01 dezembro, 2007

 

1 de Dezembro

Dia da Restauração da Independência

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Pátria

A restauração da independência - que amanhã se assinala
– é um belo pretexto para uma reflexão sobre o amor à
Pátria.
Esta palavra está hoje banida do nosso vocabulário, vítima
de uma série de instrumentalizações políticas. E os poucos
que se arriscam a dizer “Pátria” tornam-se politicamente
incorrectos.
Ora, o conceito de Pátria, deriva da palavra “pater”, pai,
identifica-se com o nosso património, com o que recebemos
dos nossos antepassados, dos nossos “egrégios avós”,
como se canta no hino.
No seu livro “Memória e Identidade”, João Paulo II faz
uma reflexão sobre este conceito. Escreve o Papa polaco
que “Pátria é o bem comum dos cidadãos, por isso, é também
um dever de todos”. E que “Patriotismo é amar tudo
o que faz parte da Pátria: a sua história e tradições, a sua
língua, a sua natureza, as obras dos seus filhos e a sua
genialidade”.
Sem complexos, sejamos patriotas!

Aura Miguel

RRP1, 30-11-2007
 
Uma marcha com rigor matemático

FERNANDO MADAÍL

"Tal como há trezentos anos, a manhã de 1.º de Dezembro despontou envolvida numa luminosidade acariciante. O sol rompera resoluto, esfrangalhando nuvens que se iam dispersando como farrapos. E a população da capital, pouco a pouco, foi saindo de suas casas, enfrentando o frio que os raios do sol amenizavam. Dirigia-se ao Largo de São Domingos, a fim de assistir à cerimónia da entrada no histórico Palácio da Independência do estandarte da Mocidade Portuguesa [cujo comissário nacional era Marcelo Caetano, que substituiria Salazar no poder em 1968]. Pela primeira vez, ali, subiria aos topes."

A 3 de Dezembro de 1940, as comemorações do 1.º de Dezembro eram relegadas, no DN, para a segunda página. Afinal, o encerramento das Comemorações Centenárias (e da Exposição do Mundo Português) contemplava a efeméride do tricentenário da Restauração. Esqueçamos, pois, a sessão no Parlamento (na época chamava-se Assembleia Nacional) e o recital de gala no reaberto Teatro S. Carlos, onde Carmona surgia de uniforme e Salazar em casaca. Fiquemos apenas pela descrição dos movimentos da milícia juvenil, inspirada na Juventude Hitleriana e nos Balilas de Mussolini, que passava a ter a sua sede no antigo Palácio dos Almadas, comprado e oferecido pela colónia portuguesa do Brasil - depois do 25 de Abril de 1974 foi ocupado pela Associação dos Deficientes das Forças Armadas e é hoje da Sociedade Histórica da Independência de Portugal.

"Às 9 horas montara-se a guarda ao Palácio, constituída por cadetes [rapazes dos 17 aos 25 anos] da MP, armados de carabina. [...] Impecáveis, altaneiros, os rapazes tinham no rosto estampado o orgulho bem legítimo de tão subida honra lhes ser confiada. Ali se haviam reunido os conjurados de 1640, que, num rasgo de patriótica audácia, restauraram a independência de Portugal." E quem sustentasse que a comparação era exagerada arriscava-se a ir à PIDE, a polícia política chefiada pelo capitão Agostinho Lourenço.

"Entretanto, vindos de diversos pontos do burgo, iam comparecendo formações da MP: lusitos [dos 7 aos 10 anos], infantes [10-14 anos] e vanguardistas [14-17 anos ], de passo bem cadenciado, decididos, confiantes. [...] Alinharam-se as bandeiras, num friso multicor, variegado." Depois, "pouco antes das 10 horas, a rufos de tambor e a toques de clarim, surgiu do lado do Rossio um batalhão a duas companhias de cadetes, devidamente armados, com o estandarte da Mocidade Portuguesa e, à frente, um grupo de guiões".

"Marchando impecavelmente e executando todos os movimentos com perfeição inexcedível, os cadetes provocaram coros de admiração. De facto, a sua apresentação teve qualquer coisa de admirável. O garbo, o aprumo, a certeza matemática dos movimentos surpreenderam quantos de fora assistiam à cerimónia, pois os seus chefes, esses sabiam que seria assim. Mas não escondiam a sua satisfação. E o povo pôde ver como a mocidade caminha, dentro dos princípios da unidade e da disciplina." O povo que foi aos Restauradores até viu a forma como desfilavam a Mocidade Portuguesa Feminina, a Brigada Naval - em "bonitas fardas azuis" - e a Legião Portuguesa - com o uniforme amarelo-esverdeado que originaria a alcunha "feijões carrapatos".

Mas era diante do Palácio da Independência que, após o discurso de Marcelo Caetano proferido da varanda, "no espaço azulíneo, cruzavam em curiosas evoluções dois aviões pilotados por filiados da MP".

DN, 1-12-2007
 
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