12 novembro, 2007

 

Burqa, niqab ou hijab?


Que Islão, afinal?




http://en.wikipedia.org/wiki/Burqa

http://br.video.yahoo.com/watch/801201

Comments:
5 perguntas a... Alexandre Caeiro: "As autoridades públicas que lidam com o islão improvisam"

Que modelos de integração de muçulmanos há na Europa e porque é que alguns, como o de assimilação francês e o multiculturalista britânico, não funcionam?

As políticas de integração na Europa estão relacionadas com os regimes nacionais de separação da religião e do Estado e respectivas filosofias políticas. No entanto, falar em modelos de integração é exagerado porque atribui demasiada coerência a conjuntos de políticas que variam no tempo e no espaço mesmo no interior de cada nação. As autoridades públicas que lidam com questões do islão em geral improvisam. O diagnóstico sobre o falhanço da integração deve ser menos afirmativo. Mas, sobretudo, a exigência hoje feita aos muçulmanos de se integrarem supõe a existência de culturas nacionais homogéneas que na realidade não existem nas sociedades contemporâneas. O discurso sobre a necessidade de integração dos muçulmanos é, portanto, de exclusão, onde se misturam indiscriminadamente preocupações com a ameaça terrorista, ansiedades ligadas à globalização e questões sociais e económicas variadas.

Quais as razões que levam a haver diferentes posições entre países da UE e dentro desses próprios países sobre o uso da burqa, niqab ou hijab?

Não existem regras europeias sobre a questão. O facto de a indumentária do cidadão se ter tornado um problema político já é interessante. As posições tomadas variam em função de conjunturas particulares e de acordo com análises subjectivas sobre a situação do país, a crise do sistema, o perigo da religião, etc. A nível europeu, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem tem garantido a cada Estado uma margem de autonomia na determinação da liberdade religiosa.

Porque é que os europeus recusam aceitar que as muçulmanas queiram usar véu?

A percepção do véu como uma alienação da mulher muçulmana é sintomática da dificuldade de um certo feminismo em pensar a condição feminina na sua diversidade. Apesar dos trabalhos sociológicos que mostram a variedade de motivações e de significados atribuídos ao véu, o discurso dominante continua a insistir num significado único - o de afirmar a inferioridade da mulher.

Como podemos definir aquilo a que se chama um "islão europeu"?

O significado da expressão "islão europeu" é equívoco. Para alguns sociólogos, o islão europeu caracterizar-se-ia pela inexistência de autoridades religiosas reconhecidas e pela perda de evidência social de uma religião desligada do Estado e da sociedade civil. Por vezes, implica também uma reformulação teológica do dogma muçulmano.

Quais as diferenças entre o islão na União Europeia e nos EUA?

O islão ocupa um lugar especial na Europa, como o Outro através do qual o continente continua em parte a definir-se. Hoje em dia, a associação (explosiva) da questão muçulmana com a imigração e a marginalização económica - que caracteriza a percepção do islão na Europa - contrasta com a situação nos EUA, onde a comunidade muçulmana é em grande parte "indígena" (fruto de conversões de afro-americanos) e socioeconómicamente bem integrada (classes média e alta).|

DN, 10-11-2007
 
AS DIFERENTES FORMAS DE OLHAR O VÉU ISLÂMICO NA EUROPA

PATRÍCIA VIEGAS

Na cidade italiana de Treviso, uma rapariga foi autorizada a usar a burqa no colégio por motivos religiosos desde que aceitasse comprovar a sua identidade. No município belga de Maaseik, uma imigrante marroquina foi multada em 75 euros por usar burqa. A Espanha decidiu que não iria regular o uso do hijab nas escolas públicas. E a França proibiu-o nos estabelecimentos de ensino em nome da sua querida laicidade. Autorizações e proibições reflectem as diferentes visões e leis que existem nos países europeus sobre o uso do véu islâmico, nas suas várias formas, hijab, niqab ou burqa. A discussão do tema é recorrente, não há mês sem notícia, estando associada a uma reflexão sobre o islão na Europa e a tradição secular das suas sociedades.

