26 dezembro, 2007

 

25 de Dezembro


Natal


http://pt.wikipedia.org/wiki/Natal

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30 PROPOSTAS PARA ESTE NATAL

JOSÉ MÁRIO SILVA

Número de novos títulos em 2007 não cresceu

São 17 livros de ficção, dez de não ficção, dois que se podem incluir na categoria da literatura infantil e apenas um de poesia (o épico Orlando Furioso, de Ludovico Ariosto, em primeira tradução integral para português). O DN procurou saber quais os grandes trunfos para o Natal de dez das mais prestigiadas editoras portuguesas, escolhidas de forma a representar a realidade existente, tanto em termos de dimensão como de filosofia (mais artística ou mais comercial). Curiosamente, a proporção dos vários géneros correspondeu ao que vemos nos escaparates das livrarias, com um predomínio da ficção (sobretudo romance) e a quase ausência da poesia.

Se o Natal continua a ser "o período de ouro do comércio do livro" (só seguido de perto pelo mês de Junho, em que se realizam as principais Feiras do Livro), António Baptista Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), chama a atenção para o facto de a suposta avalanche de novos títulos editados não ser tão grande como poderia supor-se. Ou, pelo menos, a realidade dos números dá a entender que o ano de 2007 e o de 2006 se equivalem. Segundo números fornecidos pela APEL, até final de Novembro foram publicados em Portugal 13 976 novos livros, enquanto em 2006, no período homólogo, tinham sido lançados 14 034 títulos (ou seja, uma variação, mínima, de 0,004%).

Não havendo ainda estatísticas fiáveis sobre o volume de negócios (velha aspiração do sector livreiro), Baptista Lopes destaca o surgimento, esta semana, da maior livraria do país: a Byblos das Amoreiras, em Lisboa. "Embora nasça do sonho de um homem, Américo Augusto Areal, que não representa mudanças no restante panorama, é uma aposta fortíssima no livro que merece ser saudada."

DN, 16-12-2007
 
ONDE ESTÁ O MENINO?

Maria José Nogueira Pinto
jurista

O único traço rico do meu presépio é conseguido pelas figuras, réplicas dos presépios barrocos italianos, o movimento elegante dos corpos, a doçura dos traços fisionómicos, a delicadeza das cores, o conjunto organizando-se numa coreografia de expectativa, de iminência de algo grandioso e há muito anunciado.

O musgo, que hoje já não tenho à mão de semear, veio do Horto e é tão espesso que mais parece artificial. Dois tarolos de lenha tentam reproduzir, nas extremidades, uma espécie de montes e colinas, com as quais pretendo enquadrar o vale onde vou deitar o Menino. Não resisto a colocar, em equilíbrio mais que precário no ponto mais alto desta composição, um tosco castelo para lembrar Herodes. E uma fonte de barro, vários pequenos espelhos a fingir lagos e rios, e duas pontes arquitectonicamente impossíveis como contributos para uma versão mais realista daquela improvável paisagem. Contemplo a minha obra sem grande orgulho. Excepto as figuras, claro!

Os pastores têm a mão sobre os olhos, perscrutando o horizonte; a mulher junto do poço, ergue a vasilha como que suspensa num momento de revelação; um outro sopra na sua gaita de foles como se lhe coubesse o dever de dar sinal, de anunciar o acontecimento; um camponês segura a cesta dos ovos como um bem precioso destinado à homenagem e ao reconhecimento de algo muito importante; os reis do Oriente não desiludem com as suas vestes de brocado e ouro velho, a sua alta estatura, a cor da sua pele e os seus presentes reais guardados em urnas que, mesmo na pequena dimensão das figuras, se percebem de ouro revestidas de pedras de preciosas.

No sopé do meu improvisado monte, protegido pela encosta, está o Menino. Deitado nas palhas, só tem umas faixas brancas a cobrir parte da sua nudez de recém-nascido. Ao lado, a Mãe debruça-se sobre ele, o movimento do corpo descreve esse impulso de protecção materna e a cabeça inclinada deixa adivinhar um olhar de desvelo. Um pouco mais afastado, num segundo plano, aquele que lhe estava destinado, José mantém-se de pé, numa atitude protectora.

História terrível, esta, em que se cruzam profecia, desígnio e mistério, que requer a nossa atenção humilde para deslindar os sinais de aparente contradição: o medo do rei Herodes, a matança dos inocentes, a fuga de Maria e José, as portas que se fecham, o parto num estábulo, as dores, o frio, a solidão e a pobreza. Mas também a estrela que guiou os reis do Oriente e os anjos que anunciaram a boa nova aos pastores.

Onde se tinha visto, alguma vez, o Divino descer voluntariamente à condição de humano, expor-se a todas as vulnerabilidades para estar entre nós, para que não ficássemos sozinhos? Uma história de esperança e de salvação. Esperança nos homens de boa vontade e caminho de redenção, libertador do jugo a que tantos estavam condenados.

