02 dezembro, 2007

 

2 de Dezembro


Dia Internacional para a Abolição da Escravatura




http://atuleirus.weblog.com.pt/arquivo/2005/12/dia_mundial_da_5.html

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Fontes cruciais para a História de África estão em Portugal

LEONOR FIGUEIREDO

Afirmação é de autor de 2 volumes sobre evolução do continente negro

"Portugal é provavelmente o país onde estão as fontes mais importantes para a História de África", confessa Elikia M'Bokolo, o historiador francês de origem congolesa director na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. M'Bokolo falava ao DN após o lançamento em Português do 2.º volume da História de África, o grande projecto da sua vida.

Em curtas declarações ao DN, o historiador dá o exemplo "dos dez volumes da Monumenta Missionária Africana, de António Brásio (1958- -68), que até hoje não foram verdadeiramente estudados". Cita documentos redigidos em Português desde o século XV "que permitem a datação exacta dos factos em África, onde as fontes orais e a arqueologia só dão datas aproximadas". Porque, pormenoriza, "há países de que pouco se sabe porque não há documentos escritos e, devido ao clima, as fontes materiais desapareceram".

A elaboração da História de África, concebida nos anos 60, amadurecida nos 80 e escrita nos 90, surgiu porque "não havia uma obra completa e sintética com uma abordagem moderna e interdisciplinar da História da África Negra". Produtor desde 1963 de um programa de rádio internacional participado por imigrantes, M' Bokolo sentiu, também ali, a necessidade de esta comunidade se rever num passado credível.

Mas M' Bokolo tem grande esperança no futuro, defendendo que a "renascença africana" acontecerá com as novas gerações.

Sem ideias feitas

Tradutora do 2.º volume, a historiadora Isabel Castro Henriques considera que esta obra significa "um momento fundamental da história da construção da historiografia africana que vem pôr de lado uma série de ideias feitas, fazendo a síntese necessária dos trabalhos que se foram publicando a partir dos anos 70, com recurso a áreas como a linguística, sociologia ou antropologia". Em sua opinião, é "a melhor história de África publicada, que se centra nos africanos e não na velha questão dos africanos contra qualquer coisa..." Também Alfredo Margarido, historiador que o Estado Novo rotulou de "maldito" e expulsou das colónias, classificou M' Blokolo de historiador "absolutamente excepcional" que "interverteu os ponteiros do relógio da história", porque esta, ao longo dos séculos, "diabolizou os negros" e ignorou que antes de chegarem os europeus "havia História em África".

DN, 16-12-2007
 
Nova Jérsia estuda pedir desculpas pela escravatura

MANUEL RICARDO FERREIRA, Nova Iorque

Entre as colónias do Norte, foi a última a libertar os escravos

A Lesgislatura de Nova Jérsia vai hoje debater se o estado deve pedir publica e formalmente desculpas pela escravatura. Se a proposta for aprovada, será o primeiro dos estados que na Guerra Civil lutaram pela União a fazê-lo, seguindo o exemplo de quatro estados da Confederação (Alabama, Carolina do Norte, Maryland e Virgínia).

William Payne, o autor da proposta, argumenta que "não é grande coisa que se pede ao estado de Nova Jérsia. Tudo o que pedimos é que digam estas palavras simples: 'Desculpem-nos'".

Mas não parece ser fácil, apesar de Payne ser negro, como o são 14,5% dos 8,7 milhões de residentes no estado, porque quando se recua tanto na História, politicamente muita coisa muda.

O republicano Michael Patrick Carroll diz que os democratas, como Payne, deveriam primeiro exigir que o seu próprio partido pedisse desculpas, assinalando que historicamente os republicanos eram contra a escravatura e que Abraham Lincoln perdeu duas vezes as eleições em Nova Jérsia.

Na proposta, Payne recorda que, entre as colónias do Norte, Nova Jérsia era a que tinha maior número de escravos e que foi, em 1846, o último dos estados do norte a libertá-los, só tendo abolido a escravatura em Janeiro de 1866. "É uma parte lamentável da história do nosso estado", diz Payne.

Mas o republicano Richard Merkt, argumenta que "os actuais residentes de Nova Jérsia, mesmo os que podem encontrar na sua linhagem escravos ou proprietários de escravos, não têm qualquer culpa ou responsabilidade colectiva em acontecimentos injustos em que não tiveram qualquer participação", principalmente os que descendem de famílias que vieram para a América depois do fim da escravatura.

A proposta a ser discutida hoje na Assembleia Estadual é apresentada como uma resolução, expressando a opinião da Legislatura e não necessitando de qualquer acção por parte do governo estadual. Não foi discutida pelo senado estadual, mas poderá mesmo assim ser adoptada na próxima terça-feira, dia em que termina a actual sessão legislativa.

DN, 3-1-2008
 
EUA perdem perdão por escravatura e segregação

ABEL COELHO DE MORAIS

Câmara dos Representantes reconhece quatro séculos de injustiças

Iniciativa segue-se a desculpas a nativos e a sino-americanos

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou ontem uma resolução histórica em que, pela primeira vez, um órgão do Governo federal pede desculpa aos afro-americanos pela práticas de escravatura e segregação.

Aprovada 143 anos após a abolição da escravatura nos EUA, a resolução "pede perdão aos afro-americanos, da parte do povo dos Estados Unidos, pelo mal feito a si próprios e aos seus antepassados" na época em que vigoravam as leis da escravatura e da segregação racial. Estas últimas só foram abolidas em 1964 no âmbito da campanha pelos direitos cívicos da comunidade negra.

A resolução foi definida como um primeiro passo no processo de libertação dos "afro-americanos das algemas de uma educação deficiente, de serviços de saúde inadequados e de falta de emprego", afirmou Carolyn C. Kilpatrick, a líder do grupo de representantes negros na Câmara.

Proposta pelo democrata, de ascendência judaica, Steve Cohen, do Tennessee, que representa uma circunscrição predominantemente negra de Memphis, a resolução foi aprovada por votação em voz alta. Nela se reconhece que "milhões de africanos e seus descendentes foram escravizados nos EUA e nas 13 colónias americanas de 1619 a 1865", que aqueles "foram capturados e vendidos em leilões como objectos inanimados ou animais" e que "o sistema de escravatura e o visceral racismo contra pessoas de origem africana, na qual aquele se baseia, tornou-se parte da natureza social" dos EUA.

A resolução menciona o facto de George W. Bush, na sua viagem a África, em 2003, tal como Bill Clinton terem reconhecido as responsabilidades dos EUA na questão (ver caixa), e admite que "um pedido de desculpas" por séculos de injustiça não apaga o passado, mas "pode acelerar a reconciliação racial".

A decisão foi comentada em tom positivo pelo candidato democrata, Barack Obama, enquanto os jornais referiam o facto de, em Outubro de 2007, John McCain, o candidato republicano, se ter pronunciado a favor de uma desculpa federal.

Em 1988, o Congresso aprovou um pedido de desculpas, com pagamento de indemnizações aos sino-americanos detidos nos EUA na II Guerra Mundial, e já em 2008 o Senado fez o mesmo aos nativos americanos.

DN, 31-7-2008
 
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