13 novembro, 2007

 

Do papa


aos bispos e leigos portugueses


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http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=265285&idselect=10&idCanal=10&p=200

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A mensagem do Papa aos Bispos

Bispos e padres devem abrir espaço e adequado enquadramento à participação activa dos leigos. E os leigos terão de ser menos passivos na Igreja portuguesa.

O Papa disse aos bispos portugueses ser preciso mudar o estilo da nossa comunidade eclesial e a mentalidade dos seus membros, para termos uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II.

O desafio é dirigido, em primeiro lugar, à hierarquia da Igreja portuguesa. Mas as palavras de Bento XVI também têm a ver com os leigos. Até porque o Papa detectou na nossa Igreja uma falta de participação na vida comunitária.

A responsabilidade pela necessária mudança é de todos. Dos bispos e dos padres, que devem abrir espaço e adequado enquadramento à participação activa dos leigos. E os leigos terão de ser menos passivos na Igreja portuguesa.

Ora, aí existem sinais de esperança. Lembremos, por exemplo, a intervenção espontânea de vários grupos de leigos na campanha do referendo sobre o aborto.

Isto, sem esquecer o essencial, que o Papa lembrou: estas questões não devem distrair-nos da verdadeira missão da Igreja, que é falar de Deus e não dela própria.

F. Sarsfield Cabral

RRP1, 13-11-2007
 
Papa apela à mudança
na Igreja portuguesa

O Papa Bento XVI apontou Fátima como caminho de fé
e pediu aos Bispos uma mudança de mentalidade da Igreja
portuguesa, no final da visita “Ad Limina”.
Para o Papa, a Igreja em Portugal deve construir caminhos de
comunhão e, tendo presente o aumento dos não praticantes
no país, convida os Bispos a avaliarem a eficácia dos meios
de formação cristã, aconselhando a introdução de mudanças
que possam reforçar o seu papel na sociedade.
“É preciso mudar o estilo de organização da comunidade
eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para
se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II, na qual
esteja bem estabelecida a função do clero e do laicado, tendo
em conta que todos somos um, desde quando fomos baptizados
e integrados na família dos filhos de Deus, e todos
somos corresponsáveis pelo crescimento da Igreja”, disse o
Papa.
Na sua declaração final, Bento XVI lembrou as celebrações
pelos 90 anos das Aparições de Nossa Senhora - onde esteve
presente o enviado de Vaticano, o Cardeal Bretone - e aludiu
a importância de Fátima.
“Apraz-me pensar em Fátima como escola de fé com a Virgem
Maria por Mestra; lá ergueu Ela a sua cátedra para ensinar
aos pequenos Videntes e depois às multidões as verdades
eternas e a arte de orar, crer e amar. Na atitude humilde de
alunos que necessitam de aprender a lição, confiem-se diariamente,
a Mestra tão insigne e Mãe do Cristo total”.
O apelo de D. Jorge Ortiga
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa vê nas
palavras do Papa um apelo a um programa para renovar as
raízes cristãs em Portugal.
Para D. Jorge Ortiga, o Papa, ao sublinhar “que devemos
apostar de uma maneira muito mais séria e mais profunda na
evangelização, está como que a dizer-nos que a nossa população
vive mais de tradições e hábitos de rotina, mas que
necessita de aprofundar este encontro com Cristo”.
Cardeal Patriarca fala em desafio
Para o cardeal Patriarca de Lisboa, o apelo lançado este
sábado pelo Papa aos Bispos portugueses constitui “uma
grande desafio para a Igreja em Portugal”.
O Cardeal Patriarca sublinha também a necessidade da Igreja
ser menos clerical e deixa ainda um apelo a todos os católicos
portugueses.
“Não há dúvida nenhuma que este é um grande desafio para
as igrejas de Portugal. É uma coisa a que temos que estar
muito atentos – e estamos -, mas isso não depende só de nós,
Bispos e padres, depende também dos leigos: é que a igreja
seja menos clerical. Muitas vezes os próprios leigos, mesmo
na generosidade com que querem colaborar, afirmam uma
igreja clerical. Há aí qualquer coisa a transformar. No fundo
é a idade adulta do cristão como membro de uma igreja que
tem Ministérios, que é um povo diversificado e hierarquizado”,
disse D. José Policarpo.
D. Carlos Azevedo admite necessidade de renovação
O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa faz um
balanço positivo da visita dos Bispos ao Papa.
Em declarações à Renascença, no final da visita Ad Limina,
D. Carlos Azevedo afirma que a Igreja em Portugal está pronta
para a renovação, seguindo o apelo do Papa Bento XVI.
“As respostas que nós podemos dar exigem alguma renovação.
O próprio dinamismo do Evangelho é um dinamismo de
conversão permanente. A rotina nunca vai bem com o dinamismo
da vida cristã. É essa permanente conversão que nós
somos chamados a fazer no concreto e penso que a igreja em
Portugal precisa de uma grande conversão pastoral. Ainda
bem que o Papa no-lo disse com toda a sua autoridade”, disse.