O Natal é isto mesmo. Para os que têm fé, a renovação da Encarnação, de um poderoso e salvívico acto de amor. Para os que não têm fé, o aniversário de um homem que revolucionou o seu tempo, fez face aos poderosos, exaltou os humildes, lutou pela justiça e pela liberdade e, por isso, foi crucificado. Em qualquer caso, uma imensa prova de confiança na nossa pobre condição humana, que devia servir de motivo para alguma reflexão interior, sobre cada um de nós e os outros, todos os outros que vivem, ainda hoje, na privação da esperança e da dignidade.

Há dois meses que nos incitam a "brincar ao Natal", agora definitivamente transformado num entrudo pelo marketing desenfreado da sociedade de consumo. Só vejo o velho vermelhusco, o seu trenó e as suas renas, sinos, fitas e bolas, pinheiros de todos os tamanhos, comida e presentes. Uma sociedade infantilizada parece querer fugir de qualquer espiritualidade, recusar qualquer dimensão transcendental. Onde está, então, o Menino, a razão única desta efeméride, quer se acredite quer não, na sua divindade?

DN, 20-12-2007
 
NATAL E CATÓLICOS NÃO PRATICANTES

Anselmo Borges
padre e professor de Filosofia

Na sua relação com Deus a Bíblia é atravessada por uma tensão. Deus é absolutamente transcendente. Afirma-se de modo radical e constante a transcendência de Deus. Há, por exemplo, aquele mandamento do Decálogo, no Êxodo, que proíbe qualquer imagem de Deus: "Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está, em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas."

O Novo Testamento insiste na transcendência. A Deus nunca ninguém o viu, diz o Evangelho segundo São João. Esta palavra é repetida na Primeira Carta a Timóteo: Deus é "o único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que possui a imortalidade, que habita numa luz inacessível, que nenhum homem viu nem pode ver".

Esta impossibilidade de ver Deus é apresentada de modo sublime num passo célebre do livro do Êxodo, capítulo 33. Ali se descreve como Moisés quer ver a face de Deus e a sua glória. Deus responde que concede a sua benevolência e usa de misericórdia, mas Moisés não poderá ver a sua face. Vê-lo-á apenas pelas costas. "Tu não poderás ver a minha face, pois o homem não pode contemplar-me e continuar a viver." O Senhor disse: "Está aqui um lugar próximo de mim; conservar-te-ás sobre o rochedo. Quando a minha glória passar, colocar-te-ei na cavidade do rochedo e cobrir-te-ei com a minha mão, até que Eu tenha passado. Retirarei a mão, e poderás então ver-me por detrás. Quanto à minha face, ela não pode ser vista."

Mas o Deus infinitamente transcendente é, por isso mesmo, radicalmente imanente na sua presença criadora às criaturas. A proibição de imagens esculpidas de Deus radica em que o próprio Homem é a sua imagem viva. Diz o livro do Génesis: "Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher."

Deus, infinitamente transcendente, é próximo, mais íntimo ao Homem do que a sua mais íntima intimidade, como disse Santo Agostinho.

É assim que há, na Bíblia, apenas duas tentativas de "definir" Deus. Uma é do Antigo Testamento. Quando Moisés pergunta a Deus qual é o seu nome, Deus diz: "EU SOU AQUELE QUE SOU." Mas o sentido deste "eu sou" em hebraico é: Eu sou aquele que está convosco, aquele que vos acompanha na libertação.

A outra "definição" pertence ao Novo Testamento, na Primeira Carta de São João: "Deus é amor." Por isso, "quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele". Deus manifestou o seu amor, enviando ao mundo o seu Filho Unigénito, "para que, por ele, tenhamos a vida".

Cá está! Deus, que é invisível, que nenhum Homem pode ver, tornou-se visível em toda a humana criatura, e a sua mais viva visibilidade deu-se em Jesus, a Palavra de Deus encarnada. No Evangelho segundo São João, o próprio Jesus diz: "Quem me vê, vê o Pai."

Torna-se então claro que o Natal só tem sentido verdadeiro se for a celebração da humanidade divina de todos os seres humanos, revelada em Jesus Cristo, cujo nascimento o Natal celebra.

Entre nós, é frequente a confissão: "Sou católico não praticante", no sentido de baptizado, que ainda se casa na Igreja, que baptiza os filhos e até os manda à catequese, mas habitualmente não vai à missa nem se confessa.

Ora, quando se está atento à mensagem originária do Evangelho, a prática religiosa autêntica consiste na promoção da justiça e na bondade para com todos os seres humanos, com os quais o próprio Jesus se identifica. De facto, como diz o Evangelho segundo São Mateus, no Juízo Final sobre a História, o determinante é a prática da justiça e do amor. O Rei dirá então: "Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo."

