27 outubro, 2007
Caetano Veloso
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É bom poder odiar alguém assim
MARIA JOÃO CAETANO
É bom poder odiar alguém assim
Após o Coliseu de Lisboa, o músico brasileiro toca hoje e amanhã no Porto
"Isto é lindo, todo o mundo junto gritando odeio você." Foi lindo mesmo. Desta vez ninguém entoou juras de amor. Pelo contrário, Caetano Veloso pôs o Coliseu a gritar "odeio você" com tanta intensidade e alegria (e palminhas ritmadas, como os portugueses tanto gostam) que decidiu repetir a dose no encore, a fechar o concerto. Odeio, tema retirado de Cê, o último álbum do brasileiro, foi, sem dúvida, o momento alto da noite.
Tal como se esperava, Caetano, de calça jeans, percorreu todo o disco - faltou-lhe apenas O Herói. E, como também se esperava, recordou alguns temas mais antigos, como London London (ainda mais perfeito porque, logo a seguir, Caetano atravessou o Atlântico para o Brasil de Fora da Ordem). A revisitação de Sampa, com a bateria a impor-se em demasia, não conquistou o público, ao contrário do que aconteceu em Desde que o Samba É Samba, com a percussão a marcar o ritmo e Caetano a mostrar o umbigo enquanto ensaiava um passos de samba.
Apesar dos seus 64 anos, Caetano Veloso provou ter energia suficiente para aguentar duas horas de concerto, dançando e pulando como um adolescente. A guitarra eléctrica dominou quase todo o espectáculo, apesar de também haver espaço para temas mais calmos - como Um Tom, música que dedicou ao "grande músico brasileiro", sem o qual ele "não teria perdido o medo da música", Jacques Morelenbaum.
"Ninguém aguenta mais Caetano Veloso dando opinião sobre tudo mas pior ainda é Caetano tocando violão", terá comentado o leitor de um blogue, contou o músico, entre risos, e já sentado com o violão para cantar Coração Vagabundo e Cucurrucucu Paloma. Foi inesperado. Mas a surpresa maior aconteceu no encore, quando, sem avisar, começou a tocar Leãozinho. A ingenuidade e o balanço da canção de 1977 soaram estranhos neste espectáculo mas os portugueses não se importaram e perceberam que esta era apenas mais uma maneira de Caetano Veloso mostrar a sua alegria por aqui estar.
DN, 14-10-2007
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MARIA JOÃO CAETANO
É bom poder odiar alguém assim
Após o Coliseu de Lisboa, o músico brasileiro toca hoje e amanhã no Porto
"Isto é lindo, todo o mundo junto gritando odeio você." Foi lindo mesmo. Desta vez ninguém entoou juras de amor. Pelo contrário, Caetano Veloso pôs o Coliseu a gritar "odeio você" com tanta intensidade e alegria (e palminhas ritmadas, como os portugueses tanto gostam) que decidiu repetir a dose no encore, a fechar o concerto. Odeio, tema retirado de Cê, o último álbum do brasileiro, foi, sem dúvida, o momento alto da noite.
Tal como se esperava, Caetano, de calça jeans, percorreu todo o disco - faltou-lhe apenas O Herói. E, como também se esperava, recordou alguns temas mais antigos, como London London (ainda mais perfeito porque, logo a seguir, Caetano atravessou o Atlântico para o Brasil de Fora da Ordem). A revisitação de Sampa, com a bateria a impor-se em demasia, não conquistou o público, ao contrário do que aconteceu em Desde que o Samba É Samba, com a percussão a marcar o ritmo e Caetano a mostrar o umbigo enquanto ensaiava um passos de samba.
Apesar dos seus 64 anos, Caetano Veloso provou ter energia suficiente para aguentar duas horas de concerto, dançando e pulando como um adolescente. A guitarra eléctrica dominou quase todo o espectáculo, apesar de também haver espaço para temas mais calmos - como Um Tom, música que dedicou ao "grande músico brasileiro", sem o qual ele "não teria perdido o medo da música", Jacques Morelenbaum.
"Ninguém aguenta mais Caetano Veloso dando opinião sobre tudo mas pior ainda é Caetano tocando violão", terá comentado o leitor de um blogue, contou o músico, entre risos, e já sentado com o violão para cantar Coração Vagabundo e Cucurrucucu Paloma. Foi inesperado. Mas a surpresa maior aconteceu no encore, quando, sem avisar, começou a tocar Leãozinho. A ingenuidade e o balanço da canção de 1977 soaram estranhos neste espectáculo mas os portugueses não se importaram e perceberam que esta era apenas mais uma maneira de Caetano Veloso mostrar a sua alegria por aqui estar.
DN, 14-10-2007
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