01 novembro, 2007

 

1 de Novembro


Dia de luta contra o cancro


http://dn.sapo.pt/2007/11/05/ciencia/decifrado_codigo_genetico_cancro_pul.html

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=269195&idselect=10&idCanal=10&p=200

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Mapa do cancro sem verbas
josé mota

Peditório anula da luta contra o cancro rende anualmente 2,5 milhões de euros

Virgínia Alves

Os Registos Oncológicos Regionais (ROR) estão atrasados praticamente três anos. Actualmente só existem dados relativos a 2001 quando deveriam estar a ser publicados os de 2004, uma vez que são valores com uma periodicidade de dois anos, de acordo com todas as regras internacionais. E a explicação parece básica - não existem verbas para fazer uma recolha activa das informações, logo apenas existe uma recolha passiva que depende da vontade e disponibilidade de terceiros.

Os ROR são elaborados por equipas dos Institutos Portugueses de Oncologia (IPO) do Porto, Coimbra e Lisboa, com verbas do seu próprio orçamento. Para a sua elaboração as equipas necessitam dos dados dos IPO e também dos que são fornecidos por todos os outros hospitais que tratam de doenças oncológicas, sejam eles centrais ou distritais. Cerca de 90% dos registos dependem de confirmação da anatomia patológica, o simples diagnóstico clínico não serve como dado. Refira-se que muitas vezes o diagnóstico, exames e tratamento são feitos em unidades diferentes, cuja informação tem que ser cruzada.

"A grande questão é essa. As fontes não enviam os dados atempadamente, e não existem verbas próprias para fazer uma recolha activa do número de casos, os IPO fazem essa tarefa retirando uma parcela do seu orçamento", explica Victor Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Coimbra, que colabora no ROR do Centro.

Registo e essencial

O Registo Oncológico Regional é essencial para definir uma política oncológica, que implica prevenção, rastreio e tratamento, "mas sem condições orçamentais os hospitais estabelecem prioridades, e o tratamento de dados não é uma delas", acrescentou o especialista.

No final deste ano os IPO deverão estar a publicar os registos oncológicos regionais relativos a 2002, onde de forma detalhada enumeram a incidência, morbilidade e mortalidade das diferentes neoplasias verificadas em cada distrito (ver infigráfico em baixo), indicando ainda os diferentes grupos etários e sexo.

Os dados oficiais mais recentes são da Direcção Geral da Saúde e reportam-se à mortalidade por tumores malignos em Portugal no ano de 2004.

Nesse documento é referido que os tumores malignos que provocaram o maior número de mortes nos homens foram os da laringe, traqueia, brônquios e pulmão (21,8%). A maior parte ocorre em indivíduos com mais de 50 anos. O segundo cancro mais mortal nos homens é o da próstata.

Nas mulheres é o cancro da mama o responsável pelo maior número de mortes (15,9%), logo seguido do tumor do cólon (11,3%). As maiores taxas de mortalidade verificam-se a partir dos 30 anos e os valores mais elevados são nas faixas etárias superiores aos 50 anos.

Com incidência idêntica nos homens e nas mulheres está o cancro do estômago (10,8%).

Mais no Norte

Se existem diferenças na incidência e mortalidade por neoplasias em relação ao sexo, elas também são notórias em relação à incidência de diferentes cancros nas diversas regiões do país.

Tendo por base uma taxa de mortalidade de um para cem mil habitantes , a região Norte é a que apresenta o valor mais elevado de mortes por tumores malignos do aparelho digestivo e peritoneu. Já a região de Lisboa e Vale do Tejo apresenta os valores mais elevados de mortes por tumores no aparelho respiratório.

Dados mais genéricos do Instituto Nacional de Estatística (INE) referem que, em 2005, morreram em Portugal 22724 pessoas com cancro.


A luta contra o cancro tem sido alvo preferencial de investigações um pouco por todo o mundo, uma vez que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 24,6 milhões de pessoas sofrem de cancro em todo o mundo e estima-se que, em 2020, esse número ascenda a 30 milhões.

Esta é, portanto, uma luta a ser travada em várias frentes, desde os tratamentos mais inovadores, que aumentam a sobrevida dos doentes, aos exames de prevenção e rastreio e mesmo vacinas. Este ano foi colocada à venda, em alguns países, como a Grécia, onde está incluída no plano nacional de vacinação, a vacina para quatro tipos do vírus papiloma humano, que provoca o cancro do colo do útero.

Por diferentes equipas de investigação foi também descoberto um gene ligado ao cancro da mama. Uma outra equipa revelou ter descoberto um único gene que está associado à maioria dos tumores.

Experiências demonstraram que um medicamento utilizado normalmente em doentes com Alzheimer tem efeitos positivos em doentes de cancro da mama.