A outra prática - ir à igreja, participar na Missa - só em conexão com esta - a prática da justiça e do amor -- alcança autenticidade e verdade.

DN, 22-12-2007
 
CONTO DE NATAL

João César das Neves
professor universitário
naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

Um dia olhei à volta e vi o mundo como nunca vira. A realidade é uma floresta. Eu parecia estar em cima de uma árvore, no meio de muitos ramos grossos e frondosos, folhas, rebentos e frutos. Toda a minha actividade desenrola-se por entre esta folhagem. O meu trabalho e azáfama, os meus desejos e frustrações, todas as minhas viagens, correrias, tarefas e divertimentos têm lugar nas copas de um denso bosque. Vi as ruas e casas, salas e corredores formados do material vegetal da selva. Reencontrei todos os meus colegas e conhecidos, amigos e familiares, cada um na sua labuta, todos fazendo tudo equilibrados nos troncos, ramos, folhas e caules daquele espesso arvoredo.

Tornou-se então clara a natureza da minha existência, que antes sempre me tinha perturbado. A permanente insegurança da realidade humana fica compreensível se soubermos que vivemos no topo ondulante de um bosque batido pelo vento. Os obstáculos que sentimos no quotidiano, a confusão e incerteza do nosso destino, ficam subitamente claros. É difícil ver através das hastes e folhas. É penoso mover-se por entre caules, lianas e trepadeiras. Vivendo no topo de uma floresta, é evidente a razão por que as coisas não andam como queremos.

Então, olhando para baixo, tive um sobressalto. Os ramos onde vivo estão suspensos muitos metros acima de um nevoeiro cerrado que parece cobrir um pântano. O cheiro nauseabundo, o chapinhar e os roncos medonhos que de lá sobem são apavorantes. Entrevêem-se cristas escamosas, focinhos monstruosos. A nossa vida precária baloiça-se por cima de um atoleiro repugnante e sangrento. A vida humana titubeia sobre o abismo. Ninguém parece dar-se conta da situação. Alguns filósofos meditam sobre isto, ouvem-se muitas histórias de incautos engolidos pelo lamaçal. Mas sente-se um esforço colectivo para ignorar a realidade e esquecer a ameaça. Todos se agarram com força aos ramos e contentam-se com a vidinha, intensa ou pacata, no meio das folhas. De olhos finalmente abertos, senti que não conseguia mais permanecer naquele lugar. Como podia deixar escoar a minha vida num matagal frágil por cima da catástrofe? Como achar isso normal, corrente, tolerável?

Foi então que reparei numa grande luz que vinha do Oriente. Por entre a folhagem entrevi um clarão que não parecia apagar-se. Corri pelo meio dos troncos e cheguei à margem do pântano onde, de uma enorme muralha dourada e brilhante, partia a luz. Não consegui ver o topo daquela parede imponente, feita de grandes blocos de pedra. De ambos os lados não se vislumbravam os extremos . Era imensa.

Vi então que entre a muralha e o arvoredo do pântano havia uma estreita faixa de areia onde se encontrava uma pequena multidão. Desci da árvore e perguntei o que era aquilo. Disseram-me que era o muro da cidade das delícias, onde se vive feliz para sempre. Julguei que a muralha era para manter longe os invasores, mas um velho explicou: "Não foram os habitantes da cidade que fizeram o muro. Fomos nós, forçados pelo dragão que vive no meio do pântano." Este paradoxo era o tema de conversa de toda aquela gente, que queria passar sobre a muralha luminosa. Alguns diziam ter recebido mensagens do Senhor da cidade e saber como fazer uma escada. Asseguravam que a subida viria do esforço e sacrifício. Outros falavam de meditação ou repetiam leis e cultos para saltar o obstáculo.

Eu perguntei: "Já se lembraram de procurar uma porta?" Olharam para mim com desprezo e um respondeu: "Se és dos que acreditam que há uma porta, vai para ali ter com os teus amigos." Então reparei que, um pouco mais adiante, havia na praia um grande grupo que parecia olhar todo para um mesmo local. Aproximei-me e notei uma outra multidão, semelhante à primeira. Mas esta estava a cantar. Naquela zona a base da muralha escurecia e parecia abrir uma espécie de caverna. Era para ali que toda aquela gente olhava. De dentro vinha uma luz ainda mais forte que a que saía das pedras do muro. Pareceu-me ouvir, vindo da gruta, o som de uma criança a chorar.

DN, 24-12-2007
 
Miranda sai à rua na noite de Natal para assistir à fogueira do galo

SANDRA BENTO, Bragança

Em Miranda do Douro, a tradição de Natal leva toda a gente à rua na noite de consoada. O dia começa cedo. Os rapazes solteiros juntam-se em volta de um ritual muito característico do planalto mirandês. Recolhem lenha em carros de bois para a tradicional fogueira do galo que se realiza junto à sé catedral na noite de 24 de Dezembro.

