20 novembro, 2007

 

20 de Novembro


Dia Universal da Criança

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São evitáveis 560 mortes de crianças por ano

FILOMENA NAVES

Falta estratégia nacional na prevenção e segurança para os mais novos
Entre 18 países europeus, Portugal é o quarto pior em mortalidade infantil devido a acidentes evitáveis e está entre os piores, juntamente com a Grécia, nas políticas de promoção da segurança das crianças e dos adolescentes.

Este é o retrato negro traçado a partir do Relatório de Avaliação de Segurança 2007, um estudo realizado no âmbito do projecto Aliança Europeia de Segurança Infantil, promovido pela União Europeia, e que envolveu 18 países. O relatório foi apresentado ontem em Lisboa.

Os números que colocam Portugal nos últimos lugares deste ranking são claros: 560 mortes anuais evitáveis de crianças e jovens em acidentes que vão da queda de edifícios, ao afogamento, de trânsito e outros.

"O que está aqui em causa é que as soluções técnicas para evitar estes acidentes mortais já existem, simplesmente não são implementados no nosso País", afirmou ao DN Helena Menezes, da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), que coordenou o estudo para Portugal.

Os problemas nem são de agora. "Evitar as quedas de crianças de edifícios requer a implementação de normas de construção, mas nenhum governo publicou legislação nesse sentido, apesar de há anos a APSI alertar para o problema", nota Helena Menezes. Só este ano, refere ainda, "já morreram 11 crianças em Portugal vítimas de quedas de edifícios".

Afogamentos em piscinas e segurança na água, prevenção de queimaduras e escaldões ou segurança de peões são outras tantas áreas em que a implementação de medidas concertadas de prevenção são também deficitárias em Portugal.

"Se Portugal tivesse o mesmo nível de desempenho de países como a Suécia ou a Holanda, em termos de políticas de prevenção e segurança para estas faixas etárias mais vulneráveis, 560 motes de crianças e adolescentes poderiam ser evitadas anualmente no País", refere Helena de Menezes. E nota: "Isso representa 49 mil anos de vida potenciais que afinal são perdidos, num país que tem também a mais baixa taxa de fertilidade da União Europeia". São os pesados custos sociais e económicos a juntar à tragédia não contabilizável da perda emocional e afectiva para as famílias.

Para mudar esta situação, o relatório avança uma série de recomendações. Entre elas estão a necessidade de uma liderança clara no País - um ministério ou departamento do Governo - com responsabilidade específica nesta área e também uma estratégia nacional que possa pôr cobro aos problemas.

DN, 21-11-2007
 
Todos os dias morrem mais de 26 mil crianças

PATRÍCIA VIEGAS
SALVATORE DI NOLFI-AP

O número anual de mortes de crianças no mundo desceu de 20 para 9,7 milhões entre 1990 e 2006. Mas mesmo assim há mais de 26 mil menores que, diariamente, morrem antes de completar cinco anos, na sua maioria por causas evitáveis. Esta é a principal conclusão de um relatório ontem apresentado em Genebra por responsáveis da UNICEF.

O documento sobre a situação mundial da infância e sobrevivência infantil, reúne dados de 2006, da UNICEF, OMS e Banco Mundial. A agência das Nações Unidas para a infância refere que 80% das mortes de crianças com menos de cinco anos em 2006 ocorreram no continente africano e no sul asiático. Na lista da mortalidade infantil a Serra Leoa surge em primeiro lugar com 270 mortes por mil nados vivos.

"A integração ao nível da comunidade de serviços essenciais para as mães, recém-nascidos e crianças, bem como a melhoria sustentável dos serviços de saúde à escala nacional poderiam salvar a vida de uma grande parte das mais de 26 mil crianças com menos de cinco anos que morrem todos os dias", disse a directora da UNICEF, Ann Veneman, citada pela agência AFP.

O relatório aponta como factores agravantes da mortalidade nos menores as causas neo-natais (36%), doenças como as pneumonias (19%), as diarreias (17%), a malária (8%), o sarampo (4%) e a Sida (3%). O documento alerta ainda para o papel desempenhado nos conflitos armados - associados à insegurança alimentar e à deslocação de populações.E revela que 500 mil mulheres morrem ainda, todos os anos, vítimas de complicações de parto.

"A prioridade dada a uma só doença, traduziu-se, por vezes, numa atenção insuficiente à integração de serviços e reforço de sistemas de saúde", lamenta a UNICEF, que também enumera quatro medidas simples para aumentar as hipóteses de sobrevivência dos menores e das mães: alimentar as crianças apenas a partir do peito, vaciná-las, usar mosquiteiros tratados com insecticidas e dar-lhes doses suplementares de vitamina A.

As conclusões ontem apresentadas pela agência das Nações Unidas para a infância revelam ainda quais as regiões do mundo que arriscam não cumprir o quarto dos Objectivos do Milénio, ou seja, reduzir a taxa mundial de mortalidade infantil abaixo dos cinco anos para dois terços entre o período de 1990 e 2015. Cumprir aquele objectivo da ONU implica reduzir o número de mortes para 13 mil por dia ou para menos de cinco milhões por ano. Na lista de 46 países subsarianos, apenas três estão a caminho de cumprir, sendo eles Cabo Verde, Eritreia e Seychelles.

O relatório da UNICEF refere que nos últimos 18 anos houve 61 países que reduziram a taxa de mortalidade infantil em pelo menos 50%. Algo que, no entender da agência, revela que "os progressos para as crianças podem ser realizados em países pobres se existirem vontade política e estratégias sólidas". O documento aponta como exemplos os casos de países como Timor-Leste, Nepal, Malaui, Cabo Verde e Moçambique.

O exemplo da Índia também é usado para ilustrar como a vontade de um Governo pode diminuir o número de mortes de crianças. Há oito anos dois terços das mortes no país eram mortes neo-natais. O número baixou depois de o Executivo indiano ter introduzido uma série de serviços como visitas domiciliárias repetidas aos recém-nascidos, educação da comunidade e procedimentos de acompanhamento de bebés que apresentam baixo peso à nascença. E tudo a custos mínimos.

DN, 23-1-2008
 
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