04 outubro, 2007

 

Sputnik


e já passaram 50 anos




http://pt.wikipedia.org/wiki/Sputnik

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O 'BIP-BIP' QUE LANÇOU A ERA ESPACIAL

FILOMENA NAVES

Lançado no maior segredo, o Sputnik - que em russo quer dizer "satélite" - emitia um único sinal de rádio, um bip bip intermitente. Mas o facto de ter sido o primeiro engenho humano a fazê-lo a partir da órbita da Terra mudou a História da humanidade. Com o lançamento do Sput- nik há 50 anos - cumprem-se hoje - a ex-União Soviética marcou pontos em plena Guerra Fria e deu o primeiro (grande) passo na corrida espacial que durante mais duas décadas seria disputada entre as duas potências mundiais.

Meio século depois do Sputnik, extinta a ex--URSS e transformada a corrida em cooperação - publicamente defendida e materializada na sua faceta mais vistosa na estação espacial internacional (ISS) -, surgem agora novos actores no espaço, como a China e a Índia, depois de a Europa já ter afirmado a sua presença.

Sobre o Sputnik, sua génese e história, emergem também revelações, por alguns dos engenheiros envolvidos no projecto, que durante anos estiveram obrigados ao silêncio. Sabe-se agora, por exemplo, que os dirigentes soviéticos não estavam afinal muito convencidos das ideias espaciais de Sergei Korolyov, o líder do projecto, e que foi preciso fazer várias exposições de alto nível para a luz verde ao seu lançamento. Ou que o ponto brilhante visível a olho nu no céu nocturno e anunciado então pelo regime como o próprio Sputnik, era afinal um dos andares do foguetão R-7 que o transportara para o espaço e ficara na mesma órbita. O Sputnik era demasiado pequeno para ser visível.

A história do Sputnik começa anos antes do seu lançamento, no início da década de 50. Nessa altura, o Conselho Internacional das Uniões Científicas declarou que o ano de 1957 (que se prolongou por 1958) seria o Ano Geofísico Internacional e exortou os países a trabalharem para lançarem satélites científicos, para o estudo da Terra, por ocasião do ano geofísico.

Se a concepção de pequenos engenhos espaciais era mais ou menos pacífica, embora exigente em termos tecnológicos, a sua colocação em órbita, essa sim, colocava importantes problemas de engenharia, mas também de estratégia e geopolítica. Um foguetão capaz de vencer a gravidade da Terra e colocar na sua órbita uma pequena bola de aço também podia facilmente transformar-se num míssil intercontinental. Quando a notícia de que os soviéticos tinham lançado com sucesso o primeiro satélite artificial da História correu mundo, foi também esse medo que percorreu o Ocidente. Curiosamente, no Pravda, jornal oficial do regime, a primeira notícia sobre o Sputnik, no dia 5 de Outubro, estava remetida para o fundo da primeira página. Sem alardes, o jornal falava do satélite, da frequência do seu bip e suas características. Só no dia seguinte, depois de o caso ter feito furor no resto do mundo, é que o órgão oficial do regime (e o próprio regime) reagiu: quase toda a primeira página do Pravda era consagrada ao Sputnik, com o título "Primeiro satélite artificial da Terra criado na União Soviética".

Conhecedor dos planos dos EUA para lançar também satélites durante o ano geofísico - por ironia, o programa norte-americano chamava-se Vanguard -, Sergei Korolyov conseguiu convencer o Kremlin a autorizar o seu projecto, contou recentemente em Moscovo, à AP, um dos seus colaboradores mais próximos, Boris Chertok, que foi também um dos fundadores do programa espacial soviético.