Os foguetes pela manhã são o sinal de chamada para dar início aos trabalhos. "Do dia 23 para 24, o pessoal novo da cidade faz directa e às sete da manhã vamos comer o caldo-verde" regado com um bom vinho tinto "para aquecer o estômago" e muita animação ao som da gaita-de-foles. Prontos para combater o frio que se faz sentir por esta altura do ano, os rapazes partem para o meio do monte onde vão cortar a madeira que depois carregam nos carros de bois. Esta lenha vai, depois, servir para acender a fogueira junto à Sé Catedral de Miranda do Douro.

Todos participam na festa: os mais pequenos e os mais graúdos, desde que sejam solteiros. Mas nesta árdua tarefa ainda há tempo para umas brincadeiras que ninguém sabe ao certo em que consistem, uma vez que esse segredo também faz parte da tradição. Ainda assim, um elemento da organização revela que há umas praxes designadas "barrelas" em que "tiramos as calças ao pessoal novo que vai e 'regamos' bem o sítio com vinho e musgo". No regresso, faz-se sempre uma paragem na Cabreira "onde comemos a famosa punheta de bacalhau". A chegada é por volta das 18.00. Nesta altura "corremos a cidade toda com os carros de lenha", depois descarregada junto ao local da fogueira que é acendida pouco antes do início da missa do galo.

Antes disso, todos vão fazer a consoada em família e regressam cerca das 23.00 para acender a fogueira e assistir à eucaristia.

No final desta celebração são cantadas as famosas "lhonas" ao menino em jeito de cantigas de escárnio e maldizer. "Maria lavava e José estendia, chorava o menino com o frio que tinha" cantam os rapazes. Outros entoam: "Todos os pastores vão a Belém, ver o menino que a senhora tem. Que a senhora tem, que a senhora adora, arrê burriquinho, vamo-nos embora."

Esta tradição nem sempre é bem vista pela população mais conservadora, mas ninguém arreda pé. A fogueira chega a atingir a altura da Sé Catedral de Miranda, de uma enormidade assustadora que encanta quem participa neste evento, tradicional e ainda bem vivo entre as gentes das terras do planalto mirandês.

DN, 24-12-2007
 
Alegações finais de Filipa Vacondeus (GASTRÓNOMA): "Este Natal é um luxo comer bacalhau"

PAULA MOURATO

Como é a ceia de Natal em sua casa?

A minha ceia de Natal é, há muitos anos, a mesma coisa. Normalmente temos uma canja e bacalhau, que não é o cozido tradicional mas um bacalhau no forno com molho branco. É o que as crianças gostam de comer e na minha casa há muitas crianças e poucos adultos. Também cozinho um peru e faço uma grande abóbora recheada com camarões e mexilhões.

E em matéria de doces, o que não falta na sua mesa?

O que é normal: os sonhos, as rabanadas, normalmente faço uma mousse de chocolate de que os pequenos gostam muito. Faço ainda aqueles doces que só se comem uma vez por ano em minha casa, como a sopa dourada, a encharcada ou o morgado do Algarve.

Quais os pratos típicos da ceia natalícia em Portugal?

Não há uma ceia de Natal tradicional. Existem muitas consoadas e não uma única. Consoada é uma expressão nortenha. As tradições no Norte são o peru, o cabrito e o polvo, que no Sul não se come. Há o bacalhau cozido com couves e batatas. É um Natal mais tradicional. Mas Lisboa é um conjunto de gente de todo o País que trouxe as tradições consigo. O Natal na capital talvez seja aquele que tem a tradição de todos. No Alentejo há a matança do porco que se come depois. No Algarve é também o porco e os mariscos. O bacalhau no Algarve come-se pouco, tal como no Alentejo.

Mas a tradição do bacalhau com couves e batatas não existe em todo o País?

Haverá casas em que sim, mas não é tradição no Sul. Antigamente, o jantar de dia 24 era simples, para se poder ir à missa do galo. O almoço do dia de Natal é que tinha o bacalhau com couves.

E como se explica o polvo em Trás-os-Montes?

O polvo não se come apenas fresco e, noutros tempos, quando não havia congelação, havia a prática de o secar e assim chegava a toda a parte, tal como o bacalhau. Este talvez seja hoje tradição porque era comida de pobre. Uma posta de bacalhau demolhado custava 15 tostões ainda não há muitos anos. Hoje é um luxo comer bacalhau. E muitas das alterações nas nossas mesas de consoada, como o bacalhau gratinado ou com natas, deve-se ao preço elevado.

Quais as tradições colocadas de lado?