RRP1, 12-11-2007
 
Leigos têm papel importantíssimo na Igreja

MANUELA PAIXÃO, Roma

As dificuldades que enfrenta hoje a Igreja Católica "não são problemas específicos de Portugal", são antes desafios com que se confronta "toda a Igreja europeia e ocidental", afirmou ao DN o cardeal D. Saraiva Martins, prefeito da Congregação da Causa dos Santos - e um dos dois cardeais portugueses, o outro é D. José Policarpo. Para este responsável da Igreja, que se encontrou durante o fim-de-semana com os bispos portugueses que participaram em Roma na visita Ad Limina, para a Igreja mudar "deve contar com o contributo das realidades locais". E, em Portugal, essa realidade local passa por um maior papel dos leigos no funcionamento da instituição - ou ter uma igreja menos "clerical", como afirmou D. José Policarpo. Sobre este ponto, Saraiva Martins disse ao DN que a igreja deve "conseguir identificar o seu ADN cristão e indicar mesmo aos leigos que no campo político e social a igreja hoje, mais que nunca, tem um papel muito importante". "Durante o meu encontro com os bispos, uma das noções mais importantes foi que o laicado hoje em Portugal tem hoje uma missão importante no desenvolvimento da sociedade. Os leigos em Portugal têm um papel importantíssimo na igreja. Quase mais do que se fossem padres ou freiras", afirmou.

DN, 12-11-2007
 
A IGREJA PORTUGUESA E AS OVELHAS QUE FOGEM DO REDIL

João Miguel Tavares
jornalista
jmtavares@dn.pt

T anta orelha santa a arder. Os bispos portugueses promoveram uma série de relatórios diocesanos - que embora confidenciais todos sabem o que dizem: menos padres, menos gente na missa, menos baptizados -, foram mostrá-los ao Papa e vieram de lá com um raspanete dos grandes, ainda que proferido naquele tom eclesiástico que mistura elogios, sorrisos beatos, citações da Bíblia e alfinetadas. Que eu saiba, não há memória de um Papa se dirigir à Igreja portuguesa convidando-a a "mudar o estilo de organização e a mentalidade dos seus membros" perante a "maré crescente de cristãos não praticantes" nas dioceses. Mudar de estilo e de mentalidades não é o mesmo que mudar a cor das vestes litúrgicas ou afinar os cânticos das missas - é mudar tudo. São palavras duríssimas de Bento XVI, tanto mais significativas quanto politicamente até correm o risco de fragilizar a Igreja nos embates que tem tido com o Governo, como foi o caso recente das capelanias hospitalares.

Ainda assim, talvez o seu discurso consiga o milagre de promover um debate alargado sobre o estado da Igreja em Portugal, que é bem preciso. Quando no espaço público se discutem os problemas da Igreja, em 90% dos casos é conversa sobre sexo - desde o celibato dos padres ao uso dos contraceptivos, passando pela posição do Vaticano sobre a homossexualidade. Mas essa é apenas a árvore que esconde uma floresta de problemas. Quem está de fora nem sequer sabe que existem, mas eles estão lá, e o Papa apontou dois: o défice de "participação na vida comunitária" e a falta de "eficácia dos percursos de iniciação actuais", sendo que o primeiro acaba por ser uma consequência natural do segundo. Traduzindo para português, a referência aos "percursos de iniciação" quer dizer uma coisa muito simples: os cristãos portugueses estão mal preparados, vivem agarrados a uma religiosidade popular mal fundamentada e isso faz com que entre o fim da infância e o início da idade adulta boa parte das ovelhas se pisgue do redil.

Curiosamente, é uma questão de estatística. Em Portugal baptiza-se quase tudo à nascença, aos sete anos faz-se a primeira comunhão e aos 15 despacha-se o crisma - como se fosse possível aos sete alguém compreender a profundidade da eucaristia e aos 15 estar em condições de afirmar a maturidade da sua fé. Esta juvenília religiosa é boa para se chegar aos noventa e tal por cento de católicos em Portugal, mas leva a que aos 15 esteja feita a licenciatura cristã e que aos 18 já só haja jovens no coro. O preço que se paga é muito alto: ficam apenas fiapos de fé. E por isso Fátima enche, enquanto as igrejas se esvaziam.