As cirurgias também têm avançado nos último anos, permitindo muitas vezes aos pacientes maior qualidade de vida. É o caso da cirurgia da remoção da próstata. Investigadores consideram que os homens com cancro na próstata que optam por retirar a glândula têm mais probabilidade de vencer a doença.

4 milhões de euros pagos pela Liga Portuguesa

Foi o que custou a digitalização de dos materiais para o rastreio dos tumores malignos, permitindo assim uma detecção mais precoce.

JN, 1-11-2007
 
Cancro do colo do útero só é rastreado em 30% dos casos

DIANA MENDES

Apenas 30% a 40% das mulheres fazem rastreio regular ao cancro do colo do útero, segundo estimativas de Daniel Pereira da Silva, director do serviço de ginecologia do IPO de Coimbra. Na região Centro, a única do País onde há um programa de rastreio, "as citologias apenas são feitas regularmente a 50% das mulheres". O especialista conclui, "com base em estudo das consultas de planeamento familiar, que no resto do País a percentagem será de 30% a 40%".

A situação é preocupante, tendo em conta que o "o mínimo exigível para reduzir a mortalidade é de 60%", avança. Uma vez que a citologia é um exame de diagnóstico que pode chegar a ter 50% de falsos negativos, é importante "que seja feito no máximo de três em três anos". Cerca de "90% mulheres que têm tido um diagnóstico positivo de cancro não fazem citologias há mais de cinco anos", sublinha.

Esta lacuna deverá ser resolvida já no próximo ano, com a implementação de um programa de rastreio organizado em todo o País, em que as mulheres serão chamadas para fazer o exame. Rui Medeiros, presidente da Sociedade Portuguesa do Papiloma Vírus Humano, disse ao DN que "nem se pode chamar rastreio" à situação actual, porque tem uma base oportunística, ou seja, "é feito quando as mulheres vão à consulta, se forem, e pedem para o fazer ou são aconselhadas a fazê-lo", diz.

A introdução da vacina no Plano Nacional de Vacinação no próximo ano é um passo muito importante na opinião dos especialistas. No entanto, "é essencial fazer um bom programa de rastreio. É escandaloso que apenas sete países europeus tenham um bom programa de rastreio", afirmou Philip Davies, director geral da Associação Europeia do Cancro do Colo do útero (ECCA). A vacina protege contra as estirpes associadas a 70% dos casos de cancro.

O responsável afirma ainda que a vacina não está a ser administrada em homens, embora "estejam a decorrer estudos na Europa para a sua eventual aplicação".

DN, 9-11-2007
 
6 perguntas a... Philip Davies (DIRECTOR-GERAL DA AS. EUROPEIA DO CANCRO DO COLO DO ÚTERO): "Teríamos mais casos de cancro se trocássemos rastreio pela vacina"

Que países já integraram a vacina nos seus planos de vacinação?

França vai introduzir a vacina para os 13, 14 anos em Janeiro, o Reino Unido vai iniciar um programa com as crianças de 12 anos, em Outubro, e a Itália pretende vacinar os jovens de 12, 13 anos em Janeiro. Portugal vai integrar o primeiro grupo de países a fazê-lo.

Defende a comparticipação da vacina pelo menos até aos 26 anos?

Recomendamos que vacinem as jovens e apliquem o rastreio. O resto depende do dinheiro e das prioridades dos governos. Não queremos é que comecem a vacinar e não tenham dinheiro para rastrear.

Depois de ter relações sexuais, a vacina perda muita eficácia?

É difícil calcular, mas é bastante menor. Antes de iniciar relações, a vacina é 100% eficaz contra as estirpes ligadas a 70% dos cancros.

Por isso é importante fazer o rastreio a partir dos 25 anos...

Esse é um dos nossos maiores receios: que as raparigas sejam vacinadas e, aos 25, sintam que não precisam de fazer o rastreio. Acabaríamos por ter mais cancro do colo do útero do que se apenas tivéssemos um programa de rastreio.

Como vê o caso de Portugal?

O rastreio é feito numa base oportunística. As mulheres com formação e meios fazem-no até em excesso e as restantes fazem-no a menos.

Que percentagem de mulheres faz os exames?

Em Portugal não sei, mas os países com rastreio organizado chegam a 85%/95%. Outros têm estimativas entre 10% e 50%.

DN, 9-11-2007
 
Framboesas e mirtilos ajudam cura de cancro

MÁRCIO ALVES CANDOSO

A importância de ingredientes naturais no tratamento do cancro foi esta semana reforçado por várias investigações simultâneas. Cientistas da Universidade de Ohio demonstraram que o carcinoma da boca, uma doença com alta percentagem de mortalidade associada, pode regredir se tratado precocemente com um gel à base de framboesas pretas. Por outro lado, uma bebida energética à base de frutos, à venda na Austrália, poderá tratar com sucesso o cancro da próstata, O chá verde, por seu turno, permite terapias eficazes no cancro colorrectal. As investigações foram apresentadas esta semana na Conferência Anual da American Association for Cancer Research, a decorrer em Filadélfia.

