25 novembro, 2007

 

24 de Novembro


Dia Mundial da Ciência




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Comments:
"A ciência ainda é um nicho em Portugal"

FILOMENA NAVES

Henrique V. Fernandes, INVESTIGADOR DO INST. DE MEDICINA MOLECULAR

É o único investigador português a receber uma bolsa no valor de 1,9 milhões de euros do European Research Council. Como vê esta distinção?

É um grande privilégio ser um dos poucos investigadores europeus [são 201] distinguidos. No panorama nacional é uma verba muito mais elevada do que as geralmente atribuídas no País aos grupos de investigação, o que permite um trabalho de competitividade internacional. Sem este tipo de verbas isso é muito complicado.

Do ponto de vista da ciência em Portugal, é mau sinal ser o único português distinguido?

Nesta fase foram distinguidos apenas 201 cientistas europeus. Se houver mais verbas, existe a possibilidade de mais um cientista português obter bolsa, o António Jacinto, que é também do Instituto de Medicina Molecular (IMM). Esta bolsa foi-me atribuída pela carreira científica [foi até agora investigador do National Institute for Medical Research, em Londres], mas também porque o IMM é uma instituição científica de topo e com credibilidade. Mas um em 200 é um número baixo e isso revela que, apesar do caminho andado, sobretudo na última década, ainda estamos longe dos países europeus de topo nesta área. Esta será a nota menos boa do acontecimento.

Fazer ciência em Portugal é hoje uma coisa normal, ou ainda falta fazer um caminho nessa direcção?

A ciência e a cultura científica não mudam de um momento para o outro. É preciso aumentar em Portugal a massa crítica, em termos de investigadores e de institutos de investigação de topo internacional, e isso demora uma geração. A situação é muito diferente do que era há dez anos quando deixei Portugal e fui para o estrangeiro. Hoje há um espírito mais criativo e jovem e há mais entusiasmo. E essa foi uma das razões que me levaram a decidir voltar para trabalhar aqui. Mas não diria que já é uma coisa normal fazer ciência em Portugal. Houve a criação dos Laboratórios Associados, com excelência científica, e há bons exemplos de norte a sul do País. Mas é ainda um nicho pequeno e embrionário.

O que falta fazer para mudar essa situação?

As coisas estão a mudar. Mas falta dar a possibilidade aos que estão fora, e que têm muita experiência, de regressarem e porem os seus conhecimentos ao serviço do País e do seu desenvolvimento. Até agora tem-se assistido a um investimento, e bem, na formação das pessoas. Mas depois há um vácuo na possibilidade de regresso. Começa a haver alguns, mas a meta é conseguir uma massa crítica que dê competitividade ao País.

A bolsa que ganhou destina-se ao seu trabalho para cinco anos. Que objectivos espera concretizar?

Queremos compreender as funções de um gene chamado RET nas doenças do sistema imunitário e perceber como pode ser controlado, para podermos intervir em doenças, como por exemplo, a leucemia.

DN, 9-2-2008
 
Descoberta previne doença genética

JOÃO FONSECA

Glóbulos vermelhos.
Investigador traça perfil genético de uma deficiência enzimática, causadora da anemia hemolítica. Licínio Manco, do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, da Universidade de Coimbra, fez estudo nos últimos dez anos e o aconselhamento genético a casais já está em prática

Descoberta previne doença genética

"O perfil genético de uma deficiência enzimática do glóbulo vermelho, causadora de anemia hemolítica", acaba de ser traçado por Licínio Manco, investigador do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

O estudo, que vinha sendo desenvolvido, há dez anos, pela equipa liderada por este especialista, permite, designadamente, "o aconselhamento de casais que pretendam ter filhos e o diagnóstico pré-natal" (efectuado no feto), pois trata-se de uma patologia com fortes possibilidades de se transmitir aos descendentes. No caso da mãe ser portadora da deficiência, há 50% de probabilidades de ela ocorrer nos filhos, aumentando 25% o risco em situações em que ambos os progenitores padeçam da doença.

"Logo que é diagnosticado um caso numa família e realizado o diagnóstico molecular, é possível fazer o aconselhamento genético a casais que pretendam ter filhos". Com o perfil genético da deficiência estabelecido e as mutações identificadas, "é possível realizar estudos familiares" e fazer aconselhamento genético, isto é, explica, ao DN, Licínio Manco, "avaliar, com rigor, a probabilidade de os descendentes de um casal apresentarem as formas graves da patologia".