DN, 13-11-2007
 
O futuro da Igreja em Portugal

Na sequência dos recados
deixados pelo Papa Bento XVI aos
Bispos portugueses na recente
visita Ad Limina, a Renascença
promoveu um debate entre os
Bispos D. Carlos Azevedo, D.
António Marto e D. António Francisco.
Os três prelados debateram o
futuro da Igreja em Portugal.
“Nós somos sempre dados a invejazinhas, ciumezinhos, a
coisas que vão dividindo as pessoas e que vão criando atritos
entre elas”, diz D. Carlos Azevedo, considerando que estes
factores não ajudam na construção da “valorização da vocação
de cada um”.
Por isso, refere o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa,
“o caminho de todos os pastores fazer com que cada
um desenvolva a sua
própria vocação na
correspondência aos
dons do espírito e
esse é um trabalho
sempre a fazer”.
O Bispo de Aveiro, D.
António Francisco,
fala, por seu lado,
num dinamismo novo
após o encontro com
o Papa, durante a deslocação Ad Limina, de onde resulta um
“grande esforço de renovação”.
“Creio que é o momento de nos reencontrarmos com esta
centralidade de uma Igreja que é convidada a falar mais de
Deus e a descobrir estes caminhos, porque aí está o essencial”,
diz D. António Francisco.
Ir ao fundo do coração humano é
o conselho do Bispo de Leiria-
Fátima. Para D. António Marto, a
reforma da Igreja “não se faz só
através de documentos da Conferência
Episcopal, faz-se com as
pessoas concretas, nas comunidades
e, enquanto não se despertar
a alegria, a beleza, o gosto e o
gozo da fé as pessoas não se
mobilizam”.
“Sem irmos ao fundo do coração humano, do coração do
crente, não teremos uma Igreja mobilizada e entusiasta para
fazer face a estas dificuldades”, acrescenta.

RRP1, 23-11-2007
 
Empresários vão ensinar bispos a gerir dioceses

RITA CARVALHO

Jornadas pastorais começam hoje em Fátima e vão durar quatro dias

Associação Cristã de Empresários dá formação em gestão e liderança

Os gestores católicos vão ensinar os bispos a gerir melhor as suas dioceses. As "aulas" destinam-se a ajudar os membros da Conferência Episcopal Portuguesa a organizar melhor os seus recursos humanos, a tratar das finanças e a fazer uma gestão mais eficaz do seu património.

A iniciativa é da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e da Associação Cristã de Empresários e Gestores, e terá lugar em Fátima. Os gestores darão aos bispos formação na área da gestão e da liderança durante quatro dias. Uma colaboração estreita que já não é de agora, que deriva de uma necessidade sentida pelos líderes da Igreja Católica e se concretizou num plano de formação mais alargado.

"Hoje, as dioceses têm áreas incomensuráveis que exigem dos nossos bispos uma enorme capacidade de gestão e decisões diárias difíceis", afirmou ao DN José Roquette, empresário e um dos fundadores da associação.

Por isso, acrescenta, é preciso "adoptar algumas linhas de orientação para que a Igreja cumpra cada vez melhor a sua missão, que é aproximar-se das pessoas e difundir a sua mensagem". De uma forma moderna e utilizando as ferramentas disponíveis, como, por exemplo, as tecnologias da informação.

O empresário fala de "estratégia" e "gestão" na Igreja Católica, tal como acontece nas empresas, onde os gestores são chamados a traçar objectivos e a apresentar resultados. E dá exemplos. "Imagine-se o que é gerir um património como o da Igreja, com tantos bens. Claro que isso pode ser feito de uma forma mais exigente", diz.

José Roquette não descarta a importância dos leigos no auxílio dos padres na gestão das paróquias, mas lembra que esta necessidade de envolver mais activamente os católicos não pode retirar aos bispos a responsabilidade de "se inteirarem destas questões fundamentais".

De hoje até quinta-feira, as jornadas pastorais que decorrerão em Fátima serão dedicadas ao tema "Critérios e modos de organização, gestão e liderança numa Igreja - Comunhão". No primeiro dia, o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, fará uma palestra sobre "critérios de gestão".

Em cima da mesa estará também a análise aos resultados de um inquérito a todos os bispos sobre a actividade da Igreja e da sua gestão quotidiana.

DN, 16-6-2008
 
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