Os que apoiam a proibição total do véu recorrem, essencialmente, a quatro argumentos. O primeiro é o de que o véu (especialmente a burqa e o niqab) reflecte uma recusa por parte dos muçulmanos em integrarem-se numa sociedade abrangente. O ex-líder do Governo britânico Tony Blair chamou-lhe, em 2006, uma "marca de separação". O segundo é que esse vestuário é uma prova de opressão das muçulmanas e o terceiro é que a exibição de símbolos religiosos constitui uma afronta às sociedades seculares. O último é o de que o véu, em certos casos, como o dos professores ou advogados, pode ter como efeito a intimidação de alunos ou de jurados e juízes.

Alguns destes argumentos são mais fortes do que os outros, mas, dizem analistas, arriscam enviar uma mensagem de discriminação que pode ter o efeito contrário. No ano passado, o Governo e o Parlamento da Holanda estavam dispostos a fazer deste o primeiro país europeu a banir por completo o uso da burqa em espaços públicos. Houve entretanto eleições e a nova ministra da Integração, Ella Vogelaar, indicou um recuo. Aliás, disse a uma rádio, apenas 150 mulheres na Holanda usam este tipo de véu. A sociedade holandesa era considerada como uma das mais tolerantes da Europa. Até que um marroquino matou Theo van Gogh, em 2004, por um filme seu em que uma mulher surgia nua, por baixo de uma burqa, denunciando maus tratos às muçulmanas.

No Reino Unido, onde atentados terroristas colocaram os muçulmanos sob suspeita, a polémica estalou no ano passado quando o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Jack Straw, criticou o uso do véu e explicou-se dizendo que o niqab cria barreiras entre as pessoas e impede que a comunicação funcione nos dois sentidos. Neste país de tradição anglo- -saxónica não existem proibições sobre o uso do véu. Mas as escolas estão autorizadas a estabelecer o seu próprio código de vestuário. No caso de Portugal também não há proibições oficiais, é frequente ver mulheres de hijab e niqab, havendo mesmo uma escola, em Palmela, própria para receber alunas muçulmanas.

Apesar de tudo, foi a lei sobre a liberdade religiosa em França que lançou o debate, ao proibir todos os símbolos religiosos "ostensivos" nas escolas. A medida recebeu grande apoio político e por parte da opinião pública num país onde a separação entre a religião e o Estado é um dos princípios mais sagrados inscritos na lei. Mas enfrentou as críticas da comunidade muçulmana, a maior da Europa, provocando mesmo protestos de rua. Quanto à UE, as únicas declarações oficiais sobre o assunto vieram do vice-presidente da Comissão Europeia, Franco Frattini, que propôs a criação de um "islão europeu", ideia criticada nalguns sectores muçulmanos da Europa. O comissário italiano esclareceu, porém, no final do ano passado, que era contra a proibição da burqa.

DN, 10-11-2007
 
Liberalismo muçulmano contra islamismo militante

LUÍS NAVES

A Dinamarca sabia estar na vanguarda da questão do choque das civilizações, desde que, no final de 2005, um jornal popular publicou caricaturas do Profeta Maomé. Após uma polémica interna, esta nação liberal foi surpreendida por uma onda de contestação que varreu o mundo islâmico, levando à destruição de consulados e boicotes a empresas.

O que a Dinamarca ainda não sabia era que a sua política interna nunca mais seria a mesma. Do caso das caricaturas emergiram dois políticos, que representam as duas faces do Islão perante a modernidade. Ambos são símbolos de uma comunidade (3,2% da população) dividida entre integração e tradição.

Naser Khader, de 44 anos, tem origem sírio-palestiniana e veio da esquerda dinamarquesa. Diz ser muçulmano democrata e inimigo do islamismo militante. Na terça-feira, Khader esteve perto de ser o maior beneficiário das legislativas antecipadas, à frente de um novo partido.

Por seu turno, Asmaa Abdol-Hamid, de 25 anos representa o lado mais conservador do Islão, mas concorreu às eleições nas listas de um partido da extrema--esquerda. Enfim, o contraste entre ambos permite perceber que a entrada dos muçulmanos na política interna dos países europeus vai gerar as maiores contradições.

Nestas eleições, triunfou a visão de Khader. No tempo das caricaturas, ele foi um dos conselheiros do primeiro-ministro Anders Fogh Rasmussen, após este ter gerido mal a crise nas primeiras semanas. O jovem político saiu do Partido Radical para fundar a Nova Aliança e fez campanha em defesa de uma polí- tica de imigração mais liberal. A Nova Aliança elegeu cinco deputados e Khader diz estar disposto a apoiar um primeiro-ministro que enviou tropas para o Iraque e Afeganistão.