Trata-se, sublinha, de um teste "absolutamente fiável", realizado em cooperação com o Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra, dirigido por Letícia Ribeiro e considerado um laboratório de referência internacional. A realização destes testes, em famílias suspeitas de serem portadoras deste tipo de deficiência, tem vindo a ser solicitada também do estrangeiro, particularmente de Espanha, mas também da Bélgica e, mais recentemente, da Austrália.

O estudo "incide sobre uma deficiência enzimática causadora de anemias hemolíticas (resultantes da destruição dos glóbulos vermelhos)", cujas consequências clínicas poderão variar entre a anemia moderada e uma anemia neonatal grave, dependente de transfusões, que, em casos extremos, pode levar à morte do recém-nascido", sublinha o investigador. O diagnóstico destas patologias tem, assim, "todo o interesse em medicina", pois permite "a confirmação definitiva do diagnóstico clínico". Em casos de anemias hemolíticas crónicas dependentes de transfusão, o estudo molecular torna-se numa "ferramenta imprescindível para a confirmação do diagnóstico das deficiências enzimáticas". Mas de que resultam as diversas deficiências enzimáticas?

Ao perder o núcleo, o glóbulo vermelho fica sem capacidade para realizar a síntese proteica, mas tem um sistema de enzimas, que lhe permite "sustentar um metabolismo básico" que mantém a flexibilidade e integridade da célula e preserva a sua função de levar o oxigénio aos tecidos do organismo". Mas, se "uma das enzimas envolvidas nestas vias metabólicas não funciona ou funciona mal, devido a mutação do gene que a codifica, o glóbulo vermelho é eliminado precocemente da circulação". Surge, então, uma situação de anemia, devido à destruição dos glóbulos vermelhos.

DN, 9-2-2008
 
"A ciência mexe em Portugal mas ainda há muito a fazer"

JOÃO FONSECA

Divulgação da ciência premiada em Portugal

Era enorme a diferença da actividade científica em Portugal e, por exemplo, em Inglaterra, país onde viveu nove anos e fez o doutoramento Mónica Bettencourt-Dias. Quando regressou ao seu país, a surpresa da investigadora não foi menor, tão "diferente estava a ciência em Portugal". Então, "vi que a ciência em Portugal" não tinha nada a ver com esse passado recente e que caminhava para o nível em que está hoje: "Praticamente igual ao de lá de fora."

A constatação foi sublinhada, na noite de sexta-feira, no Casino da Figueira da Foz, por aquela cientista, a propósito do prémio com que acabara de ser homenageada, pelo jornal online Ciência Hoje. A distinção - Seeds of Science/Sementes de Ciência -, atribuída, pela primeira vez, por aquela publicação, fundada por Jorge Massada há três anos, visa reconhecer "o papel que as mulheres têm vindo a desempenhar na actividade científica", particularmente pelo seu envolvimento na "educação/sensibilização/comunicação da ciência" com diferentes públicos.

"Conseguimos fazer em pouco tempo", sobretudo nas duas últimas décadas, aquilo que outros há muito tinham iniciado, corrobora Maria Manuel Mota, outra das três premiadas. "A ciência hoje mexe em Portugal", reconhece, lembrando que isso se deve a "um grande esforço do País", designadamente, para permitir que muitos investigadores pudessem ir estudar e trabalhar no estrangeiro. Mas, adverte, "há ainda muito a fazer" e, sobretudo, "não podemos abrandar o ritmo". Aliás, "o esforço a fazer é, se calhar, ainda maior que aquele que já foi feito".

De todo o modo, diz Maria Manuel Mota, "hoje, já é muito bom viver a ciência em Portugal". A ciência entre nós "atingiu os níveis internacionais que aspirávamos há 20 anos", afirma Mariano Gago, que encerrou a sessão. Mas, alerta o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, ainda "falta ter mais cultura científica na generalidade da população", falta "uma ligação mais estreita entre a actividade científica e as pessoas não cientistas".

Essa ligação, o esforço pela comunicação da ciência, é um dos pontos comuns às três premiadas e, porventura, o mais relevante, admitem as próprias. "O denominador comum é o papel da divulgação da ciência", conclui Rosália Vargas, vereadora da Educação e Cultura da Câmara de Lisboa e responsável pelo programa Ciência Viva. De todo o modo, sem elas, sem as investigadoras, a autarca jamais poderia promover a divulgação, frisa a outra premiada com o Seeds of Science relativo a 2007.

Na cerimónia, o Ciência Hoje anunciou - para assinalar o bicentenário do nascimento de Charles Darwin - a organização, em 2009, da "repetição" da viagem do cientista às ilhas Galápagos e um concurso sobre o autor de A Origem das Espécies, dirigido a estudantes do 10.º ao 12.º ano. Os vencedores farão a viagem, que será objecto da edição de um livro.

DN, 16-3-2008
 
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