Muita gente deixou de comer o peru, assim como o cabrito, e passou a usar o ganso, que é um prato delicioso. Muitos preferem ainda outras aves nobres, como o faisão, e no caso dos fritos... hoje comem-se doces que não são tradicionais.

E nas ceias de Natal dos outros países?

Não tenho muito conhecimento das ceias de Natal no estrangeiro. Mas em Espanha, por exemplo, a ceia tanto pode ser um cozido, como salmão, marisco ou o presunto tão apreciado pelos espanhóis. Com tanta província, pode ser muita coisa diferente.

DN, 24-12-2007
 
UM HUMANISMO DE PRENDAS

LICÍNIO LIMA

Troca de votos e de presentes, convívios e reuniões familiares, gestos de boa vontade e campanhas de solidariedade. É todo este ambiente natalício que estes dias se respira no mundo, mesmo naqueles países onde o cristianismo é marginal, como o Japão, a China ou a Coreia. No ocidente cristão, no entanto, o presépio vai ainda estando presente. É preciso recordar que o Natal é também a celebração do nascimento de Jesus de Nazaré, a figura que mais contribuiu para a formatação do pensamento ocidental.

A Coreia e a China, por exemplo, permitem que os Pais Natal desfilem, mas castigam e proíbem a presença de figuras de Jesus. Nestes e noutros países sem cultura cristã promove-se, contudo, a troca de prendas, estimula-se o convívio, com bom proveito para o comércio. Isto não é muito diferente do que acontece onde o cristianismo está implantado desde há vinte séculos. O atitude religiosa de celebrar o nascimento do Filho de Deus, em todo o mundo, é cada vez mais transformada num atitude humanista da partilha, de convívio, de promoção de gestos de solidariedade. O Natal, cada vez mais, um gesto de humanismo e menos uma manifestação de crença. As iluminações, as decorações, a árvore de natal e o presépio, a música-ambiente, promovem um ambiente franterno. Mas o consumo é cada vez mais um elemento central.

No entanto, para cerca de 1,085 mil milhões de pessoas (17,2% da população mundial), correspondente ao número de católicos baptizados, o Natal deveria ser também a memória de um nascimento. A distribuição de católicos por continentes é a seguinte: América, 50%; Europa, 26,1%; África, 12,8 %; Ásia, 10,3%; Oceânia, 0,8 %. Três quartos dos católicos vive, portanto, fora da Europa. A estes, o papa Bento XVI deixou ontem um desafio: "Que todos os cristãos e todas as comunidades sintam a alegria de partilhar com os outros a Boa Notícia de que 'Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito para que o mundo seja salvo por seu intermédio'. É este o autêntico sentido do Natal, que há que redescobrir e viver intensamente sempre de novo", indicou. As palavras de Bento XVI apelam para um Natal centrado na figura de Jesus. Mas este quase passa desapercebido entre o monte de prendas junto à árvore. Prendas cheias de boa vontade, mas cada vez mais longe do espírito original da quadra. |

Pai Natal

O Pai Natal é inspirado na imagem de São Nicolau, bispo de Bari, Itália, que na época natalícia distribuía presentes às crianças pobres. A generosidade e bondade desse homem do século IV gerou lendas. É o santo padroeiro da Rússia e da Grécia, de instituições de caridade, de crianças, marinheiros, mulheres solteiras, comerciantes. Milhares de igrejas europeias foram-lhe dedicadas. O Pai Natal, com a rena, o trenó, que voa e aterra em telhados, é um história que Clement Moore escreveu em 1882 para a sua família. Entre 1863 e 1886, a Harper's Weekly (famosa revista da época) publicou uma série de gravuras de Thomas Nast, com o Pai Natal a ler as cartas dos meninos que pediam prendas. A imagem do Pai Natal, hoje institucionalizada, foi usada nas propagandas da Coca Cola entre 1931 e 1964.

A meia, a bota e o sapatinho

De acordo com uma tradição bem antiga, o bispo S. Nicolau de Bari deixou os seus primeiros presentes, moedas de ouro, nas meias de três meninas pobres que precisavam de dinheiro para comprar os seus dotes de casamento. Elas tinham pendurado as meias perto da lareira para que ficassem secas. Até há bem pouco tempo, era normal colocar pequenas oferendas, como frutas, nozes e doces nas meias que as crianças deixavam junto à chaminé. Mas, na maior parte das famílias isso já foi substituído, sobretudo a partir de meados do século XX, por presentes mais caros. E a meia muitas vezes substituída por um sapatinho ou mesmo uma bota. Em Itália resiste a tradição de colocar um pedaço de carvão nas meias de crianças desaparecidas.