Para chegar primeiro, Korolyov sabia que tinha de andar depressa. Pediu a uma equipa que desenhasse o satélite mais simples possível e o Sputnik foi construído em três meses. O design final - poderia ter sido uma esfera ou um cone - foi escolhido pelo próprio Korolyov. "A Terra é uma esfera e o primeiro satélite tem de ter também uma forma esférica", terá ele dito, segundo o relato de Chertok. Lançado no maior segredo, a partir de uma base de testes de foguetões situada no deserto do Cazaquistão, perto de Tyuratamin, o Sputnik foi colocado numa órbita cuja distância maior da Terra atingia os 900 km e a mais próxima pouco mais de 200.

Quando se apercebeu da importância do Sputnik para a imagem da União Soviética no mundo, o seu dirigente da altura, Nikita Krutchev pediu a Korolyov que lançasse imediatamente um segundo satélite. O Sputnik 2 foi para o espaço a 3 de Novembro desse mesmo ano. Esse tinha uma forma cónica e levava o primeiro passageiro espacial da História: a famosa cadela Laika, que, ao contrário da versão oficial contada na altura, não viveu vários dias, mas apenas umas escassas seis ou sete horas, como foi revelado há cinco anos por Dimitri Malashenkov, um dos investigadores que estiveram ligados há projecto,

A resposta dos EUA foram os satélites Explorer, cujo primeiro foi para o espaço a 4 de Janeiro de 1958. Nesse Ano Geofísico Internacional, um total de 11 satélites acabariam por ser lançados pelas duas potências. A era espacial estava só a começar.

DN, 4-10-2007
 
Sputnik faz cinquenta anos

Assinala-se hoje o 50º. aniversário do lançamento do primeiro
satélite na órbita da Terra.
Era uma esfera do tamanho de uma bola de basquetebol, lançada
no espaço pela então União Soviética e baptizado como “Sputnik”.
Assim que o Sputnik foi lançado na órbita terrestre, conquistou o seu
lugar na história da Humanidade e revolucionou por completo a corrida
ao espaço por parte não só da Rússia, mas também dos Estados
Unidos da América, em plena Guerra Fria.
O Professor Carvalho Rodrigues, conhecido como "pai" do primeiro
satélite português, o Po-Sat, salienta, em declarações à Renascença,
a importância deste dia na vida de todos nós. “Não haveria telemóveis
nem conversas de telefone, a Rádio Renascença não seria
ouvida no mundo inteiro, não existiria Internet, não existiria Multibanco.
A vida de todos nós seria mais limitada”.

O “companheiro” e o início da era espacial

• 4 Outubro 1957:

O primeiro satélite artificial a
orbitar a terra foi lançado pela ex-União Soviética. O Sputnik (que
em russo significa “companheiro”) era uma esfera de 58,5 cm de diâmetro e com 83,6 kg que
emitia um “bip-bip” característico
podia ser captado por qualquer
radioamador. O foguete que o transportou, o R.7, pesava 4 toneladas e também entrou em órbita.

• 26 Outubro 1957:

Sputnik deixa de emitir som .

• 4 Janeiro 1958:

A órbita do Sputnik incendeiase
ao reentrar na atmosfera.

• 3 Novembro 1957:

O primeiro ser vivo no espaço. É enviada para o espaço a cadela Laika que seria monitorizada durante uma semana.

• 15 Maio 1958:

É criado um laboratório espacial
de estudo do campo magnético e da cintura radioactiva da Terra.

• 15 Maio 1960:

A quarta missão Sputnik serve
para preparar o envio do primeiro Homem ao espaço, mas não conseguiu dar reentrada na Terra.

• 19 Agosto 1960:

A última missão Sputnik com dois cães, Belka e Strelka, quarenta camundongos, dois ratos e diversas plantas que voltaram com vida à terra no dia seguinte.

• 1960-1961:

Há ainda três missões (Korabl-
Sputnik 3, 4 e 5) antes do envio da nave Vostok,que levaria ao espaço o primeiro homem.

• 12 Abril 1961:

O russo Yuri Gagarin torna-se no primeiro homem a viajar para o
espaço.

RRP1, 4-10-2007
 
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