Não são conhecidos tratamentos eficazes do cancro da boca. Normalmente a sua remoção só é possível através de cirurgias radicais que deixam o paciente desfigurado para sempre. Mas os investigadores da Universidade de Ohio apresentaram a primeira fase de um estudo que demonstra que lavar e escovar as lesões orais com gel produzido a partir de framboesas pretas diminui o carcinoma em 35% dos casos, estabilizando os precocemente detectados em 45%. Apenas 20% não tiveram evolução positiva.

O gel é parecido com compota de framboesa, mas o sabor é bem diferente, já que lhe foram retirados os açúcares associados.

Por seu turno, na Universidade de Sydney, a aplicação em ratos de laboratório de enzimas destacados de Blueberry Punch, uma bebida energética à base de mirtilo, gengibre, estragão e açafrão- -das-índias, fez retroceder o tamanho dos cancros de próstata dos roedores em 25% do seu tamanho. Os cientistas recomendaram à marca que validasse a sua licença não só como bebida mas também como medicamento.

A bebida tem vários componentes anteriormente reconhecidos como potenciais combatentes do cancro da próstata. No entanto, segundo os cientistas de Sydney, a combinação de vários frutos parece criar uma sinergia eficaz.

DN, 8-12-2007
 
Terapia alonga vida a doentes com cancro do pulmão

DIANA MENDES

Aprovação em Portugal esperada para 2009

Uma nova associação de tratamentos garante o aumento do tempo de vida de doentes com cancro do pulmão avançado e com metástases. Os resultados do estudo FLEX, apresentados na reunião da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, apontam para um aumento de 12% na sobrevivência destes doentes. Em Portugal, morrem 3400 pessoas por ano com cancro de pulmão.

Na prática, este avanço traduz-se numa sobrevivência de mais 1,2 meses. Se o avanço parece pouco significativo, é importante recordar que estes doentes sobrevivem, em média, pouco mais de dez meses.

O estudo internacional, que envolveu 1100 doentes, baseou-se na combinação de quimioterapia com a substância cetuximab. Esta substância (um anticorpo monoclonal), reduz a invasão dos tecidos normais pelas células do tumor, bem como a sua disseminação para outros órgãos.

Fernando Barata, presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão, diz que "este tratamento está indicado para o cancro do pulmão de não pequenas células, que representa 80% do total. Destes, mais de 50% são tratáveis com esta combinação".

Nestes casos avançados, é habitual fazer-se tratamento com quimioterapia. No estudo, compararam-se os resultados de um grupo tratado com esta associação e só com quimioterapia: o primeiro grupo registou uma sobrevivência de 10,1 meses contra os 12,3 do segundo. "Há quase dez anos que a mediana de sobrevivência do cancro do pulmão ronda oito a dez meses. Ao longo da história, temos conseguido melhorar a evolução deste tipo de cancro com pequenos passos", refere o pneumologista.

No estudo coordenado pelo professor de oncologia clínica da Universidade de Viena, Robert Pirker, foram comprovados ainda "ganhos em termos de aumento da qualidade de vida, visto que não houve aumento da toxicidade". Em Portugal, espera-se que "este tratamento seja aprovado já no próximo ano".

'Via verde' para diagnóstico

A taxa de sobrevivência ao cancro de pulmão após os cinco anos é muito reduzida a nível mundial, fixando-se em 10,2%. Um forma de aumentar esta percentagem seria investir no diagnóstico precoce e em rastreios. Porém, "apesar de estarem a decorrer quatro estudos sobre métodos de rastreio, ainda não há um modelo com sucesso", diz Fernando Barata.

Precisamente com o objectivo de reduzir a mortalidade, o British Hospital Lisbon XXI (hospital privado) criou um centro de rastreio do cancro do pulmão. O coordenador, Artur Teles Araújo, explica ao DN que "o objectivo é fazer diagnósticos precoces mesmo em pessoas assintomáticas". Para o efeito, existe uma equipa de médicos e técnicos dedicada.

Os fumadores com mais de 45 anos ou pessoas com sintomas de tosse ou expectoração frequente serão recebidos na consulta e farão uma TAC. "Será uma espécie de via verde, para que os doentes comecem a ser tratados no prazo máximo de uma semana". O modelo podia ser "replicado nos hospitais do SNS, onde já existem alguns centros habilitados". Se a doença fosse detectada numa fase inicial, era possível obter uma sobrevida de 73% a 80% a cinco anos.

DN, 3-6-2008
 
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