Missa do galo

Liturgicamente, a solenidade do Natal é caracterizada por três missas: a da meia-noite ou do galo (ad noctem ou ad galli cantum) que remonta, parece, ao papa Sisto III, por ocasião da reconstrução da basílica liberiana no Esquilino (Santa Maria Maior), depois do concílio de Éfeso, em 431; a da Aurora (in aurora), originariamente em honra de Santa Anastácia, que tinha um culto celebrado com solenidade em Roma no século VI e, na liturgia actual, conserva ainda uma oração de comemoração; a do Dia (in die), a que primeiro foi instituída, no séc. IV. A missa do galo é a mais típica, e a que continua a motivar uma saída do aconchego do lar, depois do jantar, para, à meia-noite, celebrar na igreja paroquial o nascimento de Cristo. De regresso a casa, só então se abrem as prendas. Tradicionalmente, é dito às crianças que foi naquele interregno que o Pai Natal por ali passou.

Árvore de Natal

A tradição da árvore do Natal vem das encenações, que se faziam nas igrejas, como alegoria da "árvore da vida", sempre verde e cheia de frutos. Trata-se também de uma tradição pagã. Os romanos enfeitavam árvores em honra de Saturno, deus da agricultura, mais ou menos na época em que hoje se celebra o Natal. Os egípcios levavam galhos verdes de palmeira para dentro de casa no dia mais curto do ano (que é em Dezembro), como símbolo de triunfo da vida sobre a morte. Nas culturas célticas, os druídas tinham o costume de decorar velhos carvalhos nas festividades desta mesma época. Relativamente à árvore de Natal tal como hoje a conhecemos, decorada e junto ao presépio, é aceite que terá sido uma ideia de Martinho Lutero (1483-1546), o fomentador da reforma protestante, divulgada depois pelos monarcas alemãs.

Bolo-rei

Não se pode falar da doçaria típica do Natal sem evocar o tradicional bolo-rei. Trata-se de uma homenagem aos três Reis Magos que na noite de Natal levaram presentes ao menino Jesus. A côdea simboliza o ouro oferecido por Belchior; as frutas, secas e cristalizadas, representam a mirra oferecida por Gaspar; o incenso oferecido por Baltasar está representado no aroma do bolo. Segundo a tradição, o bolo-rei terá surgido no tempo de Luís XIV (1638-1715), em França, para comemorar o dia de Ano Novo e o Dia de Reis. A iguaria foi proibida depois da Revolução Francesa, acontecendo o mesmo em Portugal com a implantação da República. Proibições que não vingaram.

Luzes

O anúncio do Messias como sol-nascente e luz das nações

As tradicionais iluminações decorativas, que fazem do Natal a festa da luz, estão em sintonia com as profecias do Antigo Testamento, que anunciam o Messias, como o sol nascente, a luz das nações. O que é confirmado pelo Prólogo do Evangelho de S. João: "Aquele que é a Palavra fez-se homem e veio morar no meio de nós" (Jo 1, 14), para ser a luz verdadeira que ilumina toda a humanidade (cf. Jo, 1, 9). Foi a luz de uma estrela que guiou os três Reis Magos até ao estábulo onde o Menino nasceu. O símbolo da luz está presente em todos os momentos da vida de Jesus. O círio pascal é um deles. Neste caso, a luz significa o próprio Cristo, morto e ressuscitado.

Prendas

A tradição dos presentes parece ter sido iniciada com os presentes que os reis magos levaram para Jesus. Conforme relata a Bíblia, no Evangelho de S. Mateus: "E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, adoraram-no e abrindo os seus tesouros, ofereceram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra." Ninguém tinha o hábito de trocar presentes até o final do século XIX. A história do Pai Natal, combinada com o incrível fenómeno de vendas que têm crescido desde meados do século XX, com o consumismo a impor-se, fez do acto de dar presentes um costume no Natal. Hoje, é difícil desligar a festa do nascimento de Jesus da festa do Pai Natal, sendo este o símbolo das prendas.

Bacalhau

O fiel amigo está em extinção e a tradição vai ter de mudar

É um dos símbolos de Natal, apesar de ser, também, um dos símbolos da Nação. Dizem dos entendidos que existe, em Portugal, uma receita para cada dia do ano. Mas, é na época natalícia que o nobre pescado é rei. Infelizmente, começa a dar sinais de extinção. Nos próximos natais, se calhar, só mesmo bolinhos de bacalhau. A sua entrada em cena na época do Natal regista-se, sobretudo, a partir da Segunda Guerra Mundial, altura em que a escassez de alimentos em toda a Europa levou à subida de preço e o seu consumo restringiu-se aos ricos. Os mais pobres apenas se davam ao luxo do seu consumo nas principais festas cristãs, o que também contribuiu para a tradição na ceia de Natal. O bacalhau estava ligado também ao jejum dos pobres, que não comiam carne em determinados tempos litúrgicos. Mas isso foi no tempo em que o fiel amigo ainda era alimento dos menos favorecidos.

