos os pontos de vista» e que «deixou uma obra excepcional». Ele «falta-me terrivelmente, Paris sem ele é diferente», disse.

O debate foi moderado por Catherine Dumas, profesora da Sorbonne Nouvelle e especialista na obra do escritor, que o apresentou como «um dos maiores representantes da literatura dos nossos dias». Em Paris, Lobo Antunes participou num outro debate sobre a sua obra, no Centro Cultural Calouste Gulbenkian, com os professores Maria Alzira Seixo, Paula Mourão e Graça Abreu, da Universidade de Lisboa, e Sérgio Sousa, da Universidade do Minho.

DD, 11-04-2008
 
"Nós passamos... mas os livros ficam"

LEONOR FIGUEIREDO

António Lobo Antunes recebeu o Prémio Camões 2007

"Nunca vi perguntarem ao milionário se era bom receber dinheiro. Isso é como se [eu] fosse um pobrezinho. Pensam que os artistas são uns pobrezinhos...", respondeu, lamentando-se, António Lobo Antunes ao DN, quando lhe perguntámos o que iria fazer com os cem mil euros que recebeu ontem pelo Prémio Camões 2007. E perante a insistência da verba em causa, lá soletrou um pouco contrafeito: "Vou comprar uma 'económica' [sopa da tasca] e uma carcaça!"

O escritor galardoado com o Prémio Camões 2007, o maior de Língua Portuguesa, chegou ao Mosteiro dos Jerónimos minutos antes da cerimónia, de jeans, mocassins e uma camisa branca sem gravata. Igual a si próprio.

E foi assim que falou para a plateia durante a cerimónia que juntou os presidentes Cavaco Silva e Lula da Silva. Falou do seu poeta preferido, Camões, citando a frase que mais admira esta ditosa Pátria minha amada, confessando também que "são as pessoas da Língua Portuguesa que me interessam". Lobo Antunes, que sobre os seus escritos diria "nós passamos... o que importa são os livros, que ficam", fez um discurso da lusofonia. "Penso muito na nossa língua", "tenho o maior orgulho em ser português". Elogiou escritores dos países que comungam o mesmo falar e pensar. "Estamos a viver um momento extraordinário com o aparecimento de muito bons escritores nestes países todos", sublinhou.

Antes dele falariam os dois presidentes e ainda Fernando Martinho, do júri. Cavaco Silva referiu-se à "vocação da Língua Portuguesa", "trabalhada por séculos de História", mas "flexível o bastante para se moldar a culturas tão diversas como aquelas em que se transmite". O Presidente elogiou o escritor distinguido, "através dos seus livros, a lusofonia demonstra que não é um espaço nostálgico de evocação do passado", e defendeu que para a valorização da língua "é preciso passar das palavras aos actos".

O Presidente brasileiro lembrou as raízes de Lobo Antunes no outro lado do Atlântico. Teve "um avô de Belém do Pará", "foi influenciado pela literatura brasileira", "é meio brasileiro". Lula da Silva elogiou o autor que escreveu sobre a Guerra Colonial e os romances que retrataram "uma complexa trama social e política".

DN, 26-7-2008
 
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