A coligação liberal-conservadora do primeiro-ministro venceu as eleições e obteve maioria absoluta devido ao apoio de um deputado das ilhas Féroe e do Partido do Povo, formação anti-imigração, que dá apoio parlamentar ao Governo, em troca de leis mais restritivas nesta área.

O resultado de terça mostra um Rasmussen mais frágil (o seu partido perdeu seis deputados) e mais dependente da direita anti-imigração. Por outro lado, o país está disposto a fazer compromissos. Para não depender do deputado insular, oficialmente independente, a coligação liberal--conservadora precisará da Nova Aliança. Por tudo isto, Khader terá lugar nas próximas rondas negociais. Se for possível conciliar a Nova Aliança com o Partido do Povo, o próximo Governo será mais estável. É a primeira vez que um político muçulmano atinge tal influência num país europeu.

DN, 17-11-2007
 
LIÇÕES SOBRE O ISLÃO VINDAS DE ALEXANDRIA

Leonídio Paulo Ferreira
jornalista
leonidio.ferreira@dn.pt

Eratóstenes ganhou fama no século III a. C. por ter calculado o perímetro da Terra usando apenas um pau e reflectindo sobre o ângulo da sombra quando o Sol atingia o zénite. Era um geógrafo brilhante esse grego nascido em Cirene, na actual Líbia, mas também matemático, astrónomo e poeta. Foi o mais célebre dos guardiães de livros de Alexandria, quando essa cidade do Egipto possuía a biblioteca que fazia a inveja de muitos e causava admiração em todos os outros. Passados mais de dois mil anos, voltou a haver nas margens do Mediterrâneo uma Biblioteca de Alexandria, criada em 2003 como local onde o saber de todas as culturas pudesse ser partilhado. À frente da instituição, que recebe 800 mil visitantes por ano, está Ismail Serageldin, um egípcio digno herdeiro de Eratóstenes: conversa em árabe, inglês e francês, formou-se em Engenharia no Cairo e doutorou-se em Harvard. Tem livros publicados sobre temas como a biotecnologia e o desenvolvimento sustentado, mas orgulha-se sobretudo do ensaio sobre A Modernidade de Shakespeare. Crítico da tese do choque de civilizações, condena os extremistas que usurpam o islão para fins políticos e acredita que o mundo muçulmano está destinado a tornar-se terra de democracia . Afirmou-o em Lisboa, numa palestra a convite de Jorge Sampaio, o alto-representante da ONU para a Aliança das Civilizações.

Na primeira fila da assistência, um quarteto admirável, quase escolhido a dedo para ouvir o bibliotecário de Alexandria: o embaixador de Chipre, que tem o mesmo nome que o almirante da frota de Alexandre, Nearchos; Adriano Moreira, académico cujos cabelos brancos lhe acentuam o ar de patrício romano; a embaixadora do Paquistão, país muçulmano que desde Fatima Jinnah a Benazir Bhutto sempre teve mulheres em destaque; e o novo embaixador do Irão, figura altíssima, com ar de intelectual persa. Perante umas dezenas de convidados, Serageldin apresentou os seus argumentos de muçulmano orgulhoso, incomodado com os preconceitos, com a política de dois pesos e duas medidas do Ocidente que causa ressentimento, com a ignorância de extremistas que desconhecem as origens do islão mas exigem o regresso ao século VII, com a transformação pelos media (e pela Al-Qaeda) de um conflito nacionalista como o israelo-palestiniano em luta religiosa...

Numa conversa à margem, Serageldin conta duas histórias reveladoras: 1. contra a visão do islão como retrógrado, relembra a sabedoria do califa Omar, que impôs aos juízes a presunção da inocência e declarou nulas as provas ilegais (por exemplo, denunciar a bebedeira de alguém após entrar às escondidas na casa); 2. contra quem no islão critica a sua defesa da democracia no Médio Oriente, acusando-o de servir a agenda americana, explica sempre, com ironia, que "ainda Bush se tentava livrar do whisky e não sonhava chegar à Casa Branca já [eu] falava do assunto". Mais que choque de civilizações, há choque de estupidezes. Mas, por vezes, funciona a Aliança das Civilizações. Exemplo? A defesa que um dia o islamólogo Bernard Lewis, por sinal judeu, fez dos muçulmanos contra quem insiste em afirmar que foram eles a destruir a velha Biblioteca de Alexandria.

DN, 28-7-2008
 
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