DN, 24-12-2007
 
Alegações finais de Rui Berkemeier (ESPECIALISTA DE RESÍDUOS DA QUERCUS): "Natal é símbolo de consumo e desperdício"

RITA CARVALHO

Com toneladas de plástico e de papel de embrulho, é possível que o Natal não seja uma época desastrosa para o ambiente?

Nas últimas décadas, o Natal transformou-se no símbolo do consumismo e do desperdício, duas características da nossa sociedade que a impedem de ser mais justa e fraterna. A principal mensagem que sempre lhe esteve subjacente, o amor ao próximo, foi agora substituída pelo apelo ao consumo e o menino Jesus também acabou por ser trocado pelo Pai Natal. Mas não tem de ser forçosamente assim.

Como podemos minimizar estes danos natalícios?

Dando a quem precisa aquilo que nos enche a casa e a que não sabemos o que fazer - brinquedos, roupas, livros... Para além de ajudar os mais fracos estaríamos também a evitar uma desnecessária produção de resíduos. Na escolha dos produtos devemos ver se são duráveis para não se tornarem rapidamente lixo. Podemos também comprar em lojas de comércio justo onde se procura dar uma maior consciência social e ambiental ao acto de consumo, ter cuidado em escolher produtos em embalagens reutilizáveis, levar o nosso saco quando formos às compras, procurar escolher produtos amigos do ambiente e na alimentação optar por produtos da agricultura biológica.

Costuma reutilizar os embrulhos de Natal de uns anos para os outros?

Na nossa casa pedimos para se evitar rasgar os embrulhos, o que é facilitado se utilizarmos fita-cola que sai facilmente.

Tem em atenção alguns preceitos ambientais na escolha dos presentes que dá?

Este ano, no meu concelho, Almada, houve uma feira de Natal com preocupações sociais e ambientais onde adquiri pequenas árvores para plantar, um carregador de pilhas e uma máquina de calcular a energia solar. Outro tipo de prenda que achei muito interessante foi a adopção de um animal selvagem - consiste no apoio a uma entidade para proteger uma determinada espécie em perigo de extinção. A criança que adopta o animal fica mais consciente das questões ambientais e pode dizer na escola que um lobo ou uma águia são os seus animais de estimação, embora estejam livres na natureza.

As câmaras deviam adoptar medidas específicas nesta época?

Há que reforçar a recolha selectiva, para evitar a imagem desanimadora do ecoponto submerso em embalagens.

Como poderiam os produtores e distribuidores minimizar a produção de lixo do Natal?

Colocando no mercado produtos com um maior tempo de vida, que incorporem materiais reciclados, sejam fáceis de reciclar e não contenham substâncias tóxicas. Também deveriam promover as embalagens reutilizáveis ou fáceis de reciclar. Quanto aos distribuidores, alguns continuam a defender e a promover a utilização maciça dos sacos de plástico descartáveis, o que gera um grande fardo ambiental.

DN, 26-12-2007
 
Porto sem vestígios dos desperdícios da quadra

JOANA DE BELÉM

A consoada e o desembrulhar dos presentes parecem não ter feito mossa na limpeza do Porto, cujas ruas e contentores estavam ontem vazias de lixo. Os trabalhadores da Divisão Municipal de Limpeza Urbana cumpriram o reforço da recolha e deixaram a cidade sem sombras de papel de embrulho e lacinhos de Natal. Na passagem de ano o cenário poderá não ser o mesmo, já que os funcionários vão entrar em greve contra a implementação da recolha de lixo ao fim-de-semana sem pagamento de horas extraordinárias.

Álvaro Castello-Branco, vice-presidente da câmara e vereador do Ambiente, explicou ao DN que o reforço da recolha, "habitual nestas alturas", aconteceu logo no dia 23; a 24 também houve trabalhos até às 17.00 e, no dia de Natal, também se verificou alguma recolha. Hoje, retoma-se o regime normal. A intenção da câmara do Porto era implementar esse mesmo reforço no último dia do ano, "mas tal não vai acontecer por causa da greve", adiantou o autarca.

A partir de Janeiro, o Porto vai passar a ter recolha de lixo durante todo o fim-de-semana através de um novo mapa de turnos, sem horas extraordinárias para os cantoneiros, que já viram ser-lhes retirado o subsídio de trabalho nocturno.

"Estamos preocupados com a limpeza da cidade e não podemos pagar permanentemente horas extras", acrescentou Castello-Branco, para quem esse pagamento "52 domingos por ano é atentatório a qualquer regime de bom senso". A Comissão de Trabalhadores acredita que esta medida é apenas mais um passo para "preparar os cantoneiros para as regras da empresa privada que vai tomar conta da limpeza urbana".

