20 novembro, 2007
20 de Novembro
Dia da Industrialização de África
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África corre maiores riscos do aquecimento global
PEDRO SOUSA TAVARES
Alterações climáticas. Responsável pela emissão de apenas 4% dos gases causadores do efeito de estufa, Àfrica está particularmente ameaçada por fenómenos como o degelo e a seca. A ONU aponta o dedo aos países industrializados, mas o continente, revela incapacidade para controlar o fenómeno
ONU mostrou o aquecimento global em imagens
Um dos continentes menos responsáveis pelo aquecimento global, com 4% das emissões de gases causadores do efeito de estufa do planeta, é também aquele que maiores riscos corre devido a este fenómeno. A conclusão é das Nações Unidas e consta de um assustador "Atlas das Mudanças Climáticas", apresentado esta semana, numa conferência de ministros do Ambiente na África do Sul.
Na reunião, os governantes africanos assistiram à divulgação de imagens que mostram o declínio de alguns dos maiores símbolos da riqueza natural do continente: o Monte Kilimanjaro, na Tanzânia (ver foto), cujas "neves eternas" poderão ser uma lembrança do passado em 2020. O majestoso lago Chade, outrora o maior do continente - e ainda essencial para a sobrevivência de cerca de 20 milhões de pessoas no Chade, Níger, Nigéria e Camarões - , hoje encontra-se reduzido a 60% da capacidade de há algumas décadas.
E, com as imagens, vieram as previsões não menos animadoras, como as mudanças nos padrões de precipitação, que deverão conduzir ao aumento das áreas desertificadas, à quebra das produções agrícolas e, por consequência, ao aumento da fome e da doença.
A apresentação veio também acompanhada de críticas aos principais poluidores - com os Estados Unidos no topo da lista. "No momento, não estamos a assistir à liderança pelos países industrializados [do combate ao aquecimento global], e isso é essencial", frisou Yvo de Boer, líder da agência das Nações Unidas para as questões relacionadas com as alterações climáticas (UNFCCC), acrescentando estar optimista em relação à atitude da próxima presidência norte-americana, quer esta venha a estar nas mãos de Barack Obama ou de John McCain.
Um recado importante, numa semana em que uma comissão especializada em assuntos ambientais, no Senado dos Estados Unidos, aprovou à justa um projecto de diploma que - a passar nos crivos de todo o Senado e do Congresso - poderá levar a maior economia do mundo a comprometer-se em reduzir a 66% as suas emissões de CO2 e outros poluentes até 2050.
4 milhões de hectares por ano
Porém, no que a África diz respeito, ficou também claro que a inocência no que diz respeito às emissões de CO2 não chega para absolver os governos deste continente - muitas vezes influenciados por multinacionais estrangeiras - de uma responsabilidade activa pelo actual estado de coisas.
A destruição das florestas é, talvez, o exemplo mais paradigmático. Actualmente, revelou a ONU, África destrói quatro milhões de hectares por ano. O dobro da média mundial. A título de comparação, Portugal - que conta com um lamentável historial na última década e meia nesta área - conta com pouco mais de 2,5 milhões de hectares de floresta.
As notícias não são todas más: "Como mostra o atlas, há muitos locais em África onde as pessoas decidiram actuar", disse esta semana o director-executivo do programa ambiental da ONU, Achim Steiner. "[locais] onde há mais árvores agora do que há 30 anos atrás, onde os lagos ressurgiram, onde a degredação dos solos foi contrariada".
Entre estes exemplos está a gestão da barragem de Itexhi-tezhi, na Zâmbia, que permitiu restabelecer a estação das cheias nas planícies de Kafué, ou a recuperação do Parque nacional de Sidi Toui, na Tunísia. No extremo oposto está a desflorestação descontrolada, em países como a República Democrática do Congo.
DN, 13-6-2008
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PEDRO SOUSA TAVARES
Alterações climáticas. Responsável pela emissão de apenas 4% dos gases causadores do efeito de estufa, Àfrica está particularmente ameaçada por fenómenos como o degelo e a seca. A ONU aponta o dedo aos países industrializados, mas o continente, revela incapacidade para controlar o fenómeno
ONU mostrou o aquecimento global em imagens
Um dos continentes menos responsáveis pelo aquecimento global, com 4% das emissões de gases causadores do efeito de estufa do planeta, é também aquele que maiores riscos corre devido a este fenómeno. A conclusão é das Nações Unidas e consta de um assustador "Atlas das Mudanças Climáticas", apresentado esta semana, numa conferência de ministros do Ambiente na África do Sul.
Na reunião, os governantes africanos assistiram à divulgação de imagens que mostram o declínio de alguns dos maiores símbolos da riqueza natural do continente: o Monte Kilimanjaro, na Tanzânia (ver foto), cujas "neves eternas" poderão ser uma lembrança do passado em 2020. O majestoso lago Chade, outrora o maior do continente - e ainda essencial para a sobrevivência de cerca de 20 milhões de pessoas no Chade, Níger, Nigéria e Camarões - , hoje encontra-se reduzido a 60% da capacidade de há algumas décadas.
E, com as imagens, vieram as previsões não menos animadoras, como as mudanças nos padrões de precipitação, que deverão conduzir ao aumento das áreas desertificadas, à quebra das produções agrícolas e, por consequência, ao aumento da fome e da doença.
A apresentação veio também acompanhada de críticas aos principais poluidores - com os Estados Unidos no topo da lista. "No momento, não estamos a assistir à liderança pelos países industrializados [do combate ao aquecimento global], e isso é essencial", frisou Yvo de Boer, líder da agência das Nações Unidas para as questões relacionadas com as alterações climáticas (UNFCCC), acrescentando estar optimista em relação à atitude da próxima presidência norte-americana, quer esta venha a estar nas mãos de Barack Obama ou de John McCain.
Um recado importante, numa semana em que uma comissão especializada em assuntos ambientais, no Senado dos Estados Unidos, aprovou à justa um projecto de diploma que - a passar nos crivos de todo o Senado e do Congresso - poderá levar a maior economia do mundo a comprometer-se em reduzir a 66% as suas emissões de CO2 e outros poluentes até 2050.
4 milhões de hectares por ano
Porém, no que a África diz respeito, ficou também claro que a inocência no que diz respeito às emissões de CO2 não chega para absolver os governos deste continente - muitas vezes influenciados por multinacionais estrangeiras - de uma responsabilidade activa pelo actual estado de coisas.
A destruição das florestas é, talvez, o exemplo mais paradigmático. Actualmente, revelou a ONU, África destrói quatro milhões de hectares por ano. O dobro da média mundial. A título de comparação, Portugal - que conta com um lamentável historial na última década e meia nesta área - conta com pouco mais de 2,5 milhões de hectares de floresta.
As notícias não são todas más: "Como mostra o atlas, há muitos locais em África onde as pessoas decidiram actuar", disse esta semana o director-executivo do programa ambiental da ONU, Achim Steiner. "[locais] onde há mais árvores agora do que há 30 anos atrás, onde os lagos ressurgiram, onde a degredação dos solos foi contrariada".
Entre estes exemplos está a gestão da barragem de Itexhi-tezhi, na Zâmbia, que permitiu restabelecer a estação das cheias nas planícies de Kafué, ou a recuperação do Parque nacional de Sidi Toui, na Tunísia. No extremo oposto está a desflorestação descontrolada, em países como a República Democrática do Congo.
DN, 13-6-2008
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