DN, 26-12-2007
 
Lixo de Natal é alegre e às cores e até dá prendas

DANIEL LAM

O lixo no dia de Natal é muito mais alegre do que nos outros dias todos do ano. É bastante colorido e está todo enfeitado com fitas e lacinhos. E até se encontram lá prendas para quem andar a vasculhar nesses restos, como brinquedos, triciclos e os mais diversos artigos, que foram substituídos por outros novos acabadinhos de ganhar.

Pelas 17.00 de ontem, um rapaz abandonava uma viola - com cordas e tudo - junto do contentor do lixo na Rua Rodrigues Sampaio, em Lisboa.

Em Caxias, no concelho de Oeiras, alguns moradores tiveram o cuidado de acondicionar muito bem o lixo em sacos devidamente atados e bem organizados. "Aquilo até pareciam presentes de Natal à volta do contentor", gracejou um deles.

Tudo isto foi o que encontraram as equipas de reportagem do DN, quando ontem se espalharam por várias localidades para ver os restos do Natal que as pessoas não querem em casa e põem na rua, mesmo sabendo que os serviços municipais não recolhem o lixo na noite de 24 para 25.

Estes vestígios natalícios encontram-se um pouco por todas as ruas. Mais numas do que noutras, o que poderá indiciar menor ou maior civismo da parte de quem ali reside.

Um grande contraste foi detectado na zona de Arroios e na Avenida de Roma, em Lisboa. No primeiro caso, pela Rua Morais Soares encontravam-se montes de lixo à porta de quase todos os prédios, porque os moradores colocaram os contentores na rua. Quando aqueles depósitos ficaram cheios, as pessoas continuaram a pôr lixo à sua volta, que entretanto se foi entornando e espalhando pelo chão.

Na Avenida de Roma, quase ninguém pôs os contentores na rua, pelo que havia pouco lixo. Mesmo assim, alguém colocou dois contentores à porta do número 42, que se transformaram quase num depósito central. Muitos aproveitaram para ali deixar sacos, caixas, cartões e muito papel.

Quem lucrou bem neste dia foi uma mulher sem abrigo, que puxava dois carrinhos de compras carregados de cartão e outras utilidades descobertas entre os resíduos sólidos dos outros.

Anabela Ribeiro, moradora na Rua do Conde de Redondo, em Lisboa, apontava para o lixo que transbordava dos contentores e se espalhava pelo chão. "Isto é uma vergonha. As pessoas sabem que neste dia não fazem recolha, mas vão na mesma pôr tudo na rua. Deviam ficar com o lixo em casa e só o punham no contentor quando voltar a haver recolha", protestou a moradora.

DN, 26-12-2007
 
Ouro, mirra e incenso dão lugar às guloseimas

SUSANA SALVADOR

Para os espanhóis, são os Reis Magos que colocam presentes no sapatinho
São quilos e quilos de guloseimas aqueles que Baltasar, Melchior e Gaspar distribuem todos os anos pelas crianças durante os tradicionais desfiles dos Reis Magos, que ontem inundaram as cidades espanholas. Se em muitos países é o Pai Natal que tem a exclusividade de deixar presentes no sapatinho, em Espanha e vários países da América Latina esse papel cabe a suas majestades do Oriente, que fazem a distribuição de prendas ou carvão (para as crianças que se portaram mal) na noite de 5 para 6 de Janeiro.

Só em Barcelona, foram ontem distribuídos 15 mil quilos de caramelos - muitos deles sem glúten, a pensar nos celíacos (com intolerância a este ingrediente). Já em Lleida, foram 40 mil. O ouro, a mirra e o incenso, as oferendas que segundo a tradição Baltasar, Melchior e Gaspar terão levado ao menino Jesus, em Belém, estiveram presentes, mas só simbolicamente. Este ano, os Reis Magos chegaram por terra, mar e ar: de comboio, barco ou helicóptero, nos tradicionais camelos ou em modernos esquis.

É na Bíblia, mais precisamente no Evangelho segundo São Mateus, que existe a primeira referência aos "sábios do Oriente" que seguiram a estrela até Belém. Não se diz que são reis (o escritor Tertuliano refere-se no séc. III aos "quase reis") , nem qual é o seu número exacto (decidiu-se que seriam três por causa das oferendas que trouxeram) e muito menos o seu nome. Os Reis Magos - em grego magoi e latim magi - são retratados como representantes das três raças descendentes dos filhos de Noé: semitas, indo-europeus e africanos.

É durante a Idade Média que começa a devoção dos Reis Magos (e que são "baptizados"), tendo as suas relíquias sido transladadas no séc. VI desde Constantinopla (Istambul) até Milão. Em 1164, com os três já a serem adorados como santos, estas foram colocadas na catedral de Colónia, onde ainda se encontram.

DN, 6-1-2008
 
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